sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A OUTRA MARGEM DO RIO

"Vivendo no mundo cheio de objetos dos sentidos, podemos permanecer internamente imaculados e livres de desejos? Ser livre significa compreender que a fonte de tristezas é o desejo por objetos, quer estejam eles na mente ou numa forma física. Cada prazer tem a sua contraparte de dor. Cada excitação e esperança traz uma depressão correspondente. E nós somos jogados daqui para ali entre os opostos. Tal compreensão, não o mero pensar sobre esse assunto, surge a partir de uma reflexão profunda e sustentada.

Como dito antes, a vida não consiste na abundância de coisas possuídas. Todas as coisas impermanentes são irreais. Porém, em cada estágio, aquilo que experienciamos parece absolutamente real. (...)

De um modo estranho, a mente busca permanência em coisas que são inerentemente impermanentes. Nós precisamos nos abandonar; o desapego às satisfações terrenas é o meio para se chegar ao ‘céu’. O patinho deve deixar a margem para nadar. O jovem passarinho deve desprender-se do graveto e bater suas asinhas para poder voar.

Krishnamurti diz: ‘Eu estou deste lado do rio. Durante séculos adorei os deuses do outro lado. E vejo a desesperança do fato. Assim eu digo que é a partir do outro lado que eu devo operar. Perguntar como chegar lá é a abordagem tradicional. A mente deve encontrar-se na outra margem tendo abandonado todas as atividades na margem deste lado’. Nesta margem, isto é, na Terra, quando a tentação sobrepuja o coração, podem haver tormentos mentais que são um ‘inferno’."

(Radha Burnier - Procure primeiro o reino de Deus - Revista Sophia, Ano 1, nº 1 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 15)


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