"(...) O que há de mais estranho e perverso é que as pessoas maledicentes costumam fazer preceder os seus maldosos mexericos de bondosas referências às vítimas que pretendem devorar com suas críticas. 'Não é por falar mal, mas...' 'Fulano é muito boa pessoa, mas...' 'Sicrana é muito minha amiga, mas o que é verdade é verdade...' Quando um caçador de arco está para disparar a flecha mortífera, puxa-a primeiro para bem perto do coração a fim de a soltar depois com maior violência - é o que fazem os difamadores.
Dizem que o vampiro, antes e depois de sugar o sangue da vítima, sopra-lhe carinhosamente a pele, talvez para efeitos de anestesia... Dizem que o crocodilo, ao engolir a sua vítma, chora...
Os vampiros e os crocodilos humanos também são assim, Raras vezes põem prego sem estopa. Raras vezes censuram alguém sem primeiro o elogiarem, porque uma censura depois dum elogio é muito mais eficiente do que sem elogio. E ainda por cima cria a ilusão que o difamador seja pessoa caridosa.
Nunca ninguém se arrependeu de ter calado - milhares se arrependeram de ter falado. O vício da maledicência é fonte abundante de infelicidade, não só pelo fato de criar discórdias sociais, mas também, e principalmente, porque debilita o organismo espiritual e o predispõe para novas enfermidades.
A consciência tranquila de uma benevolência sincera, profunda e universal é a mais segura garantia de uma profunda e imperturbável felicidade."
(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p.115/116)
Nenhum comentário:
Postar um comentário