"Nas encostas das poderosas montanhas há muitas
aldeias, cada uma com sua própria deidade e seu próprio conselho responsável
pelas formas de adoração e louvor ao Uno que habita o topo da montanha. De
poucos em poucos anos, representantes de todos os conselhos reúnem-se para
decidir que encosta é melhor para a subida. Todos eles trazem evidências e
citam autoridades, discutem e partem. Muitos abandonam completamente as
encostas e se estabelecem nas planícies, alguns acalentam memórias das estórias
contadas por seus antepassados depois de sua subida. Umas poucas crianças ouvem
o chamado do topo, entre o alarido dos adoradores no templo e dos eruditos nos
conselhos. Somente algumas delas têm força e a coragem de empreender a longa e árdua
jornada que conduz à presença do Uno que chama.
Quem é que nos chama? Como podemos ouvir e responder?
A origem do chamado está dentro de nós ou acima de nós? ‘Quem vos chamou é
fiel’, como diz São Paulo. Se pudermos descobrir um modo de prestar atenção e
confiar nesta voz, poderemos deixar de lado a teorização e começar a aprender a
responder ao chamado. Se pudermos manter a nossa questão central em mente, não
é provável que sejamos distraídos por discussões com o nosso próximo ou por
tentativas de convertê-lo. A nossa necessidade é de algum caminho prático que
nos ajudará a permanecermos em nossa reta
mente pela qual, unicamente, podemos ouvir e ver com retidão. Até que
desenvolvamos um órgão interno de discernimento, estamos sem âncora, carregados
por qualquer vento ocasional."
(Ravi Ravindra - Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.119/120)
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