"D: Se o Ser é sempre prazeroso e
se também o são os objetos dos sentidos no momento da apreciação, eles também
devem ser considerados prazerosos.
M: O deleite em qualquer objeto
não é duradouro; o que agora é prazeroso logo cede seu lugar a outro objeto
ainda mais prazeroso. Há graus de prazer e uma sequência dos objetos
apreciados. O prazer nos objetos é apenas caprichoso, e não estável. Isto
porque o prazer nasce de nossa própria ilusão, e não do valor intrínseco do
objeto. Por exemplo: observe como o cão rói um osso seco e sem tutano até sair
sangue das feridas em sua boca; ele acha que o gosto de seu próprio sangue é o
do tutano do osso, e não quer largá-lo. Se encontrar outro osso parecido, deixa
cair o que tem na boca e pega o outro. Da mesma forma, sobrepondo a sua própria
natureza bem-aventurada aos detestáveis objetos de sua fantasia, o homem
deleita-se neles por engano, pois a alegria não é a natureza dos objetos.
Devido à ignorância humana, os objetos que, na verdade, são dolorosos por
natureza, parecem ser prazerosos. Esse prazer aparente não permanece estável em
um objeto; normalmente se desloca para outros objetos; é desenfreado, possui
níveis e não é absoluto, ao passo que a Alegria do Ser não é caprichosa. Mesmo
quando o corpo, etc., são abandonados, a alegria do Ser dura para sempre, e
também é absoluta. Portanto, o Eu Real é a Suprema Bem-aventurança. Até aqui, a
natureza Ser-Consciência-Beatitude do Eu Real foi estabelecida."
(Advaita Bodha Deepika
- A Luz da Sabedoria Não Dualista - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 108/109)
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