"(...) Os ensinamentos dos grandes místicos mostram também que seu misticismo foi sempre uma experiência prática, não uma criação conceitual arejada pela imaginação, pela ilusão ou pelo desejo. O verdadeiro misticismo é experiência, uma percepção imediata, completa e irreversível de uma vida que não tem início nem fim, que tudo abençoa, sem reservas, e que é a única realidade oculta por trás de cada aparência. Quando a mente, o coração e a alma estão verdadeiramente abertos, então podem ser inundados pelo outro, o espírito incriado e imortal no qual pode ocorrer um novo nascimento. As passagens selecionadas a seguir talvez possam ajudar a mostrar como misticismo é direto e prático.
'Peguei a lâmpada, e deixando a zona das ocupações e relacionamentos diários onde tudo parecia claro penetrei no meu eu mais recôndito, no abismo profundo de onde sentia emanar fracamente aquele meu poder de ação. Mas à medida que mais me distanciava das minhas certezas convencionais por meio das quais a vida social é superficialmente iluminada, percebia que estava perdendo contato comigo mesmo. A cada passo na descida uma nova pessoa manifestava-se dentro de mim, de cujo nome eu não mais tinha certeza, e que não mais me obedecia. E quando tive que parar com a exploração, porque o caminho desaparecia sob meus passos, descobri um abismo insondável aos meus pés.' The Divine Milieu, O Ambiente Divino, de Teilhard de Chardim."
(Pedro Oliveira - Misticismo como experiência prática - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 13/14)
Misticismo não é imaginação egóica.
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