sexta-feira, 3 de outubro de 2014

MEMÓRIA CONSTANTE

"Através da pureza do intelecto surge a memória constante, e ao chegarmos à recordação correta todos os elos são completamente rompidos.


Memória Constante: esse é o caminho indicado no Upanixade Chandogya. O que torna a memória inconstante? É a pletora de imagens criadas pela mente, cada imagem demandando atenção da mente. A memória só pode ser constante se a percepção for constante. Somente se o homem vê os fatos e não as projeções da mente é que surge uma memória constante dos fatos. Um poeta inglês escreveu que nosso nascimento é esquecimento. Esquecemos de onde viemos, esquecemos nossa real natureza. Através da projeção de imagens foi construída uma natureza adquirida. Perdemos a base original da memória constante. Quando surge o vazio da plenitude aparente da mente, então naquele vazio surge uma recordação, o nascimento de uma memória constante. Vemos o que somos e é com esse conhecimento que retornamos ao mundo da ação de todo dia. Para aquele que viu sua real natureza o processo do vir-a-ser é alegria indescritível. Sua jornada na vida pode ser longa, mas o final não está distante, ele existe no próprio começo. Quando o final está no começo, a jornada com todos os seus perigos é uma experiência sensacional. Não se está preocupado em chegar. Para ele não há chegada, apenas a própria jornada. Quando a tensão e antecipação da chegada desaparecem, cada passo da jornada se torna uma experiência fascinante. Essa jornada para o aparente vazio leva-nos a uma experiência de intensa Plenitude, uma plenitude que permanece plena mesmo com a passagem do tempo. Porque é uma Plenitude que o tempo não pode tocar. É uma Plenitude que não conhece decadência, porque não é uma plenitude que foi preenchida com alguma coisa. É uma Plenitude de total vazio, de total nada, de absoluto vazio. A Plenitude do Vazio é realmente o Atman, o imortal e destemido, aquele que se expressa em todas as formas e ainda assim permanece supremamente Sem Forma."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades - Ed. Teosófica, Brasília, 2003, p. 224/225)

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