Fala comigo, Mistério, que luzes
em cada estrela.
Fala comigo, Mistério, que reges
colméias e sistemas planetários.
Responde ao meu chamado,
Mistério, que vivificas o átomo.
Atende-me Tu, que divinizas o
amor, e és o Amor.
Conversa comigo, Mistério, que
faíscas na mente do sábio, na devoção do místico, na ação do justo, na obra do
artista, na pureza do santo, na renúncia do eremita, na inocência da criança,
na divindade do amor materno, na veemência colorida da primavera, no
deslumbramento do cosmonauta, na incógnita que desafia a ciência, na ternura de
todos os ninhos.
Fala comigo.
Mas fala bem alto, pois ruídos
impertinentes não me deixam ouvir Tua Eternidade; a zoada do multissonoro
envolvente me ensurdece e não consigo escutar Tua Unidade; as gargalhadas dos
prazeres libertinos e os gemidos dos amargores todos do mundo fazem para mim
inaudível Tua Canção de Paz.
Fala... E não demores.
Presa do tempo, minha alma vibra
na ansiedade de retroceder às imateriais fibras de seu cerne, de onde vem Tua
Fala que não chega.
Fala comigo Mistério. E leva-me
na aventura do Insondável, para além das fronteiras da percepção, para longe da
pobreza criada por Teu Silêncio, da miséria que nasce de Tua Ausência.
Fala comigo, Mistério.
Mas, antes, ensina-me a
ouvir-Te.”
(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro – p.
212/213)
Nenhum comentário:
Postar um comentário