segunda-feira, 23 de junho de 2014

CAMINHOS PARA A TRANSFORMAÇÃO (3ª PARTE)

"(...) Voltando ao exemplo da lei natural, podemos olhar para a lei de causalidade, que rege toda a natureza, interna e externa. Na Índia ela é expressa como a lei do karma. Voltando a nossa atenção apenas nos seres humanos, podemos expressar a lei do karma da seguinte maneira: a ação é determinada pelas tendências do ser e, ao mesmo tempo, age sobre o ser. É como o sistema mutuamente interativo de espaço-tempo e matéria na teoria geral de relatividade: a matéria afeta o espaço-tempo e o espaço-tempo afeta a matéria. Na lei do karma o ser efetua a ação e a ação afeta o ser.

Se eu tenho uma determinada personalidade, naturalmente vou ser induzido a praticar certos tipos de ação. Por sua vez, essas ações deixam sulcos no meu ser, alternando-o de modo que eu me torno uma pessoa com novas características e tendências. Na oportunidade seguinte, agirei de acordo com minhas novas tendências. Minha ação futura (karma) é assim determinada por minha ação passada. Ações importantes deixam impressões profundas na psique, criando nós que afetam minhas ações futuras durante longo tempo, sem que eu necessariamente esteja ciente dos nós ou de suas causas iniciais.

Como princípio geral, os efeitos do karma não estão restritos a uma única vida; a lei encurta a fronteira do que é comumente chamado vida e morte. Incidentalmente se pode argumentar que uma ação não significa apenas uma atividade corporal, mas também abrange pensamentos, sentimentos e intenções.

Quando tenho maus pensamentos a respeito de alguém, isso não apenas reflete a qualidade do meu ser, mas também afeta ulteriormente essa qualidade.

Esse é um exemplo de uma lei da natureza tradicional, mais ou menos compreendida sob essa forma pelos dois terços da humanidade que agora vivem na Ásia e pela vasta população dos países hindus e budistas. É uma lei de determinismo, mas também uma lei que torna a liberdade possível e que provê a base para qualquer prática espiritual. Compreendida parcialmente, a partir do ponto de vista de apenas um nível dentro do ser humano, a lei do karma cria um círculo vicioso do qual não se consegue escapar, e frequentemente tem sido compreendida dessa maneira, levando ao desespero ou à resignação. (...)"

(Ravi Ravindra - A conquista da Liberdade -  Revista Sophia, Ano 8, nº 32 - p.10/12)

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