"A experiência me ensinou que o silêncio é parte da
disciplina de um devoto da verdade. (...) Quando paramos para pensar sobre
isso, não se pode evitar sentir que quase metade do sofrimento do mundo
desapareceria se nós, na condição de mortais agoniados, conhecêssemos a virtude
do silêncio. Antes de a civilização moderna nos alcançar, dedicávamos pelo
menos seis a oito horas por dia – das 24 disponíveis – ao silêncio e à
introspecção. A civilização moderna nos ensinou a converter a noite em dia e o
silêncio de ouro em barulho. Que ótimo seria se, em nossa vida conturbada, cada
um de nós pudesse se retirar para dentro de si mesmo por pelo menos algumas
horas por dia e preparar a mente para escutar a voz do grandioso silêncio. O
rádio divino está sempre ligado, basta que estejamos dispostos a escutá-lo.
Contudo, é impossível ouvir sem silêncio. Santa Teresinha se utilizou de uma
imagem interessante para resumir o doce resultado do silêncio:
‘Você
imediatamente sentirá seus sentidos se agrupando; eles se parecem com abelhas que retornam à colmeia e param de
trabalhar, sem que você tenha de se preocupar ou se esforçar. Deus então
recompensa a violência que sua alma tem feito a si mesma e dá a ela um grande
domínio sobre os sentidos, de modo que, quando ela quiser se reestruturar, um
único sinal será suficiente para que eles obedeçam e se reúnam nessa ação.
Então, no primeiro chamado, todos voltam cada vez mais rápido. Por fim, depois
de muitos e muitos exercícios desse tipo, Deus os dispõe em um estado de
repouso absoluto e de perfeita contemplação.’"
(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São
Paulo - p. 72/73)
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