"Vivendo no mundo cheio de objetos dos sentidos,
podemos permanecer internamente imaculados e livres de desejos? Ser livre
significa compreender que a fonte de tristezas é o desejo por objetos, quer
estejam eles na mente ou numa forma física. Cada prazer tem a sua contraparte
de dor. Cada excitação e esperança traz uma depressão correspondente. E nós
somos jogados daqui para ali entre os opostos. Tal compreensão, não o mero
pensar sobre esse assunto, surge a partir de uma reflexão profunda e
sustentada.
Como dito antes, a vida não consiste na abundância de
coisas possuídas. Todas as coisas impermanentes são irreais. Porém, em cada
estágio, aquilo que experienciamos parece absolutamente real. (...)
De um modo estranho, a mente busca permanência em
coisas que são inerentemente impermanentes. Nós precisamos nos abandonar; o
desapego às satisfações terrenas é o meio para se chegar ao ‘céu’. O patinho
deve deixar a margem para nadar. O jovem passarinho deve desprender-se do
graveto e bater suas asinhas para poder voar.
Krishnamurti diz: ‘Eu estou deste lado do rio. Durante
séculos adorei os deuses do outro lado. E vejo a desesperança do fato. Assim eu
digo que é a partir do outro lado que eu devo operar. Perguntar como chegar lá
é a abordagem tradicional. A mente deve encontrar-se na outra margem tendo
abandonado todas as atividades na margem deste lado’. Nesta margem, isto é, na
Terra, quando a tentação sobrepuja o coração, podem haver tormentos mentais que
são um ‘inferno’."
(Radha Burnier -
Procure primeiro o reino de Deus - Revista Sophia, Ano 1, nº 1 – Pub. da Ed.
Teosófica, Brasília - p. 15)
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