"Outrora, revoltava-me esse injustiça: que o inocente sofra pelo culpado.
Parecia-me flagrante injustiça.
Hoje, compreendo a justiça das leis cósmicas.
Se o inocente herdasse as culpas dos culpados, seria injustiça
Mas isso é impossível.
Injustiça não é que o santo sofra males pelas maldades dos pecadores.
Sofrer pelas maldades alheias não me faz mau - apenas me faz mal.
E o que me faz mal pode fazer-me bom.
Só pode pagar débitos alheios quem está livre de débitos próprios.
O homem inocente é um "bode expiatório" ideal - só quem não tem culpas próprias pode sofrer por culpas alheias.
É vergonhoso pagar culpas próprias.
É glorioso pagar culpas alheias.
Mais glorioso ainda é acumular crédito próprio, pagando débitos alheios.
É essa a glória de todos os santos e iniciados.
Fazer crédito próprio, pagando débitos alheios.
Por isso, os santos são felizes em pleno sofrimento.
Há gozadores infelizes - e sofredores felizes.
Gozo e sofrimento são do ego humano - felicidade ou infelicidade são do Eu divino.
Gozo e sofrimento nos acontecem - culpados ou inocentes.
Felicidade e infelicidade não nos acontecem pelas circunstâncias, nas são da nossa própria substância.
Feliz de quem pode gozar pelos débitos alheios, enriquecendo a alma com créditos próprios.
Para compreender coisa tão incompreensível, é necessário que o homem se compreenda a si mesmo.
Que não se identifique com o que não é, mas sim com o seu ver verdadeiro.
E não dizia o Mestre: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"?
A verdade do Eu vos libertará da ilusão do ego."
(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 137/138)
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