domingo, 27 de abril de 2014

A LEI DO DEVER (PARTE FINAL)

"(...) Podemos errar; mas se errarmos, tendo-nos esforçado para ver com clareza, lembremos que o erro é necessário para nos ensinar uma lição, que para nosso progresso é vital que aprendamos; podemos errar e escolher o caminho do desejo, iludidos por sua influência, e quando pensamos que estamos escolhendo o Dharma, podemos estar sendo movidos por Ahamkᾱra². Mesmo que seja assim, tomamos a atitude certa quando lutamos para ver o que é correto e resolvemos agir com retidão. Mesmo que ao nos esforçarmos para fazer o que é correto, fizermos o errado, podemos ter a certeza de que o Deus dentro de nós irá corrigir-nos. Por que deveríamos nos desesperar quando cometemos erros, quando nosso coração está fixo no Supremo, quando estamos esforçando-nos para ver o que é correto?

Não, em vez disso, se nos esforçarmos para fazermos o que é certo, e em nossa cegueira fazemos o errado, devemos sim dar as boas-vindas à dor que clareia a visão mental, e destemidamente bradaremos ao Senhor da passagem incandescente da montanha ‘Enviai mais uma vez vossas chamas para calcinar tudo o que obstrua a visão, toda escória que está misturada ao ouro puro; queimai, ó Ser Radiante, até que saiamos do fogo como se fôramos ouro puro e refinado, do qual desapareceu toda impureza.’

Porém se nós, covardemente, recuamos da responsabilidade de chegar a uma decisão e, surdo à voz da consciência, escolhemos o caminho fácil que uma outra pessoa nos disse ser correto, mas que sentimos ser o errado, e assim, contra nossa própria consciência seguimos o caminho de uma outra pessoa, o que fizemos? Embotamos a voz divina dentro de nós; e escolhemos o inferior e não o superior; escolhemos o fácil e não o difícil; escolhemos a subjugação da vontade e não sua purificação; e muito embora o caminho que trilhamos pela escolha de uma outra pessoa possa ser o melhor dos dois, não obstante prejudicamos nossa evolução ao falharmos em fazer aquilo que acreditávamos ser correto. Este erro é mil vezes mais injurioso do que errar pela fascinação do desejo."

². Ahamkᾱra (sânscrito) O conceito de "eu", a autoconsciência ou autoidentidade; o sentimento da personalidade, o "eu", o início egoísta e mayávico do homem, por causa da nossa ignorância que separa o nosso "eu" universal (Glossário Teosófico) Grifo nosso.

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70/72)

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