domingo, 12 de junho de 2016

MISTICISMO COMO EXPERIÊNCIA PRÁTICA (PARTE FINAL)

"(...) Os ensinamentos dos grandes místicos mostram também que seu misticismo foi sempre uma experiência prática, não uma criação conceitual arejada pela imaginação, pela ilusão ou pelo desejo. O verdadeiro misticismo é experiência, uma percepção imediata, completa e irreversível de uma vida que não tem início nem fim, que tudo abençoa, sem reservas, e que é a única realidade oculta por trás de cada aparência. Quando a mente, o coração e a alma estão verdadeiramente abertos, então podem ser inundados pelo outro, o espírito incriado e imortal no qual pode ocorrer um novo nascimento. As passagens selecionadas a seguir talvez possam ajudar a mostrar como misticismo é direto e prático.

'Peguei a lâmpada, e deixando a zona das ocupações e relacionamentos diários onde tudo parecia claro penetrei no meu eu mais recôndito, no abismo profundo de onde sentia emanar fracamente aquele meu poder de ação. Mas à medida que mais me distanciava das minhas certezas convencionais por meio das quais a vida social é superficialmente iluminada, percebia que estava perdendo contato comigo mesmo. A cada passo na descida uma nova pessoa manifestava-se dentro de mim, de cujo nome eu não mais tinha certeza, e que não mais me obedecia. E quando tive que parar com a exploração, porque o caminho desaparecia sob meus passos, descobri um abismo insondável aos meus pés.' The Divine Milieu, O Ambiente Divino, de Teilhard de Chardim."

(Pedro Oliveira - Misticismo como experiência prática - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 13/14)


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