OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 2 de julho de 2013

CARMA - CONSTRUÇÃO DO FUTURO INDIVIDUAL (2ª PARTE)

" (...) Apesar de dizer que "de boas intenções está o inferno calçado", o erro cometido com boa intenção acarretará mau e bom Carma. Mau, pelo ato errado; bom, pelo intenção elevada. Se, ao errar, mesmo por fraqueza, o indivíduo tem em mira um ideal mais alto, se em lugar de desanimar com o erro, procurar criar novas forças para resistir, estará constituindo alicerces mais sólidos para vidas futuras. 

Certos sonhos marcam a influência de erros de vidas passadas, na presente. Assim, indivíduos virtuosos, abstêmios, de pensamentos puros, têm, no entanto, sonhos em que procedem de maneira contrária ao que pensam e fazem e vigília (Platão, aliás, disse que o homem mau faz o que o bom sonha.) Estes sonhos são os últimos resquícios de lutas passadas. O abstêmio por temperamento, que sonha estar a se embriagar e a sentir prazer na bebida, esgota, pelo sonho, os restos do vício de uma vida anterior, atualmente vencido. É princípio oculto que aquilo que desejarmos, aplicando toda a nossa vontade, acabaremos obtendo, mais cedo ou mais tarde, numa ou noutra vida.

Naturalmente há pessoas que têm menor potência de materialização dos desejos do que outras e obtêm, com facilidade o que para outros é custoso. Recordo-me da história de um estudante de ocultismo que, para experimentar a força do pensamento, começou por imaginar um tapete com forma e desenhos por ele concebidos. Um dia fizeram-lhe presente de um tapete igual ao que concentrara em seu pensamento. Esta força depende da constituição psíquica e de outras resultantes cármicas. Enquanto indivíduos realizam o que querem, em poucos meses, outros levam anos e muitos só realizam em vidas posteriores aquilo que desejaram. É o caso de indivíduos "com sorte", que ganham fortunas inesperadas, conquistam boas situações "por acaso" etc. 

De maneira que nenhum esforço será vão. Mas este fato deve nos dar também seu ensinamento. Precisamos pensar bem aquilo que queremos. Seja o caso do indivíduo que mentaliza a riqueza. Suponhamos que a conquiste logo, embora seja egoísta, sensual, glutão. Que aplicação irá dar ao dinheiro ganho? Certamente a pior possível.

Pela lei do Carma, conseguiu o que desejou, mas pela mesma lei, irá colher, depois, as pesadas consequências daquilo que fez com a riqueza aplicada sem discernimento. Só mais tarde a experiência ganha pelo sofrimento irá lhe ensinar a grande verdade do princípio bíblico: "Não semeeis tesouros na terra..." (...)"

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 215/216)


sábado, 8 de junho de 2013

QUANDO DEUS DOMINA A SUA MENTE O DESEJO PERDE O SEU LUGAR

"Analisem suas palavras, atos e pensamentos, e rechacem os que sejam maus e que causem danos a outrem. Depois, cultivem em troca vigor (sahana), firme paz (santhi), veracidade (sathya) etc. Agora, a mente gira em torno de e se inclina sobre tudo, sobre todo mundo, sobre todos os objetos do Universo. Recusa-se a ficar somente sobre uma ideia - Deus. Igual à mosca, que pousa no belo e no feio mas se nega ao "gosto" de sentar-se sobre um borralho quente, assim também a mente foge de todo pensamento de Deus. A mosca será destruída se sentar-se sobre o fogo. A mente também vem a ser destruída quando se demora em Deus, porque por ser ela apenas uma configuração de desejos, com urdidura e textura do mesmo material. Quando Rama (Deus) entra na mente, karma (o desejo) perde seu lugar. O desejo cessa quando Deus da mente se apossa. Realmente, desde que o desejo é o próprio tecido do qual a mente é feita, torna-se ela então inexistente, e você alcança a libertação. Este é o estágio chamado mano-nigraha (morte da mente) ou mano-laya (a fusão da mente no Ser) ou mani-naasana (extinção da mente) etc."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 167)


SOMBRA E LUZ - O DESPERTAR DA PERCEPÇÃO (2ª PARTE - II)

" (...) São os indivíduos que fazem o mundo; cada um pode, se tentar conscientemente, tornar-se um agente da construção de um mundo mais belo. Somos privilegiados como líderes no movimento rumo a um futuro no qual a vida no planeta será vivida em harmonia, em cooperação e paz, interna e externamente.  

Tudo que é feito por nós no mundo visível baseia-se ou surge da maneira como trabalhamos com os nossos sentimentos e pensamentos. Que cada um de nós afeta os outros pelos seus pensamentos não é mais apenas uma noção filosófica; aparece como fato da ciência moderna no domínio da física das partículas e da fisiologia. 

Por exemplo, descobriu-se experimentalmente que a observação envolve participação. O universo começa a ser visto como um todo participativo e interligado no qual todos afetam todos os demais. Carl Sagan, no seu famoso livro Cosmos, afirma: "A história humana pode ser vista como o lento despertar da percepção de que somos membros de um grupo maior. (...) Alargamos o círculo daqueles a quem amamos. (...) Se temos que sobreviver, nossas lealdades devem ser ampliadas ainda mais para incluir toda a comunidade humana, todo o planeta Terra."

Cada um de nós pode contribuir um pouco para a plena iluminação deste planeta por meio de nossos pensamentos positivos, amorosos, úteis, pois os pensamentos estão na raiz da fala e da ação. É a mente que guia o movimento de nossos lábios, mãos e pés.

Alguém pode, talvez, perguntar o que pode fazer sozinho. A vida adulta média dura cerca de 40 anos, ou 14.600 dias. Durante pelo menos doze horas por dia a pessoa está desperta, seu cérebro está funcionando e produzindo correntes mentais - boas, ruins e indiferentes. Pode-se ver então o quanto uma pessoa pode contribuir para a atmosfera mental que influencia as ações da humanidade. E à medida que trilha o caminho da pureza e do altruísmo, seus pensamentos e irradiações benéficas tornam-se cada vez mais agudos, mais fortes, mais poderosos. Quanta claridade cada um de nós pode doar ao mundo e mais particularmente àqueles com quem está em contato mais próximo! (...)" 

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34)


quinta-feira, 6 de junho de 2013

SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - II)

" (...) Além da necessidade de modéstia, enfatiza-se a importância, o poder e a glória de cada ser humano individual: "O homem é a medida de todas as coisas". Diz um Upanishad: "Isso sou eu dentro do coração, maior do que a Terra, maior do que a atmosfera, maior do que o céu, maior do que esses mundos."

Esses aspectos que nos reduzem à total insignificância e que ao mesmo tempo proclamam nossa grandeza não são contraditórios entre si. Referem-se a dois lados - à sombra em nossa veste e à luz interior que ainda deve brilhar. Somos nós que bloqueamos a luz e depois reclamamos da escuridão. Várias escrituras fazem referência a isso. A Bíblia diz que "a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreendem". O Vedanta compara isso ao eclipse solar ou ao sol oculto por trás das nuvens. Nós, na Terra, vemos as trevas ou a sombra, mas na verdade o sol continua a brilhar com o mesmo esplendor de sempre. 

O caminho espiritual leva da sombra para a luz. Nós o trilhamos mudando o centro de nossa consciência de uma mente que é separativa, possessiva e dominada pelo desejo e a paixão, para uma que é compassiva, pacífica, intuitiva e que pensa e sente em termos de uma vida maior. Neste sentido, a humildade não é a morte dos sentidos e da mente, mas sua iluminação, o que leva a um crescente refinamento das percepções - uma mudança da vida egoica e da dualidade para a unidade consciente. Isso pode ser visto como uma mudança do movimento centrípeto para o centrífugo. Começa com a indiferença aos desejos e anseios dos corpos, mas não negligência esses corpos. Cresce pela dissolução da estreita esfera de nossos pensamentos limitantes, autoprotetores e que se autoprojetam.

Se uma folha cai num pequeno córrego ou num rio, num lugar sagrado ou numa rua, que efeito benéfico ou maléfico isso causa à árvore? O que se aplica à árvore e às suas folhas deve começar a ser aplicado ao elogio e à recriminação, aos chutes e às carícias que recebemos em nossa vida diária. Rumi, o famoso poeta e místico sufi do século III, escreveu: "As lamparinas são diferentes, mas a luz é a mesma; ela vem do além. Porém, se continuas olhando para a lamparina, estás perdido, pois então surge a aparência de número e pluralidade. Fixa teu olhar na luz, e serás retirado do dualismo inerente ao corpo finito. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32/33)
www.revistasophia.com.br


domingo, 19 de maio de 2013

A LUZ DE DEUS DESTRÓI A ESCURIDÃO

"Todos os hábitos e humores que afastam a mente de Deus podem ser vencidos com sua substituição por pensamentos positivos de contentamento, boa vontade, alegria, altruísmo, amor, bondade, compaixão. Quando você desperta essas qualidades internamente, os outros hábitos de cobiça, egoísmo, raiva, ódio, ciúme, má vontade, paixão vão dissipar-se gradualmente. Você não pode afastar a escuridão de um quarto queixando-se de que não consegue ver, ou fustigando-a com uma vara. Existe apenas um meio para remover a escuridão: introduzir a luz. Da mesma forma, o meio para remover a ignorância não é alongar-se em autocomiseração ou culpar outra pessoa por nossa escuridão interna, mas introduzir a luz de Deus. Ascenda a luz da sabedoria dentro de você, e toda a escuridão de séculos se desvanecerá.

Os devotos que vivem na consciência de Deus descobrem que estão sempre centrados Nele, que a mente está constantemente girando em torno de algum aspecto do Divino: meu Deus, meu Pai, minha Mãe, meu Filho, meu Amigo, meu Bem, meu Amado, meu Amor. Quanto mais se esforçar para manter-se firme nessa consciência, tanto mais rapidamente a pessoa perceberá dentro de si a mesma Imagem Divina que reside em cada um de nós."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 90)


quinta-feira, 16 de maio de 2013

OS INIMIGOS SUTIS


"É fácil imaginar-nos saindo para explorar algum país inóspito e desconhecido. Se vamos de navio, queremos um bote salva-vidas; caso o navio afunde, sabemos que é possível entrar no bote e ficar a salvo. Mas em muitas experiências da vida o bote parece estar furado, apesar das precauções que tomamos.

Em uma selva infestada de animais, você pode precaver-se contra eles, mas os perigos sutis são mais difíceis de vencer. Como se proteger de um ataque de germes? Milhões deles flutuam à nossa volta o tempo todo. (...) A natureza forma uma parede de células de contenção em torno dos germes, que só é eficaz enquanto o corpo consegue manter a resistência. A luta pela sobrevivência prossegue ininterruptamente na floresta invisível da vida dentro de nós!

Para caminhar com segurança pela selva da vida você deve equipar-se com as armas apropriadas. (...) O sábio bem treinado para todas as formas de combate – contra a doença, contra o destino e o karma, contra todos os maus pensamentos e hábitos – sai vitorioso dessa aventura. É preciso cautela e, além disso, a aplicação de certos métodos que garantam a derrota dos inimigos. (...)

Deus nos deu um formidável instrumento de proteção – mais poderoso que metralhadoras, eletricidade, gás venenoso ou qualquer remédio – a mente. Ela é que deve ser fortalecida. (...) Uma parte importante da aventura da vida é dominar a mente e mantê-la controlada, em constante sintonia com o Senhor. Este é o segredo de uma existência feliz e bem-sucedida. (...) É possível conseguir isso quando exercitamos o poder mental e sintonizamos a mente com Deus por meio da meditação. (...) O caminho mais fácil para vencer as doenças, decepções e desastres é estar em constante sintonia com Deus."

(Paramahansa Yogananda – Viva sem Medo – Self-Realization Fellowship - p. 04/06)


segunda-feira, 6 de maio de 2013

HATHA YOGA - COMPONENTES DO SISTEMA (4ª PARTE)

" (...) A Hatha Yoga é um treinamento que tem por objetivo condicionar o homem inteiro, portanto de grande abrangência. A fim de beneficiar a matéria, as energias, as emoções, os pensamentos, a sensibilidade e a conduta moral, finalmente tudo aquilo que constitui o homem, tem de operar com diversos procedimentos, manobras e técnicas. Seus principais componentes são:

(a) Asanas - posturas do corpo que agem terapêutica e corretivamente sobre todos os sistemas, órgãos, tecidos e funções orgânicas. Vista superficial e rapidamente por este aspecto, a Hatha Yoga tem sido confundida com uma simples ginástica e às vezes até contorcionismo. Guarde bem - apenas aparece;
(b) Pranayamas - manobras inteligentes e eficazes sobre o campo energético (prana), sobre os condutos sutis de energia (os naddis) e sobre os centros psicoenergéticos (os chakras) mediante principalmente exercícios respiratórios conscientizadores e voluntários;
(c) Bandhas - controles musculares;
(d) Mudras - gestos para controles neuromusculares;
(e) Nidras - técnicas de relax
(f) Kriyas - técnicas de purificação do meio interno;
(g) Mitahara nutrição pura, leve e energética (satova);
(h) Dharma - conduta ética marcada por não violência, verdade, retidão, humildade, desapego, renúncia;
(i) Dhyana - mente concentrada, viabilizando a mentalização e a meditação;
(j) Mantras - sílabas ou palavras de poder. 

Estes componentes do sistema, agindo sinergicamente  isto é, cada um ativando e aprimorando o outro, com algum tempo de prática, criam e mantêm aquela condição que os sábios hindus denominam arogya, que entendo como "Saúde Plena".

Nesta simples "iniciação" não tenho como explicar a contento cada um destes componentes, não consigo esclarecer a teoria e orientar a prática. Gostaria de fazê-lo. Um outro livro meu - Auto perfeição com Hatha Yoga - é um estudo extenso e claro e uma apropriada orientação aos que desejem ou precisem praticar, configurando o que se poderia chamar "Hatha Yoga sem mestre". Eles tem ajudado um sem número de pessoas a desfrutar excelentes condições de saúde e notáveis melhoras na qualidade de vida. Através de alguns anos ensinando Hatha Yoga a centenas de pessoas, fui delineando um método que denominei "Treinamento Antidistresse" com o qual é possível prevenir os conhecidos e temíveis distúrbios gerados pelo estresse mal administrado. Os depoimentos dos beneficiários evidenciam a admirável eficácia do método. Bendita Hatha Yoga. (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 65/66)


segunda-feira, 15 de abril de 2013

O QUE É REALMENTE A YOGA?

"As pessoas, em sua maioria, estão acostumadas a procurar a realização fora de si mesmas. Vivemos num mundo que nos condiciona a acreditar que realizações externas nos podem dar aquilo que queremos. Contudo, repetidas vezes nossas experiências nos demonstram que nada externo pode satisfazer por completo o profundo anseio interno por "algo mais".

Na maior parte das vezes, entretanto, esforçamo-nos por atingir o que sempre parece estar além de nosso alcance. Enredamo-nos em fazer em vez de ser, em agir em vez de perceber. É difícil para nós imaginarmos um estado de completa tranquilidade e repouso, em que os pensamentos e os sentimentos deixem de dançar em perpétuo movimento. Todavia, é por meio de tal estado de quietude que podemos entrar em contato com um nível de alegria e entendimento impossível de se alcançar de outra maneira.

A Bíblia diz: "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus". Nessas poucas palavras está a chave para a ciência da yoga. Essa antiga ciência espiritual oferece meios diretos para acalmar a turbulência natural dos pensamentos e a inquietude do corpo que nos impedem de conhecer o que realmente somos.

Nossa percepção e nossas energias estão comumente dirigidas para o exterior, para as coisas deste mundo, que percebemos através dos instrumentos limitados de nossos cinco sentidos. Como a razão humana tem de contar com os dados parciais e frequentemente enganosos fornecidos pelos sentidos físicos, precisamos aprender a explorar níveis mais sutis e profundos de percepção se quisermos resolver os enigmas da vida: Quem sou eu? Por que estou aqui? Como posso conhecer a Verdade?

A yoga consiste em um processo simples de reversão do fluxo de energia e consciência, habitualmente dirigido ao exterior, de forma que a mente se converta em um centro dinâmico de percepção direta - não mais dependente dos sentidos falíveis, mas capaz de conhecer de fato a Verdade, por experiência direta.

Pela prática dos métodos graduais da yoga - nada aceitando como pressuposto, em bases emocionais ou pela fé cega -, chegamos a conhecer nossa união com aquela Inteligência, Poder e Alegria Infinita que confere vida a todas as coisas e que é a essência de nosso próprio Eu."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. IX/X)


quinta-feira, 11 de abril de 2013

O CÉU ESTÁ DENTRO DE NÓS

"O modo mais seguro de estar sempre em paz interiormente é conservar Deus em nossos pensamentos ao longo do dia, não importa o que estejamos fazendo, não importa quais sejam nossas tribulações interna ou experiências externas. Gurudeva com frequência colocava esta questão para nós: "Onde está sua mente? Onde está o centro de seu ser?" Assim ele nos lembrava de manter nossa consciência sempre focalizada interiormente em Deus. O constante foco de nosso ser e atenção deve ser a paz interior da presença de Deus, a sensação que temos depois de uma meditação profunda: tão agradável, tão cheia de paz, tão em harmonia com Deus. Nenhum outro desejo resta, nem a mais leve intranquilidade agita a consciência. O homem precisa ser assim o tempo todo. Não deve permitir que nada o perturbe. 

Qualquer perturbação em nossa vida deve ser vista como um teste de Deus, destinado a nos instruir e fortalecer. Uma corrente é apenas tão forte quanto o seu elo mais fraco; cada um de nós é simplesmente tão forte quanto a nossa maior fraqueza. Precisamos aprender a ficar tranquilos, inabaláveis, intrépidos, não importa o que aconteça na vida. Não se pode alcançar esse equilíbrio de consciência meramente lendo verdades espirituais ou falando sobre elas, mas apenas pela meditação, chega-se a percepção direta e pessoal de Deus. Quanto mais envelhecemos, tanto mais percebemos que a vida nos impõe decepções; os prazeres não cumprem sua promessa. No entanto, quanto mais profundamente procuramos Deus, tanto mais percebemos que não há nada que possa igualar a alegria da presença divina. Somente essa Alegria é real neste ilusório mundo de mudança e relatividade. Coisa nenhuma que o homem anseie pode sequer começar a lhe dar essa satisfação."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 156/157)


quarta-feira, 3 de abril de 2013

A MENTE É O ASPECTO PENSANTE DA CONSCIÊNCIA ABSOLUTA

"Os olhos devem ser treinados para descobrir as pegadas de Deus. Neste processo, a mente tem de ser controlada. Ela é o pivô dos pensamentos e sentimentos. A mente é o aspecto pensante da Consciência Absoluta, isto é, de Brahman. O Ser Absoluto, manifestando-se na atividade imaginativa, é a mente. Ela, em vez de voltar-se para o Absoluto, volta-se para fora, e começa a utilizar os sentidos como instrumentos seus, esquecendo sua fonte - o Absoluto. Como e por que tal acontece é inexplicável. Sabemos que é isso o que acontece, mas também sabemos que pode ser evitado. O intelecto não pode apreender o segredo, que é a ilusão (maya), porque ele também é limitado por ela. Isso é um fato, e, como fato, deve ser encarado. A mente é um pano de fundo do mundo. Se seus pensamentos e atividades são válidos, sadios, isentos de violência, plenos de amor, e moralmente harmoniosos, a Paz está próximo à mão, e Brahman pode ser alcançado. Ei por que a disciplina tem de ser rigorosamente seguida, visando a conduzir a mente para o interior, para Deus, para Sua Fonte."

(Sathya Sai Baba - Sadhana o Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p.27/28)


terça-feira, 2 de abril de 2013

INTROSPECÇÃO: O SEGREDO DO PROGRESSO

"A primeira coisa a fazer é praticar a introspecção. Faça uma apreciação de você mesmo e de seus atos e descubra o que está impedindo seu caminho. Frequentemente, é inércia ou falta de atenção e de esforço íntegros e definidos. Às vezes, existem hábitos que precisam ser arrancados do jardim de sua vida, como as ervas daninhas, a fim de que a verdadeira felicidade possa deitar raízes com mais firmeza.

Um dos segredos do progresso é a autoanálise. A introspecção é um espelho que reflete o recôndito da mente, que de outra forma permaneceria oculto para você. Faça um diagnóstico de suas falhas e separe as boas tendências das más. Analise o que você é, o que deseja tornar-se e as fraquezas que o estão impedindo. 

Milhões de pessoas nunca analisam a si próprias. Mentalmente, são produtos mecânicos da fábrica do ambiente em que vivem, preocupadas com o café da manhã, almoço e jantar, trabalhando, dormindo, indo daqui para ali a fim de se divertirem. Elas não sabem o que, nem por que estão procurando, e tampouco compreendem por que jamais encontraram felicidade perfeita ou satisfação duradoura. Esquivando-se da autoanálise, elas permanecem como robôs, condicionadas pelo seu meio. A verdadeira autoanálise é a melhor arma do progresso. Todos deveriam aprender a se autoanalisar desapaixonadamente. Anote diariamente seus pensamentos e aspirações. Descubra o que você é - não o que imagina ser! - porque quer fazer de você aquilo que deveria ser. A maioria das pessoas não muda porque não vê seus próprios erros.

Quem ainda não mantém um diário mental deve iniciar essa prática salutar. O conhecimento do quanto e de que maneira falhamos em nossas experiências diárias da vida pode estimular-nos a fazer maiores esforços para sermos aquilo que devemos ser. Mantendo esse diário e usando o discernimento para destruir os maus hábitos que geram dores e sofrimentos, poderemos nos livrar deles. Todas as noites deveríamos nos questionar: "Durante quanto tempo estive hoje com Deus?" Deveríamos analisar também quantos pensamentos profundos tivemos, quanto dos nossos deveres realizamos, quanto fizemos pelos outros, como enfrentamos as diversas situações do dia.

Se olhar os gráficos de sua mente, você poderá ver se está progredindo diariamente. Você não quer se esconder de si mesmo. Você precisa saber exatamente como é. Mantendo um diário de suas práticas de introspecção, você será capaz de vigiar seus maus hábitos e estará melhor preparado para destruí-los."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realizatio Fellowship - p. 96/98)
http://www.omnisciencia.com.br/colecao-yogananda/onde-existe-luz.html


quinta-feira, 21 de março de 2013

FORMAS GERADAS PELA LINGUAGEM (2ª PARTE)

"Cada palavra proferida gera uma pequena forma na matéria etérica, tal qual o faz um pensamento na matéria mental. Algumas destas formas são condenáveis. A palavra "ódio", por exemplo, gera uma forma horrível, tanto assim que, tendo visto sua forma, eu jamais uso essa palavra. Podemos dizer que não gostamos de uma coisa, ou que não nos interessa, mas nunca devemos empregar a palavra "ódio", pois o ver simplesmente a forma que ela produz gera um sentimento de agudo mal-estar. Por outro lado, há palavras que geram formas belas, palavras essas que faz bem recitá-las. (...) 

Tais "formas de palavras" não são determinadas pelo pensamento que acompanha a palavras; o pensamento constrói sua própria forma num tipo superior de matéria. Por exemplo a palavra "ódio" é frequentemente empregada de maneira todo casual, sem conter em si nada do ódio real, quando se fala, talvez, de um produto alimentar. Esse é um emprego perfeitamente desnecessário de tal palavra, e obviamente não comunica nenhuma grave emoção, e por isso a forma ódio astral não é produzida; mas a forma sonoro etérica feia aparece exatamente como se o locutor realmente quisesse significar isso. Assim, evidentemente, a palavra em si não é boa. 

Fato idêntico se dá com os juramentes e palavras obscenas empregados tão frequentemente entre pessoas incultas e não educadas; as formas geradas por algumas dessas são de natureza peculiarmente horrível quando vistas clarividentemente. Mas é inconcebível que alguém, aspirando a ser um discípulo, quisesse poluir seus lábios com elas. (...)

A mesma regra se aplica em relação ao hábito de exagerar. Não raro as pessoas falam de maneira mais extravagante. Se algo está distante uma centena de metros, falam em "milhas de distância". Se acontece estar um dia mais quente do que o habitual, dizem "escaldante". Nosso domínio do vernáculo é pobre se não podemos encontrar palavras que expressem diferentes gradações de pensamento sem recorrer a estes superlativos agrestes e sem sentido. Pior que tudo, se desejam comunicar a ideia de algo especialmente bom, o descrevem como "terrivelmente" bom, o que não é apenas contradição de termos, e, portanto, uma expressão sumamente ridícula e sem sentido, mas também um chocante mau emprego de uma palavra que tem sua conotação própria, que torna grotescamente inadequada sua aplicação num tal sentido. Todas essas abominações devem ser estritamente evitadas por quem aspire a tornar-se um estudante de ocultismo. (...)"

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 96/97)


quarta-feira, 20 de março de 2013

FORMAS GERADAS PELA LINGUAGEM (1ª PARTE)

"O discípulo deve vigiar sua maneira de falar, bem como o assunto, de sorte que seja amável, formosa e correta, e livre de desconsideração e exagero. Suas palavras têm de ser bem escolhidas e bem pronunciadas. Muitos pensam que na vida diária não é necessário dar-se ao incômodo de falar claramente; isso importa muito mais do que imaginam, porque estamos a todo instante construindo nosso próprio ambiente, que por sua vez reage sobre nós. Enchemos nossos cômodos e lares com nossos próprios pensamentos, e depois temos de viver ali. Se, por exemplo, um indivíduo permite deixar-se vencer pela depressão, seu cômodo fica carregado dessa qualidade, e qualquer pessoa sensitiva que ali penetre se apercebe de certa diminuição de vitalidade, de uma perda de tonalidade. Muito mais ele, que vive a maior parte do tempo nesse cômodo, é perpetuamente afetado pela depressão, e não pode facilmente livrar-se dela. Da mesma forma, o homem que se rodeia de uma atmosfera de formas sonoras desagradáveis engendradas por uma linguagem descuidada e inculta produz uma atmosfera onde estar formas reagem constantemente sobre ele, e está sujeito a reproduzir estas formas desagradáveis; se não toma cuidado, ver-se-á contraindo o hábito de falar com aspereza e grosseria. 

Tenho ouvido amiúde os professores primários: "Nada podemos fazer com a linguagem das crianças. Enquanto as temos aqui na escola, procuramos corrigi-las, mas quando vão para casa, elas ouvem a má pronúncia das palavras, e isso sempre persiste, e para nós é impossível corrigi-lo." As crianças permanecem na escola talvez umas cinco horas por dia, e a maior parte do tempo ficam em casa, onde uma atmosfera de indesejáveis formas sonoras pode pressioná-las durante todo o tempo, de sorte que são absolutamente escravas dessa atmosfera. Há certas palavras que elas não conseguem dizer, pois não podem pronunciar um som puro.

Pode-se crer que uma pequenina coisa não tem importância; de nenhum modo é uma pequena coisa, e um número delas perpetuamente repetidas produz um enorme efeito. É seguramente melhor que nos rodeemos de beleza e não de fealdade, mesmo que seja na matéria etérica. É de suma importância falar com correção, clareza e beleza, pois isso conduz tanto ao refinamento interno como ao externo. Se falamos de uma maneira grotesca e desalinhada, degradamos o nível de nosso pensamento, e tal maneira de falar repelirá e desgostará as pessoas que desejaríamos ajudar. Aqueles que não podem ser exatos no emprego de palavras não podem ser precisos em seu raciocínio; serão mesmo mais vagos em questão de moralidade, pois todas estas coisas reagem uma sobre as outras. (...)"

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 94/95)


domingo, 17 de março de 2013

CRIE O HÁBITO DE EMITIR PENSAMENTOS DE AJUDA E BOA VONTADE A TODOS QUE TE RODEIAM

"Ninguém tem possibilidade de tornar-se discípulo aceito a não ser que haja adquirido o hábito de volver suas forças para fora e de concentrar sua atenção e energia sobre outros, para verter sobre eles pensamentos de ajuda e boa vontade. Oportunidades de se fazer isto são constantemente oferecidas, não apenas entre aqueles com os quais entramos em íntimo contato, porém mesmo entre os estranhos que deparamos na rua. As vezes sabemos de alguém que se acha obviamente deprimido ou sofrendo, num jato podemos injetar em sua aura um pensamento de estímulo e fortalecimento. Permita-se-me citar mais uma vez uma passagem que vi há um quarto de século num dos livros do Novo Pensamento:

Impregna amor ao pão que assas; embrulha em energia e coragem o pacote que atas para a mulher de rosto fatigado; unta de confiança e sinceridade o dinheiro que pagas ao homem de olhar desconfiado.

É um lindo pensamento expresso de maneira exótica, porém que transmite a grande verdade de que cada contato é uma oportunidade, e que cada pessoa que encontramos da maneira mais casual é alguém para ser ajudado. Assim o estudante da Grande Lei percorre a vida distribuindo bênçãos a todos em volta de si, fazendo o bem irrestritamente por toda a parte, muito embora frequentemente o recipiente da bênção e ajuda não tenha nenhuma ideia de sua procedência. De tais benefícios todos os homens têm o seu quinhão, dos mais pobres aos mais ricos; todos os que podem pensar também podem emitir pensamentos bondosos e de ajuda, e nenhum desses pensamentos falhou, nem jamais pode falhar enquanto imperarem as leis do universo. Podeis não ver o resultado, mas o resultado ali está. e não sabeis que fruto pode nascer da tênue semente que semeais enquanto percorreis vossa senda de paz e amor."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 103/104)


domingo, 10 de março de 2013

O POTENCIAL INFINITO DO PENSAMENTO

"Na vida o homem deve realizar algo além de comer, dormir e trabalhar. Os que são pensadores começam a refletir sobre tudo. Observam e questionam por que as coisas acontecem, ou não acontecem, de determinado modo. Temos primeira e segunda dentição; por que não uma terceira? O que causa essa regulação? Aceitando, sem discutir, muitos pensamentos ilusórios de limitação física, o homem permite que os mesmos controlem sua esfera de existência. Os que pensam não aceitam o inevitável; eles lutam para modificá-lo. Esse é o ingrediente que possibilita o progresso. 

Fico emocionado quando vejo as grandes fábricas, as invenções extraordinárias e outras excepcionais conquistas humanas. Quanto coisa saiu do cérebro do homem! E o próprio cérebro é infinitamente mais complexo do que qualquer coisa que tenha produzido. 

Numerosas pessoas têm a mente obtusa (...) Não são necessariamente ignorantes, apenas muito preguiçosas mentalmente para fazer qualquer esforço além do óbvio necessário. Posso perdoar a preguiça física (talvez haja uma causa fisiológica que a justifique); mas não há desculpa para a preguiça mental! Os mentalmente preguiçosos não gostam de pensar, porque até isso lhes parece trabalhoso demais.

O pensamento é fascinante. Ninguém jamais poderá catalogar todas as tendências e percepções da mente; sua capacidade é infinita. Entretanto, a mente não pode ter um único pensamento original; não há uma só ideia que Deus já não tenha criado ao conceber Suas criações do passado, do presente e do futuro. Por isso, se você pensar com suficiente profundidade a respeito de um assunto, receberá resposta para qualquer dúvida.

Além de pensar, você deve sentir; se o sentimento não acompanhar seus pensamentos, você nem sempre alcançará a conclusão correta. O sentimento é uma expressão da intuição, repositório de todo conhecimento. Sentimento e pensamento (ou razão) devem estar equilibrados; só então a alma, a sublime imagem de Deus em você, manifestará sua plena natureza. Por isso, a ioga ensina a equilibrar as faculdades da razão e do sentimento. Quem não os tem em perfeito equilíbrio, não é uma pessoa plenamente desenvolvida."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 252/253)


sexta-feira, 8 de março de 2013

NÃO SE PODE CONCILIAR O BEM E O MAL

"Vez por outra, todos os devotos que decidem buscar Deus passam por um estado em que se agarram tanto a seus bons quanto a seus maus hábitos. Depois de analisar seus pensamentos, eles descobrem que embora estejam extremamente ansiosos por encontrar Deus, e mesmo que sinceramente estejam tentando formar bons hábitos de meditação e ação espiritual, ainda se sentem muito, muito relutantes em abrir mão dos maus hábitos - raiva, mau humor, simpatias e antipatias. Contudo, não é possível conciliar a presença de ambas as boas e más ações numa vida que é dedicada a Deus. Não funcionará. Nossas mentes têm que aceitar esse fato, ou não faremos um esforço real para vencer os humores e os hábitos errados. Ao meditar mais profundamente e ao cumprir todos os deveres com o pensamento de servir a Deus, o devoto começa gradualmente a fortalecer seus bons hábitos e tendências. À medida que estes levam a melhor, os maus hábitos começam a perder sua influência sobre o devoto.

Desse modo, ao buscar Deus e ao nos esforçarmos para ser bons, devemos aceitar o corolário lógico de abandonar o mal. Não se pode conciliar o bem e o mal dentro de si. Mais cedo, ou mais tarde, o conflito entre o bem e o mal destruirá sua paz mental. Lembro-me de Gurudeva dizer muitas vezes aos devotos: "Se você pensa que pode persistir com sua raiva, ciúme, desejos egoístas, e ainda encontrar Deus, está enganado. Você não conseguirá!"

Empenhe-se sempre, com total esforço, para superar as qualidades não espirituais, mas não desanime se isso levar muito tempo. O Senhor não está interessado em saber quanto tempo levamos para banir nossas faltas - Sua principal preocupação é que, em pensamento e ação, resistamos continuamente às nossas más tendências. Quando fazemos um esforço para melhorar e para meditar mais longa e mais profundamente, descobrimos de tempos em tempos - muitas vezes quando menos esperamos -, que um fardo foi removido de nossa consciência, deixando-nos completamente livres de algum mau hábito ou tendência."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 227/228)


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

AMOR - PARTE II

"(§57) Não contente por ter feito todo este dano a si mesmo e à sua vítima, o maledicente tenta, com todas as suas forças, tornar outros homens cúmplices de seu crime. Ansiosamente lhes conta sua perversa história, com a esperança de que nela acreditem; e eles, então, unem-se a ele a enviar maus pensamentos ao pobre sofredor. E isso se repete dia após dia, e é feito não por um homem, mas por milhares. Começas a ver quão vil, quão terrível é este pecado? Tens de evitá-lo por completo. Nunca fales mal de ninguém; recusa ouvir quando alguém falar mal de outrem, porém dize gentilmente: "Talvez isto não seja verdade, e mesmo que seja, é mais amável não falarmos nisso."

(§58) Quanto à crueldade, pode ser de dois tipos: intencional e não intencional. A crueldade intencional consiste em causar dor propositalmente a outro ser vivo; e este é o maior de todos os pecados - obra mais própria de um demônio do que de um homem. Dirias que nenhum homem poderia fazer tal coisa; mas os homens a têm feito frequentemente, e ainda hoje a estão fazendo diariamente. Os inquisidores a fizeram; muitas pessoas religiosas fizeram-na em nome de sua religião. Os vivisseccionistas a fazem; muitos professores de escola a fazem habitualmente. Todas estas pessoas tentam desculpar a sua brutalidade dizendo que é o costume; mas um crime não deixa de ser crime porque muitos o cometem. O carma não leva em conta o costume; e o carma da crueldade é, de todos, o mais terrível. Na índia, pelo menos, não pode haver desculpa para tais costumes, pois o dever de não causar dor é bem conhecido de todos. O destino reservado aos cruéis terá de cair também sobre todos os que intencionalmente matam criaturas de Deus, chamando a isso de "esporte".

(§59) Sei que tu não farias coisas tais como estas; e pelo amor de Deus, quando a oportunidade se oferecer falarás claramente contra elas. Existe, porém, a crueldade no falar tanto quanto no agir; e um homem que diz uma palavra com a intenção de ferir a outrem é culpado deste crime. Isto tu também não farias; mas, às vezes, uma palavra descuidada causa tanta dor quanto uma maliciosa. Deves, pois, estar alerta contra a crueldade não intencional.

(§60) Ela procede, usualmente, da irreflexão. Um certo homem é tão cheio de cobiça e avareza que nunca pensa sequer quanto sofrimento causa a outros pagando-lhes muito pouco, ou por deixar meio famintos sua mulher e filhos. Outro pensa apenas em sua própria luxúria, pouco lhe importando quantas almas e corpos ele arruína para satisfazê-la. Um outro, ainda, somente para poupar-se uns poucos minutos de incômodo, não paga os seus empregados no dia apropriado, sem pensar nas dificuldades que lhes causa. Tanto sofrimento é causado meramente pela irreflexão - por esquecer-se de pensar como uma ação afetará os outros. Porém, o carma nunca esquece, e não leva em conta o fato de que os homens esquecem. Se desejas entrar na Senda, tens de pensar nas consequências do que fizeres, para que não sejas culpado de crueldade irrefletida. (...)"

(Krishnamurt – Aos Pés do Mestre – Ed. Teosófica, Brasília)


domingo, 17 de fevereiro de 2013

AMOR - PARTE I


"(§50) De todas as Qualificações, o Amor é a mais importante, pois se for bastante forte em um homem, impele-o a adquirir todas as demais, e todas as demais sem o Amor nunca seriam suficientes. Frequentemente é expresso como um intenso desejo pela libertação da roda de nascimentos e mortes, e de união com Deus. Porém, entendê-lo deste modo parece egoísta, e transmite apenas uma parte de seu significado. Não é tanto desejo como vontade, resolução, determinação. Para produzir seu resultado, esta resolução deve preencher de tal modo toda a tua natureza que não deixe lugar para qualquer outro sentimento. É, na verdade, a vontade de ser uno com Deus, não para que possas escapar à fadiga e ao sofrimento, mas para que, por causa de teu profundo amor por Ele, tu possas agir com Ele, e como Ele age. E porque Ele é Amor, tu, se quiseres tornar-te uno com Ele, deves também estar pleno de perfeito altruísmo e amor.

(§51) Na vida diária isto significa duas coisas: primeira, que deves ser cuidadoso para não causar dor a nenhum ser vivo; e segunda, que deves estar sempre vigiando por uma oportunidade de prestar auxílio.

(§52) Primeiro, não causar dor. Há três pecados que causam mais dor do que todos os outros no mundo - a maledicência, a crueldade e a superstição - porque são pecados contra o amor. Contra esses três pecados, o homem que quiser encher seu coração com o amor de Deus, deve vigiar incessantemente.

(§53) Vê o que a maledicência produz. Inicia com um mau pensamento, e este em si mesmo já é um crime. Pois em todos e em tudo existe o bem; em todos e em tudo existe o mal. Podemos reforçar qualquer um deles pelo pensamento, e deste modo podemos auxiliar ou retardar a evolução; podemos fazer a vontade do Logos ou a Ele resistir. Se pensares no mal que existe em outrem, estarás fazendo ao mesmo tempo três ações más:

(§54) (1) Estás enchendo a tua vizinhança de maus em vez de bons pensamentos, e assim estás aumentando a tristeza do mundo.

(§55) (2) Se existir neste homem o mal que imaginas, estás reforçando e alimentando esse mal; e assim estás tornando teu irmão pior em vez de melhor. Geralmente, porém, o mal não existe, e tu o criaste apenas em tua fantasia; então o teu mau pensamento tentará teu irmão acometer erro, pois, se ele ainda não for perfeito, poderás torná-lo tal qual o imaginaste.

(§56) (3) Enches tua própria mente com maus em vez de bons pensamentos; e assim retardas teu próprio crescimento, e tornas-te, para aqueles que podem ver, um objeto feio e penoso em vez de belo e amável. (...)"

(Krishnamurt – Aos Pés do Mestre – Ed. Teosófica, Brasília)


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

PENSAMENTO CORRETO, POSITIVO

"Se você quiser expulsar a escuridão da sala, não vai usar um mata-moscas e ficar desferindo golpes na escuridão, vai? Porque, mesmo que pudesse fazer isso um milhar de anos, você não a afastaria. A maneira de expulsar a escuridão da sala é acender a luz, ou riscar um fósforo. A maneira de vencer os pensamentos negativos é aplicar o oposto, o pensamento positivo. No momento que você começa a pensar de forma mais positiva em sua vida, começa a falar de forma mais positiva, começa a agir de forma mais positiva, saiba com certeza que está aplicando as leis divinas que atrairão automaticamente para você o resultado benéfico dessas leis. 

Assim, junto com a meditação diária, é essencial que o indivíduo aprenda a vigiar os pensamentos, porque o pensamento é o pai ou a mãe da ação. "Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim ele é." O que você pensa expressa-se por fim em palavras e ações. Assim, a pessoa tem de começar consigo mesma, com seus pensamentos. Tem de começar substituindo os pensamentos negativos, de crítica e de dúvida por pensamentos positivos, e a maneira mais simples de fazer isso, segundo minha própria experiência, é: sempre que tiver tempo livre de obrigações, deixe que a mente descanse em Deus. Ele é o pensamento mais poderoso do mundo. Chama-se isso praticar a presença de Deus. A mente é como uma página em branco quando você nasce. Seus pensamentos então começam a fazer riscos no cérebro. Quando você toma um pensamento particular - especialmente se for negativo ou destrutivo - e pensa nele vezes sem conta, e ninguém jamais o educa ou disciplina para tirá-lo dessa ranhura, você vai descobrir que, à medida que avança em idade, chega uma hora em que está absolutamente preso a esse pensamento e não consegue se libertar."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 137/138)


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

DOMÍNIO DA AÇÃO (2º PONTO DE CONDUTA)


"(§38) Se o teu pensamento for o que deve ser, terás pouca dificuldade com tua ação. Lembra-te, contudo, que para ser útil à humanidade, o pensamento deve resultar em ação. Não deve haver preguiça, mas constante atividade em boas obras. Tens, porém, de cumprir o teu próprio dever - não o de outrem, a não ser com a sua permissão e o propósito de  auxiliá-lo. Deixa que cada um execute seu próprio trabalho a seu modo; estejas sempre pronto a oferecer auxílio aonde ele for necessário, mas nunca te intrometas. Para muitas pessoas, a coisa mais difícil do mundo é aprender a cuidar de seus próprios assuntos; porém é exatamente isto o que deves fazer. 

(§39) Pela razão de tentares realizar um trabalho mais elevado, não deves esquecer os teus deveres ordinários, pois enquanto não os tiveres cumprido, não estarás livre para outro serviço. Não deves assumir novos deveres mundanos, mas aqueles que já assumiste, deves cumprir perfeitamente - os deveres evidentes e razoáveis que tu próprio reconheces, isto é, não os deveres imaginários que outros tentam impor-te. Se queres pertencer ao Mestre, deves executar o teu trabalho ordinário melhor do que os outros, não pior, porque deves fazer também isto por amor a Ele."

(Krishnamurt - Aos Pés do Mestre - Ed. Teosófica, Brasília)