As expectativas frustradas estão na raiz do
ressentimento. Elas podem acontecer quando uma criança que assiste televisão
percebe que a realidade ilusória da TV não é a verdadeira realidade de sua
casa; quando uma pessoa é desprezada ou não reconhecida por outra, nos
relacionamentos pessoais ou no trabalho; ou quando é traída por um companheiro.
Em todos esses casos o ressentimento surge porque a autoestima foi prejudicada.
Por isso as pessoas geralmente acham que estão erradas, se algo ruim acontece.
(...)
A chave do ressentimento é que a realidade é diferente
das expectativas. Quando as pessoas percebem a realidade, acham que foram incompreendidas.
Mas a outra pessoa pode estar totalmente inconsciente de que suas ações
causaram isso. (...)
A questão essencial é a falta de habilidade para
comunicar a frustração, quando a pessoa se sente impotente para obter mudanças
reais em relação ao parceiro. Se a ferida for muito destrutiva, como no caso em
que o parceiro deixa o outro em função de um novo amor, a pessoa abandonada se
sente devastada, com a autoestima arrasada. Nessa situação aferrar-se ao
ressentimento e à sensação de estar ‘moralmente certo’ é a maneira do parceiro
rejeitado sentir que está tudo bem com e tudo mal com a outra pessoa. (...)
Livrar-se
do ressentimento depende da percepção, do reconhecimento, da vontade de ‘deixar
ir’ e de se mobilizar em direção à saúde. Mas isso é difícil, porque implica
reconhecer e aceitar, sem julgamento, uma ferida profunda."
(Dora Kunz e Erik Peper - Mais amor, menos
ressentimento - Revista Sophia, Ano 5, nº 19 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 6/7)
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