"Uma das coisas mais difíceis do
mundo é olharmos qualquer coisa com simplicidade. Como nossa mente é muito
complexa, perdemos a simplicidade. Não me refiro à simplicidade no vestir ou no
comer, no usar apenas uma tanga ou bater um recorde de jejum, ou qualquer outra
das absurdas infantilidades que os santos praticam; refiro-me àquela
simplicidade que nos torna capazes de olhar as coisas diretamente e sem medo,
capazes de olhar a nós mesmos sem nenhuma deformação, de dizer que mentimos
quando mentimos e não esconder o fato ou dele fugir.
Outrossim, para compreendermos a nós
mesmos, necessitamos de muita humildade. Se começais dizendo: "Eu me
conheço" — já travastes o processo do auto-aprendizado; ou, se dizeis
"Não há muito que aprender a meu respeito, porque sou apenas um feixe de
memórias, ideias, experiências e tradições" — tereis também parado o
processo de aprendizado a vosso próprio respeito. No momento em que alcançais
qualquer alvo, perdeis o atributo da inocência e da humildade; no momento em
que chegais a uma conclusão ou começais a examinar com base no conhecimento,
está tudo acabado, porque então estais traduzindo tudo o que é vivo em termos
do velho. Mas se, ao contrário, não tendes nenhum ponto de apoio, nenhuma certeza,
nenhuma perfeição, estais em liberdade para olhar, e quando olhais uma coisa em
liberdade, ela é sempre nova. Um homem seguro de si é um ente morto"
(J. Krishnamurti - Liberte-se do
Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 13)
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