"Nebulosas, constelações, estrelas, letreiros luminosos na imensidão que transcende dimensões e a própria imaginação...
Em vós posso ler sobre Aquele que vos acende todas as noites.
Brisa fresca, nem me tocaste ainda. Mas eu já te sinto em mim com o ver ao longe tuas carícias na epiderme enluarada da lagoa.
Não preciso ver a aflição do peixinho que as ondas escondem. Basta-me ver o trágico mergulho elegante da gaivota que o vai pegar.
Vendo apenas a palhinha no bico do pardal, sinto a tepidez do ninho e nele, a presença do amor.
Da mesma forma, para mim: a sombra afirma a luz; a fumaça, o fogo que está lá atrás da serra; o efeito proclama a causa; o finito, o Infinito; o transitório, a Eternidade...
O que escuto canta para mim a canção do Inaudível.
Nunca, Realidade, estás ausente.
O pecado e a dor existem porque não Te vemos, embora estejas onipresente em tudo que Te oculta.
Na ansiedade da procura, é-nos impossível ouvir-Te, ó Silêncio!, no tumulto sonoro que Te revela."
(Hermógenes - Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 104/105)
Nenhum comentário:
Postar um comentário