OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

CONHEÇA-SE A SI MESMO (2ª PARTE)

"(...) Muitas pessoas, com toda sinceridade, esforçam-se para encontrar Deus. Contudo, caso lhes perguntassem o que exatamente querem dizer com isso, como imaginam que aconteça, seria difícil para eles dar uma resposta significativa. Porém, naturalmente, existe esse desejo de 'encontrar a Deus'. Na verdade é um processo bastante concreto, não existindo nada nebuloso, irreal ou ilusório a respeito dele.

Encontrar Deus quer dizer realmente encontrar ou Eu Verdadeiro. Se encontrar a si mesmo em algum grau, você está em relativa harmonia, percebendo e compreendendo as leis do Universo. Você é capaz de relacionar-se, de amar e de experimentar alegria. É realmente responsável por si mesmo. Você tem a integridade e a coragem para ser você mesmo, mesmo ao preço de abrir mão da aprovação dos outros. Tudo isso significa que você encontrou Deus - não importa o nome pelo qual esse processo possa ser designado. Ele também pode ser denominado de retorno da autoalienação.

O único modo de achar a felicidade é encontrando Deus, e ela pode ser achada aqui e agora mesmo. 'Como?', você poderia perguntar. Meus amigos, com muita frequência as pessoas imaginam que Deus está incomensuravelmente distante no Universo, e é impossível de se alcançar. Isso está longe de ser verdade. O Universo inteiro está no interior de cada pessoa; cada criatura viva tem uma parte de Deus dentro de si. O único modo de alcançar essa parte divina lá dentro é pelo caminho íngreme e estreito do autodesenvolvimento. O objetivo é a perfeição. A base para isso é conhecer-se a si mesmo!

Conhecer-se a si mesmo é realmente difícil, pois significa encarar muitas características pouco lisonjeiras. Significa uma busca contínua, infinita: 'O que eu sou? O que realmente significam as minhas reações - e não apenas os meus atos e pensamentos? Será que minhas ações são apoiadas pelos meus sentimento, ou será que eu tenho motivos por trás dessas ações que não correspondem ao que eu gosto de acreditar a meu próprio respeito ou ao que eu gosto que as outras pessoas acreditem? Tenho sido honesto para comigo mesmo até aqui? Quais são os meus erros?' (...)"

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2006 - p. 24)

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

CRESCIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

"(...) Todas as coisas crescem em ciclos. Um dia segue outro dia, uma primavera segue outra primavera, uma vida na escola da Terra segue outra vida, até que o maior de todos os ciclos seja concluído, e o espírito volte para Deus que foi quem o deu. 'Quando aquele que o tirou da profundeza sem limite, volta mais uma vez para casa.' (Tennyson) De um estado primário de inocência, ele come o fruto da Árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, entre o contínuo jogo dos pares de opostos, desenvolvendo a autoconsciência e a automotivação e, chegada a hora, comendo da outra Árvore, a Árvore da imortalidade consciente.

A palavra sânscrita vritti significa aproximadamente 'comprimento da onda.' Todas as formas e os fenômenos da Natureza são 'comprimentos de onda' - o princípio da limitação - visível ou não para os olhos físicos. Talvez possamos agora compreender a definição de H.P.B. sobre espiritualidade: 'o poder de perceber essências espirituais sem forma.'

Penso que isso quer dizer também se erguer acima dos pares de opostos e, no fim, ficar imune a eles. Os pares de opostos não são reais. Eles existem para ajudar nossa autoconsciência a evoluir. No mundo do Real não há nem bem nem mal, nem sagrado nem profano, mas um poder forte, santo, glorioso e eterno, levando o homem para sua final bem-aventurança e realização.

Mas não podemos destruir nosso egocentrismo combatendo-o. O que apenas o acentuaria. É melhor 'transcendê-lo.' Desistamos de pensar tanto sobre nós mesmos, ou de nos preocuparmos com o que acontece a esse pequeno eu e em seu lugar pensemos mais sobre 'o grande, o sublime, o belo, que são a sombra de Deus na Terra' (Mazzini). A meditação clássica do Senhor Buda diz-nos: Antes de tudo ajustemos nossos corações, de modo que ambicionemos a felicidade e o bem-estar de todos os seres, incluindo mesmo a felicidade de nossos inimigos. Depois representemos vividamente para nós mesmos todos os desgostos e as incapacidades dos outros, até que uma profunda compaixão comova nossa alma. Outra vez pensemos sobre a alegria e prosperidade dos outros, regozijando-nos por sua boa fortuna. Por último, nos ergamos em pensamento acima do amor e do ódio, da fortuna e da necessidade, do sucesso e do fracasso etc, encorajando nosso próprio destino com calma e imparcial e tranquilidade perfeita.

Essa estrutura da mente, se nos for possível verdadeiramente alcançá-la, irá livrar-nos de muitos desgostos. Não cogitaremos quem é importante ou quem não é importante, ou se somos importantes, ou se não somos importantes. O Mestre diz que o crescimento da espiritualidade nos fará 'indiferentes ao fato de sermos fortes ou fracos, instruídos ou não instruídos.' Aos olhos do espírito não há pequeno em grande. Tudo é amado, tudo é importante. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 142/143)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 1 de outubro de 2019

COMPAIXÃO: A BASE PARA A PAZ (PARTE FINAL)

"(...) Quando há compaixão no coração a Terra parece um lugar de mais beleza e riqueza. Há uma mudança externa, e as qualidades da paz e da compreensão começam a se disseminar. Sem o crescimento da compaixão  no coração e na mente de uma pessoa, o impacto não será sentido pelas outras pessoas que entram em contato com sua fonte. Elas veem apenas o ser humano comum, talvez mostrando algumas diferenças no nível externo. Quando a compaixão chega ao ponto onde seu impacto transparece no exterior, é sinal de que existe uma riqueza interior que cresce e se torna manifesta em forma de paz e compreensão.

A compreensão é resultado de uma atitude compassiva: refere-se à resposta normal de uma pessoa em que a paz é predominante. Pode haver paz mesmo quando uma outra pessoa incide em erro. Aquele que possui compreensão responde pacificamente a tudo, mesmo às afirmações ou às ações de alguém que não tenha as qualidades que geraram a paz. Isso porque ela sabe que, em longo prazo, mesmo aqueles que não sabem o que fazem no presente um dia aprenderão.

A histório de Buda, ao se defrontar com a violência de Angulimala, é um exemplo que serve para mostrar isso. Angulimala era um homem que costumava roubar as pessoas e matá-las sempre que tinha vontade. Ele se aproximou de Buda com essa atitude, fazendo com que todos à sua volta fugissem. Buda era tão digno e compassivo que a violência em Angulimala arrefeceu e as tendências criminosas converteram-se em atitudes de devoção, em vontade de aprender com o mestre. Essa história, como tantas outras, não deve ser considerada literalmente, mas simbolicamente.

Com o tempo, até mesmo o terror, a incerteza e as más inteções desaparecem quando defrontadas com a compaixão e as qualidades gentis de uma pessoa espiritualizada. O bem é eterno, enquanto o mal é efêmero. O bem triunfará sempre, e as pessoas que são verdadeiramente compassivas sabem disto. Esse é um dos importantes ensinamentos transmitidos por Buda de várias maneiras.

Tanto a compreensão quanto o sentimento de paz se tornarão parte de qualquer civilização onde as pessoas se empenhem no processo de assimilar os ensinamentos da compaixão como uma virtude fundamental. Ela deve ser considerada como uma base sólida para todas as coisas que precisam ser feitas durante nossa trajetória no mundo físico. A compaixão não é tema apenas para pessoas religiosas, nem para ser praticada quando alguém está se sentindo mais compreensivo com relação a uma outra pessoa. É uma qualidade a ser praticada o tempo inteiro, com a plena certeza de que o resultado será o progresso na direção da perfeição de todos os homens e mulheres."

(Radha Burnier - Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 - p. 22/23)


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

COMPAIXÃO: A BASE PARA A PAZ (1ª PARTE)

"A compaixão é a base para se viver como um verdadeiro ser humano. O que geralmente consideramos viver é apenas uma parte mecânica da vida, que deve ser entendida como um terreno onde a compaixão nasça, é nutrida e floresce, levando o ser humano à plenitude de seu potencial.

A palavra compaixão sugere um sentimento apaixonado por aquilo com que se entra em contato. Mas o que quer dizer um sentimento apaixonado? Ele sugere a unidade de que falamos ao contemplar a Teosofia. Essa unidade não é apenas mental, nem apenas sentimental, por mais profunda que possa parecer. É, na verdade, uma percepção que inclui tudo, que faz a pessoa compreender as necessidades do outro, mesmo que o outro não compreenda a sua própria vida. É uma paixão, não simplesmente um sentimento. Os sentimentos podem ser superficiais e mudar de tempos em tempos: essa é a sua natureza. Mas a paixão que trabalha por todas as pessoas e coisas, e através delas, é algo que nunca muda. Ela busca o progresso e a perfeição de todos os seres.

Progresso e perfeição têm a ver não apenas com o lado físico e mecânico de um indivíduo, mas com o senso de unidade que surge das profundezas e exige que todos desfrutem de felicidade e beatitude. Portanto, a compaixão busca não apenas a satisfação das necessidades físicas, emocionais e intelectuais, mas exige uma visão ampla e clara do crescimento de cada pessoa. Em conformidade com essa visão, cada indivíduo crescerá e florescerá segundo sua própria natureza, mas em unidade com a natureza dos outros. Certamente isso torna o todo muito maior do que suas partes. O todo é imaginavelmente belo, mostrando diferentes facetas em diferentes momentos. O atingimento dessa unidade é parte do destino humano. Quando ela é alcançada, do ponto de vista da evolução, o homem verdadeiramente se torna o que deve ser.

Antes de chegar a esse ponto, temos que aprender muito. O processo ocorre lentamente. São necessárias muitas encarnações antes que cada pessoa passe por experiências suficientes e finalmente chegue ao conhecimento interior que começa a lançar luz sobre as experiências. Esse processo, visto por olhos ignorantes, parece não existir, ou essa experiência não parece ocorrer como imaginada, e cada encarnação parece não ter sentido. Mas mesmo então, a alma - um termo que usamos por falta de outro melhor - reconhece alguns aspectos da verdade, sem conhecê-la no nível externo.

O valor de uma encarnação após uma longa jornada é que a pessoa chega ao ponto onde começa a compreender o que tem que aprender. Ela então aprende muitas coisas a respeito da vida do plano físico. Entende que tem que aprender, mesmo quando não sabe o que é realmente importante no aprendizado.

Uma das coisas que ela começa a aprender é a compaixão, através de sofrimentos de vários tipos. Ela compreende que, quando a atitude da pessoa não tem a qualidade compassiva, é provável que venha o sofrimento. Quando está presente, a compaixão planta as sementes da paz e da compreensão, e permite que elas cresçam. Esse processo leva muito tempo. As sementes ficam sob o solo e não são vistas. Elas podem ter que passar um período sob a terra inculta antes de germinar, brotando do solo do desconhecido. Da mesma forma, o resultado de se praticar a compaixão pode permanecer oculto, para um dia emergir do desconhecido e se tornar visível. A pessoa compreende que esse é o único caminho para a verdadeira paz entre as pessoas de características diferentes. Podem dizer que esse é o início de um novo padrão. (...)"

(Radha Burnier - Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 - p. 21/22)


terça-feira, 6 de agosto de 2019

OFEREÇA SEUS DONS ESPECIAIS A DEUS

"(18:46) Atinge a perfeição o homem que oferece seus dons especiais Áquele que permeia todo (o universo) e por meio do qual todos os seres se manifestam.

Qualquer que seja o dom especial de uma pessoa, ela evoluirá mais se ofertar espiritualmente esse dom a Deus. Este, de seu lado, aprimorará o dom e ajudará a pessoa a sair-se bem em tudo o que faça. Também a ajudará, pois que a vê ansiar pela verdade, a avançar na direção da liberdade interior. 

Vemos aqui, recapitulado, o conselho de Krishna a Arjuna para agir e não tentar chegar a Deus renunciando a toda atividade. A única restrição a esse ensinamento é: 'Se um dever conflitar com outro, de tipo superior, deixará de ser um dever.' Em outras palavras, havendo diversas coisas que ele faça bem, o homem se concentrará naquela que lhe expanda os bons sentimentos e lhe exalte a consciência. 

Muitos comentadores afirmaram que Krishna, nessa passagem, recomenda seguir a vocação tradicional na família. Estão enganados. Numa sociedade estável (não em transição como a nossa no mundo inteiro), esse conselho talvez pudesse ser aceito de um modo geral (embora não se saiba, então, como alguém que o seguisse iria se tornar um sannyasi!). Entretanto, numa época em que a própria sociedade não pára de modificar-se, tal conselho seria ruinoso! Em verdade, neste mundo, cada qual é cada qual. Aparece em sua família como um convidado. Sendo transitório, nada que está fora poderá definir quem ou o que ele é. Todo homem deve seguir sua própria estrela. Quanto mais subir rumo à liberdade interior, mais imperativo se tornará para ele esse conselho."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 494/495)
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quinta-feira, 11 de julho de 2019

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA ALMA

"(...) A Vida Divina ama todos os filhos que envia a este mundo, seja qual for sua posição, seja qual for o grau de sua evolução, por muito inferior que seja. Porque o amor do Divino, de onde tudo emana, nada tem fora de si próprio. A Vida Divina é o âmago de tudo o que existe, e Deus está presente tanto no coração do malfeitor como no coração do santo. No Pátio Externo, o Divino deve ser reconhecido, não importando quão espessos sejam os véus que o escondem, pois ali os olhos do Espírito abri-se-ão e não haverá véus entre ele e o Eu dos outros homens. Portanto, aquela nobre indignação tem de ser depurada de tudo quanto seja cólera, e transformada numa energia que nada marginaliza do seu âmbito auxiliador, amparando tanto o tirano como o escravo, e encerrando, no mesmo abraço, tanto o opressor como o oprimido. Porque os Salvadores dos homens não fazem acepção entre os que Eles devem servir - Seu Serviço não conhece limitações. O que são servidores de todos não odeiam ninguém no Universo. O que antes era cólera tornou-se, pela purificação, proteção aos fracos, oposição impessoal aos grandes males, justiça perfeita pra todos.

E o que fez com a cólera deve fazer com o amor. O amor começa a manifestar-se na Alma sob seu aspecto mais pobre, sob seu aspecto inferior, quando ela começa a progredir. Talvez sob o aspecto que só conhece a procura exterior do outro, e que, em sua autossatisfação, nem mesmo se preocupa com o que acontece àquela que amou. Quando a Alma se faz mais elevada, o amor transforma seu aspecto, faz-se mais nobre, menos egoísta, menos, pessoal, até ligar-se aos elementos superiores do bem-amado, em vez de ligar-se ao invólucro externo. O amor, que era sensual, torna-se moralizado e purificado. (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo,1995 - 26/27)
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domingo, 15 de abril de 2018

A IMPORTÂNCIA DA MUDANÇA SOCIAL (1ª PARTE)

"Enquanto as pessoas no mundo inteiro creem que a eficiência está aumentando, ou que deve aumentar, o lugar da ética na vida está sendo empurrado para baixo. As crianças estão sendo educadas para conseguir bons empregos, e tornar o esforço um sucesso independentemente de se o que fazem é certo ou errado. A questão do que é certo, ou do que é muito diferente do que é certo, pouco importa. Num artigo sobre o assunto impresso no Guardian Weekly, falam-nos de algumas perguntas que são feitas a alunos da oitava série. As crianças viam as questões em grande parte em termos de como conseguir um emprego, que é a verdadeira razão por que sentem que devem adquirir habilidades sociais. Quando se perguntou se era esse o único pormenor, a maioria disse: 'Sim, o que mais existe?'. Se essa é a atitude de pessoas supostamente educadas, o que podemos esperar das pessoas como um todo? Num outro artigo, o autor diz que o altruísmo pode ter sido um mecanismo importante para nossos ancestrais num estágio particular de sua evolução, e pode também ser uma chave para nossa sobrevivência hoje. Assim, isto é o que pensamos do altruísmo - um meio para um fim egoísta.

A ética obteve um lugar importante no estudo da filosofia, mas se tornou meramente teórica. Existe cada vez menos preocupação por uma percepção ética do que acontece no ambiente imediato de alguém, ou no mundo como um todo. A ética, aliás, é considerada sem importância como prática, embora possa ainda ter um lugar no estudo da filosofia.

Na Grécia e na Índia, talvez também em algumas outras civilizações, a ética tinha um lugar diferente. Sem dúvida era parte de um pano de fundo filosófico, porém, mais do que qualquer outra coisa, era a base de se viver de um modo que faz os seres humanos merecer o nome de 'humanos'. Certamente que os animais não precisam praticar a ética, eles têm um código de ética próprio. Mas o ser humano, que possui a habilidade de pensar, tem o direito e o dever de decidir como quer viver; e as filosofias de alguns países, inclusiva aqueles citados acima, mostraram compreensão com referência à questão. (...)"

(Radha Burnier - A importância da mudança social - TheoSophia, Ano 100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 8)


domingo, 8 de abril de 2018

A CRÍTICA (1ª PARTE)

"Se quisermos fazer algum progresso no Ocultismo, precisamos aprender a tratar da nossa vida e deixar as outras pessoas em paz. Elas têm suas razões e suas linhas de pensamento, que nós não compreendemos. Ficam de pé ou caem diante do próprio Mestre. Mais uma vez, temos o nosso trabalho para executar, e nos negamos a ser desviados dele. Precisamos aprender a ter caridade e tolerência, e reprimir o desejo insensato de estar sempre descobrindo defeitos nos outros. 

É um desejo insensato, e domina a vida moderna - o espírito de crítica. Cada um de nós deseja interferir na obrigação de outrem, em vez de atender à nossa; cada um de nós cuida-se capaz de fazer o trabalho de outro homem melhor do que ele o está fazendo. Isso é constatado na política, na religião, na vida social. A obrigação manifesta de um governo, por exemplo, é governar, e a do povo  ser bons cidadãos e fazer com que o trabalho do governo seja fácil e eficiente. Nos dias que correm, porém, as pessoas anseiam tanto por ensinar seus governos a governar que se esquecem do dever primordial de ser bons cidadãos. Os homens querem compreender que, se se restringirem a fazer sua obrigação, o carma se encarregará dos 'direitos' a cujo respeito vociferam tanto.

Por que carga d'água esse espírito de crítica está tão generalizado e é tão selvagem neste período da história do mundo? Como a maioria dos outros males, é o excesso de uma qualidade boa e necessária. No discorrer da evolução chegamos à quinta sub-raça da quinta raça-raiz. Quero dizer que essa raça foi a última a ser desenvolvida, que o seu espírito domina o mundo neste momento, e que até os que não pertencem a ela são, por força, muito influenciados por esse espírito.

Ora, cada raça tem suas próprias lições especiais para aprender, sua própria qualidade especial para desenvolver. A qualidade da quinta raça é a que, às vezes, se denomina manas - o tipo de intelecto que discrimina, que nota as diferenças entre as coisas. Quando ela estiver perfeitamente desenvolvida, os homens notarão as diferenças com calma, unicamente com o propósito de compreendê-las e julgar qual delas é a melhor. Mas agora, nesta fase de semidesenvolvimento, a maioria das pessoas procura as diferenças do seu próprio ponto de vista, não para compreendê-las, senão para se opor a elas - e muitas vezes para persegui-las com violência. Este é simplesmente o ponto de vista do homem ignorante e não desenvolvido, cheio de intolerência e presunção, absolutamente seguro de estar certo (talvez o esteja, até certo ponto) e de que tudo o mais, portanto, há de ser inteiramente errado - uma coisa que não se segue à outra. Lembremo-nos do que disse Oliver Cromwell ao seu conselho: 'Irmãos, eu vos imploro, pelo nome sagrado do Cristo, que julgueis possível que às vezes estais enganados!' (...)"

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 97)
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quarta-feira, 21 de março de 2018

A VERDADE ETERNA, A META DA IOGA (PARTE FINAL)

"(...) Aqueles que são conhecidos como adeptos renunciam este desaparecimento na forma última para tornarem-se a Hierarquia Oculta deste planeta, desde o Senhor do mundo, passando pelos Mahatmas de todos os Graus, até os Asekhas. Eles fazem esta grande Renúncia em prol de todas as outras Mônadas-Egos em evolução e de outros seres. Isto capacita a Hierarquia em Sua preocupação compassiva e envolvê-los e a 'preservá-los' através da 'noite escura', o Gethsemane do Esquema Planetário que começou nesta Quarta Ronda. 

Ninguém abaixo do nível destes Seres pode estimar a natureza do sacrifício ou a amplitude e a extensão do serviço Deles. Ainda que estes grandes e gloriosos Seres tenham, por assim dizer, atrasado a Autoidentificação com a Verdade última, no entanto, Eles são iluminados por sua Luz e assim capazes de percepção perfeita e vislumbre infalível em todos os princípios e processos da Natureza, desde o físico até os níveis espirituais mais altos.

Admitimos, porém, que este conceito é altamente abstrato, além do alcance e mesmo do interesse da maioria das pessoas. Porém, deveria ser mantido na consciência do discípulo devotado como sua meta durante o desempenho da ioga ao longo de toda a sua vida. A consideração desta meta para a percepção da unidade de toda a vida interior como a meta, e sua aplicação a todas as ações e todos os relacionamentos como o ideal, deveria-se lembrar da meta última, que é a Verdade eterna e sem fim. 

Em circunstâncias normais, a ideia de cada pessoa sobre sua meta espiritual e, em grande parte o resultado do seu Raio.¹⁶ Os homens são obrigados pelas restrições da automanifestação a expressar seus Raios, daí os sete ideais principais dos sete temperamentos humanos: poder, sabedoria, compreensão, beleza, conhecimento e a capacidade para saber, devoção ou consciência de causa e ordem. É correto que cada pessoa em sua aspiração humana e autoexpressão deverá ser levada em direção ao Raio, mas além de todos os Raios está a Unidade ou existência unitária em que todos os objetivos são sintetizados e transcendidos. É esta Existência Una ou Verdade celestial que será finalmente procurada e encontrada.

Ao meditar, a pessoa é aconselhada a seguir sua inclinação natural e procurar um resultado natural, em particular a realização da unidade, lembrando-se porém que uma realização ainda maior aguarda, chama e pode ser alcançada na meditação. Ainda que isto possa estar além da conceituação e da expressão no momento, não será sempre assim. Para ajudar na formulação desta ideia, a pessoa pode proveitosamente pensar sobre a existência da Verdade como estando por trás e além de todas as verdades: o Princípio abstrato sem forma que não pode ter nome e, no entanto, é a síntese de todas as ideias verdadeiras em todos os tempos."

¹⁶ Os Sete Raios ou temperamentos humanos.

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 30/31)


domingo, 18 de março de 2018

A ORAÇÃO (1ª PARTE)

"É difícil dizer alguma coisa sobre a oração que se aplique universalmente, porque existem espécies diferentes de oração, e porque estas são dirigidas a seres que diferem amplissimamente na evolução. Os fundadores da maioria das grandes religiões nunca estimularam, de maneira alguma, os seus seguidores a rezarem para eles, e, via de regra, estes últimos têm sido esclarecidos demais para fazerem alguma coisa desse gênero. Se um pensamento muito forte, endereçado a eles, os alcançaria, ou deixaria de alcançá-los, depende da linha de evolução que tivessem seguido desde então - na realidade, se continuam, ou não, em contato com a terra. Se eles ainda estivessem ao alcance dos interessados, e se um pensamento dessa natureza os atingisse, é provável que, vendo que seria bom para o emissor de pensamento que alguma nota fosse tomada nesse sentido, eles voltassem para a sua direção a atenção de alguns discípulos que ainda se encontrassem na terra. Mas é totalmente inconcebível que um homem tivesse alguma concepção da obra magnífica e de grande alcance, realizada em prol da evolução, pelos Grandes em planos superiores, sonhasse sequer impor suas próprias e mesquinhas preocupações à atenção d'Eles; não poderia deixar de saber que todo e qualquer tipo de ajuda de que ele necessitasse lhe seria prestada de modo muito mais apto por alguém que se achasse mais próximo do seu próprio nível. Aqui, neste plano físico, somos mais inteligentes, pois não desbaratamos o tempo dos maiores eruditos das nossas universidades ajudando criancinhas às voltas com as dificuldades do alfabeto.

No que concerne aos santos de qualquer Igreja, a posição é diversa, pois até, em se tratando deles, a capacidade de ouvir orações dependerá da sua posição na evolução. O santo comum, que é simplesmente um homem virtuoso e bom, levará sua vida celeste como de costume, e a levará provavelmente longa. Tudo faz crer que a sua existência no plano astral seria breve, e somente durante essa vida poderia uma oração alcançá-lo e atrair-lhe a atenção. Se, durante esse tempo, ela o alcançar, não há dúvida de que ele fará o possível para satisfazer o suplicante; mas não é certo, de maneira alguma, que ela lhe atraísse a atenção, pois ele andaria, naturalmente, muitíssimo ocupado com o novo ambiente. (...)"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 80)


segunda-feira, 5 de março de 2018

A COOPERAÇÃO

"Faz parte do plano do LOGOS o fato de que o gênero humano, em certo estágio de sua evolução, precisa começar a guiar-se. Por conseguinte, todos os Budas, Manus e Adeptos futuros serão membros da nossa própria humanidade, quando os Senhores de Vênus tiverem ido para outros mundos. Por conseguinte, também, o LOGOS efetivamente conta com todos nós, com vocês e comigo. Podemos ter noventa e nove defeitos e uma única virtude, mas se essa única virtude for necessária à obra teosófica (e que virtude não é necessária?), teremos, seguramente, a oportunidade de utilizá-la.

Devemos, portanto, dar valor aos nossos colaboradores pelo que eles podem fazer, e não estar constantemente a censurá-los pelo que não podem fazer. Muitas pessoas lograram o direito de fazer alguma espécie de trabalho, muito embora seus defeitos sejam maiores que suas virtudes. As pessoas, não raro, cometem um triste erro ao comparar o seu trabalho com o dos outros, e ao desejar que se lhes enseje a mesma oportunidade ensejada a outros. A verdade é que cada qual tem seus próprios dons e seu próprios poderes, e de nenhum homem se espera que faça tanto quanto faz outro homem, mas apenas que faça o melhor que puder - simplesmente o melhor que puder.

Disse o Mestre, certa vez, que, na realidade, só existem duas classes de homens - os que sabem e os que não sabem. Os que sabem são os que viram a luz e se voltaram para ela, seja qual for a religião pela qual se guiam, por maior que seja a distância da luz em que possam encontrar-se. Um sem-número deles pode estar sofrendo muito em sua luta na direção da luz, mas, pelo menos, tem a esperança diante de si, e se bem simpatizemos profundamente com eles e nos esforcemos por ajudá-los, compreendemos que não constituem, de maneira alguma, o pior caso. As pessoas que realmente merecem piedade são as que se mostram totalmente indiferentes a todo e qualquer pensamento elevado - as que não lutam porque não lhes interessa, nem pensam nem sabem que há alguma coisa pela qual se deve lutar. São, na verdade, os que formam 'a grande humanidade órfã'."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 120)
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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O OBJETIVO DA VIDA

"O terceiro aspecto de nosso mundo, que está oculto à maioria, é o plano e o objetivo da existência. A maior parte das pessoas parece desnorteada na vida, sem qualquer objetivo definido, salvo talvez a luta meramente física para fazer dinheiro ou alcançar o poder, porque supõe, erroneamente, que isso lhe trará felicidade. Não tem uma ideia precisa da razão pela qual está aqui, nem certeza alguma quanto ao futuro que a espera. Tais pessoas nem mesmo fazem ideia de que são almas e não corpos, e de que, assim sendo, o seu desenvolvimento é parte de um grande esquema de evolução cósmica. 

Quando essa verdade sublime despontar no horizonte da humanidade, haverá uma transformação, que as religiões ocidentais chamam conversão – uma palavra sutil, que infelizmente tem sido deturpada por associações inadequadas, por ser usada, muitas vezes, para significar nada mais que uma crise de emoção hipnoticamente induzida pelas ondas agitadas da excitação, procedentes de uma multidão exaltada. Seu verdadeiro significado corresponde exatamente ao que sua etimologia indica: 'voltar-se com'. Até agora o ser humano, ignorando a maravilhosa corrente da evolução, tem lutado contra ela, sob a ilusão do egoísmo; mas, desde o momento em que a magnificência do Plano Divino refulge ante seus olhos atônitos, a sua atitude passa a ser a de colocar todas as suas energias ao esforço de cooperar no cumprimento do desígnio supremo, 'voltar-se e acompanhar' a esplêndida corrente do amor e da sabedoria de Deus. 

Seu único objetivo, então, é capacitar-se para ajudar o mundo, tendo todos os seus pensamentos e ações dirigidos a essa meta. Podemos esquecê-la por um instante, sob a pressão das tentações; mas o esquecimento será apenas temporário, e este é o sentido do dogma eclesiástico de que o eleito não pode falhar jamais. O discernimento há de chegar, as portas da mente hão de se abrir – para adotar os termos da fé antiga para essa transformação. A pessoa agora sabe o que é real e o que é irreal, o que merece ser adquirido e o que carece de valor. Vive como uma alma imortal, que é uma Centelha do Fogo Divino, em vez de viver como um animal que perece – para usar de uma frase bíblica, que, aliás, carece de correção, visto que os animais não perecem, exceto no sentido de sua reabsorção na respectiva alma-grupo. 

A essa pessoa desvelou-se, em verdade, um aspecto da vida que antes estava oculto à sua percepção. Seria mais exato dizer que agora, pela primeira vez, ela começou realmente a viver, ao passo que, antes, toda a sua existência simplesmente se arrastava, improfícua e sem finalidade."

(C.W. Leadbeater - O Lado Oculto das Coisas - Ed. Teosófica, Brasília - p.  36/37)


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A MORTE

"Depois de passar por várias espécies de vegetais, a vida manifesta-se em uma árvore preciosa como a Paineira, e, assim, transmite-nos o que plantas mais primárias não nos poderiam transmitir. Na linha da evolução humana, a vida também passa de encarnação em encarnação, liberando cada vez mais luz até que esta, no homem evoluído, se expresse através do surgimento de maior capacidade de compreender os fatos e as leis do universo.

Se os seres humanos tivessem já a visão etérica, assistiriam, por ocasião da 'morte', à grande atividade que se desencadeia naqueles corpos dos quais a vida se retira, quando todos os átomos que compõem suas células retornam à fonte de origem. Com isso, muito substância-luz é liberada no plano astral, para que, com a destruição da forma, profundas transformações possam acontecer nos níveis psíquicos. Nesse processo, dentro do possível, os apegos do indivíduo e sua ilusão sobre a imutabilidade da matéria são desfeitos. A chamada 'morte' facilita também o seu contato com novas ideias, que lhe trazem outras perspectivas, porque vêm de um estado de consciência mais elevado do que o mental pensante.

A retirada da energia vital dos corpos materiais é um ritual necessário, que rege toda a vida planetária. Produz transformações em todos os reinos da Natureza, e eles, com o tempo, apresentam cada vez menor oposição à influência de novos tipos de energia que vêm para aperfeiçoá-los. A Paineira não tem medo de morrer. Só no reino humano e, em parte, no reino animal, existe esse temor. Os outros reinos não o conhecem, e restituem com naturalidade o que pertence ao reservatório geral essencial do planeta, para que essa substância vá formar novos corpos e novas formas de vida, levando consigo as experiências que já fez.

Vidas maiores emanam ordens para que vidas menores se retirem da forma, liberando substâncias que são necessárias para futuras expressões. Abrindo-nos para uma visão mais ampla, tomamos conhecimento de que os sete sistemas planetários envolvidos nesse processo, quanto mais conscientes forem da vida total, mais se movimentarão de acordo com ela, observando com exata precisão os momentos em que a restituição é necessária. O medo da morte é contrário ao ritmo cósmico e, portanto, precisa ser eliminado. Como se sabe, baseia-se no terror que sentimos pelo processo final de rompimento com o corpo físico, no horror pelo desconhecido, na dúvida quanto à imortalidade de nosso ser, na dificuldade de deixar para trás coisas e pessoas queridas, na memória subconsciente de experiências anteriores de mortes dolorosas ou difíceis. Essas causas são conhecidas pela medicina esotérica.

Entretanto, a causa principal do medo da morte reside em nosso apego à forma, e no pouco contato que temos com a alma, o núcleo imortal-reencarnante. O temor básico que o homem, bem como alguns animais, apresenta, é de não sobreviver a essa experiência tão necessária. Isso, porém, ainda é assim, devido à falta de conhecimentos com relação ao processo de desencarnar."

(Trigueirinho - A morte sem medo e sem culpa - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 45/46)


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

AS QUALIDADES REQUERIDAS PARA SE CAMINHAR NA SENDA DO YOGA (1ª PARTE)

"Existem três grandes qualidades, que é necessário possuir; a primeira é um desejo ardente; a segunda, uma vontade firme; a terceira, uma clara inteligência. Sem estas qualidades, é impossível caminhar por senda tão difícil; para poder compreendê-las, é preciso analisá-las e como podem estas qualidades evoluí em nós mesmos. 

Embora a Yoga não seja nada mais do que aplicação das leis da evolução da matéria, bem como dos poderes da inteligência; no entanto, em certo sentido, não é para ser seguida por todo o mundo; só pode sê-lo por poucas pessoas. Todo mundo pode começar, todo mundo pode tratar de aplicar em si mesmo, pouco a pouco, estas leis; porém, sem um método consciente, sem uma ininterrupta e resoluta prática, não pode converter-se num fato para qualquer homem ou mulher. Só alguns dentre nós podem verdadeiramente converter-se no que se chama um yogue. Somente aqueles que a praticam resolutamente e seguem a Yoga propriamente dita têm possibilidade de êxito nesta empresa. 

Assim, dissemos que a Yoga requer, em primeiro lugar, um desejo ardente. Sem este desejo é impossível qualquer êxito; é tão longo o caminho, as dificuldades são tão grandes que somente aquele que ardentemente deseja pode seguir por esta senda. 

Examinai a vós mesmos e encontrareis em vosso interior um grande número de desejos, porém que são passageiros, fugitivos; não são perduráveis; hoje desejais uma coisa, amanhã outra. Os desejos mudam continuamente no caminho do progresso normal da evolução; é preciso sentir todos estes desejos para evocar os poderes da inteligência e da alma. 

Algumas vezes se fala dos desejos como se estes fossem uma coisa má, e que é preciso não ter desejos. Isto só é verdade uma vez alcançado certo grau, porém, não é verdade no caminho onde se buscam as experiências. 

Nossos livros falam das sendas chamadas Pravritti, a senda pela qual se vai, e Nivritti, a senda pela qual se volta; e segundo a senda que alguém siga, deve ou não ter desejos. 

Mas procurar matar os desejos quando ainda não se está suficientemente desenvolvido, é um erro fatal, comum a muitas pessoas. Credes por ventura que o Logos, criador do Universo, teria enchido este mundo de objetos próprios para despertar o desejo, se quisesse que este não existisse? Se Deus não quisesse que os homens sentissem desejos, o mundo seria muito diferente do que é; na senda não se encontrariam objetos  agradáveis que vos atraem dizendo a cada instante: 'Eis-me aqui; toma-me'. (...)"

(Annie Besant - Yoga, ciência da vida espiritual - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30/31)
http://www.pensamento-cultrix.com.br


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

DISCIPLINA ESPIRITUAL

"A vida do homem deve ser um sadhana² permanente. Qualquer dia é propício para iniciar o sadhana, caiam eles no dakshinayana ou no uttarayana.³ Não é preciso esperar que o Sol retorne ao hemisfério norte. Os meses e os semestres (ayanas) estão relacionados com o mundo material (prakritti) e, assim, têm valor somente relativo.

Hitha (agrado) e mitha (moderação) devem ser as qualidades do caminho a tomar. Que ele não seja muito extravagante, nem muito débil, nem muito desgastante, nem muito cortado. Opte pelo caminho do meio. Isso assegurará os benefícios maiores. A sede pelos objetos dos sentidos não pode ser abandonada completamente. Transforme-a então em instrumento de adoração. Dedique ao Senhor todos os esforços. Receba todas as conquistas e derrotas como provas da Graça do Senhor. A Vontade d'Ele é que decretou como as coisas deveriam acontecer. Transforme as seis paixões em instrumentos de progresso espiritual.

Semeie no campo de seu coração as sementes dos bons pensamentos, carregados com humildade e regados com as águas do amor; proteja a colheita crescente com uma pesticida chamado coragem; nutra a plantação com o fertilizante da concentração mental; assim, então, as plantas da devoção (bhakti) propiciarão a ceifa da sabedoria que consiste em se dar conta de que você é Ele. Quando este des-velar acontecer, você se tornará Ele; aliás, você é sempre Ele, não obstante não o saiba."

² Sadhana, palavra título desta obra, significa prática disciplinar, ascese, treinamento espiritual.
³ No ensino dos antigos, recomendava-se que o sadhana nunca deveria iniciar-se quando o sol estivesse percorrendo o hemisfério sul (isto para os que vivem no hemisfério norte). O semestre dhakshina era tido po inauspicioso, enquanto o uttara seria o favorável. Como em diversos aspectos da religiosidade hindu, Sai Baba inova, e aqui afirma que é indiferente começar a caminhada espiritual neste ou naquele semestre (ayana), pois isto tem pouco a ver com o Espírito; só com a matéria.   

(Sathya Sai Baba - Sadhana, o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 19/20)


domingo, 28 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (2ª PARTE)

"(...) Assim aquele que um dia deverá ser amante, deve iniciar sendo operário e estudante. Deve embeber-se da ciência da alma, e deve obrar continuamente na aplicação daquele conhecimento; tampouco necessita ir a qualquer lugar para obter os materiais de sua pesquisa, pois a natureza ordenou que cada homem produza em si mesmo todos os elementos de que precisa. Assim ele direciona todas as suas forças e todos os seus poderes de vontade e pensamento sobre os produtos de seu próprio ser - não sobre seu próprio ser, não sobre si mesmo; senão, viajando para dentro, descreverá um círculo que se fecha sobre si mesmo, e desse modo bloqueará todo o progresso, quando deve delinear uma espiral que, volta após volta, o alça aos mundos espirituais; não seja a concentração, portanto, sobre si mesmo, mas sobre os produtos de seu ser.

Tampouco deve prestar atenção nas fraquezas de outras pessoas, pois só de si mesmo ganhará forças. Cada homem é completo, cada homem é diferente, são como facetas de uma mesma jóia, e aquilo que cada um destila de sua completude será diverso da destilação de outro. O grande Alquimista somente pode misturar a miríade de essências destiladas por miríades de homens e fazer um único e glorioso perfume. Até que este grande experimento seja completado Ele trabalhará sem cessar no laboratório universal em que Ele, o Cientista Supremo, obra de idade em idade. 

O amor que salva os mundos guarda apenas tênue semelhança com aquilo que os homens chamam de amor; antes é um derramar universal de poder, sabedoria e conhecimento sobre todas as formas de vida, sem distinção de idade, corpo ou alma. Não distingue entre o inseto e o homem, o animal ou o anjo, o pecador ou o santo; todos estão igualmente incluídos na glória de seu espantoso fluir. Não julga o homem ou a besta, o anjo, árvore ou flor, tampouco detém-se para avaliar as bênçãos que distribui, tal é o amor que se derrama continuamente do coração d'Aqueles que são Salvadores do mundo pelo grande poder do amor. Seu amor não procura abraçar, nem envolver; à medida que flui, impregna cada célula, cada átomo do corpo daqueles que recebem seu benefício. 

Deixai que o peregrino na senda do amor comece a imitar esta perfeita maneira de amar, que comece a tornar seu amor igual ao d'Eles; pois ele também deve aprender a irradiar uma correnteza de luz rósea, contribuindo com sua porção no amor universal; ele deve emancipar-se cada vez mais da escravidão do amor terreno às formas; jamais permitirá que uma só forma concentre seu amor, ou uma única pessoa seja o único objeto de seu amor, pois ele aspira a ser um amante universal. O amor que ele derrama é direcionado à alma, para auxiliar o desenvolvimento do Deus interno em evolução, e não à forma. Gradualmente ele deve cortar cada laço terreno, até que nenhuma pessoa no mundo possa reivindicar a posse exclusiva de seu amor. Ele deve amar a todos, e com um amor tão compassivo, tão terno, tão cheio de divina bondade, que à sua luz brilhante e poder qualquer amor humano pareça apenas escuras sombras de desejo. Mais tarde, o amor que agora sacrifica ser-lhe-á restituído em plena medida, quando os homens puderem ver nele um salvador pelo poder do amor, e, vendo, possam igualmente devolver-lhe um amor que ele ensinou a purificar. O ideal de amor, como um todo, deve ser elevado, deve se desvencilhar inteiramente dos abraços sufocantes do desejo; o peregrino deve se tornar puro, altruísta e livre, se o amor com o qual deseja salvar o mundo deve ser puro e livre. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

VERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Entre conhecimento e sabedoria existe uma diferença imensa, e é muito mais fácil obter conhecimento do que sabedoria. A sabedoria não depende nem um pouco do conhecimento, apesar de ambos serem, numa certa medida, até idênticos. A fonte da sabedoria está em Deus, a portanto no princípio das coisas primordiais (no Akasha), em todos os planos do mundo material denso, do astral a do mental.

Portanto, a sabedoria não depende da razão e da memória, mas, da maturidade, da pureza a da perfeição da personalidade de cada um. Poderíamos também considerar a sabedoria como uma condição da evolução do 'eu'. Em função disso a cognição chega a nós não só através da razão, mas principalmente através da intuição ou da inspiração. O grau de sabedoria determina portanto o grau de evolução da pessoa. Mas com isso não queremos dizer que se deve menosprezar o conhecimento; muito pelo contrário, o conhecimento e a sabedoria devem andar de mãos dadas. Por isso o iniciado deverá esforçar-se em evoluir, tanto no seu conhecimento quanto na sabedoria, pois nenhum dos dois deve ser negligenciado nesse processo. 

Se o conhecimento e a sabedoria andarem lado a lado no processo de evolução, então o iniciado terá a possibilidade de compreender, reconhecer a utilizar algumas leis do micro a do macrocosmo, não só do ponto de vista da sabedoria, mas também em seu aspecto intelectual, portanto dos dois pólos. 

Já tomamos conhecimento de uma dentre muitas dessas leis, a primeira chave principal, ou seja, o mistério do Tetragrammaton ou do magneto quadripolar, em todos os planos. Como se trata de uma chave universal, ele pode ser empregado na solução de todos os problemas, em todas as leis a verdades, em tudo enfim, sob o pressuposto de que o iniciado saberá usá-lo corretamente. Com o passar do tempo, à medida em que ele for evoluindo a se aperfeiçoando na ciência hermética, ele passará a conhecer outros aspectos dessa chave e a assimilá-los como leis imutáveis. Ele não terá que tatear na escuridão a no desconhecido, mas terá uma luz em suas mãos com a qual poderá romper todas as trevas da ignorância." 

(Franz Bardon - Iniciação ao Hermetismo - p. 31/32)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

LIBERTAÇÃO (1ª PARTE)

"É possível pensar na libertação do ponto de vista religioso; do ponto de vista da psicologia moderna, ou de um ponto de vista mais interior que poderíamos chamar de teosófico.

A libertação, do ponto de vista exotérico religioso, ou seja, do ponto de vista do homem comum - que é essencialmente mundano mesmo quando veste o traje religioso - é mais uma fuga do que qualquer outra coisa. Para muitos desses homens, a religião torna-se um meio de consolação que se transforma em fraqueza, um manto respeitável para a inação, uma satisfação por um ímpeto do interior que não é diferente em qualidade de qualquer outro. O homem religioso considera a libertação como a retirada final do estresse e da tensão de uma vida difícil e insatisfatória. Mas essa retirada não é apenas uma derrota da própria proposta da vida e uma confissão de fraqueza, mas o isolamento de uma salvação individual que não diz respeito aos outros. Segundo este conceito, o homem que atingiu a libertação vive num estado de bem-aventurança egoísta desfrutando de seu deus para todo o sempre.

Libertação é um tema familiar também para o moderno pensamento psicológico, que tenta analisar os elementos que entram na composição do homem como uma entidade psicológica, e busca explicá-lo com base no que deve ser percebido em sua consciência comum e em sua vida subconsciente. O psicanalista auxilia o paciente a enfrentar suas frustrações e dissolver os complexos gerados pela repressão. A 'liberação' a que o paciente é levado torna-se muito frequentemente uma livre indulgência de quaisquer anelos ou paixões que até aqui estiveram presos nele.

Autorrejeição e restrição por um lado, autoindulgência e licenciosidade por outro, são todos extremos.

A Teosofia, que é a verdade que equilibra ambas, oferece um ponto de vista a partir do qual percebemos que o caminho para a libertação não jaz nem na luxúria nem no desgosto, mas no amor que transcende a ambos e confere à pessoa um equilíbrio nascido da harmonia interior, dando uma vazão construtiva àquelas energias criativas que jazem no interior do ser humano.

Em cada estágio de evolução, cedo ou tarde, pode-se viver num estado de equilíbrio criativo em seu próprio grau. Não aprendemos ainda a construir o tipo de sociedade onde isso seja possível; a reta educação deve ser o meio para esse fim. (...)"

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 37/38


sábado, 16 de dezembro de 2017

UM PROCESSO CRIATIVO (1ª PARTE)

"O artista geralmente começa com uma ideia do que será trazido à vida sobre a tela. Talvez por um longo período de evolução o ser humano não tenha uma visão específica do que pode se tornar. Um vislumbre precisa de tempo para ganhar clareza. Porém, quando o momento crítico é alcançado, a visão de uma ordem diferente da humanidade pode começar a surgir. Quanto mais focada esteja a visão, mais rápido o retorno. À medida que o eu retrocede, o Eu começa a revelar suas cores delicadas e sutis.

Para Krishnamurti e Ken Wilber poderia não ser necessário buscar aquele algo que já somos, mas que percebemos apenas de maneira obscura. Talvez também não lhes tenha sido necessária uma visão, o simples reconhecimento do que é. Para Wilber, o que é importante no final das contas é reconhecer o imutável, o vazio primordial, a divindade inqualificável, o puro espírito. Podemos chamar a isso de reconhecer o eu universal interior, ou conhecer mais uma vez aquilo que verdadeiramente somos. Porém, o desabrochar humano também requer um processo, a preparação para aquilo a que nos referimos como 'a senda'.

Voltando à metáfora do artista, isso implica a ocorrência de um processo criativo. Quanto mais identificamos aquilo com que temos que trabalhar, mais podemos remover a dura capa externa de vidas passadas e permitir que o que está no interior possa emergir. Podemos então nos tornar responsivos ao Eu, em vez de reativos aos caprichos do eu pessoal que tende a preencher a maior parte do nosso estado de vigília. A qualidade de vida se torna mais rica, mais equilibrada, tingida de maneira crescente pela beleza interior. O ego reencarnante é refinado e iluminado. (...)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 16)
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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

AMOR PELA HUMANIDADE (PARTE FINAL)


"(...) Não temos conhecimento de nossos poderes. A mente é potencialmente capaz de habilidades incríveis. No futuro distante, a mente usará a imaginação para moldar formas conscientes, e saberá disso. Quando pensarmos numa casa, outra pessoa verá como ela se parece. Isso pode ser acelerado atualmente com a prática correta. Assim que compreendermos isso, poderemos ajudar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo exatamente agora, fazendo uso de pensamento ou de sentimento, ou de ambos conjuntamente. Conforme afirmou Blavatsky, 'a pessoa pode estar na prisão e ainda ser um trabalhador pela causa'.

Existem, no entanto, alguns passos primários que precisam ser entendidos. O primeiro é que 'o que quer que venha a nós teve origem em nós'. Logo que isso é compreendido em profundidade, requerendo contemplação e possivelmente algum estudo para verdadeiramente apreender, podemos parar de buscar do lado de fora as respostas para nossos problemas, e começar a buscar internamente. Uma das ilusões da vida é pensar que nossos problemas provêm de outras pessoas, situações ou acontecimentos, embora tenhamos posto em ação forças que, exatamente agora, estão repercutindo sobre nós. Logo que entendemos isso, percebemos não apenas que o problema é na verdade uma bênção, mas também uma resposta. Conseguir isso leva tempo, paciência e amor pelo nosso eu e pelo mundo no qual vivemos. Para encontrar esse tesouro perdido, devemos buscar no lugar certo.

Aprendemos a sentir, pensar e perceber: esse é o trabalho de uma vida, e também um trabalho ao qual retornaremos na próxima vida. O progresso que fazemos nesta vida retorna facilmente a nós na próxima, o que explica a criança prodígio e o gênio. Dizem que nascimento e morte são incidentes recorrentes numa vida infinita. A viagem da vida é aprender. Se não aprendemos, sofremos. Se aprendemos, há alegria e expansão de consciência.

Dito simplesmente, há uma evolução da consciência através da forma. A vida nos guia lentamente para a realização, e isso leva eras. Por meio do esforço autodeterminado, aceleramos nossa jornada e a suavizamos com amor e sabedoria, que é verdadeiramente o tesouro oculto, o tesouro que a natureza promove lentamente. Então, auxiliamos os seres humanos e a natureza, através de um imenso amor pela humanidade como um todo, pois ela é a grande órfã, a única deserdada sobre a Terra, e é dever de cada pessoa fazer alguma coisa, por menor que seja, pelo seu bem-estar."

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 42/43)
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