OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quarta-feira, 3 de junho de 2015

REQUISITOS DE UM VERDADEIRO KARMA IOGUE

"Karma significa 'ação'; karma yoga é o caminho para unir o pequeno eu com Deus por meio da atividade desinteressada. Se alguém quiser conhecer Deus neste mundo, sempre se esforçará para fazer o que é correto, o que é bom, o que é construtivo; e como Paramahansaji disse: 'Pense sempre que aquilo que você está fazendo é para Deus'.

Cada um tem suas obrigações a cumprir, obrigações que lhe foram dadas por Deus e pela lei cármica, mediante os efeitos de suas ações passadas. Ele precisa cumprir essas responsabilidades e não fugir delas, fazendo o melhor possível, ao mesmo tempo em que mantém completa fé na sabedoria e na orientação de Deus. Quando alguém age para si, identifica-se com o pequeno ego. Mas quando entrega tudo a Deus, percebe sua unidade inata com o Espírito. Só poderá alcançar a perfeição por meio da karma yoga aquele que oferecer todos os frutos de suas ações a Deus. Este é um ponto muito importante a lembrar."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-realization Fellowship - p. 118/119)


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A RENÚNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Abandonar as atividades significa desistir dos apegos às atividades ou de seus frutos, abrindo mão da ideia de que 'eu sou o agente'. As atividades que o corpo está destinado a desempenhar terão que acontecer. Não há que se falar em desistir de tais atividades, gostemos ou não delas.

Se nos mantivermos fixados no Eu Real, as atividades continuarão a acontecer do mesmo jeito e seu sucesso não ficará comprometido. Não se deve ter a ideia de que somos nós os agentes. Ainda assim as atividades continuarão. Esta força - qualquer que seja o seu nome - que trouxe o corpo à existência cuida para que as atividades que o corpo está destinado a desempenhar sejam realizadas.

Se as paixões fossem algo externo a nós, poderíamos guerrear com elas e conquistá-las. Mas todas elas vêm de dentro de nós. Quando olhamos internamente a fonte de onde elas vêm, impedimo-las de surgir e as conquistamos. É o mundo e seus objetos que fazem surgir nossas paixões. Mas o mundo e seus objetos são apenas criados pela nossa mente. Eles não existem quando estamos no sono profundo.

O fato é que qualquer quantidade de ações pode ser desempenhada - e muito bem desempenhada - por um Iluminado (Jñãni), sem que haja identificação com elas ou a impressão de que é ele quem as faz. Um poder age através de seu corpo e o usa para fazer o trabalho."

(Pérolas de Sabedoria: Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi – Ed. Teosófica, Brasília, 2010 - p. 74
www.editorateosofica.com.br/loja


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

AÇÃO SEM DESEJO

"O ensinamento do Gita é ação sem desejo pelos seus frutos. Se você não deseja o fruto de sua ação, nem mesmo o seu êxito, então por que a ação deveria ser realizada, qual é o impulso ou o motivo por trás disto? Deve ser a ação pelo que significa em si mesma, porque você considera certo realizá-la; a sua realização tem o seu valor próprio; não importa se é coroada de êxito imediato ou não. É um indivíduo extremamente raro aquele que pode agir com grande intensidade, força e entusiasmo sem nada desejar para si próprio, nem dinheiro, posição, elogio, nem mesmo qualquer gratificação secreta que se pode sentir como uma reação interna à habilidade demonstrada.

O desempenho da ação, por ser certo, bom e desejável, implica presença de um sentido interior que guia a pessoa em sua direção. A sabedoria é então necessária para guiar a pessoa. Alguém pode dizer com alguma satisfação ‘eu faço isto como meu dever.’ Mas será realmente o seu dever, ou apenas uma noção convencional que tem daquilo que deveria fazer, encontrando-se em sua posição? Possivelmente ela acha que se não o fizer, perderá estima perante os outros. Se aquilo que é chamado de dever for realizado com má vontade, com um sentimento de obrigação, então, aquela ação não possui graça. Uma pessoa pode ter que cuidar de um paciente, estar desperta a todas as horas da noite para atender a diferentes necessidades físicas, mas se a pessoa realizar tudo isso com um sentimento de necessidade amarga que pode até mesmo gerar animosidade, não podemos dizer que esta ação tem a qualidade certa.

É apenas a ação que é prestada livre e sinceramente que é verdadeiramente bela. Age-se desta maneira quando há amor e, então, será ação com todo o ser da pessoa e não apenas uma parte daquele ser. (...)"

(N.Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 148/149)


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

AJUSTES CÁRMICOS

"Observando em torno de nós a existência que levam homens e mulheres, não é exagero dizer que hoje, na maior parte dos casos, a vida encerra mais ‘mau’ carma do que ‘bom’, isto é, que há no conjunto mais de duro labor e pesares que trabalho agradável e alegria. No período atual da evolução humana há, no reservatório de forças acumuladas por nós, individualmente, mais forças para nos dar dor do que forças de prazer. Nosso débito é maior que o nosso crédito, porque, em nossas vidas precedentes, não procuramos ser guiados pela sabedoria e preferimos viver egoisticamente, preocupando-nos pouco com quem prejudicávamos com o nosso egoísmo. Mas cada força cármica deve descarregar a sua energia, porque ‘o que o homem semeia, isso também colherá’.

Quando o homem ‘colhe’, as suas forças cármicas são cuidadosamente ajustadas, de maneira que a ação recíproca do bem e do mal possa produzir, como resultado final, um acréscimo de bem, por menor que seja. Se, por ocasião do nosso nascimento, todas as nossas forças cármicas de bem e de mal fossem postas em ação, como temos maior bagagem de mal que de bem, nossa existência seria tão cheia de dor e de tristeza, que quase não teríamos coragem para enfrentar a batalha da vida. Também, a fim de que possamos lutar e vencer e adicionar alguma coisa ao lado bom de nossa conta, e não ao mau, faz-se um cuidadoso ajustamento para cada alma, quando ela se encarna.

Tal ajustamento é feito pelos Senhores do Carma, estas inteligências benfazejas que, no Plano do Logos, agem como árbitros do Carma. Eles não recompensam nem punem; limitam-se a ajustar a operação das forças do próprio homem, a fim de que o carma o ajude a dar um passo adiante na evolução."

(C. Jinarajadasa - Fundamentos de Teosofia – Ed. Pensamento, Rio de Janeiro – p. 65) 


quarta-feira, 30 de julho de 2014

RECORDANDO: A CHAVE PARA A FELICIDADE NESTA VIDA

"Recordar que somos almas, que somos imortais e que existimos sempre, num vasto oceano de energia, é a chave para a alegria e para a felicidade. Nesse oceano energético, uma legião de espíritos-guias nos levam a seguir o caminho a que estamos destinados, nossa jornada de evolução até a consciência de Deus. Não estamos competindo com outras almas. Temos nosso próprio caminho e elas têm o delas. Não há disputa, somos companheiros de jornada cooperando, dirigindo-se para a luz da consciência. Almas mais avançadas ou evoluídas voltam por amor e compaixão para ajudar aquelas que estão mais atrás. A última alma a completar a jornada não vale menos do que a primeira.

Um problema peculiar desta escola que chamamos de Terra é que aqui é muito difícil lembrar que somos almas e não corpos físicos. Constantemente somos distraídos pelas ilusões e desilusões deste planeta tridimensional. Ensinaram para nós que dinheiro, poder, prestígio e bens materiais são extremamente importantes e mesmo o objetivo de nossas vidas. Ensinaram que devemos conquistar o afeto dos outros e seu respeito, para sermos felizes. E nos disseram que ser sozinho é ser infeliz.

Na verdade, somos criaturas imortais que nunca morrem e que nunca são separadas daqueles que amamos. Temos almas gêmeas e famílias espirituais eternas. Somos sempre guiados e amados por nossos espíritos-guias. Nunca estamos sós.

Não levamos nossas coisas conosco, quando morremos. Levamos nossas ações, frutos da sabedoria de nossos corações. Quando despertamos outra vez para o conhecimento de que somos criaturas espirituais, nossos valores se modificam e finalmente podemos conquistar a paz e a felicidade. Qual a diferença entre nós, nessa vida, se você é rico e eu não sou? Apenas os tesouros do espírito podem nos acompanhar. Qual a diferença se você é poderoso e famoso e eu não sou? A felicidade não está enraizada nem no poder nem na fama, mas apenas no amor. Qual a diferença se você é mais estimado e respeitado pelos outros do que eu? Talvez eu esteja ousando viver a verdade e a verdade raramente é popular. A felicidade vem do íntimo, não de fora de nós, não da preocupação sobre o que pensam a nosso respeito." (...)

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 1999 - p. 104/105)

domingo, 27 de julho de 2014

O FRUTO DA PRECE

"Um dia, em Calcutá, um homem apareceu com uma receita médica na mão e disse: ‘meu único filho está morrendo, e este remédio só é encontrado fora da Índia’. Exatamente naquele momento, enquanto estávamos falando, surgiu um outro homem com uma cesta de remédios. Bem em cima na cesta, estava o remédio de que precisávamos.

Se o remédio estivesse mais no fundo da cesta, eu não o teria visto. Se aquele senhor tivesse chegado antes, ou um pouco depois, eu não o teria visto. Mas exatamente naquele momento, além das milhares e milhares de crianças no mundo, Deus, com sua ternura, estava tão preocupado com aquela pequena criança das favelas de Calcutá, que mandou, exatamente naquela hora, o remédio para salvá-la.

Eu louvo a ternura e o amor de Deus, porque qualquer criança, tanto em uma família pobre quanto em uma rica, é uma criança de Deus, criada pelo Criador de todas as coisas."

(Madre Teresa de Calcutá - Tudo Começa com a Prece - Ed. Teosófica, Brasília, 2008 - p. 130.)


domingo, 6 de julho de 2014

A ALEGRIA DE DAR ALEGRIA (PARTE FINAL)

"(...) A prática de seva é consequência natural de um elevado bhâvana ou atitude filosófica, que diz que quem ajuda é o mesmo que recebe ajuda, em termos do Absoluto Uno. Quem ajuda os outros o faz por ter a certeza de que o outro não existe fora de si mesmo, e que a separação é maya (ilusão); o que faz é na convicção de que Deus Uno é quem dá e é quem recebe. Quem assim age está livre de aspirar reconhecimento, retribuição ou recompensa. Não visa nem mesmo a conquistar um lugarzinho no céu. Não se utiliza dos necessitados como instrumento de egoísticos planos de 'salvação' ou 'indulgências'.

Seva é a característica do yoga da ação ou Karma Yoga. É trabalho desinteressado. O passo seguinte é a oferenda de todos os frutos de ação ao Senhor. O último passo é o mais libertador consiste em considerar o Senhor como o único autor das ações. Esse é o agir que liberta. Chamado Karma Yoga.

O agir no mundo só não semeia sofrimentos se for conducente à Divindade; só não gera remorsos e frutos amargos, quando a vontade individual do pseudoagente se conforma com a Sábia Vontade Divina; quando o indivíduo cumpre seu papel no mundo, mantendo-se em harmonia com o Senhor do mundo. Esta é a ação reta de que fala o budismo.

Sáhama karma é a atividade que visa à autogratificação ou prazer pessoal. É portanto aseva, o oposto de seva. E, como bem enunciou Cristo, cada um atinge o objetivo de seus desejos, o homem que trabalha por motivos egoísticos chegará a colher os frutos decepcionantes de seus vulgares anseios. E, no fim, só frustrações colherá. Nishama karma, ao contrário, nunca dará frutos amargos, pois é o agir inegoístico e em harmonia com o Divino. 

'Dedicando todas as ações a Deus, considerando-se a si mesmo tão só um servo ou instrumento, isento de desejos pela colheita dos frutos da ação, a salvo do egoísmo e sem qualquer sentimento de cobiça, engaja-te na batalha' (Gita)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 180/181)

segunda-feira, 30 de junho de 2014

OS EFEITOS DA CHAMA DA SABEDORIA NO KARMA (2ª PARTE)

"(...) Em se tratando do indivíduo, dois tipos de karma têm de ser levados em consideração: purushakara e prarabdha. O primeiro consiste em ações geradas nesta vida sob influência, não do hábito ou do desejo, mas da tendência da alma. Já o segundo engloba as tendências atuais e o resultado de ações praticadas em existências anteriores.

O prarabdha é também de dois tipos: as ações que, devido às circunstâncias presentes, podem dar frutos ainda nesta vida; e aquelas que, conhecidas como para-rabdha-karma, são mantidas em estado de latência até que ocasiões mais favoráveis lhe possibilitem a fruição. O karma de uma pessoa pode prever, por exemplo, que ela se afogará no mar - ou então será salva do acidente. Contudo, se ela nunca se aproximar da praia e, assim, não der ensejo ao afogamento, esse karma específico terá de aguardar outra vida para concretizar-se.

Às vezes. um karma negativo é adiado ou mesmo compensado por um karma contrário. Uma tentação irresistível, por exemplo, pode ser anulada por uma força interior recém-adquirida. Períodos kármicos também passam ou são dissipados por ações opostas. Um fracasso karmicamente 'previsto' frequentemente é desviado quando a pessoa acumula energias novas e criativas ou, então, adquire sabedoria para redefinir o golpe como oportunidade e não como revés.

Um mau karma pode agigantar-se diante da pessoa como um dragão ameaçador; mas se ela consegue achar meios de desviar o golpe ou proteger-se (por exemplo, abrir um guarda-chuva quando começa a chover), ainda que o golpe seja desferido, o desastre é evitado. Podemos fazer também, é claro, como o São Jorge da lenda: liquidar o dragão. O certo é que nenhuma ameaça de infortúnio deve ser aceita com resignação indolente! Uma vontade poderosa consegue superar, ou no mínimo mitigar, praticamente todas as desventuras que rondam nossos passos.

O mau karma pode, por exemplo, invadir uma aura frágil, mas nunca uma aura forte, na qual o dano porventura infligido será prontamente minimizado. (...) As consequências kármicas são inevitáveis, mas o modo como são recebidas depende de inúmeras circunstâncias, a maioria geradas pela própria pessoa. (...)"

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramahansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 210/212)
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 28 de maio de 2014

ENTREGA AO SENHOR AS COISAS CORRIQUEIRAS

"Entregar-se ao Senhor é entregar todos os pensamentos e ações sem desejar o fruto da ação, sem executar a ação para ganhar seus frutos, mas praticar a ação porque ela é o dever do indivíduo. O ato é dedicado ao Senhor e os resultados, portanto, pertencem ao Senhor. Ações assim feitas - frutos abandonados no momento da execução - são livres de karma. Como o ego, desta maneira, não é alimentado nem cultivado, ele desaparece em pouco tempo. Por exemplo, ao se barbear, o que é classificado como uma tarefa mundana sem inspiração, a atitude correta da pessoa que prepara o seu corpo por amor ao Senhor e melhora a sua aparência para honrá-Lo, e não para satisfazer sua vaidade ou para sua própria satisfação pessoal. Também, ao andar, ofereça a ação ao Senhor, para que Ele mantenha o corpo em boas condições físicas e possa nele viver; essa é a atitude para todo e cada ato do dia. Varrer a casa é dedicado ao Senhor para que Ele tenha uma residência arrumada. Cozinhar, também, é dedicado ao Senhor, para que o corpo possa estar forte e vigoroso para benefício do Senhor. É bobagem buscar o fruto da ação. Quando se morre, os únicos itens levados são as boas e más ações. O Poder, o dinheiro, a posição social, o prestígo, a vigorosa beleza do corpo, o culto à personalidade - todas essas coisas desaparecem e, portanto, é uma bobagem trabalhar para elas. O homem é vida com desejo; vida sem desejo é Deus. A mente é desejo; quando a mente desaparece, o desejo desaparece."

(J.S. Hislop - Conversações com Sathya Sai Baba - Fundação Bhagavan Sri Satya Sai Baba do Brasil - p. 24/25)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

KARMA YOGA

"De acordo com a karma yoga, uma ação não pode ser destruída enquanto não der frutos; nenhum poder na natureza pode impedir seus resultados. Se pratico o mal, terei de sofrer por isso; não há poder no universo capaz de deter ou interromper isso. Se pratico uma boa ação, não há poder no universo que impeça seus bons resultados. Obrigatoriamente a causa produz o efeito. Nada pode prevenir ou impedir isso.

Chegamos agora a um ponto muito delicado e importante da karma yoga; nossas ações, boas ou más, estão intimamente relacionadas umas às outras. Não podemos traçar uma linha demarcatória e afirmar que essa ação é completamente boa e a outra, completamente má. Não existe ação que não produza bons e maus frutos ao mesmo tempo. (...)

O que se pode concluir disso? Por mais que tentemos, não pode existir ação perfeitamente pura ou perfeitamente impura, considerando pureza e impureza no sentido de prejudicar ou não prejudicar os outros. Não podemos respirar ou viver sem causar algum mal, e cada porção de alimento que ingerimos é tirado da boca de outra pessoa. Nossas próprias vidas estão pressionando outras vidas. Pode ser a de homem, animais ou alguns pequenos micróbios, mas forçosamente barramos algumas formas de vida. Sendo assim, concluímos realisticamente que a perfeição não pode jamais ser obtida pela ação. Podemos agir por toda a eternidade sem encontrarmos a saída desse complicado labirinto. Você pode agir incessantemente, porém essa inevitável combinação de bem e mal que resulta da ação, jamais terminará.

(...) Vimos que quando ajudamos o mundo, ajudamos a nós mesmos. O que fazemos em benefício dos outros tem como principal consequência a nossa purificação. Ao esforçar-nos constantemente para fazer o bem, tentamos esquecer-nos de nós mesmos. Esquecer o self é a grande lição que precisamos aprender na vida. (...) Cada ato de caridade, cada pensamento de compaixão, cada ajuda que prestamos, cada boa ação reduz bastante a arrogância do nosso pequeno self, pois faz com que nos consideremos criaturas mais modestas e insignificantes, o que é muito bom."

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 230/233)


segunda-feira, 17 de março de 2014

INVOCAÇÃO

Possa Brahman proteger-nos. Possa Brahman depositar diante de nós o fruto do conhecimento. Que possamos obter a energia para adquirir conhecimento. Possa nosso estudo revelar a Verdade. Que possamos não nutrir maus sentimentos um para com o outro.

"Como é evidente, a Invocação acima é recitada por ambos, o Instrutor e o Discípulo juntos. Ambos, ao mesmo tempo, pedem para obter a energia para adquirir conhecimento, pois a busca do conhecimento requer muita energia. Qualquer desperdício de energia seria prejudicial para a busca de conhecimento. Para que esse desperdício não ocorra, deve haver extraordinária clareza de parte de ambos, o instrutor e o discípulo. A Invocação acima diz: ‘Possa nosso estudo revelar a Verdade’. O Instrutor e o Discípulo estão preocupados com a Verdade – e a Verdade precisa ser descoberta. O método de ensinamento contido nos Upanixades conduz a ambos, o instrutor e o discípulo, a descoberta. O relacionamento entre o instrutor e o discípulo não é estático – é intensamente dinâmico – é um relacionamento no qual o instrutor e o discípulo aprendem juntos.

A última frase da invocação diz: ‘Que possamos não nutrir maus sentimentos um para com o outro’. Uma comunhão é possível quando há perfeito entendimento entre o instrutor e o discípulo. Quando a educação se torna uma jornada que os dois realizam juntos para os reinos da Verdade, então vem à existência um relacionamento de respeito e consideração entre o instrutor e o discípulo todo o tempo. Há uma disciplina, mas é uma disciplina nascida da liberdade, pois aqui não é um que ensina ao outro, são os dois juntos que aprendem a própria Verdade."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 52/53)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

PLANTE O ENSINAMENTO NO CORAÇÃO

“Quando você joga sementes na superfície do solo elas não germinam. Terá de as manter dentro dele. Igualmente, o ensinamento, se ficar na superfície, não germinará, não se desenvolverá, criando a árvore do conhecimento, e assim, não produzirá o fruto da sabedoria.

Plante o ensinamento no coração; regue-o com prema (Amor), adube-o com fé e coragem; defenda-a contra as pragas com o defensivo sathsanga (companhia de pessoas santas, puras e sábias) e bhajana (cânticos devocionais), tanto que, no fim, possa beneficiar-se. Você nem começou o sadhana (disciplina espiritual), e ainda assim, deseja santhi  (Paz), e espera a Graça. Como é possível? Comece. Depois todas as coisas lhe serão acrescentadas.¹”

¹ Primeiro, que Deus exerça Seu reino, Sua justiça. O restante você terá como subproduto. (Lucas 12:31)

(Sathya Sai Baba – Sadhana O Caminho Interior – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 – p. 51/52)


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A VERDADE SEMPRE FUNCIONA

"... Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? (Mateus, 7:16). Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis (Mateus, 7:20).

A verdade é una e indivisível, pois Deus é Verdade – a mesma de ontem, de hoje e para sempre. Muitas pessoas ficam perplexas e aturdidas com as complexidades das teologias conflitantes e sentem fome e sede da Verdade que irá libertá-las. As diversas seitas do cristianismo, por exemplo, assim como de outros grupos religiosos, discordam entre si nas doutrinas e práticas. Além disso, os ensinamentos das centenas de seitas, não apenas no cristianismo, mas também em outras religiões do mundo, estão repletos de contradições e absurdos.

A verdade o liberta do medo, ignorância, superstição, doença, carência e limitações; resolve os seus problemas e proporciona paz à mente perturbada. Em todas as partes do mundo, há incontáveis pessoas que não têm qualquer filiação religiosa, mas estão repletas de fé e confiança na bondade de Deus e na orientação e amor de Deus. Possuem uma paz interior e uma luz interior; são prósperas, cheias de boa vontade e da alegria de Deus.

A religião pertence ao coração, não aos lábios; produz os frutos do Espírito, que é o verdadeiro teste para a Verdade. A verdade sempre cura. Quando você está feliz, alegre, livre e expressando vitalidade, paz e abundância, está revelando os frutos do Espírito. Não existe a Verdade não demonstrada: assim como é dentro, assim será fora; assim como é fora, assim será dentro. Não pode haver nada em sua mente subconsciente que não se faça manifestar mais cedo ou mais tarde nas fases exteriores de sua vida."

 (Joseph Murphy – Sua Força Interior – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 – 62/63)


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

RENUNCIANDO AOS FRUTOS DA AÇÃO

"Conquista-se aos poucos a vida espiritual e aprendem-se as lições do espírito neste mundo, porém sob uma condição. Esta condição abrange dois estágios: primeiro, fazemos tudo o que deve ser feito porque é nosso dever. Quando a vida espiritual começa a alvorar, reconhecemos que todas as nossas ações deverão ser realizadas, não visando um resultado específico, mas porque é nosso dever realizá-las. Isso é dito facilmente, mas como é difícil de ser alcançado. Não há o que precisemos mudar em nossa vida para tornar-nos espirituais, mas é necessário modificar a nossa atitude em relação á vida. Devemos deixar de pedir à vida e passar a dar-lhe tudo, porque é este o nosso dever.

Esta concepção da vida constitui o primeiro grande passo na direção do reconhecimento da unidade. Se existe apenas uma única grande Vida, se cada um de nós nada mais é senão uma expressão daquela Vida, então toda a nossa atividade será simplesmente a ação daquela Vida em nós, e os resultados serão colhidos pela Vida comum e não pelo eu separado. É esta a mensagem que o Gita nos transmite ao dizer que não devemos trabalhar pelo fruto, porque o fruto é o resultado normal da ação.

Este conselho destina-se apenas àqueles que desejam conduzir a vida espiritual, pois não é indicado que as pessoas deixem de trabalhar pelos frutos da ação até que tenha surgido uma motivação mais poderosa em seu interior, uma motivação que as incite à atividade sem um prêmio para o seu eu pessoal. Precisamos ter uma atividade, ela representa o caminho da evolução. Sem atividade não nos desenvolvemos; sem esforço e luta flutuamos nas águas represadas da vida e não fazemos progresso ao longo do rio. A atividade é a lei do progresso; à medida que nos exercitamos, nova vida flui em nossa direção. Por esta razão está escrito que aquele que é indolente jamais poderá encontrar o Eu. Aqueles que são indolentes e inativos nem mesmo começam a voltar-se para a vida espiritual."

(Annie Besant - A Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 102/103)


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

AJA COM ENTUSIASMO E FÉ E O SUCESSO SERÁ SEU

"O mais direto método de sucesso espiritual é nishkama-karma, ou seja ação sem qualquer atenção ou apego aos frutos decorrentes. É ação como dever; ação como devotamento; ação como adoração. No entanto, a ação e seu fruto não são duas entidades distintas; o fruto é a ação mesma em seu estágio final, em seu clímax, em sua conclusão. A flor é o fruto. O fruto é a flor. Um é o início; o outro, o legítimo termo. A flor vira fruto. A ação torna-se consequência. O dever da gente é agir. Aja bem. Aja no temor de Deus. Aja dentro dos limites traçados pela moralidade. Aja com amor. Continue agindo. As consequências naturalmente sobrevêm, como o fruto sobrevém à flor. Ninguém precisa se preocupar ou exultar. Aja com entusiasmo e fé - o sucesso será seu. Foi assim que Arjuna¹ agiu. Nunca desanimou, uma vez que a Gita lhe fora ensinada. Ele soergueu os espíritos dos outros que estavam deprimidos. Engajou-se na batalha, tomando-a como sendo um yajna². No entanto, Karna, seu grande rival, tinha como boleeiro (do carro de guerra) uma pessoa de nome Salya. Enquanto o boleeiro de Arjuna (o próprio Senhor) o plenificou da mais alta sabedoria e da paz mais profunda, Salya encheu Karna de abatimento e dúvida. Salya significa dardo ou flecha. O boleeiro de Karna tornou-se-lhe um espinho no flanco, uma letal arma contra si mesmo. Assim, que você tenha o Senhor como condutor de seu carro (de sua vida). Só assim triunfará. Nunca aceite um Salya para seu guia e preceptor."

¹. Arjuna - o príncipe que é interlocutor de Krishna na Gita.
². Yajna - sacrifício a Deus; ação como oferenda. 

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, p. 63/64)


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

AUTORREALIZAÇÃO PELO AMOR

“Aquele que renuncia aos frutos das ações, que dedica todas as ações a Deus e por esse meio se torna livre das influências dos pares de opostos.

A fim de encontrar Deus, deve-se cultivar um estado da mente no qual não haja perturbação, pela remoção da causa de distúrbios, que é o apego aos frutos das ações. Sendo nossas ações motivadas pelo desejo, estamos apegados aos seus frutos e somos afetados pelos seus resultados. Não apenas somos afetados pelos efeitos imediatos dessas ações, como produzimos resultados kármicos, que são causas de aprisionamento aos mundos inferiores. A única maneira de evitar essa cadeia de causa e efeito é praticar ações sem qualquer desejo de benefício pessoal, e cumprir nossas obrigações nas circunstâncias em que nos encontrarmos. Essa atitude pode ser desenvolvida pela dedicação habitual de todas as nossas ações a Deus, como tão claramente foi explicado no Bhagavadgita.[i]

[i] Bhagavadgita – “o canto do Senhor”. Episódio do  Mahabarata, o grande poema épico da Índia. Contém um diálogo no qual Krishna e Arjuna, seu discípulo, têm uma discussão sobre a mais elevada filosofia espiritual. Glossário Teosófico, H. P. Blavatsky, Ed. Ground, 1995. (N.E)

(I.K. Taimni - Autorrealização pelo Amor, uma tradução comentada dos Bhakti Sutras de Narada - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 76/77)


domingo, 25 de agosto de 2013

AÇÃO ABNEGADA

"Não aspire tornar-se um servo de Deus, se hoje trabalha meramente em troca de salário. Você se rebaixa a este nível, se a Ele pede isso ou aquilo, em troca dos louvores que a Ele dá ou dos sacrifícios¹ que Lhe apresenta. Mesmo que você não peça, a atitude de barganha estará em sua mente, caso vier a se sentir desapontado por Deus não lhe ter dado desejados objetos como retorno de todos os transtornos que enfrentou para O agradar. 

Não calcule proveito. Não conte com retorno. Não planeje consequências. Faça o que tem de fazer, desde que seja seu dever. Tal é o verdadeiro puja.² Dedique a Ele tanto a ação como sua consequência. Então você se torna Ele mesmo; não é mais um empregadinho a reclamar salário. Este é o mais alto nível que, mediante o sadhana (disciplina), um bhakta (devoto) pode atingir. Esta é a razão por que o nish-kama-karma³ é tão altamente recomendado por Krishna na Gita. 

¹. Aqui está uma advertência contra a universal prática de barganhar com Deus, oferecendo-Lhe rituais, rezas, doações, mortificações, fazendo-Lhe 'promessas'... Deus é reduzido ao meio para atingir-se um bem mais alto - o objeto, a solução, a cura, a pessoa de nossos desejos... Comumente não se agrada, não se cultua Deus, não se ama Deus a não ser como uma fonte capaz de saciar nossa permanente sede de aquisições e soluções.
². Puja - ritual de adoração.
³. Nish, sem; kama, desejo; karma, ação. Nish-kama-karma ação abnegada, isto é, não motivada pelo desejo de colher seus frutos.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 64/65)


segunda-feira, 22 de julho de 2013

SIGAM OS ENSINAMENTOS ESPIRITUAIS METODICAMENTE

"O aspirante deve aprender a respeito do caminho espiritual com algum grande ser e seguir seus ensinamentos metodicamente. Fazer as coisas ao acaso não lhe possibilitará muito progressos e, se desistir inteiramente de suas práticas, o empenho para recomeçar será duplamente difícil. Nenhum esforço, porém, é inútil. Sentimentos como luxúria, cobiça e ira gradualmente se extinguem no homem que pratica disciplinas espirituais. 

No momento, suas mentes estão dominados por rajas e tamas. A mente deve tornar-se pura e sutil e ascender ao estado de sattva. Quando isso acontecer, as práticas espirituais serão motivo de alegria para vocês, que desejarão dedicar-se cada vez mais a elas. Mais tarde, quando a mente alcançar a perfeita pureza, seu único desejo será devotar-se inteiramente à contemplação. A mente é de natureza densa, por isso, interessa-se por coisas mais grosseiras, mas assim que se tornar pura e sutil irá diretamente em busca de Deus - a consciência pura. Quando a mente se sutiliza, seu poder aumenta e o aspirante imediatamente se torna capaz de entender a verdade de Deus.

Quando se sentarem para meditar, pensem primeiro na bem-aventurada forma divina. Imaginem seu Ideal Escolhido com um sorriso nos lábios e pleno de felicidade. Isso exercerá um efeito calmante sobre seu sistema nervoso; de outra forma, a meditação se tornará uma prática árida e maçante. Sigam em frente! Não percam mais tempo. Os sentidos agora são poderosos e devem ser mantidos sob controle. Sem dúvida alguma, essa é uma tarefa difícil, mas se praticarem meditação continuamente durante cerca de sete ou oito anos, encontrarão a paz e a felicidade, e se valerão dos frutos de suas práticas. Após um ano de prática regular, vocês já verão algum resultado. (...) Acreditem em mim, Deus está sempre com vocês. Se praticarem um pouco. Ele lhes estenderá a mão para ajudá-los e os protegerá de todos os problemas e infelicidades. Como Sua graça é ilimitada! Como posso fazê-los entender isso? (...)"

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 240/241)


segunda-feira, 1 de julho de 2013

CARMA - CONSTRUÇÃO DO FUTURO INDIVIDUAL (1ª PARTE)

"Segundo o Carma: O que pensarmos seremos. O que desejarmos obteremos. O que semearmos colheremos. As aspirações em uma vida transformar-se-ão em ideais na outra; as críticas, em importunações; os ressentimentos, em desgostos; os malefícios, em sofrimentos; os auxílios, em conforto; as simpatias, em alegrias.

No Ocidente, liga-se muito pouca importância aos pensamentos. Entretanto, na Bíblia, onde estão todos os ensinamentos que o homem precisa, é sublinhado o valor dos pensamentos: "Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." (Mateus. V. 28).

Se os atos têm importância, os pensamento têm-na ainda mais. O ato é uma coisa que já passou, é a materialização, a cristalização do pensamento, enquanto este é uma coisa dinâmica, uma força em ação. Mesmo atos ditos impulsivos, ações impensadas, são resultantes de pensamentos, quer de vidas passadas, quer da atual. 

Se alguém mata, rouba ou adultera, é porque nesta vida, ou em vidas anteriores, andou pensando em matar, roubar ou adulterar, não o tendo feito por falta de oportunidade. Se agora não o pensa, esteve alimentando tais pensamentos em vidas precedentes e criou, para a atual, a situação que o levou a materializá-los. No ato material existem três fatores: o mental (pensamento, intenção), o astral (emoção, sentimento) e o ato físico. 

A cada fator corresponde um efeito cármico. Assim, um homem pode matar com a intenção de matar e com ódio; pode fazê-lo com a intenção de matar, porém sem ódio, por dever, como o soldado na guerra; ou sem intenção e sem emoção alguma, por acidente. Ele foi levado a cada ato por motivos cármicos e provocará, por sua vez, consequências cármicas diferentes, conforme o motivo que o conduziu ao assassínio. 

Da mesma forma o ato caritativo feito por ostentação ou por real amor ao próximo, produzirão frutos cármicos diversos. O ato material bom produzirá fruto bom, em ambos os casos. Se proporcionou, por exemplo, conforto aos seus semelhantes, receberá condições materiais boas em outra encarnação. Mas, como o fez por egoísmo, no primeiro caso, terá em troca sofrimento. Será o indivíduo rico e doente. Terá riqueza, mas não auferirá os prazeres que a riqueza poderia lhe conceder. No segundo caso, a satisfação será completa. (...)" 

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 214/215)


segunda-feira, 24 de junho de 2013

SARVA YOGA - KRISHNA ESCLARECE (5ª PARTE)

" (...) A maior autoridade para indicar qual o Yoga mais apropriado é sem dúvida Krishna, o "Eterno Condutor do carro de nossas vidas".
Fixe em Mim sua mente. Coloque em Mim seu intelecto. Então, daí por diante, portanto, você viverá, sem dúvida, somente em Mim. (in Bhagavad Gita, XI:8)
Você e qualquer ser humano comum poderá questionar: Como posso eu chegar a tal perfeição? Como unidirecionar minha mente e meu intelecto rebeldes, se eles estão sempre fluindo, fugindo? Isto é Yoga para quem pode. E eu ainda não "posso". Krishna, parecendo ler o pensamento do leitor, volta magnanimamente para ajudar e propõe:
Se você também é incapaz de fixar firmemente em Mim sua mente, então, pelo Yoga da constante prática, procure chegar a Mim... (XII:9)
Ora, o Yoga da constante prática (abhyasa) já não é tão difícil. Consiste em você tentar manter a mente no Divino, mesmo enquanto engajado em atividades profissionais e sociais, pois há momentos para lembrar-nos de Deus mesmo enquanto nos relacionamos com o mundo objetivo. Haverá, no entanto, ao longo do dia, alguns momentos em que possamos desconectar-nos do ambiente, isolarmo-nos num lugar e então tratarmos de manter-nos mentalmente ligados a Deus, embora a mente normalmente doidivanas, inquieta e obstinada, venha a criar dificuldade e distrações. Abhyasa consiste em insistirmos fazendo-nos permanentes fiscais dos movimentos dela (a mente), com o propósito de, sem esforços e brigas, impedi-la de divagar, desejando fixá-la em Deus. Quando notarmos que já anda longe de onde deveria estar, com muito amor e paciência, tratamos de trazê-la de volta ao Divino. Isto é abhyasa ou a "constante prática". Ao correr do tempo, algum dia você conseguirá fazê-la parar em Deus. Namasmarana ou constante repetição do Nome* é uma deliciosa forma de trazê-la para Deus. Numa demonstração de ilimitada misericórdia, Krishna mais uma vez insiste em nos ajudar:
Se você é incapaz mesmo de praticar Abhyasa Yoga, então pratique suas ações em Meu proveito. Mesmo pela prática de suas ações em Meu proveito, você atingirá a perfeição. (XII:10) 
De misericórdia em misericórdia, o Divino Senhor sugere outras formas de Yoga cada mais mais acessíveis aos aspirantes que, embora sinceros, ainda enfrentam impossibilidades:
Se você ainda é incapaz de fazer mesmo isto, então busque refúgio em Mim. Autocontrolado, renuncie aos frutos de todas as ações. O conhecimento é, deveras, melhor que a prática. A meditação é melhor que o conhecimento. A renúncia ao frutos da ação é melhor que a meditação. A paz imediatamente sucede à renúncia. (XII:11 e 12) 
O Divino Senhor deixou assim muito explícito que a renúncia aos frutos da ação e a abnegação produzem imediatamente a paz, não obstante ser tão simples, tão fácil e tão extravagante aos olhos de certas terapias modernas. (...)"

* Qual o nome? Aquele que o devoto preferir dentre os inumeráveis Nomes do Senhor: Cristo, Allah, Krishna, Jehovah, Vishnu, Baha'u'láh... O importante é, tendo optado por um deles, jamais o trocar por outro, num ato de deslealdade. 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 141/142)