segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SOU CARGA


“Deixo-me levar por mão invisível.

Vou confiante para onde possa ver.

Sigo devassando véus, vencendo fronteiras do cognoscível, invadindo proibidos templos e catedrais inacessíveis.

Sigo no rumo do inefável.

Mas, a inquietude, o querer ainda mais e minha concretude pesam. Pesam e fazem pesados meus pobres passos. E a estrada é feita do sutil. Sigo, mas de passos arrastados, pegajosos...

O silêncio, a autodoação, a renúncia, a leveza que preciso ter, que preciso ser, não consigo ainda.

Sem asas, sem forças, sem pureza, sem leveza, sem entrega de mim mesmo, como é difícil.

Sinto que sou carga. Sinto que estou pesando para Aquela mão vinda de outro reino, que, por amor e atendendo pedido meu, tenta levar-me para o ápice.

... para Aquilo que Eu Sou.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – p. 214/215)

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