"(...) Milhões de pessoas têm vivido assim por eras incontáveis, brigando por terras, dinheiro, posses, fama e poder. Mas essas coisas são dignas de se possuir? Qual é a causa da ambição e do ódio? Por que há solidão? Qual é o significado da vida? Essas e muitas outras perguntas surgem da própria observação que o investigador faz acerca da vida; nem o questionamento nem a busca devem se basear em considerações superficiais ou na opinião de outras pessoas.
A clareza, que é a luz do discernimento, surge quando a pessoa se dá ao trabalho de estudar profundamente a vida por si mesma. Isso marca o começo da vida espiritual. Deve haver clareza de percepção a fim de se distinguir o que é essencial. A clareza torna possível ver que a raiz de nossos problemas é o egoísmo. Se há violência, pode-se ver a sua fonte em cada ser humano. A pessoa deve se mover do não importante para o básico, do fato superficial ao ponto fundamental.
Somente quando há clareza junto com uma profuda consideração pelo bem de todos os homens é que a busca se inicia. Descobrir o que é espiritual é, em si mesmo, viver a vida espiritual, pois as grandes verdades da vida não são fatos externos, mas dimensões de consciência. Harmonia, amor, bondade e paz não podem ser conhecidos como se conhece um carro ou uma pedra - objetos cuja forma, cor, textura e outas características podem ser percebidas e retidas na memória. O amor não está fora da pessoa. Ele deve estar na sua própria natureza, pois o único modo de conhecer o amor é amar."
(Radha Burnier - Com Todo o Coração - Revista Sopha, Ano 9, nº 35 - p. 29)
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