segunda-feira, 31 de março de 2014

O FOGO DA CRIAÇÃO

"Max Muller, o grande erudito europeu, disse que os Upanixades são ‘a fonte da filosofia Vedanta, um sistema no qual a especulação humana parece ter alcançado seu ápice. Eles são para mim como a luz da manhã, como o ar puro das montanhas tão simples, tão verdadeiros, uma vez compreendidos’. Alguns pensadores ocidentais modernos disseram que o Vedanta é a única abordagem científica à religião que os homens e as mulheres desta civilização podem aceitar. Podemos perguntar: o Vedanta tem uma abordagem científica? O que é, afinal, uma abordagem científica? Sua característica fundamental é uma percepção objetiva das coisas. A ciência se esforça para olhar para as coisas de um ponto de vista objetivo e não-tendencioso. Precisamos, entretanto, compreender que dois agentes estão envolvidos em todas percepções: os sentidos e a mente. Um mero impacto sensorial não é percepção. Só quando a mente coloca sua assinatura nos impactos sensoriais é que o ato da percepção se completa. Pois bem, esses dois fatores da percepção têm suas limitações. As limitações surgem de sua seletividade. Em todos os atos de percepção há primeiro a seletividade dos sentidos e, a seguir, a seletividade da mente. É óbvio que não é possível uma percepção perfeitamente objetiva enquanto houver esse processo seletivo. Ora, a ciência se preocupa em reunir fatos. Suas proposições e hipóteses se apoiam nos fatos que ela consegue reunir. Mas como podemos ter certeza dos fatos que reunimos, enquanto o elemento da seletividade estiver presente? É possível que no próprio processo de reunir os fatos, os sentidos e a mente deixem de fora muitas coisas que podem ser importantes para chegar-se às conclusões corretas. (...)

Em parte alguma a abordagem científica do Vedanta é vista tão claramente quanto no Upanixade Prashna onde o instrutor e os estudantes estão empenhados em uma verdadeira investigação científica da natureza das coisas. Esse Upanixade conduz o investigador do conhecido para o Desconhecido, do manifesto para o Imanifesto, da matéria densa para o supremanente Espiritual."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 83/84)


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