sábado, 9 de novembro de 2013

FILHOS PERDIDOS

"GENEROSO, CONTÍNUA e sonoramente, o regato oferecia água puríssima, gostosa, geladinha...

Para quê? 

Eles bebericavam refrigerantes e se embotavam com sofisticados drinques que coloridos anúncios apregoavam. 

O ar cheiroso, doação dos bosques de pinheiros, estava à disposição! 

Vãmente! 

Ávida, tensa e estupidamente fumavam refinadas marcas que a propaganda insistentemente impinge. 

Pássaros gorjeando, o regato cantando, a brisa arpejando no arvoredo, cigarras tinindo...

 Para quem?

Atordoados, curtiam excessivos decibéis agressivos, e, inconscientes, se consumiam no embalo de sucessos rítmicos que suspeitas ‘paradas’ impõem. 

O sol, as sombras, as águas, o ar, as energias, toda a Vida ali, nas pedras, nas folhas, nos animais, na brisa.... 

Inutilmente! 

Estavam eles ausentes, alienados, arrastados em desgraçadas viagens alucinantes, nos rumos imprevisíveis da fascinação química e trágica. 

À tardinha, tensos, dopados, agitados, frustrados, cansados, intoxicados, eles se foram... 

A Natureza ficou chorando a perda de seus ‘filhos’, que a ‘civilização’ robotizara. 

Insanos, dementes, eles voltaram para a aridez do asfalto, a elogiar a curtição da paz campestre.

Coitados!" 

(Hermógenes - viver em Deus - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 4ª edição - p. 122/123
www.record.com.br


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