OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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segunda-feira, 29 de maio de 2017

O AMOR UNIVERSAL

"O amor é abordado pelas grandes tradições religiosas do mundo. São sublimes os comentários de São Paulo sobre o amor, na Bíblia: 'Ainda que eu falasse línguas, a dos homens e a dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine (...) Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria.'

Paulo comentou a fala, que é um poder. As palavras são extraordinariamente potentes e suas vibrações possuem efeito muito maior do que podemos imaginar. Muitas palavras são ditas descuidadamente porque vêm de uma consciência caracterizada pelo egoísmo. De nossa parte, sem uma conexão fundamental com toda a vida, elas talvez não queiram dizer muita coisa. Até que o amor universal crie raízes em nós e comece a crescer, seremos incapazes de expressar nossa humanidade mais plenamente.

Talvez seja interessante dizer que geralmente só conhecemos uma versão limitada do amor. Podemos sentir uma afeição profunda por outra pessoa, mas o que chamamos de amor pode ainda ter em si uma mancha de egoísmo.

O relacionamento encontra sua mais elevada expressão quando existe amor genuíno. Uma máxima encontrada em várias tradições religiosas apresenta o princípio fundamental do correto relacionamento: tratar os outros exatamente como gostaríamos que nos tratassem. Essa é conhecida como 'a regra de ouro'.

É inevitável que a humanidade desenvolva um relacionamento autêntico e significativo com o espírito. Muitas pessoas sentem esse relacionamento, quer pertençam ou não a uma tradição religiosa. Os santos e sábios, ao longo da história, e alguns indivíduos inspirados dessa era, dão testemunho quanto à nobreza do espírito humano. Dentro de nós há renovação, se ousarmos olhar para nós próprios inteligentemente, e se ousarmos aquietar-nos, o que muitas pessoas têm medo de fazer. Com a renovação surge uma ética natural que se derrama em nossas atividades e relacionamentos. No relacionamento significativo há renovação. A renovação de uma massa crítica da humanidade, refletida no correto relacionamento, pode agir como uma parteira que algum dia auxiliará o parto de um renascimento espiritual na sociedade."

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 35
www.revistasophia.com.br

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A AUTÊNTICA ESPIRITUALIDADE (1ª PARTE)

"O que é espiritualidade? O termo tende a ser usado livremente e muitas vezes tem algo de vago. Aliás, poderia ser útil começar fazendo uma consideração sobre o que a espiritualidade não é. Primeiro, não é sinônimo de psiquismo. Hoje em dia  são oferecidas muitas buscas aparentemente espirituais, prometendo coisas maravilhosas. Essas coisas podem puxar as pessoas em muitas direções ao mesmo tempo, mas não satisfazem nossos anseios mais profundos. É provável que as fraquezas de um indivíduo que prematuramente obtém certos poderes psíquicos aumentem em tal situação, levando talvez a um senso inflado de autoimportância, à ilusão de que a pessoa é extraordinariamente especial, com mensagens de grande significação para o mundo.

Um indivíduo assim pode - ou não - ser ético. Em muitos casos, sem verdadeira preparação moral, o desenvolvimento deliberado de poderes psíquicos pode ser inútil. É mais sábio deixar que tais habilidades desabrochem naturalmente no decorrer da evolução, em vez de serem artificialmente aceleradas.

Em segundo lugar, espiritualidade não é algo que pode ser produzido rapidamente, nem pode ser conferida por outro. Em terceiro, a espiritualidade não surge automaticamente só porque a pessoa torna-se culta em questões religiosas; não é algo superficial, resultado da busca egoísta do saber.

Sendo assim, o que é espiritualidade? Primeiro, a espiritualidade autêntica transcende o reino psíquico. É um desejo profundo, genuíno, de se conectar conscientemente com o divino. Quando a espiritualidade é genuína há uma firme convicção da mais profunda sacralidade no interior de toda vida, que se expressa naturalmente num viver ético. No livro The Nature of Nature, Klaus Klostermaier cita o famoso cientista Konrad Lorenz, que via o maior perigo para a humanidade 'não na ameaça nuclear ou na crise ecológica, mas na progressiva decadência e desintegração da ética e da moralidade. (...)"

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 32/33)


domingo, 30 de abril de 2017

PASSOS NO CAMINHO (PARTE FINAL)

"(...) • Desejo de União ou Amor: essas são as qualificações cujo desenvolvimento é a preparação para o primeiro Portal da Iniciação. Para obtê-las, o homem reveste-se de resolução, firma a mente na ideia de caminhar para a frente com rapidez, de forma a poder tornar-se um Auxiliar da Humanidade.

Logo que tiver adquirido o suficiente dessas qualificações para bater à Porta e vê-la aberta, ele está pronto a atravessar o limiar e a palmilhar o Caminho. Então ele é iniciado ou recebe o 'segundo nascimento'. Entre os hindus, ele é chamado de o Viandante (Parivrajaka ou Sotapanna) e, antes de chegar à segunda Iniciação, deve descartar por inteiro os obstáculos da: Separatividade – deve compreender que todas as personalidades são uma; da Dúvida – deve saber e não apenas acreditar nas grandes virtudes do Karma, da Reencarnação e da Perfeição a serem alcançadas palmilhando o Caminho; da Superstição – a dependência de ritos e cerimônias. Descartados por inteiro esses três grilhões, o Iniciado está pronto para o segundo Portal e torna-se o Construtor (Kutichaka), ou 'o que retorna apenas uma vez' (Sakadagamim). Ele deve agora desenvolver os poderes dos corpos sutis, para ser útil nos três mundos, para estar preparado para o serviço. A passagem pelo terceiro Portal faz dele o Unido (Hamsa, 'Eu sou Ele') ou 'aquele que não retorna', a não ser com seu próprio consentimento (Anagamim). Para o quarto Portal ele deveria passar nessa mesma vida, e, para aquele que passou, o nascimento compulsório está terminado. Agora ele deve descartar os grilhões do Desejo – os desejos rarefeitos que talvez tenham ficado nele – e da Repulsa – nada deve ser repulsivo para ele, porque em tudo ele deve ver a Unidade. Isso feito, ele passa através do quarto Portal, e torna-se o superindivíduo (Paramahamsa) ('além do eu') ou 'o Venerável' (Arhat). Cinco são os tênues grilhões que ainda o prendem; contudo, é tão árduo partir sua complexa sutileza que sete vidas ainda são usadas, com frequência, no caminhar pelo espaço que separa o Arhat do Mestre, do Livre, do Imortal. 'Aquele que nada mais tem a aprender' neste sistema, mas pode saber o que desejar voltando sua atenção para o que quer saber. Os grilhões são: o desejo da vida na forma, desejo pela vida em mundos sem formas, orgulho – pela grandeza da tarefa realizada, a possibilidade de ser perturbado pelo que quer que seja que aconteça, a ilusão – a última película que pode distorcer a Realidade. Quando tudo isso tiver sido descartado para sempre, então o triunfante Filho do Homem terá terminado o Seu curso humano, tornando-se 'uma Coluna no Templo do meu Deus e dali não mais sairá'. Ele é o homem que se fez perfeito, um dos Nascidos Primeiro, um Irmão mais Velho da nossa raça."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)


sexta-feira, 28 de abril de 2017

DESASTRES MENTAIS

"Dirigindo uma bicicleta, você terá que ter muito menos cuidado do que se estiver em cima de uma moto supermáquina. Um erro praticado por um ciclista terá resultados muito menos dramáticos que o praticado por um motociclista. Não é? O ferimento que um agressor fizer em sua vítima depende do grau de destrutibilidade de sua arma. Assim, quem dá um soco, praticará uma violência menos desastrosa do que se atirasse nele com uma pistola automática.

Estou querendo, com isto, lembrar que um pensamento agressivo, emitido por uma pessoa comum, é muito menos trágico do que um produzido por um desses indivíduos que, através de técnicas, enquanto negligentes na ética, andou 'desenvolvendo os poderes mentais'.

Lembro ainda que pensamento destrutivo não se dirige somente contra os outros. Quando, no auge de uma crise existencial, mergulhado em depressão ou irritação, invigilantemente, qualquer um chega a dizer, com sinceridade e ênfase: 'É o fim! Tomara morrer. A vida é uma droga. Vivo no inferno. Por que não morro logo?!'

Isto é cientificamente, uma genuína autodestruição que se cumpre muito mais rápida, fiel e necessariamente na medida em que o imprudente 'desenvolveu' seus 'poderes mentais'

Cuidado!

Minha mente seja Teu trono, Senhor."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 187/188)


segunda-feira, 24 de abril de 2017

COMO SEGUIR O CAMINHO (PARTE FINAL)

"(...) Como disse o Buda no seu primeiro ensinamento, a raiz de todo nosso sofrimento no samsara é a ignorância. Até que nos livremos das suas malhas, ela pode parecer infinita e pode enevoar nossa busca, mesmo quando já estamos trilhando o caminho da espiritualidade. No entanto, se você se lembrar disso e ficar com os ensinamentos no seu coração, desenvolverá gradualmente o discernimento para reconhecer as inúmeras confusões da ignorância tais como são, sem nunca pôr em risco o seu empenho ou perder a sua perspectiva.

A vida, como nos ensinou o Buda, é breve como um relâmpago; no entanto, como disse Wordsworth: 'O mundo está demasiadamente conosco: obtendo e gastando nós devastamos nossos poderes'. Essa ruína dos nossos poderes, essa traição da nossa essência, esse abandono da miraculosa oportunidade que esta vida - o bardo natural - nos dá de conhecer e corporificar a nossa natureza iluminada, é talvez a coisa mais dolorosa a respeito da vida humana. O que os mestres estão nos dizendo de fundamental é para pararmos de enganar a nós mesmos: o que teremos aprendido se no momento da morte não soubermos quem de fato somos? Como diz o Livro Tibetano dos Mortos:

Com a mente muito longe, sem pensar na vinda da morte,
Cumprindo estas atividades sem sentido,
Voltar de mãos vazias, agora, seria completa confusão;
Necessário é o reconhecimento, o ensinamento espiritual,
Então por que não praticar o caminho da sabedoria neste exato momento?
Da boca dos santos vêm estas palavras:
Se você não mantiver o ensinamento do mestre em seu coração
Não estará enganando a si mesmo?"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 177/178

segunda-feira, 20 de março de 2017

SEXO E AMOR (PARTE FINAL)

"(...) As religiões se preocupam muito com a moralidade sexual, mas muitas vezes não censuram crueldades cometidas em nome do patriotismo, da busca de poder e de sucesso. Mas as religiões organizadas fazem parte do ambiente que criamos, semeado por esperanças, inveja e separatividade. No terreno religioso, como em outro qualquer, a mente está aprisionada às projeções dos seus próprios desejos. 

Enquanto não houver compreensão profunda de todo o processo do desejo, a instituição do matrimônio, como existe hoje quer no Oriente, quer no Ocidente, não poderá solucionar o problema sexual. O amor não nasce com a assinatura de um contrato; não depende de uma permuta de prazeres ou de conforto. Essas coisas pertencem à mente; é por isso que o amor ocupa um lugar tão insignificante em nossas vidas. O amor não é da mente, é independente do pensamento, de seus cálculos sutis e desejos de autoproteção. Havendo amor, o sexo nunca será problema. 

Os obstáculos e as fugas da mente é que constituem o problema, tanto no sexo como em qualquer outra questão. Por isso, é fundamental compreender os processos da mente, suas atrações e repulsas, suas reações à beleza e à feiúra. Devemos nos observar e nos conscientizar de maneira como olhamos para homens e mulheres. Cumpre perceber que a família está se tornando um centro de separatividade de atividade antissocial, quando serve como meio de autoperpetuação e como defesa de nossa importância pessoal. A família e a propriedade, uma vez centralizada em torno do 'eu', com seus limitantes desejos e lutas, se transformam em instrumentos de poder e de dominação, uma fonte de conflito entre o indivíduo e a sociedade.

A dificuldade de todas essas questões é que nós mesmos, pais e educadores, estamos exaustos e desesperançados, inteiramente confusos e sem paz. A vida nos pesa; desejamos ser confortados e amados. Interiormente pobres, como podemos dar ao jovem uma educação adequada?

Portanto, o problema principal não é o aluno, mas o educador. Nossos corações e mentes precisam se purificar para sermos capazes de educar os jovens. Se o próprio educador se acha confuso, perdido no labirinto dos seus próprios desejos, de que maneira pode ajudar os outros?"

(J. Krishnamurti - Sexo e amor - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 24/25)


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

AS MUDANÇAS DE HUMOR TOMAM CONTA DA MENTE VAZIA

"O pensamente criativo é o melhor antídoto contra as mudanças de humor. O mau humor consegue tomar conta da consciência quando estamos em um estado mental negativo ou passivo. Quando a mente está vazia é, exatamente, quando se torna temperamental; e quando você é temperamental, o diabo vem e assume o controle. Portanto, desenvolva o pensamento criativo. Sempre que não estiver realizando uma atividade física, faça algo criativo em sua mente. Mantenha-a ocupada, de maneira que não haja tempo para acalentar predisposições negativas.

O pensamento criativo é maravilhoso - é como viver em outro mundo. Todos deveriam desenvolver esse poder. Antes de entrar aqui, mal penso nas palavras que vou utilizar nas palestras; mas, ao entrar na consciência do assunto a ser falado, a alma começa a dizer-me coisas maravilhosas. Quando está pensando criativamente você não sente o corpo ou os estados de ânimo; torna-se sintonizado com o Espírito. A inteligência humana foi feito à imagem da inteligência criadora de Deus, por meio da qual todas as coisas são possíveis; se não vivemos nessa consciência, tornamo-nos uma pilha de humores. Pensando criativamente, destruiremos o mau humor e acharemos todas as respostas para nossos problemas e para os dos outros.

As mudanças de humor são como o câncer - corroem a paz da alma. É por isso que o homem mal humorado não consegue livrar-se das dificuldaes. Lembre-se: por maior que tenha sido o seu insucesso em tudo, você não tem o direito de ficar deprimido. Em sua mente, você pode ser um vencedor. Quando está em maus lençóis, o homem melancólico admite a derrota. Mas o homem cuja mente  permanece invencível, mesmo que o mundo a seus pés tenha virado cinzas, continua a ser vitorioso.

Quer ser você um prisioneiro ou um vencedor? Agarrado com tanta força ao humor negativo, você se torna incapaz de prosseguir na batalha da vida. Assim que permite à sua mente embrulhar-se em emoções negativas, a vontade fica paralisada. As alterações de humor turvam o cérebro e, portanto, prejudicam o discernimento; seus esforços são desperdiçados."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 203/204)


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (1ª PARTE)

"O homem como sabemos, vive normalmente em três mundos: o físico, o emocional e o mental, e é colocado em contato com cada um desses mundos através de um corpo fornecido por esse tipo de matéria. E atua em cada um desses mundos por meio de um corpo apropriado. Portanto, ele cria resultados em cada um desses corpos, de acordo com as respectivas leis e poderes, e todos eles estão dentro dos limites da lei do karma que tudo abrange. Durante sua vida diária, quando acordado, o homem está criando 'karma', isto é, resultados, nesses três mundos, a que chega pela ação, pelo desejo e pelo pensamento. Quando seu corpo físico está adormecido, o homem está criando karma em dois mundos - o emocional e o mental - e a quantidade de karma então criado por ele depende do estágio de sua evolução.

Podemos nos restringir a esses três mundos, porque os que estão acima deles não são habitados conscientemente pelo homem comum; mas devemos, apesar disso, lembrarmo-nos de que somos como árvores, cujas raízes estão fixadas em mundos mais altos e cujos galhos espalham-se para os mundos inferiores em que vivem os nossos corpos mortais, e nos quais nosso discernimento está trabalhando.

As leis trabalham dentro de seus próprios mundos, e devem ser estudadas como se sua atuação fosse independente. Tal como cada ciência estuda as leis que funcionam dentro do seu departamento, mas não esquece o trabalho mais amplo de condições de maior alcance, o homem, que está trabalhando em três departamentos as leis são invioláveis, imutáveis, e cada uma delas produz seus efeitos totais, embora o resultado final da sua interação seja a força eficiente que permanece quando todo o equilíbrio de forças opositoras foi alcançado. Tudo quanto é verdade no que se refere às leis em geral é verdade para o karma, a grande lei. Estando presente a causa, os acontecimentos devem seguir-se. Retirando ou acrescentando causas, entretanto, eles podem modificar-se. (...)"

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 43/44)


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

PODERES PSÍQUICOS

"(...) O pior do desenvolvimento dos poderes psíquicos é a frequente acentuação do egoísmo pessoal, tanto pelo próprio homem quanto pela adulação de outros. Isto colore, distorce, desvia tudo quanto ele 'vê'. É como olhar através de uma vidraça colorida. O mundo exterior é também colorido. Os olhos da alma que podem verdadeiramente ver são completamente impessoais, um painel claro e branco.

A acentuação do egoísmo é altamente perigosa no caminho oculto. Pode acabar por levar um homem ao 'Caminho da Esquerda', o caminho que levaria depois de muito tempo, à prática do mal e à extinção final. A diferença entre os Adeptos da Direita e os da Esquerda está principalmente na motivação. O Adepto da Esquerda adquire poderes e conhecimento até um certo grau, mas apenas em seu interesse egoísta. O Adepto da Direita adquire poderes e conhecimento no serviço do progresso e da felicidade de toda vida. A Sabedoria e a Verdade finais não podem ser obtidas no caminho do egoísmo. Egoísmo e motivos pessoais são chamados em Luz no Caminho 'a gigantesca erva daninha.' Ela pode viver, afirma essa escritura, no coração do discípulo devotado, bem como no homem mundano. Mas é infinitamente mais perigosa, embora seja um fator necessário na evolução do homem comum. Sem ambição, sem um motivo pessoal, a vida nada significaria para ele, não haveria nenhum incentivo. Enquanto essa ambição não prejudicar a outros, é um auxílio para seu crescimento. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 159/160)


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A SABEDORIA

"(2:61) A pessoa que, depois de subjugar os sentidos, uniu-se a Mim, permanece absorta no Eu infinito, que ela sabe ser o Supremamente Deleitável. Só o domínio dos sentidos propicia a solidez da verdadeira sabedoria.

Há duas exigências, acima de tudo, para se atingir a sabedoria. A primeira, desviar a mente não apenas dos objetos dos sentidos, mas dos próprios sentidos; a segunda, permanecer mergulhado na consciência de Deus como a mais inefável das metas a atingir.

Os yogues que apenas se preocupam com subjugar seu corpo e sentidos físicos, ou buscam a abstração da união divina sem a adequada disciplina física e mental, jamais conseguem se firmar num objetivo. Mas arrancar pela raiz a erva daninha da gratificação do ego, sem deixar resquícios, e absorver-se mansamente no Infinito - isso é essencial.

Muitos yogues buscam a gratificação egóica não apenas por meio dos prazeres dos sentidos, mas também do desenvolvimento de poderes espirituais. Outros, vale repetir, andam à cata da abstração da sabedoria intelectual para recompensar o ego. Mas os verdadeiros yogues querem apenas unir suas almas ao Divino Bem-amado."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 125)


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A NATUREZA DA DIVINDADE (1ª PARTE)

"O que quer dizer o termo 'Deus'? A sabedoria Antiga afirma a existência de uma vida transcendente, autoexistente, eterna, onipenetrante, que tudo sustém, por meio da qual e na qual todas as coisas que existem se originaram, vivem, movem-se e têm o seu ser. Essa vida é imanente em nosso mundo e no sistema solar como o Logos, o 'Verbo', adorado sob diferentes nomes em diferentes religiões, mas reconhecido como o único Criador, Preservador e Regenerador. O sistema solar é dirigido e guiado pelo Logos Solar por meio de uma hierarquia de seres altamente evoluídos, os 'Poderosos Espíritos diante do Trono'. Na Terra essas funções são conduzidas por uma hierarquia de homens perfeitos, referidos como rishis, sábios, adeptos, santos. O princípio Divino Absoluto revela-se num processo Universal de perpétuo desdobramento de potencialidades. Embora esse processo seja consumado segundo lei eterna, ele não é mecânico, sendo dirigido ajudado pelo Logos Solar por intermédio de Seus ministros. Deus é assim apresentado como transcendente e imanente, além de criador, sustentador e transformador de todos os mundos e a fonte espiritual de todos os seres dentro do Seu sistema solar. 

Essas definições de deidade não se harmonizam com a ideia de Deus aceita pelo cristianismo. Na sabedoria Eterna, Deus não é apresentado como uma figura antropomórfica, um ser onipotente em forma humana e com tendências humanas associadas a poderes divinos. Ele¹ não é considerado sensível à propiciação, mas é sobretudo uma incorporação da lei eterna. Ele não confere favores a alguns em detrimento de outros, todos Seus filhos são considerados igualmente. Ele não está distante num céu remoto, mas, de fato, presente como a vida divina na natureza e a divina Presença no homem, o 'Deus que opera em vós...' (Fl 2:13). (...)"

¹ O masculino é usado por conveniência apenas, sendo o princípio divino considerado igualmente como masculino, feminino e andrógino.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 56/57)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (1ª PARTE)

"No livro Aos pés do mestre, lê-se: 'O que quer que faças, faze-o de todo coração, como se para o Senhor, e não para os homens'. E: 'O que quer que tua mão encontre para fazer, que o faça com teu poder'.

Annie Besant escreveu no seu livro de Meditações: 'Fixai vossa mente rigidamente na tarefa que tendes perante vós no momento e, quanto tiverdes terminado, abandona-a'.

Essas palavras dão-nos o mesmo e único conselho, que é fazer nosso trabalho com plena atenção. Isso significa também que não deve haver apego. Quando trabalhamos sem apego, então o que importa é o trabalho em si e não os resultados. Hoje em dia, quando um pintor pinta uma tela, ele coloca seu nome na tela para que todos possam ver quem é o artista. Antigamente, os pintores não faziam isso. Apenas a tela é que era importante. Isso quer dizer que o que é importante é o próprio trabalho e não o autor. O Mestre diz: 'O que quer que façais, fazei de coração [...] o que quer que façais!' Temos aqui o conselho essencial, que devemos apreciar sem pressa. 

Todo trabalho que fizermos, devemos fazê-lo de coração, que significa com amor. O amor está sempre no momento presente, e nesse momento a 'cabeça' está em silêncio. O que está acontecendo no presente deveria ser observado profundamente. Aqui o Mestre nos diz que o que importa é a nossa atitude, como o trabalho deve ser feito. Ele não fala a respeito de como obter resultados. 

Se praticarmos esse conselho todos os dias, presistentemente, então um dia reconhecemos que o ser que está fazendo o trabalho é o nosso Eu mais recôndito. Thich Nhat Hanh escreve no seu livro Cultivating the Mind of love:
Quando fores voluntário para limpar a cozinha ou lavar a louça, se praticas como um Bodhisattva, terás grande alegria e felicidade enquanto trabalhas. Mas, se tiveres o sentimento 'estou trabalhando muito, e os outros não estão contribuindo com sua parte', sofrerás, porque tua prática é baseada na forma [...] (...)'
(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 35)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


domingo, 13 de novembro de 2016

A SENDA DO EQUILÍBRIO

"Qual é a melhor maneira de viver? Em algum estágio de sua vida a pessoa tem que responder a essa pergunta por si mesma. Nesta sociedade cada vez mais caótica e em um mundo de crescente complexidade, a questão torna-se mais urgente e a resposta mais importante.

Uma outra questão no mesmo contexto, e igualmente desconcertante, diz respeito ao objetivo da pessoa na vida. Isso é um pouco mais complicado por causa dos princípios éticos aparentemente contraditórios que são propostos. Os sábios e os santos, cuja meta é a salvação, tentam levar uma vida de pureza espiritual. Eles veem a criação como uma peça da Divindade, onde todos os fenômenos são uma manifestação de Brahman, a Realidade Última. Eles disciplinam suas mentes para transcender a multiplicidade de coisas, e finalmente fundir-se com a realidade ao libertar-se de Maya, o mundo das aparências.

Por outro lado, os assim chamados homens práticos, para quem o mundo é a única realidade, têm por meta o acúmulo de posses materiais e a obtenção do poder mundano. Não são para eles as especulações filosóficas referentes à libertação espiritual, que consideram como uma ilusão baseada nas alucinações de mentes anormais.

Entre esses dois extremos existem outros grupos que têm como meta suprema na vida as aquisições no campo do conhecimento, seja artístico ou científico.

O homem comum, na busca de uma meta e uma ética para sua própria vida, fica desnorteado com todas essas visões conflitantes. Ele acha difícil fazer uma escolha, já que elas são diferentes e opostas entre si.

Porque não têm certeza em suas mentes quanto à meta que buscam, alguns desesperadamente adotam uma filosofia após outra, enquanto outros ainda se sentem levados a adotar uma atitude fatalista, abandonando todos os pontos de vista e ignorando todos os ensinamentos. Essa é uma doença mais comum e mais insidiosa, e é grandemente responsável pela atual doença da humanidade.

As escrituras antigas ofereciam respostas para isso, mas, com tristeza, elas são invariavelmente mal interpretadas e consequentemente mostram-se mais danosas do que úteis, tirando a humanidade do caminho e levando-a para mais distante da meta por ela almejada." 

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 20)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A NATUREZA PEDAGÓGICA DO CARMA (1ª PARTE)

"Nenhum homem receberá jamais o que não tiver merecido, e tudo nos vem em resultado de causas que nós mesmos pusemos em movimento. Se tivermos causado alguma coisa, teremos causado igualmente o respectivo resultado, pois a causa e o efeito são como as duas faces da mesma moeda - não podemos ter uma sem a outra; na verdade, o resultado nos advém como parte da nossa ação original, da qual se pode dizer, neste caso, que ainda continua. Tudo o que nos chega é obra nossa, seja bom, seja mau; mas também está sendo empregado positivamente para o nosso bem. Utiliza-se o pagamento da dívida para desenvolver o devedor, o qual, ao pagá-la, pode mostrar paciência, coragem e resitência em face de circunstâncias adversas.

As pessoas vivem resmungando contra as circunstâncias de sua vida. Um homem dirá: 'Não posso fazer nada, na situação em que estou, com tantos cuidados, tantos negócios, uma família tão grande. Se eu tivesse, ao menos, a liberdade que tem Fulano de Tal!'

O homem não compreende que esses mesmos empreendimentos constituem parte  do seu adestramento, colocados no seu caminho com a finalidade única de ensiná-lo a lidar com eles. Ele gostaria, sem dúvida, de alardear os poderes que já desenvolveu, mas é preciso que desenvolva os que ainda não possui, e isso significa trabalho pesado e sofrimento, mas também progresso rápido. Não existe, seguramente, uma coisa como castigo e recompensa, mas existe o resultado de nossos atos, que podem ser agradáveis ou desagradáveis. Se perturbarmos o equilíbrio da natureza, seja lá como for, ela se reajustará inevitavelmente à nossa custa. (...)'

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 283)
www.pensamento-cultrix.com.br


terça-feira, 11 de outubro de 2016

CORAGEM E VONTADE (1ª PARTE)

"Este é o caminho do eu amadurecido, não da alma infantil. Algumas pessoas pensam que um Adpeto toma um aspirante pela mão e o ensina a desenvolver poderes sobrenaturais e também o protege de desastres e perturbações, evitando que ele cometa erros. Mas a verdade é exatamente o contrário. O que o Mestre chama 'os poderes deíficos no homem e as possibilidades contidas na Natureza.' (C.M.) nunca são dados ou comunicados do exterior. São sempre resultado do esforço e do progresso próprios do homem. E devem ser obtidos por ele mesmo. 'A regra inflexível é que sejam quais forem os poderes que alguém obtenha, ele deve adquirir por si mesmo.' (C.M.) Nem pode o Mestre interferir, por menos que seja, no carma pessoal de seu discípulo, 'os Sábios não se atrevem a impedir o fruto do carma.' (V.S.)

É desejável que se compreenda com exatidão o que realmente é a Lei do Carma, ou Lei de Ação e Reação, igual e oposta. Lei que nunca pode ser revogada, alterada ou evitada. O universo inteiro é uma expressão externa da lei universal. Toda causa - que implica emprego de energia em qualquer plano de nosso ser, físico, emocional, mental, espiritual - acarreta, em alguma ocasião, em algum lugar, seu resultado inevitável e exato. Diz-nos H.P.B. - como mencionei anteriormente - que as Leis da Natureza são o registro da Mente Divina na matéria. Estão aqui os verdadeiros 'Mandamentos de Deus.' Obedecer-lhes é semear felicidade e força. Desobedecer-lhes, mesmo que por ignorância, é incorrer em desgosto, doença e morte. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 155/156


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

RUMO À PROFUNDEZA DA VIDA

"O poder do espírito
E a harmonia das forças
Preservam da dispersão a vida.
Assim procedendo, se torna o homem
Semelhante à criança,
Clarificando sempre sua visão
E purificando sempre sua vida.
Segue as suas veredas
Sem jamais aberrar.
Quem conduz seu povo com amor
Permite que ele mesmo se harmonize,
Amparando-o em tempos de fortuna
E nas horas de infortúnio.
Quem possui verdadeira sapiência
Não necessita de erudição,
Sabe crear valores,
E não os guarda para si,
Sabe agir sem se apegar
À sua atividade,
Sabe conduzir sem impelir -
E nisto reside a finalidade da vida.

EXPLICAÇÃO: Saber tratar de coisas externas sem perder a concentração interna, ser místico por dentro e ser ativo por fora; possuir toda a sabedoria intuitiva, sem se derramar pela ciência analítica; poder ser intensamente produtivo sem nada reter para si; poder agir sem se perder na atividade; poder guiar outros sem os constranger - quem isto pode fazer é um sábio."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 44/45)


domingo, 11 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (PARTE FINAL)

"(...) A consciência hindu reconhece a verdade de que há momentos quando se pode opor-se ao costume. O pensamento hindu não exige submissão a cada costume. Se um costume entra em conflito com o dharma, abandonemos o costume e fiquemos com o dharma. Pensemos por um momento, se sempre nos submetermos ao costume, como poderá a sociedade progredir?

Por outro lado, existe algo chamado lei estatutária, isto é, criada por um estado. Jurisprudência é o estudo das leis de estado. Roma é a terra natal da jurisprudência clássica. É a única ciência dos romanos. Essa 'lei' trata de casos e de sua classificação. Dharma também não é lei estatutária. Existem casos de conflito entre dharma  e leis de estado. Deveriam as pessoas desobedecer a uma lei de estado? A pergunta deve ser decidida em cada caso individual, segundo seu próprio mérito. Não posso dizer-lhes em termos gerais: não obedeçam ao estado, ou obedeçam ao estado. Cada lei de estado deve ser considerada segundo seu próprio mérito. Pense em Sócrates. A equivocada democracia ateniense julga Sócrates. As acusações assacadas contra Sócrates são muitas. Sócrates está preparado para beber o copo de cicuta. Alguns discípulos arranjaram para que ele escapasse da cela e lhe pedem para fugir. Sócrates diz: 'Não!'. Ele diz que nada fará para fugir e que não irá desobedecer ou infringir a lei do estado. Pense, por outro lado, em Thoreau. Ele defende a desobediência civil. Assim, nem sempre é fácil dizer quando se deve obedecer e quando se deve desobedecer a uma lei de estado. Desejo assinalar que dharma não é uma lei estatutária. O que então, é o dharma!

Dharma é a lei interior. Nos livros budistas ele aparece como bodhi. Todo homem possui a sabedoria dentro de si; e abençoado é aquele que não confia nos costumes, mas na orientação da sua sabedoria interior. Às vezes falam do dharma como a impessoal lei de função. Nossos costumes e nossas leis de estado são leis muitas vezes preocupadas com coisas estáticas. Um homem rouba seu dinheiro e a lei o pune. Essa lei está interessada principalmente nas coisas. Mas Dharma, a Lei Interior, é verdadeiramente impessoal. Uma lei de estado é aquele que é criada por uma categoria ou partido no poder. Essa é, em grande parte, propriedade dos poderosos. Seu direito (recht) é a expressão do poder. Mirabeau disse: 'A lei das nações é a lei dos fortes cuja observância é imposta aos fracos'. Por trás dessa lei está a concepção do 'estado barraco'. Essa lei está preocupada com a 'persona', isto é, com as pessoas no plano sócioeconômico. Haverá outro plano? Dharma é a impessoal lei de função. É a verdadeira Sanatan Dharma. Somente ela vive e não muda. 

Então, meu dever é cooperar com essa Lei - a grande lei da vida no mundo. E, para cooperar assim, devemos obedecer a certas disciplinas. O Gita é um livro de disciplinas, uma escritura de sadhanas. Devemos aceitar certas disciplinas para cooperarmos com a Grande Lei."

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39/40)


sábado, 27 de agosto de 2016

ESCALA EVOLUTIVA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) A existência dos Mestres foge à capacidade de crença de grande número de pessoas. Causa-lhe estranheza que seres super-humanos andem nivelados com homens comuns, levando vida física habitual.

Mas, para quem admita a evolução tal como temos exposto, haverá algo de extraordinário que existam tais seres?

A existência desses Mestres obedece a razões lógicas e não há nada demais que, para cinco bilhões de seres humanos, haja menos de uma centena de super-homens, em corpo físico, para determinar ações, ou arranjos, ou ajustamentos, enfim, efetuar mecanismos de inter-relação entre os seres humanos e os super-humanos.

Objetarão alguns: 'Por que não se mostram ou por que não exibem seus poderes e sua ciência? Convenceria, então, facilmente a todo mundo e isto facilitaria o trabalho evolutivo.' A resposta é difícil: há razões complexas para que se não exibam poderes nem se ensinem coisas a homens ainda atrasados intelectual e moralmente, os quais não seriam aptos nem dignos de conhecê-las.

E a esses Mestres, como aos Iniciados, não interessa a manifestação de poderes, nem a glória, riquezas e outras coisas que se afiguram muito importantes ao comum dos homens.

Preferem 'ajuntar tesouros no céu, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam'...

Em ocasiões determinadas aparecem como guias de povos, instrutores de religiões, mas os homens de seu tempo não reconhecem sua magnitude espiritual."

(Alberto Lira - O ensino dos mahatmas - IBRASA, São Paulo, 1977 - p. 186/187

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

RETA AÇÃO (1ª PARTE)

"O mais elevado tipo de ação é a ação que é direta e instantânea. Mas, antes de podermos atingir um tal grau de poder, devemos purificar-nos como instrumentos. Devemos começar com ação pura, sem qualquer desejo de benefício pessoal, ou qualquer tipo de autossatisfação que sua realização possa trazer. Uma reação assim é geralmente insconsciente, invisível como a sombra que segue a pessoa quando ela se defronta com a luz. Muitas vezes é sutil e difícil de analisar. Não deve haver qualquer elemento de apego ao prazer proporcionado pela realização de um ato. Quando é ação sem reação, então nada há que prenda.

Libertar-se do karma é libertar-se da reação, no sentido do retorno das forças que enviamos. Uma força que é enviada retorna porque atinge um meio de resistência, 'um anel não passarás', que não consegue romper. Podemos considerar essa resistência como a vontade de Deus. Sempre há uma correspondência entre uma verdade subjetiva e um fato objetivo, porque o subjetivo e o objetivo derivam da única e mesma substância ou Realidade; são os dois lados de um plano indivisível, intangível.

Se você considerar cada ato como o envio de uma força, essa força deve ter origem na base da qual procede. A base e o alvo da ação serão correlatos. Se o alvo da ação estiver errado, o motivo originador deve estar errado, pois o alvo ou fim é uma projeção da origem. Assim, o alvo está no pano de fundo originador.

A ação prossegue com muita beleza e eficácia quando surge de um movimento interno, espontâneo, do fundo de nossa natureza, isto é, daqueles elementos que estão ativos na constituição do indivíduo. Este movimento ocorre num plano que é, por assim dizer, perpendicular ao movimento da flecha que aponta para o alvo. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 73/74)


terça-feira, 2 de agosto de 2016

OS MALFEITORES

"(7:15) Os malfeitores (nos quais predomina tamas), seres humanos degradados, tolos e faltos de entendimento devido (ao poder de) maya, não buscam refúgio em Mim e partilham a natureza dos demônios.

Encontramos muita gente assim no mundo. Não são rakshasas - monstros malignos com goelas escancaradas, prontos a nos devorar. São seres humanos, embora cruéis, indiferentes ao sofrimento alheio, absorvidos em si mesmos, famintos de sexo, ávidos por riquezas, não importa como as possam adquirir (para eles, a honestidade nada significa), ébrios de poder e implacáveis. Tais pessoas não são demônios, à espreita dos incautos. Podem ser vistas a qualquer tempo, caminhando pelas ruas. Eis como meu Guru descreveu, a sério, uma conhecida artista de cinema que lhe pedira uma entrevista: 'Ela é um demônio!'

Após a morte, as almas são levadas para seus respectivos níveis no mundo astral.  

É preciso ter sempre em mente, contudo, que ninguém é mau por natureza. Todos somos filhos de Deus. O que diferencia o demoníaco do angélico é apenas a espessura do véu que cobre sua compreensão."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 300/301