"(...) A superioridade real está, antes de tudo, no permanente e sincero desejo de querer servir - assim como a inferioridade está na necessidade de ser servido. Servir é ativo, ser servido é passivo - o ativo denota força, o passivo revela fraqueza. O homem profano julga-se superior quando é servido, porque é ignorante e fraco - o homem espiritual sente-se superior quando pode servir, porque é sábio e forte.
Quem tem necessidade de ser servido confessa que é um necessitado, um pobre, um indigente, uma vacuidade. Quem tem vontade de servir mostra que é forte, rico, sadio, tão pleno que pode dar aos outros da sua plenitude.
Ora, a felicidade está invariavelmente associada a um senso de plenitude, de abundância, de riqueza interior. A felicidade é o exuberante transbordamento de uma grande vitalidade. Por isso, todo homem realmente feliz é necessariamente um homem bondoso e benevolente. Só o homem infeliz tem motivos para ser mau, rancoroso, intolerante.
O egoísta, que sempre quer ser servido, confessa que não tem vida plena, saúde vigorosa, que sofre da inanição e raquitismo espiritual. As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos - sobretudo no setor feminino - são, em geral, academias de maledicência. Falar das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor - algo parecido com 'whisky', 'gin' ou cocaína - que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia. (...)"
(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p.112/115)
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