OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CONCEITO DE OPOSTOS (PARTE FINAL)

"(...) O filósofo grego Heráclito, contemporâneo de Buda, insinuou que a verdadeira sabedoria consiste em conhecer a ideia que, por si mesma, irá provar tudo em todas as ocasiões. Ele almejava encontrar o Um por detrás dos muitos, a ordem, e a unidade que dá fixidez à mente, em meio ao fluxo caótico e à multiplicidade do mundo. Ele sentia que subjacente a tudo existe uma Realidade que, embora absoluta, não é estática, mas uma transformação contínua de uma em outra. 'Nada é; tudo vem a ser'. O âmago de tudo é a interação harmoniosa dos dois opostos, que perpetuamente fluem um para o outro. Heráclito acreditava que a harmonia não é simplesmente o fim dos conflitos, e sim uma tensão dos opostos na qual nenhum dos dois elementos ganha ascendência, embora ambos sejam indispensáveis à sua realização.

O Taoísmo enfatiza a naturalidade e a espontaneidade como o primeiro princípio da ação iluminada. A melhor maneira de agir é compreender que o processo de iluminação consiste simplesmente em nos tornarmos aquilo que já somos desde o início. No Taoísmo, a interação contínua entre os dois extremos não é a consequência de alguma força externa, mas uma tendência inata, natural, em todas as coisas e em todos os seres. Uma vez que a conduta humana é baseada nesse princípio, ela deve ser essencialmente espontânea e estar em harmonia com a natureza. Deve estar baseada na sabedoria inata da pessoa, que é uma manifestação da realidade onipenetrante.

Já que os opostos incluem todas as qualidades morais, o sábio não faz esforço para atingir o que é bom, mas tenta seguir o Caminho do Meio, mantendo um equilíbrio dinâmico entre 'bom' e 'mau', elevando-se acima deles. Mas uma palavra de cautela deve ser aqui interposta: o Caminho do Meio não é algo equivalente a um meio aritmético entre dois termos, nem é o princípio indiscriminadamente aplicável a todo evento ou ação. Pelo contrário, deve ser exercitado de maneira razoável e harmoniosa no nosso modo total de vida, não apenas em um ato individual. Pois a meta básica da religião e da filosofia é fornecer-nos uma visão coerente da vida, abrangendo todos os fenômenos da natureza e assim nos tornando capazes de ter consistência e clareza em nossos pensamentos e ações."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 24)

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

CONCEITO DE OPOSTOS (1ª PARTE)

"O Budismo e o Taoísmo também sustentam a supremacia do Caminho do Meio. Entendem que o mundo de aparências é impermanente. A Realidade Última consiste na interação cíclica da mudança entre os dois opostos de bem e mal, prazer e dor, certo e errado. Aplicam o conceito dos opostos (Yang e Ying) e macho e fêmea, céu e terra, e a todas as coisas concretas, assim como às ideias abstratas. Acreditam que os opostos estão dinamicamente entrelaçados no fluxo cósmico, que os combina na harmoniosa unidade da criação. Assim, a vida ideal é a mistura harmoniosa dos dois opostos. A realização dessa verdade última da criação é a meta final.

De acordo com Chuang Tzu: 'Os homens plenamente realizados, por suas ações, tornam-se reis, e por sua tranquilidade, sábios'.

Como a vida humana é um microcosmo, o fluxo de suas ações deve fundir-se com o fluxo cósmico e mover-se rumo ao ritmo do macrocosmo. Desse modo, a melhor ação harmoniza os opostos extremos e age em equilíbrio. De acordo com Lao-Tzé, o sábio evita o excesso, a extravagância e a indulgência. Quando um homem vive segundo esse padrão, os assim chamados opostos tornam-se complementares.

A Quarta Nobre Verdade do Budismo trata do fim do sofrimento e inclui a Oitava Senda do autodesenvolvimento, que leva ao Budado. As duas primeiras sendas são a Visão Correta e o Conhecimento Correto, que levam a uma mente iluminada. Ver não é a mesma coisa que olhar para as aparências externas; de modo semelhante, conhecer é diferente de simplesmente acumular informação ou coletar dados, pois consiste na compreensão e realização da verdadeira natureza das coisas. E assim a mente é despertada, e, quando aprecia a natureza última da Criação, age em conformidade com a verdade cósmica. (...)"

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 23/24)

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

AS TRÍADES

"Heráclito (século VI a.C.) e Aristóteles (século IV a.C.) descrevem ambos o Caminho do Meio como a Senda de Ouro. De acordo com Aristóteles, a virtude ou excelência depende de julgamento claro, de autocontrole, de equilíbrio do desejo, de habilidade com os recursos. Não é posse de um único homem, nem recompensa da intenção inocente, mas a aquisição da experiência no homem plenamente desenvolvido.

Aristóteles organizava as qualidades do caráter em tríades, nas quais dois representam os extremos ou os vícios, e o terceiro é a virtude ou excelência. Por exemplo, entre os extremos da covardia e a temeridade encontramos a virtude da coragem, e entre a humildade e o orgulho está a modéstia.

Mas somente o homem plenamente realizado pode apreciar essa verdade. O extremista considera o Caminho Dourado como o maior dos erros. Por exemplo, o homem bravo é chamado de impetuoso pelos covardes e de covarde pelos impetuosos. Na política moderna 'o liberal' é chamado de 'conservador' pelos radicais e de 'radical' pelos conservadores. Os gregos, por outro lado consideram os extremos como as qualidades da pessoa ignorante. Também entendiam que todas as ações, quer fossem vícios ou virtudes, são causadas pela 'paixão', a força interior diretora da vida. Para os gregos, as paixões em si mesmas não eram vícios, mas constituíam a matéria-prima tanto da virtude quanto do vício, quer funcionassem em excesso ou fossem desproporcionais em medida e harmonia.

Esse conceito da harmonia dos opostos como o melhor meio de se atingir a maturidade espiritual é reconhecido por todas as religiões orientais. A essência do modo de vida hindu é ser resoluto no prazer e na dor, no sucesso e no fracasso, no ganho e na perda. Tais opostos devem ser aceitos como companheiros inevitáveis da vida, e a pessoa não deve ser levada ao desespero e à consequente inação devido ao fracasso, nem deve partir para a ação indiscriminadamente a fim de alcançar o sucesso. O Hinduísmo não advoga o estoicismo e nem exorta a pessoa a evitar o prazer e infligir-se penitências, seja pelo pecado dos outros ou de si mesma. Ao mesmo tempo, deplora o hedonismo, que, indiferente às buscas pelo mais elevado, pode afogar os sentidos da pessoa no oceano dos prazeres sensuais. Devemos viver em harmonia, trilhando o dourado Caminho do Meio, entre aqueles dois extremos, em vez de fazermos esforços frenéticos para banir um ou outro de nossas vidas."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 22/23)

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

LEIS IDEAIS DA VIDA CONJUGAL

"As pessoas que planejam casar-se devem averiguar honestamente se suas naturezas se harmonizam ou não e se seu amor conseguirá sobreviver a quaisquer condições em quaisquer circunstâncias sociais. Devem descobrir se seu amor se baseia numa cooperação real em torno de um ideal comum. Procure um parceiro que esteja em sintonia com seus princípios éticos, hábitos hereditários e atuais, objetivos financeiros, gostos, tendências e aspirações místicas. 

Antes do casamento, ponha o futuro cônjuge a par de seus negócios e de sua vida social, informalmente, e descubra se ele é capaz de adaptar-se a seus hábitos e ideais. Do mesmo modo, determine se você mesmo poderá aceitar as ambições, temperamento e ideais do parceiro.

O grande segredo para preservar o matrimônio reside na arte do autocontrole. Aprenda a amar seu cônjuge mais no plano espiritual e trate-o como um amigo íntimo, sem insistir exageradamente no plano físico. Se puder fazer isso, vencerá a maior das batalhas; manter seu cônjuge fiel, respeitoso e afetuoso. De quando em quando, una-se fisicamente a ele e considere esse acontecimento um privilégio; sinta como se o estivesse encontrando após muito tempo de separação. Que os dois se unam por inteiro, atentos e corteses. Quando a dedicação começa a arrefecer, é tempo de parar."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 54/55)


domingo, 16 de outubro de 2016

PORQUE E COMO JESUS SOFREU (PARTE FINAL)

"(...) Se um homem é capaz de servir-se do negro carbono da dor para fazer ouro e pedra preciosa de realização espiritual, deve ele ter ultrapassado toda a alquimia ocultista de toda a magia mental, e deve ter entrado no santuário da mística divina.

Quando um desses místicos escrevia 'eu transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações', devia ele ter experiência desse segredo.

E quando o Mestre disse que ele devia entrar em sua glória pelo sofrimento e pela morte voluntária, devia ter removido um espesso véu que, para o comum dos mortais, encobre o mistério do sofrimento como fator de autorrealização.

Apesar de ter Jesus sofrido voluntariamente tudo o que sofreu para entrar na sua glória, contudo o modo como ele soube sofrer é um modelo para todos os sofredores. Não sofre com covardia, como os fracos, nem com jactância, como certos heróis, ou pseudo-heróis da humanidade, que desafiam os martírios e a morte. No Getsêmane, o seu Jesus humano pede ao Cristo divino que, se possível, faça passar aquele cálice amargo - mas logo se entrega totalmente, à vontade superior do seu Cristo divino. No Gólgota, por um momento, o seu ego humano clama em altas vozes: 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?' - mas logo o seu Eu crítico se resigna e murmura serenamente: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito'.

Ele sofre como o mais humano dos homens, porque era integralmente humano no seu Jesus, e integralmente divino no seu Cristo.

Cada homem é potencialmente o que ele pode vir a ser atualmente. Horror ao sofrimento e à morte, a repugnância contra injustiças e ingratidões são compatíveis com a soberania, calma e serenidade do espírito. Uma completa integração do nosso ego inferior em nosso Eu superior perfaz a harmonia total da natureza humana.

Ser tentado a revoltar-se contra o sofrimento é humano - deixar-se derrotar pelo sofrimento é deplorável.

Toda a serenidade no sofrimento depende, em última análise, da visão da nossa existância total, cuja falta dificulta e mesmo impossibilita a compreensão da tarefa evolutiva do sofrimento."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 47


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

RUMO À PROFUNDEZA DA VIDA

"O poder do espírito
E a harmonia das forças
Preservam da dispersão a vida.
Assim procedendo, se torna o homem
Semelhante à criança,
Clarificando sempre sua visão
E purificando sempre sua vida.
Segue as suas veredas
Sem jamais aberrar.
Quem conduz seu povo com amor
Permite que ele mesmo se harmonize,
Amparando-o em tempos de fortuna
E nas horas de infortúnio.
Quem possui verdadeira sapiência
Não necessita de erudição,
Sabe crear valores,
E não os guarda para si,
Sabe agir sem se apegar
À sua atividade,
Sabe conduzir sem impelir -
E nisto reside a finalidade da vida.

EXPLICAÇÃO: Saber tratar de coisas externas sem perder a concentração interna, ser místico por dentro e ser ativo por fora; possuir toda a sabedoria intuitiva, sem se derramar pela ciência analítica; poder ser intensamente produtivo sem nada reter para si; poder agir sem se perder na atividade; poder guiar outros sem os constranger - quem isto pode fazer é um sábio."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 44/45)


sábado, 10 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (1ª PARTE)

"O Bhagavad Gita abre com a palavra dharma; e o Mahabharata encerra com a palavra dharma. Tentemos entender o que se quer dizer por dharma.

Em inglês a palavra é interpretada como 'lei'. Uma das interpretações da palavra dharma é dever, mas a palavra é traduzida também como 'lei'. Dharma é derivada da raiz sânscrita dhri, que significa segurar, sustentar, unir. Assim pode-se interpretar dharma  como significando 'aquilo que segura e une indivíduos, grupos ou comunidades, como unidades shakti'. O que 'segura', 'mantém' é dharma. A palavra 'lei' é derivada da raiz latina, 'ligar'. Não pode haver sociedade sem uma força aglutinadora. Aqui estamos uma pequena família; vivemos juntos neste ashram. Vocês acreditam que seria possível vivermos juntos, compartilharmos de uma vida comum, sermos membros de uma fraternidade comum, se não houvesse algo que nos unisse? Suponhamos que todos vocês fizessem o que quisessem, o que aconteceria? Suponhamos que, quando toca o sino para a aula de preces, eu insista em fazer minha caminhada matinal, um de vocês insista em tomar um copo de leite, e outro insista em continuar na cama dormindo, qual seria o resultado? O ashram se desfaria. Não pode haver vida no ashram sem alguma harmonia. Deve haver alguma força aglutinadora, a que chamamos 'lei'. Dharma é o que nos une, nos segura, nos mantém.

A palavra 'lei' precisa ser melhor compreendida. Existe algo chamado 'lei de costume' ou mores (em latim) ou Sitte (em alemão). Dharma não é costume. Nos primitivos estágios da evolução humana, os grupos tinham de viver juntos, e algum poder aglutinador era necessário. Certos costumes tornaram-se muito úteis como conservadores de hábitos e adquiriram força de lei. Nas sociedades primitivas, tais costumes ainda prevalecem. Dharma não é costume.

O costume desempenha seu papel na evolução. Contudo, dharma não é costume porque existem ocasiões em que vocês podem não obedecer aos costumes, quando vocês podem voltar-se contra um costume, e seguir seu próprio caminho. (...)"

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39)


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

FRAGMENTOS DA SABEDORIA ETERNA

"Todo poder no mundo é resultado da harmonia entre o homem e a natureza. O homem que ergue a vela num barco para navegar contra o vento não está vencendo o vento, mas harmonizando sua vontade com a lei. Não é por lutar contra as leis que o homem pode ganhar, mas por cooperar com elas.

O ocultista sabe que o mesmo princípio rege todos os planos, e não apenas em relação à matéria de cada mundo, mas também nas formas de vida que aí habitam, quer superiores ou inferiores na escala da evolução. Portanto, o conhecimento das leis mecânicas da natureza, que trouxeram tanto poder e riqueza para os seres humanos, representa apenas um aspecto da harmonia que deve existir entre eles. Um sentimento de carinho e simpatia pelos animais, plantas e até pelos minerais, pelos espíritos da natureza e pelos anjos é igualmente importante, se não for mais ainda, para o progresso do homem. A natureza se compõe de vida e de matéria, e é mediante um sentimento de simpatia que esta vida torna-se conhecida e harmonizada com os homens. Olhar o mundo como um lugar cheio de entidades ameaçadoras é o costume infeliz de nossa época, mas o homem que enfrenta a vida com um sentimento de benevolência com todas as coisas vivas, não apenas verá e aprenderá mais do que os outros, mas terá uma passagem mais suave no mar da vida. Há uma tradição indiana da 'boa mão' de certas pessoas que tem esta simpatia, e para quem as plantas crescem bem enquanto para outras pessoas não o fazem. Autoridades em ciência oculta disseram muitas vezes que, pelo seu amor por todos os seres, o verdadeiro iogue ou sanyasi poderia andar nas montanhas e na selva sem ser atacado por répteis ou animais selvagens.

Essa simpatia é perfeitamente natural. Se você sente admiração e amor por certa pessoa, por sua vez há a tendência de que ela se interesse por você e lhe retribua a afeição. Da mesma maneira, se você se afeiçoa a um animal, este se torna muito ligado a você. Assim também nos reinos vegetal e mineral impera a mesma regra, embora com efeitos menos óbvios. Daí a regra de que flores e plantas crescem melhor com certas pessoas do que com outras, e de pessoas de sorte. É o magnetismo pessoal que as estimula, e é assim que em nível elevado estimulamos a afeição."

(C.W. Leadbeater - Fragmentos da Sabedoria eterna - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 32)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

VIAGEM DA ANIMALIDADE PARA A DIVINDADE

"A segunda parte da afirmação passa pela compreensão do processo de desapego, que é uma viagem da Sala da Ignorância para a Sala da Aprendizagem e desta para a Sala da Sabedoria, como aparece em Voz do Silêncio, de H. P. Blavatsky. Na Sala da Aprendizagem o homem aprende a pensar e a refletir, passo a passo, e aprofunda a sua compreensão acerca da vida, de certas afirmações importantes e caminha em direção a uma maior sabedoria. Consideremos a afirmação de J. Krishnamurti 'vós sois o mundo', que não é uma afirmação matemática, mas o insight de uma pessoa sábia. Há muitas formas para compreender aquela afirmação. Se se fizer uma abordagem literal de 'vós sois o mundo', então a palavra 'mundo' é um substantivo sem qualquer conteúdo atrás de si. Krishna ou Jesus são nomes, mas os indivíduos por detrás desses nomes são uma realidade. De igual modo, a palavra 'mundo' é o nome mas nós somos a realidade. Este é o primeiro passo para a compreensão do significado da palavra 'mundo' como um coletivo de indivíduos. O segundo passo consiste também em compreender a nossa contribuição enquanto indivíduos. Se formos feios, contribuímos para a fealdade do mundo. Se o mundo estiver cheio de corrupção, ódio, inveja, ira, ganância, ambição, etc., então o estudante aceita, com este novo passo, que ele contribuiu para isso. Não pode atirar a responsabilidade para qualquer outro. Sempre que condena alguém, ele compreende que está condenando a si mesmo. Assim, alcança uma visão holística do mundo, vendo-o como um todo integrado e não como um conjunto dissociado de partes.

Com o terceiro passo ele compreende o real significado da palavra 'mundo'; pergunta-se como é que podemos ser considerados responsáveis quando só temos bons pensamentos, sentimentos de boa vontade e agimos corretamente? Ele reflete, profunda e honestamente, e verifica que ele próprio não é sempre o mesmo, porque algumas vezes está agitado e utiliza palavras ásperas. Ele compreende que esta é a sua contribuição para o estado de fealdade do mundo e aceita, assim, a responsabilidade e compreende o verdadeiro valor da frase 'vós sois o mundo'. E então compreende que ser humano é viver num estado de responsabilidade. Passa a ser a sua própria descoberta que ele não é apenas uma parte do mundo, mas que é o mundo. Como já foi dito, a responsabilidade é a qualidade que forma a sua natureza psíquica, refletindo-se na sua conduta.

Utiliza os seus dons como um bem que está sob a sua proteção e não posse. O seu tempo, capacidades e posses são os seus dons e ele os utiliza em benefício da humanidade. Com essa qualidade magnânima eleva-se acima da futilidade e torna-se sábio. Dessa forma eleva-se do ego pessoal para o ego espiritual. Nesse sentido é o seu salto quântico - da animalidade para a Divindade. Então possui verdadeiro conhecimento, o qual acarreta naturalmente magnanimidade e contentamento. A luta que pertence à personalidade perde o seu poder. Annie Besant diz que existem encarnações de diferença entre um homem ingnorante e um homem sábio.

Quantos de nós seremos capazes de reconhecer um santo? Para se reconhecer tal pessoa, tem de haver algo dentro de nós que ressoe e esteja sintonizado com a sua natureza, que vibre em harmonia com ela. É uma lei que, se a pessoa criar harmonia dentro de si, então a harmonia divina manifesta-se por meio dela tornando-a santa ou sábia. O antídoto para o apego é o desapego ou 'abrir mão'." 

(C.A. Shinde - Nos sábios não existe apego - TheoSophia - Ano 101 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 15/16


domingo, 21 de agosto de 2016

RETA AÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Conhecimento sem ação é não somente absurdo, mas é puramente mental e apenas pseudoconhecimento. Ação sem verdadeiro conhecimento só pode ser a reação de uma natureza composta, não clara, da qual as várias partes carecem tanto de coesão quanto de equilíbrio.

A senda da ação para cada indivíduo está entreleçada por seu próprio karma e as complexidades desse nó complicado, no qual sua mentalidade divide-se e se enlaça. Ele tem de simultaneamente desatar esse nó - por meio do amor e do conhecimento verdadeiro - e trilhar seu caminho no mundo externo pela força de uma vontade e decisão espirituais. O verdadeiro conhecimento é o do filósofo que vê a verdade com o olho aberto da intuição. 

Existe decisão instantânea quando não há dilema ou escolha, quando a direção precisa de um ato é uma determinação espontânea que se origina no interior, quando o estudo e a avaliação apropriados de uma situação produzem no interior da pessoa um movimento harmônico, que resulta na ação particular. Existe uma força de propósito que se mantém, quando os revezes causados por objetos ou obstáculos externos não tocam absolutamente a vontade. A vontade que é pura move-se numa vereda própria, autoisolada. Os obstáculos podem retardar a ação, porque estão no mesmo plano. Mas não conseguem deter a vontade fundamental. A força jaz na resistência, na concentração de energias e direção, não na violência; no equilíbrio do perfeito autocontrole em qualquer ação que controle ou toque os outros."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 74/75)


terça-feira, 9 de agosto de 2016

AGIR PELA NÃO INTERFERÊNCIA

"Não exaltes os homens eminentes,
Para que não surja rivalidade entre o povo.
Não exibas os tesouros raros,
Para que o povo não os ambicione.
Não despertes as cobiças,
Para que as almas não sejam profanadas.
O governo do sábio não desperta paixões,
Mas procura manter o povo na sobriedade,
E dar-lhe as coisas necessárias.
Não lhe oferece erudição,
Mas dá-lhe cultura do coração.
O sábio governa pelo não agir.
E tudo permanece em ordem.

EXPLICAÇÃO: É importante manter a distância entre o governo e o povo. A democracia meramente horizontal é autodestruidora. Deve haver, na democracia, um princípio de hierarquia, de desnível, de ectropia; do contrário, o nivelamente entre governante e governados degenera em entropia paralizante - como um lago que não move uma turbina, porque lhe falta o desnível ectrópico da cachoeira. Sendo que o governo meramente democrático é o regime de ego para ego, sem nenhuma referência ao Eu, toda a democracia, sendo liberdade sem autoridade, acaba fatalmente num caos centrífugo, por falta de um princípio de coesão centrípeta. Verso sem Uno dá caos - somente Verso regido pelo Uno dá harmonia.

Este capítulo visualiza o futuro da democracia em forma de cosmocracia, que é igualmente horizontal com desigualdade vertical. O governo não pode ser simplesmente um cidadão democrático, mas deve revestir-se também de algo hierárquico ou cósmico.

A 'Politeia' (República de Platão, advoga, basicamente, esse mesmo princípio de entropia ectrópica, de nível compensado pelo desnível, de horizontalidade sublimada pela verticalidade."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 30/31)


sábado, 6 de agosto de 2016

O QUE É A REALIDADE? (1ª PARTE)

"Muitas crianças choram quando suas mães choram ou quando veem alguém chorando. Talvez a consciência inocente no corpo jovem, não tendo tido ainda experiências na vida material, instintivamente sinta que a infelicidade não é algo correto. Uma criança responde com naturalidade, e portanto sente que algo está errado quando alguém está infeliz. A maioria das crianças é atraída por outros seres inocentes - outras crianças e animais, particularmente os mais jovens.

Esse estado de inocência se perde quando a criança torna-se adulta, e o modo de vida moderna não ajuda o jovem a preservá-lo. Assistir repetidamente a episódios de violência na televisão, por exemplo, ajuda a destruir o senso instintivo de unidade que as crianças possuem. Os humanos, como é bem sabido, precisam de proteção e cuidados durante um período de tempo muito mais longo do que os animais. Isso pode ser parte do plano da natureza para desenvolver nossa sensibilidade.

O animal jovem é forçado a lutar pela sobrevivência, o que inclui aprender a desconfiança, o medo e a agressividade, tendências que contribuem para o comportamento competitivo. Quando existe insegurança e medo, desenvolve-se a agressão; o medo obriga a mente a planejar maneiras de autodefesa. Assim se instala a insensibilidade, e a consciência perde sua inata delicadeza de resposta. 

A maioria de nós adota atitudes duras; se formos honestos, descobriremos como e quando elas ocorrem - como são perdidas a inocência da infância e a qualidade de estar em harmonia com as outras criaturas vivas. (...)"

(Radha Burnier - O que é a realidade? - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p.20)


quinta-feira, 21 de julho de 2016

CULTIVE A PROSPERIDADE PARA PODER AJUDAR O PRÓXIMO

"A lei da prosperidade não pode ser manipulada pelo homem para obter vantagens egoístas. O funcionamento desta lei é controlado por Deus e Ele não permite que Suas leis sejam torcidas ou quebradas arbitrariamente. Se o homem trabalha em harmonia com a lei divina do sucesso, ele recebe abundância; mas se, agindo erradamente, quebra o fluxo generoso da abundância divina em sua vida, está punindo a si mesmo.

É como trabalhar em harmonia com os princípios da lei divina. Antes de tudo, como eu já disse, deixe para trás desejos e apegos por luxos; desenvolva poder mental para se satisfazer com coisas simples. Depois diga: 'Bem, minhas necessidades são apenas parte da minha responsabilidade. tenho dependentes e também preciso cumprir as obrigações que tenho para com eles.' Cuide de sua família, mas nunca estrague seus filhos dando-lhes dinheiro demais.

A menos que inclua o bem-estar do próximo em sua prosperidade, você jamais será idealmente próspero. Não estou falando só de dar dinheiro desinteressadamente a pessoas carentes, mas do sincero interesse em ajudar os outros a ajudarem a si mesmos. Então você verá uma tremenda lei de oferta operando em sua vida. Independentemente da situação em que se encontre, a lei da colheita dos frutos que semeou estará sempre com você, ajudando-o.

A maioria das pessoas pensa em si mesma em primeiro lugar e depois de tudo, e em como ganhar dinheiro para satisfazer os próprios desejos. Se você é assim, cedo ou tarde será desapontado. Em vez disso, comece com este pensamento: 'Meu dever na vida é trazer felicidade aos outros'. Motive-se pensando em como suas ações e planos poderiam beneficiar o próximo. Depois idealize um meio de alcançar seus objetivos. Para servir, você precisa dos recursos necessários. Se quer ordenhar uma vaca, precisa alimentá-la. A ambição de ser próspero e viver bem se torna espiritualizada quando o objetivo é servir melhor ao próximo e lhe dar a possibilidade de ser incluído na sua prosperidade. Ao prestar bons serviços, você está fadado a um bom retorno, e quando tem um bom retorno consegue melhorar o seu próprio padrão de vida e fazer ainda mais pelo próximo. É assim que funciona a lei divina."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 68/69)


domingo, 19 de junho de 2016

O CIÚME PRENUNCIA O FIM DA FELICIDADE

"Enquanto o amor de Deus une, os impulsos negativos da Força Maligna dividem e destroem. Grande caos é criado pelo ciúme e seu bando - temor, ira e ódio. Relacionamentos humanos são devastados, lares são desfeitos, vidas são destroçadas. O ciúme prenuncia o fim da felicidade, primeiro na pessoa que o abriga e depois naquelas que são objeto de sua vingança - até mesmo espectadores inocentes, como as crianças de um lar desfeito.

O ciúme existe em todos os lugares; é um perigo onipresente em todos os relacionamentos humanos. Já o vi em ação muitas vezes neste mundo. Todos querem 'o melhor' para si, mas poucos querem se esforçar para merecer o melhor ou assumir as responsabilidades inerentes a isso. A natureza divisionista do ciúme transforma o paraíso da harmonia no inferno da discórdia. Quanto sofrimento consegue criar uma pessoa ciumenta! Sempre que possível, evite causar ciúme nos outros. Faça o que puder para criar entendimento."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 161)


quarta-feira, 25 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) No Velho Testamento, em Isaías 55:12, o profeta revela o que acontece quando estamos em sintonia com a natureza: 'As montanhas e as colinas irromperão perante vós cantando, e todas as árvores do campo baterão palmas.' Por meio da meditação profunda alcançamos a alegria e a bem-aventurança, e, em paz, somos naturalmente conduzidos ao campo onde podemos viver a unidade com a natureza. Então montanhas, colinas, rios, lagos, árvores, plantas e flores, todos ganham vida e sua maravilhosa mensagem é percebida.

Rupert Sheldrake, famoso cientista, afirma a existência de um campo mórfico (ou uma ressonância mórfica) entre os animais, e que pode existir também entre os seres humanos e os animais. Podemos perceber a ressonância se nos harmonizarmos uns com os outros, tornando-nos transmissores e receptores, sentindo que somos parte um do outro.

Somos parte de uma família. Quanto mais nos sentirmos assim, em sintonia entre nós e com o universo, mais nos tornaremos exemplos de um novo modo de vida. É importante enfatizar isso ativamente, se quisermos que a humanidade e as outras formas de vida ainda existam sobre a Terra por mais alguns milhões de anos."

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


domingo, 8 de maio de 2016

O DESAFIO DOS RELACIONAMENTOS (PARTE FINAL)

"(...)  Você deve praticar o desapego se quiser criar relacionamentos duradouros e harmoniosos. Ser espiritualmente desapegado significa ser capaz de abrir mão de nossas necessidades e preferências. Sem esse desapego você não consegue evitar manipular as outras pessoas, o que cria conflito em seus relacionamentos.

A paz surge da prática contínua do desapego - em casa, no trabalho, com amigos e parentes, e especialmente com pessoas difíceis. A pessoa espiritualmente desapegada não deixa o relacionamento se degenerar até se transformar em um jogo de estímulo e resposta. O teste é simples: mesmo que você esteja chateado ou zangado comigo, eu consigo permanecer calmo, amoroso e gentil com você e lhe ajudar a vencer a raiva? Se você persistir em continuar zangado comigo, consigo ainda ser amoroso com você?

A aversão pelas pessoas é na verdade um reflexo de nós, não daqueles de quem não gostamos. Tendemos a ver os outros não como realmente são, mas como somos. Nossos relacionamentos são sempre espelhos, refletindo algum aspecto de nós mesmos. Esse é o modo do espírito dizer: 'Olhe para o que podemos aprender a respeito de nós mesmos.'

Preste muita atenção quando um padrão ou um comportamento particular se refletir em você vindo de três ou mais pessoas diferentes, pois então você pode ter certeza de que aí está algo que é preciso verificar. Para uma pessoa zangada, todo mundo parece zangado e cheio de hostilidade. Para uma pessoa desconfiada, todo mundo parece suspeito. Para uma pessoa amorosa e terna, todo mundo merece amor, toda ocasião é uma oportunidade para oferecer perdão e ver o melhor nas outras pessoas." 

(Susan Smith Jones - O desafio dos relacionamentos - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 33)


sábado, 7 de maio de 2016

O DESAFIO DOS RELACIONAMENTOS (1ª PARTE)

"Uma das maiores alegrias da vida vem dos nossos relacionamentos com os outros. Ao mesmo tempo, os relacionamentos podem também apresentar nossos maiores desafios, oferecendo inúmeras maneiras de crescer e de nos conhecer melhor. Para experienciar harmonia em nossos relacionamentos, devemos aprender a ver e amar o divino nos outros, e a compreender que relacionamentos duradouros resultam de se ser a pessoa certa, e não de se encontrar a pessoa certa.

Um princípio espiritual básico é o de que a unidade é a única coisa que existe. Somos todos um com todos os outros e com tudo que encontramos. Em vez de tentar mudar ou 'consertar' alguém a quem vemos como fonte de nossos problemas e dificuldades, podemos lembrar o que essa pessoa realmente é. Em vez de focar na aparência e no comportamento - peculiaridades, idiossincrasias, roupas, estilo de cabelo - podemos olhar para o outro com o seguinte pensamento: 'Esta é uma alma, filha de Deus. Este ser humano é uma expressão do infinito'.

Ao fazer isso, adquirimos maior compreensão e uma perspectiva desapegada: 'Esta pessoa possui sentimentos, assim como eu. Ela tem pensamentos e opiniões, aspirações e sonhos que são tão importantes para ela quanto os meus são para mim. A força viva de Deus nessa pessoa está se manifestando em sua personalidade e nos serviços que ele executa - nas coisas que ela faz por mim, na maneira como trata os outros, em seu modo de ser. Porque eu sei quem sou: um divino filho de Deus que já possui tudo, e portanto posso aceitar e ver a divindade nos outros.'

À medida que absorvemos essa imagem superior de quem somos, seguem-se inúmeros benefícios. Quando você parte da percepção de que é um ser espiritual, já não se relaciona mais consigo mesmo como uma criatura cujas satisfações vêm somente dos prazeres físicos. Você para de se relacionar com os outros em termos da aparência física que eles têm. Como sabe que seu valor deriva do ser eterno dentro de você, e como percebe de que esse mesmo ser vive nos corações de todos, você se relaciona com todos com respeito, gentileza e amor, não importa as circunstâncias. 

Essa mudança de atitude a respeito dos relacionamentos é um dos mais agradáveis benefícios da experiência espiritual, embora traga enormes responsabilidades. A fim de vermos a nós mesmos em tudo, devemos nos desapegar de nosso próprio ego; caso contrário, nós nos envolveremos emocionalmente nos problemas das outras pessoas e perderemos de vista nossa unidade com o espírito. (...)"

(Susan Smith Jones - O desafio dos relacionamentos - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 33)

quinta-feira, 7 de abril de 2016

A TIRANIA DA INTELIGÊNCIA DERROTANDO A SOBERANIA DA RAZÃO

"A moralidade e o direito nasceram,
Quando o homem deixou de viver
Pela alma do Universo.
Com a tirania do intelecto
Começou a grande insinceridade;
Quando se perdeu a noção da alma,
Foi decretada a autoridade paterna
E a obediência dos filhos.
Quando morreu a consciência do povo,
Falou-se em autoridade do governo
E lealdade dos cidadãos.

EXPLICAÇÃO: A tirania do ego intelectual sobre o Eu racional é a raiz do caos e da infelicidade da humanidade. O ego intelectual, sendo unilateral, causa desequilíbrio na vida humana, ao passo que o Eu racional (espiritual), sendo onilateral, crea perfeita harmonia na vida. 

A evolução do homem começa nos sentidos, passa pela inteligência e culmina na razão, no Lógos, - ou, segundo Teilhard de Chardim, a trajetória evolutiva do homem vai da hilosfera (material) pela biosfera (vital) e noosfera (intelectual) e culminará, um dia, na logosfera (racional) estágio representado, no planeta Terra, pelo Cristo, que, no quarto Evangelho é chamado o Lógos (Razão).

O direito, sinônimo de egoísmo, creado pela inteligência, é, segundo um jurista romano, o maior inimigo da justiça, homônimo de Verdade e Amor. Summum ius - summa iniuria. 

A humanidade não atingiu ainda o zênite da sua evolução, porque é ainda dominado pelo ego do Anticristo, e não pelo Eu do Cristo.

'Por Moisés foi dada a lei (direito do ego) - pelo Cristo veio a Verdade, veio a Graça (justiça do Eu).

Lao-Tse usa os termos 'alma' e 'consciência' para designar a Razão ou o Espírito do Eu central."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 63/64)


quarta-feira, 6 de abril de 2016

O SIGNIFICADO DIVINO POR TRÁS DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS (PARTE FINAL)

"(...) Considero que, antes de duas pessoas se casarem e antes de terem filhos, a lei devia exigir que fossem para uma escola onde aprendessem a arte do comportamento correto. Quando uma pessoa foi espiritual e psicologicamente educada para conhecer um pouco da natureza humana e a arte de se relacionar bem com os outros, existe então possibilidade de uma vida familiar feliz, harmônica e espiritualmente progressiva. A alma floresce em tal relacionamento iluminado. 

Os seres humanos fracassam em seus relacionamentos pessoais quando deixam de ter respeito um pelo outro; o marido pela mulher, a mulher pelo marido, os filhos pelos pais e os pais pelos filhos. Os relacionamentos humanos se deterioram quando falta a amizade. Sem amizade, o amor entre marido e mulher, filhos e pais, é logo destruído. A amizade dá liberdade à outra pessoa para expressar a si mesma e à sua própria identidade única.

Quando existe completo entendimento e comunicação entre duas almas, há amizade autêntica e amor verdadeiro. Quando as pessoas aprendem a conservar a amizade, o respeito e a consideração em seus relacionamentos maritais, paternais, maternais e outros, nunca abusarão um do outro nem se magoarão por causa de tal abuso.

Você pode dizer: 'Sim, seria ideal se meu esposo (ou esposa, ou filhos) fizesse justamente isso!' Por que não começar por você? Faça sua parte; deixe os outros nas mãos de Deus.

Sempre voltamos para o mesmo ponto: é preciso começar com você primeiro." 

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 59/60)


quinta-feira, 24 de março de 2016

OS CAMINHOS DA SAÚDE (1ª PARTE)

"A saúde é a maior necessidade física do ser humano. Contudo, apesar do progresso da ciência, a incidência de doenças como câncer, diabetes, hipertensão e problemas cardíacos tende a aumentar. Mais e maiores hospitais estão sempre sendo construídos. Quais são as leis fundamentais da saúde e do bem-estar, e de que maneira elas são violadas, a ponto de um indivíduo perfeitamente saudável ser uma raridade?

Saúde é uma condição de harmonia e unidade de pensamento, sentimento e conduta. Quando essa unidade é atingida e mantida, duas leis básicas são obedecidas. Uma é a lei de equilíbrio sobre a qual todo o universo está estabelecido; a outro é a lei de compensação pela qual todo o universo é governado. Quando nenhuma lei natural é violada, não há dor pessoal; quando é, o sofrimento é inevitável. A natureza e a extensão da dor são sempre proporcionais ao grau de violação.

A aplicação desse conhecimento à nossa conduta na vida e a obediência a essas leis constituem a única fundação sobre a qual a saúde perfeita pode ser assegurada, a felicidade perfeita pode ser mantida e ambas, quando perdidas, podem ser totalmente restauradas. A cura do doente depende do retorno à harmonia e da obediência à lei natural.

Também podemos definir a saúde como o resultado da interação harmoniosa entre as forças do espírito e da mente, por um lado, e as do corpo e da emoção, por outro. A partir do interior, as forças e os impulsos espirituais e mentais vibram. Do exterior, os impulsos físicos e emocionais respondem e modificam os primeiros. Essa interação harmoniosa é essencial para a saúde.

A saúde, portanto, é quase inteiramente uma questão de ética e de conduta harmônica. O eu espiritual interior continuamente transmite impulsos. A mente os recebe e os retransmite. O corpo físico recebe-os e os manifesta e ratifica em vários graus. O grau de ratificação decide a extensão da felicidade e da saúde. Similarmente, o grau em que esses impulsos são ignorados determina a extensão da infelicidade e da doença. Quando a harmonia é preservada, a saúde está assegurada. Quando não é, a doença é inevitável. Com o tempo, a discórdia interior produz doença exterior. (...)"

(Geoffrey Hodson - Os caminhos da saúde - Revista Sophia, Ano 12, nº 50 - p. 37)