"Um homem ia no trem lento, poeirento e sem conforto.
Ia invejando os que podiam ir de avião. Nisto, viu um que, ao Sol impiedoso,
viajava montado em lerdo cavalo ossudo. E alegrou-se.
O cavaleiro, corpo doído de tantas horas no lombo do
pobre animal, intimamente lamentava ser ultrapassado pelo trem, que já ia
longe, se perdendo na poeira.
Meia hora depois, ainda resmungando, passou por um
pobrezinho que ia a pé.
Este, no caminho duro e pedregoso, sob calor
escaldante, pés inchados, músculos fatigados, ia orando. Ia agradecendo a Deus
ter aquela dor nos pés, pois o desconhecido a quem de manhã ajudara, era
mutilado – não tinha pés, nem para senti-los doer."
(Hermógenes - Viver
em Deus – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2006, p. 145)
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