"Um rio de planície, cheio de soberba, a um rio de
planalto dizia:
- Eu sou tranquilo, largo, sereno e profundo. Em
minhas águas navegam barcos, que levam riquezas aos mercados, remédios para os
doentes, alimento às populações distantes, brinquedos para as crianças,
presentes aos que são amados...
O rio das terras altas, agitado e sonoro, rápido e
cheio de força, por sua vez respondeu:
- Pouco importa ser navegável ou não. É da permanente
inquietude de minhas águas, dos desníveis do meu leito, das quedas e
corredeiras que os homens tiram energia para mover fábricas, criar riquezas e
iluminar cidades. Compare a poluição de tuas pardacentas águas com a limpidez
das minhas.
Um sábio que por ali passava, escutando o diálogo,
compadecido de tanta ilusão e arrogância, resolveu interferir com sua
misericórdia, falando assim:
- Como são tolos vocês! Supõem que são diferentes. Não
sabem que um é o outro. Discutem somente porque ainda não descobriram que não
existem rios diferentes, mas um único rio. Renunciem à soberba, filha da
ilusão. Cessem a discussão. Continuem, cada um, a cumprir individualmente o
papel que têm a desempenhar, que são missões igualmente importantes, sem
esquecer, no entanto, que são um único e mesmo rio, nascidos juntos e destinados
a juntos imergir no mar."
(Hermógenes -
Viver em Deus – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 4ª edição - p. 148/149)
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