"Não aspire tornar-se um servo de Deus, se hoje trabalha meramente em troca de salário. Você se rebaixa a este nível, se a Ele pede isso ou aquilo, em troca dos louvores que a Ele dá ou dos sacrifícios¹ que Lhe apresenta. Mesmo que você não peça, a atitude de barganha estará em sua mente, caso vier a se sentir desapontado por Deus não lhe ter dado desejados objetos como retorno de todos os transtornos que enfrentou para O agradar.
Não calcule proveito. Não conte com retorno. Não planeje consequências. Faça o que tem de fazer, desde que seja seu dever. Tal é o verdadeiro puja.² Dedique a Ele tanto a ação como sua consequência. Então você se torna Ele mesmo; não é mais um empregadinho a reclamar salário. Este é o mais alto nível que, mediante o sadhana (disciplina), um bhakta (devoto) pode atingir. Esta é a razão por que o nish-kama-karma³ é tão altamente recomendado por Krishna na Gita.
¹. Aqui está uma advertência contra a universal prática de barganhar com Deus, oferecendo-Lhe rituais, rezas, doações, mortificações, fazendo-Lhe 'promessas'... Deus é reduzido ao meio para atingir-se um bem mais alto - o objeto, a solução, a cura, a pessoa de nossos desejos... Comumente não se agrada, não se cultua Deus, não se ama Deus a não ser como uma fonte capaz de saciar nossa permanente sede de aquisições e soluções.
². Puja - ritual de adoração.
³. Nish, sem; kama, desejo; karma, ação. Nish-kama-karma ação abnegada, isto é, não motivada pelo desejo de colher seus frutos.
(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 64/65)
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