“Força para
avançar é a principal necessidade daquele que escolheu esta senda. Onde
encontrá-la? Olhando em volta, não é difícil ver onde outro ser humano encontra
sua força. Sua origem está em sua profunda convicção. Através desse grande
poder moral, aquilo que o capacita a prosseguir, e que ele conquista, por mais
frágil que seja, é trazido à luz em sua vida natural. Conquistar o quê? Nem
continentes nem os mundos, mas a si mesmo. Por meio dessa vitória suprema obtém-se
a entrada no Todo, onde tudo o que pode ser conquistado e obtido por esforço se
converte ao mesmo tempo, não em algo, mas em si mesmo.
Colocar
armaduras e sair para a guerra, tendo as chances de morte, na pressa de lutar,
é uma coisa fácil; permanecer quieto em meio ao balanço do mundo, para
preservar a quietude do tumulto do corpo, para manter silêncio em meio aos
milhares de gritos dos sentidos e desejos, pegar a serpente mortal do self e matá-lo, estando despojado de
toda a armadura e sem pressa ou excitação, não é uma coisa fácil. No entanto, é
isso que deve ser feito; e isso apenas pode ser realiza- do no momento de
equilíbrio, quando o inimigo está desconcertado com o silêncio.
Para esse
momento supremo é necessária uma força tal, como a que nenhum herói do campo de
batalha necessita. Um grande soldado deve ser preenchido com as profundas
convicções da justiça de sua causa e da correção de seu método. O indivíduo que
combate contra si mesmo e vence a batalha, somente age dessa forma quando sabe
que é algo que vale a pena ser feito e que assim agindo, ele ganhará o céu e o
inferno como seus servos. Sim, ele permanece em ambos. Ele não precisa de um
céu onde o prazer vem como uma recompensa há muito prometida; ele não teme o
inferno onde a dor espera para puni-lo por seus pecados. Pois ele conquistou,
em si mesmo, uma vez por todas, aquela serpente que se move de um lado para o
outro em seu constante desejo de contato, em sua busca perpétua por prazer e
dor. Nunca mais (uma vez que a vitória foi alcançada) tremerá, ou crescerá exultante
com qualquer pensamento acerca do que o futuro lhe reserva. Aquelas ardentes sensações,
que pareciam ser as únicas provas de sua existência, não mais lhe pertencem.
Como, então, saber que vive? Sabe apenas por argumentos. E, com o tempo, não
cuida sequer de arguir acerca do mesmo. Para ele, então, há paz; e nela encontrará
o poder cobiçado. Então conhecerá essa fé que remove montanhas.”
Mabel Collins, Através dos Portais de Ouro, Ed. Teosófica, Brasília, 2019, p. 107/109.
Imagem: Pinterest
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