"Uma
das causas principais do medo é que não desejamos encarar-nos tais como somos.
Assim, temos de examinar tanto os nossos temores como essa rede de vias da fuga
que criamos para nos libertarmos deles. Se a mente, que inclui o cérebro,
procura dominar o medo, se procura reprimi-lo, discipliná-lo, controlá-lo,
traduzi-lo em coisa diferente, daí resulta atrito e conflito, e esse conflito é
um desperdício de energia.
A
primeira coisa, portanto, que devemos perguntar a nós mesmos é: ‘Que é o medo,
e como nasce?’ Que entendemos pela palavra medo, em si? Estou perguntando a mim
mesmo o que é o medo e não de que é que tenho medo.
Vivo
de uma certa maneira; penso conforme um determinado padrão; tenho algumas
crenças e dogmas, e não quero que esses padrões de existência sejam
perturbados, porque neles tenho as minhas raízes. Não quero que sejam
perturbados porque a perturbação produz um estado de desconhecimento de que não
gosto. Se sou separado violentamente das coisas que conheço e em que creio,
quero estar razoavelmente seguro do estado das coisas que irei encontrar. As
células nervosas criaram, pois, um padrão, e essas mesmas células nervosas
recusam-se a criar outro padrão, que pode ser incerto. O movimento do certo
para o incerto é o que chamo medo."
(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 22)
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