"Nos sonetos, encontramos o tom mais
lírico de Sri Aurobindo. Eles são o veículo poético de algumas de suas
experiências espirituais em linguagem ‘curiosamente simples e apaixonadamente
rica’ (...)
Ó
Tu de quem sou instrumento!
Ó
Espírito, ó Natureza secreta que em mim habitas!
Que
todo o meu ser mortal se dissolva agora em
Tua silenciosa glória divina!
Fiz
de minha mente o canal de Tua mente, fiz
de minha vontade a Tua vontade.
Não
consintas que nenhuma parte de mim fique excluída de
nossa mística e inefável união
Meu
coração palpitará com as pulsações universais do Teu amor, meu
corpo será Teu instrumento a ser usado na Terra.
Por
meus nervos e veias circularão os fluidos do Teu êxtase.
Meus
pensamentos buscarão a Luz que libera Teu poder.
Conserva
ao menos minha alma para adorar-Te eternamente
E encontrar-Te em cada forma, em cada uma de Tuas almas.
Eis aí um exemplo gracioso de fusão
mística, de entrega total à Vontade suprema, onde se destaca o anelo do
apaixonado que não quer perder-se na indiferenciação do Oceano, pois prefere
continuar gozando a presença do Amado/a. A Iluminação não implica
necessariamente a perda total da individualidade, apenas da
pseudoindividualidade egoica, que se vê substituída pela verdadeira identidade
anímico-espiritual. (...)"
(Vicente Merlo - Os Ensinamentos de Sri
Aurobindo – O Yoga Integral e o Caminho da vida - Ed. Pensamento, São Paulo, 2010 - p.
141/143)
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