terça-feira, 20 de junho de 2017

O CARMA (PARTE FINAL)

"(...) Embora o resultado das nossas ações possa ainda não ter amadurecido, ele inevitavelmente virá quando se apresentarem as condições certas. Via de regra esquecemos o que fazemos e os resultados só nos atingem muito depois. E aí somos incapazes de ligá-los com suas causas. Imagine uma águia, diz Jikmé Lingpa. Voando alto no céu. Ela não faz sombra, e de fato nada revela sua presença. Então, de repente, ela avista sua presa e mergulha, célere, até o chão. No instante em que desce, sua sombra ameaçadora se revela. 

Os resultados de nossas ações aparecem comumente com atraso, até mesmo em futuras vidas; não podemos apontar uma causa porque cada evento pode ser uma soma extremamente complexa de muitos carmas amadurecendo juntos. Por isso, em nossos dias, tendemos a acreditar que as coisas nos acontecem 'por acaso', e quando tudo vai bem é simplesmente porque 'temos sorte'. 

Entretanto, o que mais, além do carma, pode explicar de modo satisfatório as diferenças extremas e extraordinárias entre todos nós? Ainda que tenhamos nascido na mesma família ou no mesmo país, ou em circunstâncias parecidas, todos temos personalidades diferentes, coisas totalmente diferentes nos acontecem e temos diferentes talentos, inclinações e destinos.

Como disse o Buda: 'O que você é, é o que você foi; o que será, é o que você faz agora'. Padmasambhava ia mais adiante: 'Se deseja conhecer sua vida passada, olhe para sua condição presente. Se quer conhecer sua vida futura, olhe para suas ações presentes'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 129/130

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