"São poucos os que desfrutam de alguma coisa. Sentimos pouquíssima alegria ao ver um pôr do sol, uma lua cheia, uma pessoa bonita, uma árvore encantadora, um pássaro voando ou uma dança. Na verdade, não desfrutamos de nada. Olhamos para uma coisa, ficamos superficialmente entretidos por ela e temos a sensação do que chamamos de alegria. Mas o prazer é algo muito mais profundo, que deve ser entendido e profundamente desfrutado.
Quando ficamos mais velhos, embora queiramos sentir prazer nas coisas, as melhores já estão fora do nosso alcance. Queremos desfrutar de outros tipos de sensações - paixões, desejo sexual, poder, status. Todas essas são coisas normais da vida. Embora superficiais, não devem ser condenadas, justificadas, mas entendidas e colocadas em seu devido lugar. Se as condenarmos como sem importancia, sensacionalistas, tolas ou não espirituais, destruiremos todo o processo da vida.
Para conhecer a alegria devemos ir muito mais fundo: a alegria não é a mera sensação. Ela requer um refinamento extraordinário da mente, mas não o refinamento do self, que colhe cada vez mais para si. Esse self, esse homem, nunca poderá entender o estado de alegria em que o apreciador não está presente. É preciso entender essa coisa extraordinária. Do contrário, a vida se torna muito pequena, insignificante, superficial - torna-se apenas nascer, aprender algumas coisas, sofrer, gerar filhos, ter responsabilidades, ganhar dinheiro, ter um pouco de diversão intelectual e morrer."
(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 213)
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