OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 1 de maio de 2015

CRITICANDO O FALSO MORALISMO DOS FARISEUS

"Jesus era um homem corajoso. Conseguia falar o que pensava mesmo quando colocava sua vida em risco. Dizia que os fariseus limpavam o exterior do corpo, mas não se importavam com o seu conteúdo.

O mestre era delicado com todas as pessoas, inclusive seus opositores, mas em algumas ocasiões criticou com contundência a hipocrisia humana. Disse que os mestres da lei judaica seriam drasticamente julgados, pois atavam pesados fardos para as pessoas carregarem, enquanto não se dispunham a movê-los sequer com um dedo (Mateus 23:4).

Quantas vezes não somos rígidos como os fariseus, exigindo das pessoas o que elas não conseguem suportar e nós mesmos não conseguimos realizar? Exigimos calma dos outros, mas somos impacientes, irritadiços e agressivos. Pedimos tolerância, mas somos implacáveis, excessivamente críticos e intolerantes. Queremos que todos sejam estritamente verdadeiros, mas simulamos comportamentos, disfarçamos nossos sentimentos. Desejamos que os outros valorizem o interior, mas somos consumidos pelas aparências. 

Temos de reconhecer que, às vezes, damos excessiva atenção ao que pensam e falam de nós, mas não nos preocupamos com aquilo que corrói nossa alma. Podemos não prejudicar os outros com nosso farisaísmo, mas nos autodestruímos quando não intervimos em nosso mundo interno, quando não somos capazes de fazer uma faxina em sentimentos negativos como a inveja, o ciúme, o ódio, o orgulho, a arrogância, a autopiedade."

(Augusto Cury - O Mestre da Vida - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2012 - p. 17)


quinta-feira, 2 de abril de 2015

O AMOR E O PERDÃO (1ª PARTE)

"Jesus propunha a seus discípulos que perdoassem uns aos outros, que se libertassem dos seus sentimentos de culpa e que tivessem uma vida emocional suave e tranquila como só uma pessoa que ama os outros como a si mesma pode ter. A psicologia de Cristo era profunda, o amor e o perdão se entrelaçavam. Era de fato uma psicologia transformadora, e não reformadora e moralista. Ele dizia que tinha vindo para perdoar, para aliviar o peso da existência e tornar a vida mais complacente, tolerante e emocionalmente serena. Encorajava os seus discípulos a observarem sua vida e a tomá-la como modelo existencial. Por isso, dizia: 'Aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração' (Mateus 11:29).

Cristo desejava aliviar a emoção do peso das mágoas, dos rancores, dos complexos de inferioridade, dos sentimentos de culpa e de autopunição. Apesar de ter todos os motivos para ser rígido e até julgar as pessoas, nele só havia espaço para o perdão, que não é um sinal de fraqueza, mas de grandeza emocional. Perdoar é expressar a arte de amar. Na escola da existência de Cristo, perdoar uns aos outros é um princípio fundamental. Perdoar alivia tanto os sentimentos de culpa como as mágoas. O sentimento de culpa fere a emoção. A mágoa corrói a tranquilidade.

A proposta de Cristo do perdão é libertadora. A maior vingança contra um inimigo é perdoá-lo. Ao perdoá-lo nos livramos dele, pois ele deixa de ser nosso inimigo. O maior favor que fazemos a um inimigo é odiá-lo ou ficarmos magoados com ele. O ódio e a mágoa cultivam os inimigos dentro de nós.

Cristo viveu a arte do perdão. Perdoou quando rejeitado, quando ofendido, quando incompreendido, quando ferido, quando zombado, quando injustiçado; perdoou até quando estava morrendo na cruz. No ápice da sua dor, disse: 'Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem...' (Lucas 23;34). Esse procedimento tornou a trajetória de Cristo livre e suave. (...)"

(Augusto Cury - O Mestre dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2012 - p. 142/143)


segunda-feira, 21 de julho de 2014

TREINE SEU CORAÇÃO PARA SENTIR A FRATERNIDADE HUMANA (1ª PARTE)

"Toda a humanidade deve abrir o coração para a grande mensagem de Jesus: '[Deus] fez, de um único sangue, todas as nações dos homens.' (Atos 17:26) Essa é, de Cristo, a inspiração que eu tanto amo. Queria tornar essa mensagem uma realidade viva, dar-lhe uma aplicação prática. O preconceito de cor é a mais absurda de todas as exibições de ignorância humana. A cor é somente epidérmica. Deus deu pigmentos mais escuros à pele das raças que, originalmente, viviam sob condições climáticas que exigem maior proteção contra o sol. Uma medida puramente prática; portanto, ter pele branca, cor de oliva, amarela, vermelha ou negra não é motivo especial de orgulho para ninguém. Afinal de contas, a alma veste um sobretudo corporal de determinada cor durante uma vida e, em outras encarnações, de outras tonalidades. Logo, a cor da pele é algo muito superficial. Ter preconceto de cor é ter preconcento contra Deus, que está nos corações de todos os povos do mundo: vermelhos, brancos, amarelos, oliváceos e negros. Além disso, é bom lembrar que quem odeia uma raça certamente reencarnará em um corpo dessa raça: é assim que a lei cármica força o homem a superar os preconceitos que sufocam a alma. Treine seu coração para sentir a fraternidade humana - isto é importantíssimo.

Embora os ensinamentos de Jesus estivessem predestinados a estabelecer seus mais sólidos fundamentos no Ocidente, ele escolheu encarnar em um corpo oriental e da raça judia, que conta com uma longa história de perseguições, para demonstrar o absurdo que é julgar os outros segundo diferenças de raça e de cor. O verdadeiro Cristianismo deve ser vivido; divisões raciais devem ser eliminadas. O preconceito e a falta de autêntica fraternidade causam guerra e desunião entre os filhos de Deus. Devemos trabalhar para erradicar todos os incitamentos à guerra; no ódio e no preconceito, ocultam-se bombas e desgraças. Jesus advertiu: '(...) pois todos os que lançarem mão da espada perecerão pela espada.' (Mateus 26:52) Não será a espada, mas a prática dos princípios de Cristo que finalmente libertará o mundo. No sentido mais elevado, só Deus protege o homem. A melhor ajuda que você pode dar ao mundo é pôr em prática um ideal de vida segundo os ensinamentos de Cristo e de todos os mestres espiritualmente iluminados. Acima de tudo, ame a Deus; não vê que toda a resposta está nas mãos Dele? Quando Ele descerrar o véu do mistério, você terá as respostas para tudo o que era obscuro e indecifrável. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 284/285)

sábado, 7 de junho de 2014

AMOR É VIDA

"Se o amor não fosse a lei da vida, a vida não teria persistido em meio à morte. A vida é um perpétuo triunfo sobre o túmulo. Se existe uma distinção fundamental entre homem e besta é o reconhecimento progressivo por parte do primeiro da lei da vida e de sua aplicação na prática de sua própria existência pessoal. Cada santo do mundo, seja ele antigo ou moderno, representa uma ilustração viva da lei suprema do nosso ser, sempre de acordo com a própria luz e capacidade. Que o bruto em nós pareça triunfar com frequência já é evidente. Afinal, como poderia ser de outro modo com uma lei que é tão importante quanto a própria verdade? Quando a prática dessa lei se tornar universal, Deus reinará na terra como já faz no Paraíso. (...) Não preciso ser lembrado de que a terra e o paraíso estão dentro de cada um de nós. Conhecemos a terra, mas somos estranhos ao paraíso que vive em nós.

Acredito piamente que o amor sustente a terra. Somente prevalece a vida onde existe o amor. Vida sem amor é morte. O amor é o reverso da moeda cujo verso e a verdade.

O ódio sempre mata; o amor nunca morre. 

A diferença entre ambos é gigantesca. O que é obtido pelo amor é mantido por toda a vida. O que é alcançado pelo ódio na realidade se revela um fardo, pois só aumenta o rancor. A tarefa do ser humano é diminuir o ódio e promover o amor."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz – Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.48)


quinta-feira, 5 de junho de 2014

LIBERDADE DE OPOSTOS (PARTE FINAL)

"(...) Para tomarmos outro exemplo, aquela natureza que pode ser chamada espiritual sempre tem presente em si o atributo de uma sensibilidade extrema, uma inteligência que responde imediatamente ao mais leve toque. Embora esta resposta pareça automática, ela surge de uma percepção da verdade com relação ao que quer que a toque, portanto, esta resposta é determinada por aquela verdade. É a resposta de uma natureza que é susceptível, porém não influenciada. Ela não se entrega indistintamente a qualquer coisa e nunca se deixa dominar; mas também não se diminui ou foge de qualquer coisa que atravesse o seu caminho – que seria o oposto da ‘entrega’ – ela mantém a sua liberdade e equilíbrio. (...)

Vemos diferenças em toda a parte na natureza. As diferenças que existem na natureza das coisas no campo da matéria são refletidas no campo da mente e das emoções e ali geram reações, enquanto ainda se encontram em um estado de inconsciência. O Gitᾱ fala da liberdade dessas reações que são prazeres e desprazeres, paixões, avidez, ódio e inveja. Quando as reações cessam de existir, há um espírito de igualdade no coração das pessoas, boa-vontade comum, preocupação e consideração em relação a todos, o elevado e o usual, o simples e o erudito e assim por diante. A natureza em que se manifesta esta mesma atitude é a natureza verdadeiramente espiritual. (...)

Pode parecer paradoxal que um estado de liberdade possa conter dentro de si o segredo da correção absoluta, bem como a perfeição. Isto ocorre assim porque compreendemos a liberdade em um sentido que não é liberdade real, uma condição que não está sujeita à atração ou repulsão. Nesta condição, a ação está de acordo com uma lei inata que em um indivíduo é a lei do seu ser. É uma lei que, entre os componentes daquele ser, sempre mantém um estado de harmonia. O nosso conceito de perfeição também incorpora, de forma consciente ou inconsciente, essa harmonia que é a manifestação de uma unidade na diversidade."

(N. Sri Ram - Em busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p.32/39)


quinta-feira, 29 de maio de 2014

OS CAMINHOS DO AUTOCONHECIMENTO ( 1ª PARTE)

"Os problemas do mundo são tão colossais e complexos que, para compreendê-los e resolvê-los, temos de estudá-los de maneira muito simples e direta: e a simplicidade não depende de circunstâncias exteriores nem de nossos preconceitos e caprichos. A solução não se encontra em conferências ou projetos, nem na substituição de velhos por novos líderes. Ela se encontra, evidentemente, no criador do problema, na origem dos malefícios, do ódio e da enorme incompreensão entre os seres humanos. A origem é o indivíduo, você e eu, não o mundo, tal como o concebemos. O mundo é uma expressão de nossas relações com os outros, não é algo separado de você e de mim. O mundo é construído pelas relações que estabelecemos entre nós.

Você e eu, portanto, somos o problema, e não o mundo, porque o mundo é a projeção de nós mesmos. Para compreendê-lo, precisamos nos compreender. Nós somos o mundo, e nossos problemas são os problemas do mundo. Nunca é demais repetir isso. Porque temos uma mentalidade indolente, pensamos que os problemas do mundo não nos dizem respeito e têm de ser resolvidos pelas Nações Unidas, ou pela substituição dos velhos líderes. Mostramos uma mentalidade muito elementar ao pensar dessa maneira, porque nós somos os responsáveis pela aterradora miséria e pelo constante perigo de guerra no mundo.

A transformação precisa começar por nós mesmos. O mais relevante é a intenção de compreendermos a nós mesmos, e não esperar que os outros se transformem. Essa obrigação é nossa. Porque, por mais insignificante que seja a vida que vivemos, se pudermos nos transformar, introduzir na existência diária um ponto de vista radicalmente diferente, então talvez venhamos a influir no mundo como um todo, porque ele é fruto das nossas relações com os outros, em escala ampliada.

A compreensão de nós mesmos não é um processo isolado. Não implica se retirar do mundo, porque não se pode viver em isolamento. 'Ser' é estar em relação. É a falta de relações corretas que gera conflitos, angústias e lutas. Por menor que seja o nosso mundo, se pudermos transformar nossas relações, essa transformação, da mesma forma que uma onda sonora, se propagará constantemente no mundo exterior. Se pudermos operar uma transformação aqui, não uma transformação superficial, porém radical, começaremos a transformar o mundo. O autoconhecimento é o começo da sabedoria e, portanto, o começo da transformação e da regeneração de valores. (...)"

(J. Krishnamurti - Os Caminhos do Autoconhecimento - Revista Sophia, Ano 12, nº 49 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 05/06)

sábado, 5 de abril de 2014

NÓS SOMOS A PRÓPRIA MUDANÇA

"Violência e não violência originam-se na mente. Gerar uma mente não violenta nos assegura um modo de seguir em frente com esperança. Depende de cada indivíduo responder aos outros com violência ou não.

A violência tem extensões sutis, no pensamento, na fala e nas intenções. Podemos atuar sobre isso imediatamente, para efetuar mudanças na sociedade e em nós mesmos. Logicamente não podemos condenar atos de violência praticados por aqueles que achamos ser nossos ‘inimigos’, por um lado, e tentar justificar atos de violência dos nossos ‘amigos’, por outro. Toda violência causa dano. Devemos trabalhar para remediar as causas da violência, como a indiferença, o ódio, a intolerância religiosa e cultural, o nacionalismo estreito, a degradação ambiental e as disparidades econômicas. O papel individual é de vital importância, ao dar pequenos passos rumo à construção da paz. (...)

Reduzir a violência na mente pode ser uma tarefa difícil, que requer coragem e determinação. Desenvolver uma mente não violenta é parte de um fluxo incessante, reflete uma tradição ininterrupta de quatro mil anos de história.

Quando começamos esse processo, podemos ver benefícios individuais imediatos. Tornamo-nos pessoas mais felizes, mais relaxadas; montanhas de frustração e sofrimento começam a se transformar em montículos. As pessoas com quem interagimos também começam a sentir benefícios. Como disse Mahatma Gandhi, ‘devemos ser a mudança que queremos ver, e não as trevas que desejamos deixar para trás.’"

(Anna Alomes - A opção pela não violência - Revista Sophia, Ano 5, nº 18 – Pub. da Ed. Teosófica - p. 7)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O PRINCÍPIO DA POLARIDADE

‘Tudo é Duplo; tudo tem polos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau. Os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados’ (O Caibalion)

"Este Princípio encerra a verdade: tudo é duplo; tudo tem dois polos; tudo tem o seu oposto, que formava um velho axioma hermético. Ele explica os velhos paradoxos, que deixaram muitos homens perplexos, e que foram estabelecidos assim: A tese e a Antítese são idênticas em natureza, mas diferentes em grau; os opostos são a mesma coisa, diferindo somente em grau; os pares de opostos podem ser reconciliados; os extremos se tocam; tudo existe e não existe ao mesmo tempo; todas as verdades são meias-verdades; toda verdade é meio-falsa; há dois lados em tudo, etc., etc. (...) Por exemplo: o Calor e o Frio, ainda que sejam opostos, são a mesma coisa, e a diferença que há entre eles consiste simplesmente na variação de graus dessa mesma coisa. (...)

O Princípio de Polaridade explica estes paradoxos e nenhum outro Princípio pode excedê-lo. O mesmo Princípio opera no plano mental. Permitiu-nos tomar um exemplo extremo: Amor e o Ódio, dois estados mentais em aparência totalmente diferentes. (...)

Muito de vós que ledes estas linhas, tiveram experiências pessoais de transformação do Amor em Ódio ou do inverso, quer isso se desse com eles mesmos ou com outros. Podeis pois tornar possível a sua realização, exercitando o uso da vossa Vontade por meio das fórmulas herméticas. Deus e o Diabo, são, pois, os polos da mesma coisa, e o Hermetista entende a arte de transmutar o Diabo em Deus, por meio da aplicação do Princípio da Polaridade. Em resumo, A Arte de Polaridade fica sendo uma fase da Alquimia Mental, conhecida e praticada pelo antigos e modernos Mestres Hermetistas. O conhecimento do Princípio habilitará o discípulo a mudar sua própria Polaridade, assim como a dos outros, se ele consagrar o tempo e o estudo necessário para obter o domínio da arte."

(Três Iniciados - O Caibalion: estudo da filosofia hermética do antigo Egito e da Grécia – Ed. Pensamento, São Paulo, 2006, p. 24/25)


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

POR QUE O MAL FAZ PARTE DA CRIAÇÃO DIVINA

"Alguns dizem que Deus não conhece o mal, pois não sabem explicar como um Deus bom pode permitir roubos, assassinatos doenças, pobreza e outras coisas horríveis que sempre acontecem na Terra. Esses infortúnios são certamente negativos para nós, mas será que Deus os considera maus? Se for o caso, por que permitiria tanta maldade? E, se o mal não veio de Deus, que é o Criador Supremo de todas as coisas, de onde veio, então? Quem criou a ganância? E o ódio? Quem criou a inveja e a raiva? Quem criou as bactérias nocivas? Quem criou a tentação do sexo e da cobiça? Isto tudo não foi inventado pelos seres humanos. O homem jamais poderia ter experimentado essas coisas se não tivessem sido previamente criadas.

Algumas pessoas tentam explicar que o mal não existe, ou que nada mais é do que um fator psicológico. Mas não é verdade. As evidências do mal estão no mundo e são inegáveis. Se o mal não existe, por que Jesus oraria: ‘E não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal’?¹ Ele está dizendo, claramente, que o mal existe.

Portanto, a verdade é esta: o mal está presente no mundo. E de onde terá vindo? De Deus.² A maldade proporciona o contraste que nos permite reconhecer e experimentar a bondade. Para existir a criação, o mal tinha que existir também. Se você escrevesse uma mensagem com giz branco num quadro branco, ninguém a veria. Portanto, sem o quadro-negro do mal, as coisas boas do mundo não poderiam se sobressair. Por exemplo: Judas foi o melhor agente de publicidade que Jesus podia ter. Com seu ato maligno, Judas tornou Cristo eternamente famoso. Jesus sabia do papel que devia representar e tudo o que ia acontecer para que pudesse demonstrar o amor e a grandeza de Deus; e era necessário um vilão para essa representação. No entanto, para Judas não foi bom escolher ser aquele cujo ato maldoso exaltou, por contraste, a glória do triunfo de Cristo sobre o mal."

¹ Mateus 6:13.
² “Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas” (Isaias 45:6-7).

(Paramahansa Yogananda – O Romance com Deus – Self-Realization Fellowship – p. 110/111)
http://www.omnisciencia.com.br/livros-yogananda/romance-com-deus.html


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O PODER DO AMOR (PARTE FINAL)

"Por meio da vigilância, da percepção correta da realidade, somos capazes de substituir o sentimento de ódio pelo sentimento de amor. Ninguém resiste à força do amor. O amor é muito mais forte do que o ódio, que o egoísmo ou qualquer emoção negativa. Temos um poder fantástico, um poder divino, que é o poder de influenciar o mundo através da nossa mente. Temos a capacidade de exercer a função divina de criar e transformar o mundo. (...)

Quando nos abrimos para a luz, ela chega até nós e ilumina a nossa mente. Será que estamos preparados para recebê-la? Sem essa luz a vida fica obscura, sem beleza, sem brilho. Sem ela não conseguimos distinguir o falso do verdadeiro, vivemos na obscuridade. Essa luz divina chega até nós vinda de dentro. É uma luz que está sempre esperando que nós nos abramos para ela. Todos nós podemos ter acesso a essa luz interior, que é uma luz maravilhosa, que é a única fonte real de felicidade. Só depende de estarmos determinados a viver a vida divina aqui na Terra."

(Eduardo, Weaver - Da mente condicionada para a luz - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 14/15)


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A NATUREZA DA MUDANÇA

"Conforme já mencionamos, a humanidade inteira enfrenta um desafio sem precedentes – ele não se aplica apenas a uma determinada raça ou grupo de pessoas. A guerra, a corrida armamentista, poluição, pobreza, o problema populacional – todas essas questões, e também outras mais, ameaçam a humanidade. A maioria das pessoas não compreende que todos esses desafios externos refletem o que está dentro da mente humana – a sua mente, a minha mente, a mente de todos nós. O ódio que se manifesta na guerra é um reflexo da animosidade e da desconfiança em todas as nossas mentes. A pobreza reflete nossa incapacidade de nos sentirmos unos com os outros – incapacidade de compartilhar. A poluição surge da ambição de ter cada vez mais, de modo interminável. O que está dentro e o que está fora não são diferentes. Mesmo quando aceitamos isso mentalmente não fazemos um esforço real para ver a relação existente, isto é, ver que a raiz de todos os problemas está na condição psicológica do ser humano. Como não vemos isso, tentamos sempre remendar o que está fora de nós. O que imaginamos serem grandes planos para mudar o mundo nada mais representam do que um pequeno remendo superficial, temporário e inadequado.

(...) A mente que está acostumada a dividir e fragmentar tudo sempre vê a partir de um ângulo específico, porém a mente fragmentada não pode encontrar a solução verdadeira ou permanente para os problemas, ainda mais hoje em dia, quando todos os povos e nações do mundo estão interligados. Assim é importante libertar a mente de sua tendência trágica de olhar para tudo de forma fragmentada.”

(Radha Burnier - Regeneração Humana - Ed. Teosófica, Brasília - p. 22/23)


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SVADHYAYA (ESTUDO DO SER)

"Significa estudo do Ser e é remédio filosófico. Em livro tradicional da Índia fala-se que uma pessoa chegou a um quarto escuro e se horripilou ao ver uma cobra que o ameaçava. Depois que acendeu o candeeiro, constatou que era tão somente uma inofensiva corda.

Nossas reações de medo, ódio, cobiça, ciúme, apego, finalmente todas as emoções com que reagimos ao mundo são originadas por um normal estado de ilusão, pois não vemos a corda, vemos a cobra. Reagimos à cobra que, embora sendo falsa, tem o poder de afetar-nos. Não vemos a corda, embora real. 

A Realidade não conhecemos. Ela é o Uno sem um Segundo, é o Absoluto, é o Ser, a Consciência e a Bem-aventurança escondida atrás deste mundo cheio de contrariedades, diversidades, de opostos, feito de nascimentos e mortes. O estudo do Ser, isto é, svadhyaya, através da leitura de livros sagrados de todas as tradições religiosas, através de permanente observação das coisas de fora e de dentro de nós, através da meditação é que nos dá a coragem resultante de matar a ameaçadora cobra da ilusão. (...)

O estudo da filosofia é a chave que nos liberta da vinculação, dos sofrimentos, da cobiça, do medo e do ódio. Se é a ilusão que nos assusta ou prende, lé a desilusão que nos salva. Nunca se entristeça por desiludir-se de algo ou alguém. É uma libertação que merece ser comemorada com um sincero 'Graças a Deus'. A verdadeira e última desilusão abre o portal para Deus. 

Reflexão: Iluda-me pensando que o gelo era mais real que a água e esta mais real que o átomo. Hoje, a ciência liberta-me dessa ilusão, e sei que nem mesmo o átomo tem realidade a não ser uma realidade relativa. 

A Realidade que Eu Sou nem adoece, nem sofre, nem morre, nem se perturba. Intranquilo, andei desejando e buscando poder, fortuna e prazer. Hoje - desiludido - salvo-me. Andei temendo coisas que também são ilusões. Desiludo-me e deixo o medo para trás, para longe de mim.

A Realidade que Eu Sou não tem inimigos nem sofre ameaças. O sofrimento é ilusão. Ilusório é também o prazer. Somente a Paz tem Realidade. Somente a Bem-aventurança é Real."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 143/144)


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

SUPERAR AS EMOÇÕES NEGATIVAS (PARTE FINAL)

"(...) Alimente apenas amor pelos outros em seu coração. Quanto mais você vir o bem neles, tanto mais estabelecerá o bem em si mesmo. Mantenha a consciência do bem. A maneira de tornar boas as pessoas é reconhecer o bem nelas. Não as critique. Permaneça, calmo, sereno, sempre dono de si. Verá então como é fácil conviver bem com os outros.

Limpe sua mente de toda crítica adversa aos outros. Use um olhar ou uma sugestão para corrigir carinhosamente uma pessoa receptiva, mas não force a correção e não continue mantendo pensamentos críticos, embora permaneça em silêncio.

Pensamentos podem às vezes ser mais eficazes do que palavras. A mente humana é a mais poderosa estação transmissora que existe. Se você irradiar constantemente pensamentos positivos com amor, esses pensamentos terão efeitos sobre os outros. (Da mesma forma, se você irradia ciúme ou ódio, os outros recebem esses pensamentos e respondem de maneira correspondente.) Peça a Deus para que o poder Dele sustente seus esforços. Se, por exemplo, o marido está se afastando, a esposa deveria orar a Deus: 'Senhor, ajuda-me a ajudar meu marido. Retira do meu coração qualquer traço de ciúme e de ressentimento. Eu oro apenas para que ele compreenda seu erro e mude. Senhor, fica com ele; e abençoa-me para que eu faça a minha parte'. Se a sua comunhão com Deus for profunda, você verá essa pessoa mudar.

É fácil revidar, mas oferecer amor é a melhor maneira de tentar desarmar quem o persegue. Mesmo se não funcionar na hora, ele jamais poderá se esquecer de que, quando lhe deu um tapa, você deu amor em troca. Esse amor tem de ser sincero; quando vem do coração, o amor é mágico. Não espere resultados. Mesmo que seu amor seja desprezado, não dê atenção. Dê amor e esqueça. Nada espere; então você verá o resultado mágico."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 140/142)


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

SUPERAR AS EMOÇÕES NEGATIVAS (1ª PARTE)

"Tudo o que partir de você voltará a você. Odeie e receberá ódio em troca. Quando se deixa invadir por emoções e pensamentos desarmoniosos, você está se destruindo. Por que odiar ou ter raiva de alguém? Ame seus inimigos. Por que arder no calor da ira? Se ficar com raiva, trate de superar esse estado imediatamente. Saia para uma caminhada, conte até dez ou quinze, ou desvie a mente para algo agradável. Abandone o desejo de represália. Quando você se encoleriza, o cérebro se superaquece, o coração tem problemas com as válvulas, todo o seu corpo se desvitaliza. Irradie paz e bondade, pois essa é a natureza da imagem de Deus dentro de você - sua verdadeira natureza. Então ninguém poderá perturbá-lo. 

Sempre que sentir ciúmes, você é cúmplice da ilusão cósmica de Satã.² Sempre que estiver com raiva, é Satã quem o guia (...) Cada vez que a voz do ciúme, do temor ou da ira falar, lembre-se de que essa não é a sua voz. Ordene que ela se vá, mas você não será capaz de expulsar esse mal, por mais que tente, enquanto abrigar em sua mente esses sentimentos negativos. Erradique de dentro de você o ciúme, o temor e a ira, de modo que, quando um impulso maligno mandá-lo odiar ou ferir, uma outra voz interna mais forte lhe diga: ame e perdoe. Escute essa voz.

O ciúme provém de um complexo de inferioridade e se expressa por meio da suspeita e do medo. Significa que a pessoa tem medo de não poder se manter no seu relacionamento com os outros, seja ele conjugal, filial ou social. Se sentir motivos para ter ciúme de alguém - por exemplo, se teme que a pessoa amada transfira sua atenção a outrem - primeiro empenhe-se em compreender se lhe falta alguma coisa interiormente. Aprimore-se. Desenvolva-se. A única maneira de conservar o afeto ou o respeito de outra pessoa é aplicar a lei do amor e merecer o reconhecimento dela mediante o autoaprimoramento (...) A satisfação resulta do aperfeiçoamento constante de si, de modo que, ao invés de ter que procurar os outros, eles é que o procurarão. (...)"

² Maya (ilusão cósmica)

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 136/138)


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

COMPAIXÃO, SOLIDARIEDADE E AMOR - AS FORÇAS QUE CURAM

"A força do amor e da piedade humana nunca é desperdiçada, mas sim cuidadosamente preservada. O menor pensamento de solidariedade para com um indivíduo diminui o sofrimento do todo. Devemos inundar toda nossa natureza, portanto, com a mais profunda solidariedade e, através deste ato, diminuir o pesado karma de doença que paira sobre o mundo. Pense no amor e assim diminua o ódio; pense na alegria e diminua a tristeza; pense na saúde e diminua a doença; pois estes pensamentos pertencem à luz solar da manifestação e aumentam o seu poder de modo que os homens tornam-se menos propensos a desgarrar-se na escuridão de onde brota a doença.

Se fôssemos fortes o suficiente em compaixão, em solidariedade, em amor, poderíamos apenas com isso curar, pois estes são poderes enormes. À medida que podemos expressá-los, assumimos verdadeiramente a função de curar nossos semelhantes. Cada esforço altruísta par aliviar o sofrimento, encontre ou não o sucesso físico imediato, definitivamente diminui o karma de doença da humanidade.

Ao homem foi dado o livre arbítrio para que possa tornar-se um deus, onipotente, onisciente e onipresente. No início ele o usa para a maldade e sofre. Com o sofrimento aprende a usá-lo apenas para ‘o reto comportamento, no qual mora a virtude.’ No final sua vontade ainda é livre, mas se volta naturalmente e sempre para o bem. Tal é o propósito do sofrimento: esta é também a meta da vida humana, que o neófito espiritual aspira alcançar no menor tempo possível, a fim de mais efetivamente curar e auxiliar o mundo."

(Geoffrey Hodson - Saúde e Espiritualidade, Uma Visão oculta da Saúde e da Doença - Ed. Teosófica, Brasília - p. 22/23)


sexta-feira, 26 de julho de 2013

PERDÃO

"O Deus de algumas escrituras é vingativo e sempre pronto a nos punir. Mas Jesus nos mostrou a verdadeira natureza de Deus (...) Ele não destruiu seus inimigos com "doze legiões de anjos", mas, em vez disso, superou o mal com o poder do amor divino. Sua ação demonstrou o supremo amor de Deus e o comportamento dos que são uns com Ele.

"Deve-se perdoar, qualquer que seja a ofensa", diz o Mahabharata. "Foi dito que a continuidade da espécie se deve à capacidade que o homem tem de perdoar. Perdão é santidade. Graças ao perdão, o universo se mantém coeso. O perdão é o poder do poderoso. O perdão é sacrifício. O perdão é a quietude da mente. O perdão e a gentileza são as qualidades de quem tem Autodomínio. Eles representam a virtude eterna."

"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete! Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete." Orei profundamente para compreender esse conselho intransigente. "Senhor", protestei, "é isso possível?" Quando a Voz Divina finalmente respondeu, trouxe, numa torrente de luz, uma renovação de humildade: "Quantas vezes por dia, ó Homem, Eu perdoo a cada um de vocês?"

Assim como Deus está constantemente nos perdoando, mesmo conhecendo todos os nossos [maus] pensamentos, aqueles que se encontram em total sintonia com Ele sentem naturalmente o mesmo amor. Em seu coração precisa brotar uma simpatia que aplaca todas as dores dos corações alheios, aquela mesma simpatia que possibilitou a Jesus dizer: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Seu imenso amor abrangia tudo. Ele poderia ter destruído seus inimigos com um olhar. Entretanto, assim como Deus está nos perdoando ininterruptamente, embora conheça todos os nossos maus pensamentos, essas grandes almas que estão em sintonia com Ele também nos dão esse mesmo amor.

Se você quer desenvolver a Consciência Crística, aprenda a ser solidário. Quando um genuíno sentimento pelos outros entra em seu coração, você está começando a manifestar essa grande consciência. (...) O Senhor Krishna disse: "O mais elevado iogue é aquele que vê com igual atitude todos os homens". 

A ira e o ódio nada constroem. O amor traz recompensa. Você pode derrubar uma pessoa, mas quando ela se levantar novamente, tentará destruí-lo. Como então a conquistou? Você não a conquistou. A única maneira de conquistar é pelo amor. E quando não puder conquistar, apenas guarde silêncio, ou vá embora e reze pela pessoa. Esse é o modo como você tem de amar. Se colocar isso em prática na sua vida, você terá uma paz maior do que pode imaginar."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 142/144)


sábado, 6 de julho de 2013

A VIDA: GRANDE PEÇA TEATRAL

"Na verdade, o mundo, em todos os seus aspectos, pode ser comparado a um palco. O diretor escolhe pessoas para ajudá-lo na encenação de certa peça teatral e atribui papéis específicos a determinados indivíduos. (...) A um, o diretor atribui o papel de rei, a outro o de ministro, a um, o de servidor, a outro o de herói, e assim por diante. Uma pessoa tem de representar um papel triste, outra, um papel alegre.

Se cada um representa sua parte de acordo com as instruções do diretor, então a peça, com todas as suas diversidades de papéis cômicos, sérios e tristes, torna-se um sucesso. Mesmo os papéis insignificantes são indispensáveis na representação.

O êxito da peça está na perfeita encenação de cada papel. Cada ator representa seu papel de tristeza ou prazer com realismo e, externamente, parece ser afetado por seu papel. Interiormente, porém, ele não é afetado pelo papel nem pelas paixões que retrata: amor, ódio, desejo, malícia, orgulho, humildade.

Se um ator, porém, ao encenar seu papel, se identificasse com determinada situação ou sentimento particular expressos na representação e perdesse sua própria individualidade, seria considerado um tolo, para dizer o mínimo. (...)

Nesse mundo complexo, nossas vidas não passam de peças teatrais. Mas – que pena! – identificamo-nos com a peça e, por isso, experimentamos dissabores, tristeza e prazer. Esquecemos a orientação e as instruções do Grande Diretor. No ato de viver a vida – desempenhando nossos papéis – sentimos como se fossem reais todas as nossas mágoas e prazeres, amores e ódios – numa palavra, tornamo-nos apegados, afetados.

Esta peça que é o mundo não tem começo nem fim. Todos devem representar o papel que lhes foi atribuído pelo Grande Diretor. (...) Devem expressar tristeza quando representarem um papel triste, ou prazer quando encenarem um papel prazeroso, porém nunca se identificar com a peça. Também não deve uma pessoa querer representar o papel de outra. Se todos neste mundo representassem o papel de rei, a peça perderia interesse e sentido.

Aquele que alcançou a consciência de Bem-aventurança sentirá que o mundo é um palco e representará seu papel da melhor maneira possível, lembrando-se de Deus, o Grande Diretor, assim como conhecendo e sentindo Seu plano e orientação."

(Paramahansa Yogananda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 53/55)


quinta-feira, 30 de maio de 2013

TANTRA YOGA - MÃO DIREITA E MÃO ESQUERDA (5ª PARTE - III)

" (...) Todos os Avatares e Grandes Mestres mostram que satisfazer aos desejos com o objetivo de vencer a pressão com que eles "imperiosamente" se impõem é tão inteligente quanto tentar apagar fogueira lançando combustível sobre as labaredas. Na Bhagavad Gita, o Senhor Krishna descreve, com precisão e dramaticidade, como um homem que se entrega à gratificação dos desejos sensuais, conforme proposto acima, ao contrário do prometido, a sublimação, desce num tobogã para a própria ruína. Declarou o Avatar:
Quando um homem se demora a pensar nos objetos (sensórios) cria apego por eles; do apego, o desejo nasce; do desejo surge o ódio; o ódio produz o embuste; a partir da ilusão perde-se a memória; desta perda sobrevém a destruição da capacidade de discernir; perdido o discernimento, a ruína acontece. (II:62,63)
O "assuma" e "libere-se", tão receitado por certa classe de "terapeutas" modernosos, como se vê, não é uma novidade. Vetustos textos e gurus tântricos (da "mão esquerda") já preceituavam tal sadhana (?!!!). Mas somente a seus discípulos pasubhava (tipo animalesco). Um velho guru tântrico - esclareça-se - tinha bastante sabedoria para orientar o discípulo a fim de evitar promiscuidades, abusos, aberrações e distorções, e ainda mais, tendo progredido para a condição de viryabhava (tipo heróico), percebia quando o sadhana do discípulo deveria ser modificado. Recomendava então rituais apropriados a seu novo status espiritual, os da "mão direita", isto é, Bhakti, Kriya, Karma, Hatha e Jnana Yoga.

O mesmo Haridas Chaudhuri, que tão convincentemente defende o "vale tudo" para atender aos desejos, sob o pretexto de o Tantra ser uma "abordagem afirmativa da natureza", em páginas seguintes da mesma obra propõe valiosas advertências:
...tem-se frequentemente a tendência de levar muito longe o espírito de afirmação (...) Quando uma pessoa se torna muito afirmativa no seguir o caminho da natureza, é preciso que se lhe fale sobre a glória transcendente do espírito. Doutra forma, ela pode perder-se no labirinto do desejo e vir a transviar-se no autoembuste em nome da religião. (...) Algumas vezes a promiscuidade sexual é sancionada como um modo de religião. (...) A magia negra então se mascara de religião."  
 (José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 128/129)


terça-feira, 28 de maio de 2013

PROVAÇÃO - PREOCUPAÇÕES

"Análogas perturbações se produzem frequentemente no corpo mental, e seus efeitos são igualmente desastrosos. Quem se preocupa demasiado com um problema e o remói repetidamente sem conseguir resolvê-lo, provoca uma espécie de tormenta em seu corpo mental. Mas a palavra "tormenta" só dá uma ideia muito vaga da realidade do fato, porque são extremamente sutis as vibrações no plano mental; o mais apropriado símile seria compará-las a uma chaga ocasionada pelo fricção. Às vezes deparamos com polemistas que discutem acerca de tudo, e que aparentemente se apaixona tanto, que raramente se atêm ao aspecto do problema que lhes interessa. Uma pessoa desse tipo mantém seu corpo mental numa condição de perpétua inflamação, e toda inflamação está sujeita, à mais leve provocação, a converter-se numa chaga aberta. Em casos desses, não há nenhuma esperança de progresso oculto enquanto o indivíduo não sanar com o equilíbrio mental e o senso comum a mórbida condição. 

Felizmente, para nós, as boas emoções são muito mais duradouras do que as más, pois operam na parte mais sutil do corpo astral; o efeito de um sentimento de forte amor ou devoção permanece no corpo astral até muito depois de esquecida a ocasião que a produziu. É possível, embora não seja usual, ser o corpo astral comovido ao mesmo tempo por dois tipos de vibrações, como, por exemplo, o amor e o ódio. No momento de experimentar um intenso sentimento de cólera, o iracundo não será capaz de sentir nenhum afeto amoroso, a não ser que a ira proceda de uma nobre indignação; em tal caso, os efeitos serão paralelos, mas um em nível superior ao do outro, e portanto persistindo muito mais tempo."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 92)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

PROVAÇÃO - EGOÍSMO

"Há muitas outras formas de egoísmo, que podem retardar seriamente o progresso do discípulo. Uma delas é a negligência. Vi uma pessoa tão deleitada na leitura de um livro, que não apreciava interrompê-la para ser pontual; outra talvez escreva de qualquer jeito uma carta, sem reparar no incômodo que produzirá na vista ou ânimo de quem tenha de decifrar sua caligrafia. As pequenas negligências contribuem para reduzir a receptividade às influências superiores, desorganizar e atormentar a vida para outros e destruir o autodomínio e autoeficiência. A pontualidade e eficiência são condições essenciais para o cumprimento satisfatório da obra a realizar-se. Muitas pessoas são ineficientes. Quando se lhes confia um trabalho, não o concluem acabadamente e de mil modos se desculpam; ou se se lhes pede alguma informação, não sabem onde encontrá-la. As pessoas diferem muito neste particular. A alguém lhe podemos perguntar uma coisa e responderá: "Não o sei." Outro dirá: "Não o sei, mas o averiguarei", e volta com a informação solicitada. De análoga maneira, há quem diz que não pode fazer uma coisa e outro que persevera até fazê-la.

Contudo, em toda boa obra que o discípulo empreenda, tem de pensar no bem que aos demais acarrete e na oportunidade de servir com isso ao Mestre (pois ainda que seja minúcias materiais, têm muito valor espiritual), e não no seu bom karma daí resultante, o que seria outra forma muito sutil de egoísmo pessoal. Recordemo-nos das palavras de Cristo: "Tudo que fizestes ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes."

Outros sutis efeitos da mesma espécie se vêem na depressão, na inveja e na agressiva afirmação de seus próprios direitos. Disse um adepto: "Pensai menos em vossos direitos e mais em vossos deveres." Há certas ocasiões, ao tratar de assuntos do mundo profano, que o discípulo possa achar necessário expressar gentilmente o que ele necessita, mas entre os seus condiscípulos não há lugar para tais direitos, e sim apenas oportunidades. Se um homem está contrariado, projeta sentimentos agressivos; e ainda que não chegue ao extremo de sentir ódio, anuvia densamente o seu corpo astral com riscos de anuviar também o corpo mental."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 91/92)