OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quarta-feira, 1 de abril de 2015

TORNE-SE UM DISCÍPULO

"Todo mestre espiritual, seja uma encarnação divina ou uma alma iluminada, tem dois conjuntos de ensinamentos - um para a multidão, outro para os discípulos. O elefante possui dos conjuntos de dentes: as presas com que se defenda das dificuldades exteriores e os dentes com os quais come. O mestre espiritual prepara o caminho de sua mensagem com lições genéricas - seriam suas presas. A verdade profunda da religião ele a revela apenas aos discípulos íntimos. Porque a religião é algo que pode de fato ser transmitido. Um mestre verdadeiramente iluminado pode transmitir-nos o poder que revela a consciência divina, latente em nós. Mas é preciso que o campo seja fértil e o solo esteja pronto antes que a semente possa ser semeada. (...)

Cristo ensinava desse mesmo modo. Ele não pronunciou o Sermão da Montanha para as multidões, e sim para os discípulos, cujos corações estavam prontos para recebê-lo. As multidões ainda não estão aptas para entender a verdade de Deus. De fato, nem a desejam. Meu mestre, Swami Brahmananda, costumava dizer: 'Quantos estão prontos? Sim, muita gente vem até nós. Temos o tesouro a dar-lhes. Mas eles querem apenas batatas, cebolas e berinjelas.'

Qualquer um de nós que deseje sinceramente o tesouro, que busque a verdade, pode beneficiar-se da mensagem dada no Sermão da Montanha e pode tornar-se um discípulo. Cristo, como veremos em nosso estudo do Sermão, fala das condições que temos de possuir para sermos discípulos e para as quais precisamos preparar-nos. Ele ensina os caminhos e os meios para atingirmos a purificação de nossos corações, de modo que a verdade de Deus possa revelar-se por inteiro dentro de nós."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, 2007 - p. 19/21)
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

KARMA: TEMPO DE MANIFESTAÇÃO

"O efeito de uma causa pode ser imediato ou tardio. Ao atirarmos uma pedra para o alto, logo em seguida ela cairá atraída pela força da gravidade. Ao darmos corda num relógio, demorará várias horas para esgotar esse efeito. De modo semelhante, daquilo que fazemos para os outros, podemos receber de imediato ou demorar muitos anos para termos a retribuição de nossos atos. Poderemos, ainda, defrontarmo-nos com a reação em outra existência.

Uma pessoa que faz um empréstimo num banco tem de pagá-lo, em prestações ou de uma só vez, na mesma cidade – ou em outra – com dinheiro, cheque, imóveis, ouro, joia, trabalho... Enfim, tem possibilidades diversas de saldar o débito. O fato de mudar de país, não exclui o débito. Essa analogia usamos no caso do desencarne: o débito ou  crédito, continua. Nessa ou noutra encarnação será saldada e por meios os mais variados possíveis: pelo amor, pela dor, pelo trabalho, auxílio, amparo, abrigo, pela doença, etc. A natureza é perfeita e tem seus mecanismos autorreguladores, que superam nossa intelectualidade. Mais cedo ou mais tarde devolve-nos os resultados de nossas ações, sejam boas ou más. Temos a constante possibilidade de transmutar a reação, por meio de novas ações."

(Antonio Geraldo Buck - Você Colhe o que Planta - Ed. Teosófica, Brasília, 2004, p. 30/31)


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

AS FERIDAS DA ALMA SÃO MAIORES DO QUE AS FERIDAS DA GUERRA

"Quando menino, eu tinha um gênio terrível. Mas um dia disse a mim mesmo: 'Se você quiser fazer o bem aqui, não pode se descontrolar'. Prometi a mim mesmo que destruiria os inimigos de minha alma, e até hoje nunca feri ninguém por raiva ou rancor. As feridas da alma são maiores do que as feridas da guerra. Não permita que a alma seja ferida pelo ódio e pela raiva. Embora seja terrível ver pessoas incapacitadas e mortas nesta guerra, existe um certo consolo: por um lado, sabem que são almas imortais e que apenas o corpo foi ferido. As cicatrizes físicas perecem com o corpo, mas as feridas que a alma sofre no campo de batalha espiritual são terríveis, pois a tortura que infligem é muito mais mortífera. Os que perdem a batalha da vida, sucumbindo ao ódio e à mesquinhez, perdem a si mesmo. As cicatrizes permanecem na alma e os acompanham no além-túmulo por muitas encarnações. Se você é uma pessoa que sente raiva ou ódio, quem sabe poderá retornar à Terra por muitas encarnações, ferindo as pessoas e sendo ferido por elas.

Nada se logra com o ódio e a raiva. O amor compensa. Você pode derrubar alguém, mas depois que a pessoa se reerguer, ela tentará destruí-lo. Você acha que venceu? Não, não venceu. A única vitória é pelo amor. E quando não conseguir vencer, fique em silêncio ou vá embora, e ore pela pessoa. É assim que se deve amar. Se praticar isso, terá paz além do imaginado. E saberá que Cristo existe. Seja vitorioso desta maneira. Vença as qualidades obscuras que causam grandes sofrimentos e ferem a alma. Livre-se delas; pulverize-as. Eu destruí esses inimigos; agora estou livre. Destrua-os você também."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 270)


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

CICLOS E MUDANÇAS (2ª PARTE)

"(...) A Teosofia dá especial importância ao número sete. Se considerarmos atentamente esse número, descobriremos que ele ocorre em toda parte no ciclo da vida. Também tem relevância em muitos textos sagrados. Na Bíblia, vemos que Deus criou a Terra em seis dias e no sétimo dia descansou. A palavra sete (em hebraico) aparece 392 vezes na Bíblia (7 x 7) + (7 x 7 x 7) ou 392 = 7² + 7³. Helena Blavatsky, cofundadora da Sociedade Teosófica, sugere que 'tudo é setenário, tanto no universo metafísico quanto no físico.'

Em nossa jornada humana atravessamos estágios definidos de evolução. Nossos primeiros sete anos estão focados principalmente no desenvolvimento do corpo, nos órgãos e nos sentidos. Nos sete anos seguintes desenvolvemos as emoções e a mente racional. Todos sabemos que as crianças descobrem como obter o que desejam quando percebem as fraquezas emocionais de seus pais. No terceiro ciclo, de 14 a 21 anos, a puberdade desabrocha com um outro conjunto de energias para integrar nosso ser. 

Ao longo dos três primeiros períodos de sete anos desenvolvemos os veículos físico, emocional e mental (que constituem a personalidade), e o uso de nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) nos permite agir como interface com esse mundo no qual encarnamos. Em cada encarnação levamos o que parece um longo tempo antes de termos um veículo que possa funcionar de maneira apropriada nesse mundo, mas logo que o obtemos, ele atrai toda a nossa atenção e assim logo esquecemos, tal como uma criancinha, que nosso reino de realidade é muito mais do que apenas físico. Certamente o desenvolvimento jamais para de fato, e em cada encarnação melhoramos um pouco mais."

(John Vorstermans - Ciclos e mudanças - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 13)


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O ÚNICO BEM É DEUS

"A pessoa que busca Deus seriamente percebe que tudo o que queria, dos relacionamentos humanos ou do mundo, ela recebe do Único. De Deus vem todo louvor e encorajamento que sua alma anseia. De Deus ela recebe o amor que sua alma implorou ao longo das encarnações. De Deus ela recebe toda a sabedoria, compreensão e felicidade que procurou nos outros e nas coisas deste mundo. Do único Absoluto ela recebe a força para ficar só, sem ser abalada por quaisquer golpes das circunstâncias. Essa é a espécie de força e autocontrole que cada um de nós quer, porque nossa alma sabe que é independente e onipotente, sendo feita à imagem de Deus e, portanto, dotada de Suas qualidades. Deve-se o sofrimento do homem ao tormento da alma por não conseguir demonstrar sua natureza todo-poderosa. A limitação que o homem pôs sobre si mesmo são cordas ocultas com as quais ele prendeu sua alma.

A meditação libera a alma desses laços, e a atividade correta é uma expressão da liberdade da alma e da sua natureza totalmente perfeita, totalmente jubilosa."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 131)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O DRAMA DA ALMA

"Podemos considerar as repetidas encarnações da Alma divina nos mundos de manifestação externa como uma atividade especial do Ego, com o determinado propósito de adquirir o conhecimento que só desse modo lhe é possível. A tragédia se dá com a descida da consciência divina aos três corpos – físico, emocional e mental -, a verdadeira queda do homem na matéria, que é a causa de todo o subsequente sofrimento na peregrinação da alma. Assim é que o Ego ao infundir-se uma porção de si mesmo em cada um dos três corpos, identifica-se com o corpo em que se infunde; e, por essa identificação, percebe a si próprio como sendo o corpo destinado a servir-lhe de instrumento.

Ao identificar-se com os seus veículos, a consciência encarnada já não compartilha da oniabarcante consciência do divino Ser a que pertence, mas participa da separatividade dos corpos e se converte numa entidade dissociada dos demais seres e oposto a eles, isto é, numa personalidade. É a velha lenda de Narciso, que ao contemplar sua imagem refletida na água do lago anseia por abraçá-la; e ao fazer tal tentativa, morre submerso na água. Assim a consciência encarnada está submersa no mar da matéria; e, ao identificar-se com os distintos corpos, separa-se do Ser a que pertence e já não se reconhece como o que verdadeiramente é: um filho de Deus.

Então começa a longa tragédia da Alma exilada, que se esquece de sua divina herança e se degrada na inconsciente submissão aos corpos que deveriam ser instrumentos de sua Vontade. É o antigo mito gnóstico de Sophia: a Alma divina exilada vive entre ladrões e salteadores que a humilham e maltratam, até que Cristo a redime e restitui à sua divina morada.

Pode haver maior tragédia e mais profunda degradação que aquela onde a Alma divina, membro da suprema Nobreza, a própria divindade, esteja sujeita às humilhações e indignidades de uma existência na qual, esquecida de sua alta categoria, consente em escravizar-se à matéria?

Às vezes, quando vemos a humanidade em seu pior aspecto, horrenda em sua odiosidade, discordante em seu desvio da Natureza, grosseira e brutal ou estúpida e frívola, nos apercebemos dessa intensa tragédia da Alma exilada e temos pungente consciência da degradação sofrida pelo imortal Ser interno."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 18/19)

terça-feira, 1 de julho de 2014

OS EFEITOS DA CHAMA DA SABEDORIA NO KARMA (PARTE FINAL)

"(...) O mau karma também pode ser contornado pela criação de um karma bom. Este se robustecerá com mais karmas bons, voltados para o mesmo fim. Acontecimentos que afetam os outros não devem afetar o próprio eu, ou pelo menos não da mesma maneira. O segredo, nesse caso, consiste em manter uma atitude de desapego, sem reações emocionais. Com efeito, a reação emocional pode agravar grandemente as consequências do karma. Meu Guru contava a história (provavelmente lendária) de uma aldeia na Índia onde três pessoas morreram, inexplicavelmente, de uma doença qualquer. Inquietos, os moradores formaram um grupo e procuraram um sadhu (homem santo) que vivia solitário nas imediações e imploraram-lhe que intercedesse. O sadhu meditou e descobriu que a moléstia fora provocada por um demônio. Invocou esse demônio e ordenou-lhe: 'A aldeia está sob minha proteção. Deixe-a em paz.' O demônio prometeu obedecer.

Uma semana depois, pelo menos cem outras pessoas sucumbiram. Parecia uma verdadeira epidemia. De novo os aldeões procuraram o sadhu e reclamaram: 'Tuas preces de nada nos valeram. Uma terrível maldição pesa sobre nós!" O sadhu invocou de novo o demônio e repreendeu-o: 'Eu te disse que a aldeia estava sob minha proteção. Prometeste deixá-la em paz e não cumpriste a palavra.' 'Cumpri sim, Santo Homem!', protestou o demônio. 'Só matei os três primeiros: os outros morreram de medo.'

A melhor maneira de escapar às consequências de um karma é fazer 'evaporar' o ego causativo e sua consciência de identificação com o pequenino 'cálice' que é o corpo. Na meditação profunda, o vapor do ego subirá e se dispersará por completo no céu da consciência infinita.

Se o dragão ataca e você não está mais lá, ao alcance de suas mandíbulas; se a rocha despenca de uma encosta e você já foi removido do local onde ela irá cair ou se a multidão volúvel o aclama (expondo-o mais tarde, inevitavelmente, ao oposto dualista do opróbrio público) e você não se encontra presente para reagir, o que acontece? As mesmas ações ocorrem, mas você lhes escapa.

O jivan mukta (aquele que é 'liberto em vida'), após dissolver sua percepção egóica na consciência infinita, não mais acumula um karma novo, pessoal. Tudo o que fizer daí por diante redundará em benefício dos outros - os quais, expostos aos vórtices de energia criados por seus próprios egos, lucram com as boas ações praticadas em seu favor. Ele mesmo, no entanto, permanece imune até um bom karma. Seu prarabdha karma poderá atuar exteriormente, mas não o afetará. Quando o jivan mukta finalmente dispersa nos céus livres do Espírito as incontáveis ações de todas as encarnações que seu ego viveu sob o jugo da ilusão, ele se torna um param mukta: uma alma superiormente livre."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramahansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 212/213)
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terça-feira, 29 de abril de 2014

AS MUDANÇAS E O PROCESSO EVOLUTIVO

"A vida é um processo. Então haverá, de algum modo, uma mudança fundamental?

RB: É claro que a todo momento existem mudanças na vida, muitas das quais são imperceptíveis. Cada um de nós passa por mudanças durante diferentes encarnações. Se não houvesse mudança, não haveria processo evolutivo. O processo não somente implica mudança, mas também, a longo prazo, perfeição. A perfeição do organismo físico é produzida através de um lento processo de mudança e de melhoria até o estágio do complexo corpo humano, com um cérebro incrivelmente complexo, muito do qual ainda não é utilizado. Complexidade implica crescente sensibilidade etc. A partir do ponto teosófico, através da evolução biológica, processa-se o desabrochar da consciência. A habilidade de perceber mais e responder mais é desenvolvida através de longos períodos de tempo. Então, deveríamos tomar alguma atitude ou deveríamos deixar que o processo evolucionário nos lançasse à perfeição, aliviando-nos dos nossos problemas?

Aparentemente não funciona dessa maneira. H.P.B, declara em A Doutrina Secreta: ‘o homem é o único agente livre na Natureza’. Na obra Viveka Chudamani (A Jóia suprema da sabedoria), de Sri Shankaracharya, e no Dhammapada, que supostamente contém as palavras do Buda, há declarações que indicam uma posição especial para o ser humano. (...) A consciência humana é capaz de perceber a própria posição em relação a tudo o mais. Pode questionar os aspectos certos ou errados de tudo o que acontece. Deseja conhecer o porquê e procura agir de acordo com as próprias percepções, impulsos e conceitos. Esses podem estar em contradição com o atual movimento de avanço em virtude da falta de compreensão suficiente. Porém, a beleza está no homem ser capaz de compreender, e ele precisa esforçar-se para compreender. Ele pode e precisa saber o que é o Plano Divino, participando de grandes movimentos dirigidos à perfeição, com plena percepção e liberdade. Os outros reinos agem a partir da inteligência inconsciente que lhes é oferecida pela Natureza, sendo sua retidão simplesmente parte da Natureza. Porém, o ser humano não pode fazer isso. (...)

Desejamos uma mudança que nos satisfaça de imediato. Mas a mudança fundamental significa crescer em percepção e inteligência, compreendendo a beleza de todo o processo divino e com ele cooperando livremente porque é tão maravilhoso fazê-lo. A mudança fundamental ou mudança na direção certa deve ser compreendida por todos os seres humanos mais cedo ou mais tarde, e eles terão de realizá-la por si mesmos."

(Radha Burnier - Regeneração Humana – Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 160)


sexta-feira, 4 de abril de 2014

SENTIMENTOS E EMOÇÕES OBSCURECEM A ALMA

"Até agora você achou que tinha certas qualidades, com emoções e sentimentos caraceterísticos. Patânjali declara que você está apenas usando uma máscara de paixões e desejos. Você a usa há tantas encarnações que esqueceu completamente sua verdadeira natureza. Quando perceber que só personifica, todos os dias, características diferentes, de acordo com a mudança dos sentimentos, não será mais a mesma pessoa, pois conseguirá se desfazer desses estados ilusórios. Quando perceber que a paixão e a raiva não fazem parte de sua verdadeira natureza, as emoções não terão mais controle sobre você. Cada pessoa é intrinsecamente maravilhosa - só precisa se livrar da máscara da consciência do ego. Lembre-se disso. 

Se você puser um diamante perto de um gato preto, o diamante refletirá a cor preta. Será que você pode afirmar que o diamante é preto? Não. Assim que você tirar o gato de lá e colocar o diamante sob a luz, esse ofuscará os olhos com seu brilho natural. O gato preto é a inquietude, que turva a consciência com emoções, obscurecendo a luz e a alegria da alma. A própria natureza da inquietude é tal que, na mesma hora em que você está sentindo prazer com alguma coisa, já começa a procurar outra coisa, com um persistente descontentamento que é agitado pelos sentimentos. Mas a bem-aventurança - a alegria divina oculta na alma - é sempre nova, sempre constante na consciência, e como proporciona satisfação completa, faz a inquietude desaparecer. Espero que compreenda o valor destas palavras. É o caminho para se libertar de todo o sofrimento."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 224)


terça-feira, 18 de março de 2014

UMA JUSTIÇA PERFEITA

"Uma das eternas preocupações dos homens é a existência de justiça nesse mundo. Por que os maus prosperam e os virtuosos sofrem? Por que um bebê inocente nasce num corpo deformado? O que causa a desgraça e a dor a uma pessoa bondosa? Em termos judaico-cristãos, se Deus é bom e todo-poderoso, por que permite que existam o mal e os sofrimentos não merecidos?

O reencarnacionismo sustenta que a aparente injustiça do mundo é consequência da limitação do nosso conhecimento e visão. Se, em vez de apenas uma existência, pudéssemos ver a série completa de encarnações de um indivíduo, com o funcionamento do carma através da cadeia dos tempos, perceberíamos que uma justiça perfeita rege todos os fatos. Assim como o mundo físico é governado pela causa e efeito, a inviolável lei do carma governa o resultado das nossas ações. A morte é apenas uma breve interrupção no funcionamento dessa lei e de seus efeitos, que se estende vida após vida, abarcando toda a existência do indivíduo.

Se você tem um pequeno negócio, não espera ter lucro todo dia. Em certos dias, as despesas serão maiores que a receita – você atenderá poucos clientes, ou poderá contrair grandes dívidas para renovar o estoque das prateleiras. Mas o balanço desse dia não significa que terá que fechar as portas imediatamente e pedir falência. Da mesma forma, é necessário que os lucros apresentem um saldo positivo durante um longo período de tempo. Assim, segundo a Tradição-Sabedoria, nossos livros cármicos não fecham o balanço ao final de cada existência, mas apenas depois de um longo período de muitas vidas."

(John Algeo - Investigando a reencarnação - Revista Sophia, Ano 3, nº 9 - p. 16)


segunda-feira, 10 de março de 2014

UMA POSTURA POSITIVA

"Pode-se pensar na compaixão que o Dalai Lama fala como a luz da alma que encontra o caminho através dos véus de matéria e que dissipa as nuvens escuras do interesse egoísta. A mente, condicionada por muitas encarnações a promover o seu próprio interesse, cede lugar ao Eu onipresente, que nunca se separa de nada no cosmo. (...)

Tudo o que divide é contrário à lei da compaixão e da fraternidade universal. A seu próprio modo, as pessoas chegarão à verdade sobre todas as coisas no tempo devido; ninguém pode ser convertido à força. Somente a luz no interior de cada pessoa pode iluminar sua trajetória. Por isso, a compaixão não pode ser reservada apenas àqueles que acreditamos serem bons. Ela deve ser universal, não uma questão de escolha. Quando se dá prioridade à fraternidade universal e a compreender as outras pessoas, podemos testemunhar um progresso verdadeiro." 

(Radha Burnier - O cotidiano e o nirvana - Revista Sophia, Ano 2, nº 8 - p. 7)

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A REFLEXÃO NOS TORNA HUMANOS

"Em Viveka-Chudamani (Viveka Chudamani – A Joia Suprema da Sabedoria, Editora Teosófica, 1991) de Sankaracharya, é dito que nascer como ser humano é um extraordinário privilégio. Inumeráveis encarnações devem ter passado em vários tipos de corpos, em diferentes níveis de evolução, antes do nascimento do reino humano.

Para nós parece terrível que isso leve tantas eras no tempo, mas o tempo não é problema para as criaturas fora do reino humano. Elas vivem e morrem naturalmente sem se preocuparem com o tempo. Mas no estágio humano, um novo tipo de energia é necessário para fazer o progresso interno.

O sofrimento é uma maneira de aprender. O karma regula o processo. Mas esse não é o real aprendizado; o sofrimento apenas torna a consciência vagamente ciente de uma necessidade interna. Assim, o processo é lento, e durante um longo tempo o sofrimento e o confuso aprendizado continuam, durante a transição entre a atividade inconsciente do estágio pré-humano e a existência consciente do ser humano.

A energia que pavimenta o caminho para a sabedoria é a reflexão, qualidade especialmente humana, segundo Teilhard de Chardin. (...)

A reflexão, que necessita um tipo diferente da ambição, é a única que capacita os seres humanos a aprender sobre a vida e seus propósitos. Viveka-Chudamani indica claramente que a reflexão (Vichara) antecede à aproximação a um instrutor espiritual. O Bhagavad-Gita também afirma que esta é uma qualidade necessária."

(Radha Burnier - A Reflexão nos Torna Humanos - Revista Theosophia, pub. da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 95, jan/fev/março 2006 - p.11/12)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


domingo, 9 de fevereiro de 2014

O QUE CONTA É A SINCERIDADE E A INTENSIDADE DE ESFORÇO

"A consciência espiritual está no sincero empenho interno para ascender rumo à verdadeira e duradoura felicidade. Muitos dizem que seguem um curso correto, mas pouquíssimos estão realmente fazendo um esforço sincero. Não se exige que você se torne um anjo de imediato. Uma vez que só o Absoluto é perfeito, podemos dizer que, perante Deus, até o melhor dos anjos é um pecador. Mas santos são pecadores que nunca se deram por vencidos. Independentemente das dificuldades, se você não desistir, progredirá em sua luta contra a corrente. Lutar é obter o favor divino; faça o supremo esforço. Não deixe que a vida o leve correnteza abaixo, flutuando passivamente.

Você não pode enganar a Deus, pois Ele vê o que você pensa. Deus não vai contar quanto tempo você trabalhou pela realização espiritual; o que conta é a intensidade. Não importa quantas encarnações de mau karma você possa ter; se sua devoção e sinceridade forem suficientemente profundas para trazer a luz de Deus à consciência, todas as trevas do mal de encarnações passadas se dissiparão.

Assim, não importa se seus pecados são mais profundos do que o Oceano Atlântico: faça um constante esforço mental para ser bom. Durante umas poucas encarnações você foi um ser humano, mas ao longo da eternidade tem sido, é e será um filho de Deus. Nunca se considere pecador, porque o pecado e a ignorância são apenas pesadelos mortais. Quando despertamos em Deus, descobrimos que a alma, isto é, a consciência pura, nunca fez nada de errado. Imaculados pelas experiências mortais, somos e sempre fomos filhos de Deus. Somos como o ouro na lama: quando a lama da ignorância é removida, aparece no íntimo o reluzente ouro da alma, feito à imagem divina.

A consciência espiritual nasce da firme determinação mental. Não importa como as pessoas a seu redor agem ou se comportam em relação a você; você é que tem de ser bom. Seu maior inimigo é você mesmo, pare de adiar a decisão de ser bom. Eu costumava me enredar em rotinas mentais de tal modo que muitos meses de passavam sem que eu conseguisse meditar profundamente. Entretanto, continuei a fazer o esforço mental. O progresso veio logo que percebi, um dia, que eu deveria ter mais determinação para controlar todos os meus hábitos e exercitar minha espiritualidade. Da mesma forma, você precisa assumir o controle do seu comportamento e da sua consciência. Faça o que sabe que deve, e não realize nada contrário à consciência espiritual."

(Paramahansa Yogananda – O Romance com Deus – Self-Realization Fellowship – p. 91/92)


domingo, 19 de janeiro de 2014

CONHECE-TE A TI MESMO

"O antigo ditado grego Gnothi seauton, conhece-te a ti mesmo, é um excelente conselho. O autoconhecimento é absolutamente necessário a qualquer candidato a progresso, porém, precisamos tomar muito cuidado para que esse autoexame não degenere em introspecção mórbida, como frequentemente acontece com alguns de nossos melhores estudantes. Muitas pessoas preocupam-se, com receio de estarem ‘recuando’ sem saber, como elas dizem. Caso conhecessem um pouco melhor o método da evolução, veriam que ninguém pode recuar quando a corrente toda está movendo-se constantemente para a frente. 

A correnteza de um rio forma redemoinhos por trás das pedras, onde a água gira em torno de um ponto e, por um momento, parte dela move-se para trás, mas toda massa d’água, incluindo os redemoinhos, está sendo arrastada pela correnteza. Assim, aquela água do redemoinho que aparentemente desliza para trás em relação ao resto da corrente está sendo levada para frente junto com toda a água. Até mesmo as pessoas que nada fazem por sua evolução e deixam as coisas seguirem à deriva estão gradualmente evoluindo, pois a força irresistível do Logos pressiona-as continuamente para a frente, mas se movem tão lentamente que passarão por milhões de anos de encarnações, transtornos e inutilidades para conseguirem dar um simples passo."

(C. W. Leadbeater -  A Vida Interna – Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 119)


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

POR QUE NÃO NOS LEMBRAMOS DE VIDAS PASSADAS? (1ª PARTE)

"A curta resposta para a pergunta ‘Por que não nos lembramos de vidas passadas?’ é que em cada vida adquirimos uma nova personalidade. Esta resposta parece ser correta para a maioria das pessoas e para a maioria das encarnações, mas não deve ser aceita como a resposta completa porque existem exceções que iremos considerar a seguir.

Em cada caso, quando se faz a pergunta ‘Por que não nos lembramos de vidas passadas?”, aquele que faz a pergunta é o ‘eu’, centrado na personalidade. Este ‘eu’ é a individualidade (Alma ou Eu superior) que existe ininterruptamente ao longo de todo o processo de reencarnação. A personalidade não reencarna; está intimamente ligada ao corpo e é na verdade, construída pelas impressões sensoriais, os pensamentos e sentimentos experienciados naquele corpo; portanto, ela se desenvolve com o novo corpo. Esta nova personalidade não experienciou nenhuma vida passada e (consequentemente) não pode lembrar-se de nenhuma parte dessas vidas.

H. P. Blavatsky em A chave para a Teosofia esclareceu isto. ‘Reencarnação significa que cada Ego (individualidade reencarnante, e não a personalidade) estará equipado com um novo corpo, um novo cérebro e uma nova memória’. Ela e outros investigadores disseram que a memória detalhada de vidas passadas existe, e que pode ser contatada no nível da individualidade reencarnante; mas somente de maneira ocasional esta memória chega à consciência da personalidade. Talvez seja melhor assim, porque existe evidência de que a nítida memória de vidas passadas pode ser psicologicamente devastadora. A maioria de nós tem preocupações demais nesta vida, sem ter de carregar o fardo de memórias confusas de estresses servis e emocionais experienciados em vidas prévias. (...)"

(Jack Patterson - Por que não nos lembramos de vidas Passadas? - TheoSophia, Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 97, Julho/Agosto/Setembro de 2008 - p. 42)


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A VIAGEM DE VOLTA

"48 - As Escrituras¹ demonstram diretamente que shraddhã (fé), bhakti (devoção), dhyãna (meditação) e yoga (união) são as causas que trazem a emancipação da servidão da existência encarnada [a liberação das ligaduras do corpo, que são obra da magia de avidyã].

COMENTÁRIO - Observem a ordem mencionada. Em primeiro lugar está a fé. Entende-se por fé o percebimento de 'algo', a sensação de uma 'presença'. Não é a fé supersticiosa de algo que é aceito porque está contido em um livro considerado sagrado ou que foi escrito por alguém que, segundo a tradição, deve ser respeitado. Quando esse primeiro ponto de contato é estabelecido, segue-se a devoção, um sentimento interior que nos impele para a raiz das coisas. Então, estão lançadas as bases para o estabelecimento do processo da meditação que levará a um gradual aprofundamento em direção às raízes do Ser, nascendo a condição para que o próximo estágio, o yoga (união), se manifeste. A viagem de volta terá assim terminado, encerrando-se definitivamente o ciclo de vir-a-ser."

¹ Referência ao Kaivalya Upanishad, I, 2. (N. E.)

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, 2011 - p. 31)


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

COMO SE PERDE UMA PERSONALIDADE OU ENCARNAÇÃO

"O universo e todas as coisas nele, morais, mentais, físicas, psíquicas ou espirituais, são construídas com base numa lei perfeita de equilíbrio e harmonia. (...) O espírito (Buddhi) é a energia espiritual centrífuga, e a alma (Manas) a centrípeta; e para produzir um resultado elas têm de estar em perfeita união e harmonia. Interrompa ou danifique o movimento centrípeto da alma terrena que tende para o centro que a atrai; impeça o seu progresso entravando-a com um peso de matéria maior do que ela pode suportar, ou do que é adequado ao estado ‘devachânico’, e a harmonia do todo será destruída. A vida pessoal, ou talvez melhor, seu reflexo ideal, só pode continuar mantida pela força dupla, ou seja, pela união íntima entre Buddhi e Manas em cada renascimento. O mínimo desvio da harmonia a danifica; e quando é destruída além de qualquer recuperação, as duas forças se separam no momento da morte. (...) Se, durante a vida, o último e desesperado esforço do EU INTERNO (Manas) para unir alguma coisa da personalidade a si mesmo e ao raio resplandecente e superior do divino Buddhi é frustrado, se é permitido que esse raio seja cada vez mais impedido de penetrar na crosta sempre mais espessa do cérebro físico, então o Ego espiritual ou Manas, uma vez livre do corpo, permanece completamente separado dos remanescentes etéreos da personalidade; e esta, ou kama-rupa, seguindo suas tendências terrenas, é atraída para o Hades – que chamamos de kama-loka – e permanece nele. Essas são as ‘varas secas’, mencionadas por Jesus, quando tiradas da Videira. O aniquilamento, no entanto, nunca é instantâneo, e às vezes pode necessitar séculos para que se complete. Mas lá a personalidade permanece juntamente com os resíduos de outros Egos pessoais mais afortunados, e se torna, como eles, a casca e um elemental."

(H. P. Blavatsky - A Chave para a Teosofia - Ed. Teosófica, Brasília, 2004 - p. 167/168)


terça-feira, 16 de julho de 2013

CARMA E O EGO (PARTE FINAL)

"(...) C) Nascem mais pessoas do que morrem; como poderia haver tantas pessoas espirituais para encarnar?

Dizem os escritores teosóficos, baseados em estudos do passado longínquo, à custa da clarividência, que o total de egos (almas humanas) pertencentes ao reino humano atua, é de cerca de 60 bilhões. Como a população humana é orçada em cerca de cinco bilhões, ainda há bastante margem para o crescimento da população no globo terrestre.

Há egos em evolução nos diferentes planos ou mundos e não apenas no plano físico. Por outro lado, há egos em estado pralaico (em letargia), provenientes da cadeia lunar, onde passaram pelo reino animal e, no fim da ronda lunar, haviam ingressado recentemente no reino humano. Estes egos ainda não puderam se encarnar. Essa grande falange de egos provém das fases mais afastadas da evolução cósmica, tendo passado juntos as fases mineral, vegetal e animal e agora estão na fase de evolução humana. Deus não cria, de uma vez, um Ego ou alma humana, que se vai encarnar num corpo humano... 

D) Deus cria pessoas espirituais, por certo há de criar pessoas puras.

Realmente, o Ego, ou alma, é puro, mas tem que passar por experiências sucessivas, tem de evoluir em Sabedoria e Amor. O Ego encarnado num indivíduo humano, tem de evoluir até "atingir a estatura completa do Cristo"...

As passagens cristãs dizem muito bem que o homem é um anjo desterrado, uma alma pura que deve voltar ao seio do Criador. É a condição terrena que faz a alma esquecer a sua orgiem divina e ela se contunde com a personalidade humana, frágil e pecadora. O Ego de um selvagem, de um criminoso, é tão puro quanto o Ego de um grande santo, mas este já atingiu a grandeza que aquele ainda não está longe de alcançar. Um é puro, mas inexperiente e impotente. O outro é puro, mas cheio de experiência e poder. É por isto que um não pode escolher carma de amor, de conhecimento, enquanto o outro já o pode fazer...

E) Por que o homem primitivo era mau, se ele acabava de ser criado?

O homem primitivo não acabava de ser criado, quando surgiu na terra. Antes disto ele foi animal, planta e mineral. Ao ser animal, ele já esteve formando carma e ao se encarnar pela primeira vez num ser humano, já tinha diretrizes traçadas, em consequência do tipo de experiências pelas quais passou nas encarnações pré-humanas.

Se aprofundarmos nossas indagações, teríamos que cair no problema do bem e do mal, do sofrimento e do prazer. Só a metafísica poderá dar resposta a estas perguntas. O mal e o bem, o sofrimento e o prazer, são conceitos humanos, limitados. Nós, como personalidades humanas, falamos em termos de bem e mal, mas nos planos superiores, em que estão os egos ou almas humanas, e no plano divino (se assim o pudéssemos chamar), não há bem nem mal. Para Deus não existe bem nem mal e sim "conceitos" muito acima de nosso entendimento. O que para nós é mal, para Ele seria apenas, digamos, experiência, se pudéssemos, dentro da pobreza do intelecto humano, representar o conceito do bem e do mal para Deus.

O espiritualismo leva-nos a um ponto, em nossas indagações, em que temos de reconhecer as insuficiências do intelecto, para resolvê-las e limitarmo-nos a afirmar humildemente: "Ignoramus et ignorabimis"..."

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 219/220)


segunda-feira, 15 de julho de 2013

CARMA E O EGO (1ª PARTE)

"A) Escolha das condições da próxima encarnação.

A escolha é limitada, no homem médio. Ele pode ter somente dois ou três caminhos, nem sempre propícios ou agradáveis, para escolher o que lhe convém. Assim, podem lhe oferecer um caminho mais longo, sem grandes sofrimentos, e um bem mais curto, porém com sofrimentos mais agudos e ele escolherá um ou outro.

Somente os Mestres têm liberdade quase ilimitada de escolha. E os indivíduos muito atrasados, praticamente, nada escolhem e têm  que seguir linhas rígidas do Carma. Quanto maior a evolução, quanto maior o conhecimento, tanto maior, proporcionalmente, é a liberdade do indivíduo. Nem sempre o indivíduo tem liberdade de escolha e passará por provas desagradáveis, ou aparentemente inúteis, como a encarnação em um feto que nascerá morto.

B) Terá o feto Carma?

Convém notar que o Carma não é do feto, que é um corpo, mas do Ego, ou alma. O Homem, tal como entende o espiritualismo, e nunca é demais se repetir, é uma alma que se apropria de um corpo ou de uma personalidade.

Ora, esta alma, ou Ego, não se encarna quando quer, mas quando uma série de fatores individuais e cósmicos estão em ação. Seja o seguinte exemplo: Por motivos cármicos, um indivíduo tem de nascer no ano de 1900, para esgotar uma dívida cármica na família X. Mas a dívida é mínima. Ele sofreu e fez sofrer relativamente pouco. Ora, um filho que está para nascer e nasce morto, acarreta, naturalmente, sofrimento aos pais. Por sua vez, o trabalho do Ego, para tomar novos corpos, representa determinado sofrimento, que poderá, até certo ponto, ser avaliado, lendo-se o livro de Francisco Cândido Xavier: "Missionário da Luz". Desta forma, houve duplo esgotamento cármico.

O feto não chegou a viver, isto é, a ter vitalidade, mas o Ego que contribui para a formação daquele feto, esteve sob a ação do carma, porque o carma não se produz somente no plano físico, mas também nos superiores. 

O indivíduo acima citado teria, por outro lado, que se unir por laços de parentesco à família Y, no ano de 1915. No intervalo de 15 anos, entre a morte do feto na família X e o nascimento da criança na família Y, houve tempo para mais alguns reajustamentos cármicos nos planos superiores.

Pode existir carma sem vida física, porque não é somente durante a vida física que se contrai carma. O Carma é uma lei de ação e reação permanente. (...)"

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 217/219)


sexta-feira, 12 de julho de 2013

A TEOSOFIA NO LAR (5ª PARTE)

"(...) Quando alguém compreende que esse elevado objetivo espiritual existe na vida familiar, as responsabilidades e os privilégios que essa vida nos concede aparecem-nos debaixo de uma nova luz, porque através dos pequenos deveres do lar vislumbramos a luz da Eternidade. O nascimento de crianças ou a sua morte, as preocupações e os cuidados que são necessários para criá-los e educá-los, as satisfações e as dores que eles nos proporcionam, são outras tantas experiências que nos conduzem à grande Descoberta. O lar não é somente um ponto de reunião em que os viajantes se encontram, vivem juntos durante alguns anos e separam-se em seguida para sempre. Podemos comparar melhor o lar com um teatro ou com uma sala de concertos, onde se ensaia um drama ou uma sinfonia, para que todos os indivíduos aprendam a executar seu papel com dignidade e beleza, para a alegria dos homens e de Deus. 

No lar há também diferença na relação entre o patrão e o empregado. Geralmente quando existe essa relação, o empregado é menos instruído do que o patrão; ele, por conseguinte, aparece na família para que possa ser ajudado a crescer por uma pessoa mais velha. Podemos contratar um empregado, mas a sua vinda até nós não é por acaso; podemos pagar-lhe um salário, mas nosso "vínculo kármico" não cessa com o dinheiro que lhe damos. O criado é uma alma irmã do patrão; ele geralmente é o irmão mais moço, mas o contrato financeiro entre eles nunca pode tornar menos real o importante fato de que são irmãos.

Os empregados vêm até nós para que lhes mostremos um ideal de vida mais elevado do que aquele que eles normalmente teriam percebido se não tivessem tido contato com seus tutores. A limpeza, o espírito metódico, a conscientização, a generosidade, a cortesia, as boas maneiras e a cultura são exemplos de comportamento que o dono da casa deve colocar diante dos olhos de seu irmão menor, o empregado. Mas ao apresentar-lhe nosso exemplo, não podemos exigir que atinja o mesmo padrão de comportamento, por se tratar de nosso irmão mais moço. É nossa obrigação de patrões, sermos pacientes e compreensivos, enquanto procurarmos despertar o melhor do potencial de nossos criados, através de um espírito de cooperação voluntária. Um indivíduo, na sua situação de servidor, pode assimilar muitas virtudes que numa futura encarnação, em que suas possibilidades serão maiores, deverão capacitá-lo para executar atos nobres; ao passo que o patrão de hoje, se não tiver ainda adquirido essas virtudes, terá que voltar à Terra como empregado para aprendê-las. 
Quem sofreu como escravo poderá voltar como príncipe,
Por suas gentis virtudes e méritos adquiridos;
Quem mandou como Rei, pode errar pelo mundo andrajoso,
Por suas indignas ações e deveres não cumpridos. (...)"
(C. Jinarajadasa - Teoosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília - p. 19/22)