OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

MATA A AMBIÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Nenhum ambicioso jamais é feliz porque o que ele quer está no futuro, e assim existe sempre um senso de que algo está faltando no presente. E, quando finalmente alcança sua meta, ela não o satisfaz, e ele fica desapontado, frustrado. 'A distância empresta encantamento à visão', e, quando verdadeiramente chegamos à cena, descobrimos que a grama não é tão verde quanto pensávamos ser. A satisfação cessa e então queremos algo mais. Finalmente, todas as nossas ambições azedam, por 'trabalhar para o eu é trabalhar para o desapontamento'. É muito importante que compreendamos isso, pois nas muitas coisas que fazemos existe a autobusca por adulação, elogio e adiantamento. 

Assim, o comentário diz: 'Mas, embora esta primeira regra pareça tão simples e fácil, não a ultrapasse muito rapidamente'. Podemos pensar que estamos livres da ambição, mas é muito difícil que assim seja. Esse trabalhar para o eu é realmente o produto de nossos apegos, que podem ser as coisas em diferente níveis - físico, astral, mental. Assim, podemos estar apegados a uma pessoa, a nossas posses, ou a nossas ideias. Qualquer que seja a natureza do apego, seu centro é o eu, e trabalhar para o eu é estar descontente porque sua própria natureza é buscar mais. 

O artista puro que ama sua arte, simplesmente gosta de praticá-la, e ele o faz. Mas muito raramente encontramos alguém assim. Muitos artistas são muito autoenvolvidos, intolerantes e têm ciúmes de outros que atingiram a mesma eminência. Certamente, existem artistas que pintam ou compõem desinteressadamente e não para a glória do eu e seus componentes. Mas podemos enganar-nos ao acreditar que estamos fazendo tudo para a glória de Deus com a implicação de que o que quer que façamos tenha sua aprovação; ou podemos pensar que o fazemos em nome do Mestre, carimbando assim nossas ações com seu nome. A mente pode enganar-se extraordinariamente. Devemos estar cônscios de todas essas sutilezas, dos vários processos de autodecepção, antes que possamos dizer que somos verdadeiramente sinceros."

(N. Sri Ram - Mata a ambição - Revista Theosophia, Ano 100, Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 16) 


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

RELACIONAMENTOS AMOR/ÓDIO


"Estar apaixonado, à princípio, é um estado que lhe dá muitíssima satisfação. Você sente-se inteiramente vivo. É como se, de repente, a sua existência fizesse sentido porque alguém precisa de si, o faz sentir especial, e você retribui da mesma maneira. Quando estão juntos, você sente-se completo. O sentimento pode tornar-se tão intenso que o resto do mundo se torna insignificante.

No entanto, você poderá já ter notado que, nessa intensidade, existe alguma coisa de necessidade e de apego. Fica viciado na outra pessoa. Essa pessoa tem sobre si o efeito de uma droga. Está bem quando a droga está ao seu alcance, mas a mera possibilidade ou mesmo a hipótese de que ela poderá deixar de estar à sua disposição poderá levá-lo ao ciúme, ao sentimento de posse, a tentativas de manipulação através de chantagem emocional, a culpar e a acusar o outro - ao medo da perda. Se a outra pessoa o deixar, isso poderá dar origem à mais intensa hostilidade ou ao mais profundo sofrimento e desespero. Num instante, a ternura amorosa poderá transformar-se numa agressividade feroz ou num desgosto terrível. Onde está agora o amor? Pode o amor transformar-se no seu oposto em tão pouco tempo? E, no fundo, era amor, ou apenas um vício de avidez e apego?"

Eckhart Tolle

domingo, 5 de julho de 2015

EMPATIA

"'Amai ao próximo como a vós mesmos' - ensinou o Mestre Jesus, meu Guru.

Tenho encontrado entre os que se amam acima de tudo aqueles que, racionalizando, interpretam este sublime e libertador mandamento como um incentivo ao 'amor próprio'. Teria Jesus preceituado: 'Quem não ama a si mesmo não pode amar ao próximo.'

Ora, a experiência mostra que, enquanto eu me amo, não tenho condições para o desapego, para a renúncia, para o dar, o doar, e o perdoar. O amor a nós mesmos nos torna egoístas, e onde impera o ego, não há lugar para os outros a não ser como objetos de posse e satisfação para o ego reivindicante.

Foi exatamente por reconhecer que o normal é que natural e espontaneamente, instintiva e inconscientemente nos amemos, que Jesus propôs que façamos o mesmo em relação ao próximo.

Assim como, por egoísmo, reivindicamos para nós o melhor, façamos exatamente o mesmo em relação aos outros. Amemos nosso vizinho tanto quanto nos amamos.

Que eu sempre promova, proteja, alegre, sirva, torne feliz os outros, da mesma forma e na mesma medida como tenho feito a mim mesmo."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1985 - p. 61)


sábado, 18 de outubro de 2014

COM TODO O CORAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Milhões de pessoas têm vivido assim por eras incontáveis, brigando por terras, dinheiro, posses, fama e poder. Mas essas coisas são dignas de se possuir? Qual é a causa da ambição e do ódio? Por que há solidão? Qual é o significado da vida? Essas e muitas outras perguntas surgem da própria observação que o investigador faz acerca da vida; nem o questionamento nem a busca devem se basear em considerações superficiais ou na opinião de outras pessoas.

A clareza, que é a luz do discernimento, surge quando a pessoa se dá ao trabalho de estudar profundamente a vida por si mesma. Isso marca o começo da vida espiritual. Deve haver clareza de percepção a fim de se distinguir o que é essencial. A clareza torna possível ver que a raiz de nossos problemas é o egoísmo. Se há violência, pode-se ver a sua fonte em cada ser humano. A pessoa deve se mover do não importante para o básico, do fato superficial ao ponto fundamental.

Somente quando há clareza junto com uma profuda consideração pelo bem de todos os homens é que a busca se inicia. Descobrir o que é espiritual é, em si mesmo, viver a vida espiritual, pois as grandes verdades da vida não são fatos externos, mas dimensões de consciência. Harmonia, amor, bondade e paz não podem ser conhecidos como se conhece um carro ou uma pedra - objetos cuja forma, cor, textura e outas características podem ser percebidas e retidas na memória. O amor não está fora da pessoa. Ele deve estar na sua própria natureza, pois o único modo de conhecer o amor é amar."

(Radha Burnier - Com Todo o Coração - Revista Sopha, Ano 9, nº 35 - p. 29)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O PROGRESSO ESPIRITUAL (PARTE FINAL)

"(...) Obter conhecimento espiritual e guardá-lo, em vez de ser um instrumento de crescimento espiritual, é o mesmo que colocar obstáculos para impedir o fluxo da vida. Uma verdade descoberta deve se tornar uma verdade divulgada. Passe as boas ideias adiante, se quiser receber mais. Não considere o conhecimento espiritual como posse pessoal, se você não quiser ser excluído da fonte de sabedoria.

A pessoa cresce espiritualmente à medida que a corrente de vida flui para os outros através dela. Aquele que busca ter e reter é como uma poça de água parada, coberta com o limo verde da impureza. Ele representa a estagnação espiritual. Aquele que recebe e passa adiante o conhecimento é como um lago do qual brota uma nova corrente para saciar a sede dos campos que se encontram além. Ele está para a poça como a luz do sol está para a sombra, como a saúde está para a doença.

A poça não está destituída de um certo tipo de vida. Mas é um tipo nocivo - a vida individual voltada apenas para si mesma. Não pode haver vida verdadeira sem atividade externa. A vida e atividade são inseparáveis. O mar é a antítese da poça estagnada. Tudo que o oceano recebe de incontáveis rios, devolve aos céus. É a eterna antítese tanto do egoísmo quanto da inação. Suas marés e correntes incessantes são o pulso rítmico da saúde. Da terra ele recebe, purifica e devolve o sal. A poça egoísta torna-se estagnada em uma semana - o oceano generoso, jamais." 

(L.W. Rogers - O progresso espiritual - Revista Sophia, Ano 11, nº 44 - p. 06)


segunda-feira, 16 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (1ª PARTE)

"Conheci um homem rico que sempre adquiria carro do último tipo, o mais caro. Adorava o carro como um apaixonado qualquer a sua amada. Dava-lhe tratamento extremamente cuidadoso. O brilho do carro era-lhe obsessão.

Uma noite, o carro estacionado, estando ele no cinema, algum malvado fez um risco no lindo capô. O pobre homem 'adoeceu de raiva'. Não é apenas uma expressão popular. Adoeceu mesmo. De raiva de quem fizera aquilo, e de dor, por ver estragado seu carro. O risco não fora apenas no automóvel, mas em seus próprios nervos, pois, a rigor, o carro não era dele - o carro era ele mesmo. Dizia Cristo: 'Onde está vosso tesouro aí está o vosso coração' (Lc 12:34).

Aquele homem abastado é o símbolo da identificação. Sua tranquilidade, sua saúde, sua felicidade, dependiam 'dele' - do carro. Era portanto uma pessoa muito vulnerável. Semelhante a milhões de outros seres humanos. Era vulnerável como seu carro. Enguiço, sujeira, arranhão, batida, a que todo automóvel está sujeito, atingia-o em seu psicossoma, isto é, faziam-no sofrer mental e organicamente.

A identificação mais normal, mais generalizada, é aquela às coisas externas e mais ou menos vulneráveis quanto um automóvel. Os homens 'normais' continuam a fechar os ouvidos doidos à sapiência de Jesus: 'Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a Terra...' Continuam, sem ver que põem seus queridos tesouros 'onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões escavam e roubam' (Mt 7:19).

Podemos identificar-nos a um objeto, a um outro ente humano, como a namorada, o filho, a um emprego ou à ribalta. Somos identificados às coisas quando nos sentimos infelizes com a perda, o desgaste ou a decadência de tais coisas. A felicidade de muitos está ligada, às vezes, a acontecimentos em si insignificantes, como a vitória do time de futebol ou do partido político, mas também à manutenção de um emprego ou posição de destaque social ou artístico, ao triunfo da ideias ou ideais que professam. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 157/158)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

CAMINHO DA SABEDORIA

Você ponderou sobre os prazeres e os rejeitou. Não aceitou aquela cadeia de posses na qual os homens prendem-se e debaixo da qual afundam. Há o caminho da Sabedoria e o caminho da não-sabedoria. Eles são distantes um do outro e conduzem a diferentes fins. Você é Naciketa, seguidor do caminho da sabedoria – que os prazeres não o movam. (Upanixade Katha)

"Devemos entender claramente que a Sabedoria não é algo oposto à ignorância. A Sabedoria não tem oposto. Ela surge quando tanto a ignorância quanto o conhecimento são negados. No verso acima Yama diz que os homens afundam porque se tornam pesados com as posses que acumularam. Obviamente o caminho da Sabedoria é aquele em que o homem se torna mais leve tendo se desprendido de todas as suas posses – e é, portanto, capaz de nadar facilmente na corrente da vida. O homem de sabedoria não é aquele que se senta ociosamente na margem, despreocupado acerca da corrente da vida. Ele está na corrente, mas não afunda, pois, despojado de todas as posses, nada tendo a guardar ou defender, pode, abandonar a si próprio à corrente da vida. Tal pessoa desapegada não pode afundar, porque a própria corrente o protege"

(Rohit Mehta -O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília,2003 - p.62/63)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TREINANDO O DESAPEGO

"Uma maneira de cultivar o desapego é adotar a atitude de ‘nada é meu’, mas tudo me foi ‘emprestado’. Isso se aplica às nossas posses, crenças, atitudes, emoções e aos nossos relacionamentos. Todos estes são condições temporárias originárias de circunstâncias transitórias. Não são nós mesmos. A nossa verdadeira identidade está naquele centro interno de tranquilidade, de observador silencioso, de alma, que é imutável em meio a todas as mudanças da vida. Se pudermos treinar a mente e as emoções para não se apegarem a coisas externas e nem mesmo a estados internos, estaremos libertando a personalidade de todas as identificações com coisas menores e preparando o caminho para que ela se abra às influências da alma. É como vivermos em uma fluida fonte pura de água fresca ao invés de permanecermos atrapalhados com os estagnantes torvelinhos de nossos padrões de hábitos."

(Shirley Nicholson - A Vivência da Espiritualidade - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 81/82)


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

FELICIDADE: PROBLEMA PRINCIPAL DA HUMANIDADE

"O problema da felicidade é o problema central e máximo da humanidade.

Desde tempos antiquíssimos existem duas ideologias filosófico-espirituais sobre o segredo da felicidade humana - 'essa felicidade que supomos... toda arreada de dourados pomos', como diz Vicente de Carvalho, mas que 'está sempre apenas onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos'.

Existe essa felicidade, 'árvore milagrosa, que sonhamos'?  Em que consiste? Como alcançá-la? Como conservá-la?

A felicidade existe, sim, não fora de nós, onde em geral a procuramos, mas dentro de nós, onde raras vezes a encontramos. 

Em que consiste a felicidade?

A célebre escola filosófica de Epicuro (hedonismo) faz consistir a felicidade na posse e plenitude de bens externos; tanto mais feliz é o homem, segundo os epicureus, quanto mais possui, tem, goza.

A escola de Diógenes (cinismo) ensina que a felicidade consiste na vacuidade ou renúncia de todos os bens externos; quanto menos o homem possui ou deseja possuir, tanto mais feliz é ele, porquanto a infelicidade consiste a) ou no medo de perder o que se possui, b) ou no desejo de possuir o que não se pode possuir; quem renuncia espontaneamente à posse de bens externos e ao próprio desejo de os possuir, ensinam os discípulos de Diógenes, é perfeitamente feliz.

Entretanto, embora haja elementos de verdade nessas filosofias, tanto Epicuro como Diógenes, e todos os seus seguidores, falharam no ponto central da questão. A felicidade não consiste nem em possuir nem em não possuir bens externos, mas sim na atitude interna que o homem crea e mantém em face da posse ou da falta desses bens. O que decide não é, em primeiro lugar, aquilo que o homem possui ou não possui, mas sim o modo como ele sabe possuir ou não possuir.

Quer dizer, o que é decisivo não é a maior ou menor quantidade objetiva das coisas possuídas, mas a qualidade subjetiva do possuidor. Esta qualidade, porém, é conquista do próprio homem, e não algum presente de circunstâncias fortuitas. A felicidade do homem só pode depender de algo que dependa dele.

É possível que a posse, ou mesmo o desejo da posse, de uns poucos cruzeiros escravize o homem - e é possível que a posse real de milhões e bilhões de cruzeiros não escravize o seu possuidor. A questão central não é de ser possuidor ou não possuidor - mas, sim, de ser possuído ou não possuído de bens externos. Não há mal em possuir - todo mal está em ser possuído. Ser livre é ser feliz - ser escravo é ser infeliz.

A verdadeira felicidade, portanto, não pode consistir em algo que nos aconteça, mas em algo que seja creado por nós. As quantidades externas nos 'acontecem' - a qualidade interna é creada por nós.

Tudo depende, pois, em última análise, da nossa atitude interna, do modo como possuímos ou não possuímos; ou, no dizer do Nazareno, depende da 'pobreza pelo espírito' e da 'pureza de coração', quer dizer, na liberdade e no desapego interior do homem.

Pode o possuidor ser livre daquilo que possui - e pode o não possuidor ser escravo daquilo que não possui."

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 11/13)


quarta-feira, 5 de junho de 2013

SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - I)

"É agradável sentar-se à sombra de uma árvore num dia de calor. Por outro lado, como dizem as escrituras, caminhamos através do "vale da sombra da morte", e nossos dias sobre a Terra são uma sombra que desaparece. Sombra geralmente representa trevas indesejáveis e deprimentes, obscuridade ou algo que é imaterial, irreal ou transitório. Em contraste, claridade e luz do sol significam esperança, ânimo e alegria. 

A sombra representa obscuridade do real, a natureza impermanente de tudo que compõe nossa vida normal no dia a dia - as posses físicas e mentais que nos esforçamos para conquistar, e o poder que muitas vezes é obtido em função da posição social ou econômica, seja na política, no aprendizado, na arte ou na religião, e que desesperadamente tentamos reter. Se essas coisas nos escapam, como deve acontecer algum dia, nós nos sentimos "criaturas miseráveis". Apegamo-nos a pessoas - esposa, marido, filhos, amigos, inimigos - num relacionamento de atração e repulsão. Permanecemos presos a ideias, tradições e teorias, que acreditamos serem as únicas certas, e assim criamos uma diferença entre nós e os outros, que têm suas próprias convicções.

Caminhamos através do "vale da sombra" porque essas posturas são a causa de dor, medo, conflito e sofrimento. O sofrimento chega até nós não porque Deus fez deste mundo um local de trevas, mas por causa de nossas próprias atitudes. O germe da dor é implantado no momento em que começamos a pensar e sentir em termos do estreito "eu" pessoal - de nossa própria felicidade exclusiva. Não é preciso uma fé cega em Deus ou em qualquer plano divino para compreender que a dor está na atitude autocentrada, na dualidade e na busca das sombras projetadas por nosso próprios pensamentos, na identificação do observador com o que é visto. 

É por isso que tanto se enfatiza o altruísmo, para arrancar a gigantesca raiz do "eu" e reduzi-la a zero. Essa ênfase no altruísmo é às vezes compreendida como supressão das emoções e da mente. Na verdade, a ênfase não está na negação compulsória, mas na correta compreensão. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32)

  


segunda-feira, 1 de abril de 2013

BHAKTI YOGA - AMOR, "ESSE DESCONHECIDO" (1ª PARTE - II)

"O que nos romances e na dramaturgia atuais (na kali yuga ou era das trevas) se denomina amor num casal em geral não passa de ardente e irracional paixão erótica e muitas vezes é apenas obsessivamente o genital. Como o amor está sendo injuriado! Inúmeros casamentos, movidos predominantemente por paixões incendiárias, terminam em curto tempo. Fogo, se não disciplinado, destrói. Sem amor, como resistir ao desgaste dos dias e às naturais intempéries e crises que surgem, desafiando a união? Em certos casos, além do gratificante ajustamento puramente sexual, a comunidade de interesses materiais, a afinidade nas escalas de valores e nos projetos de vida, e outros fatores mundanos, transitoriamente aglutinantes, mantêm por algum tempo um razoável grau de estabilidade. Permanecem juntos não pelo vínculo sagrado do amor, mas por interesses que não resistem ao tempo. Está aí caracterizado o vulnerável relacionamento que o psicólogo Erich Fromm com propriedade denominou "egoísmo a dois".
O amor vulgar e horizontal sempre é inseguro, enganoso, frustrador, mesquinho, sempre nutrido e regido pelo egoísmo [ahamkara] e o sentimento de posse [mamamkara]. 
Só o amor isento de ego, isto é, o amor em Deus, com Deus e por Deus, pode assegurar a verdadeira felicidade, pois tem Deus para o abençoar com a segurança de perenidade.

O amor materno, paterno, fraterno e filial são belos, marcados por abnegação, isentos de paixões sexuais e protegidos contra a presença de egoísmo (ahamkara) e do desejo de posse (mamamkara). Eles se aproximam do ideal, que é a divinização de afetividade humana, proposta pelos Mestres como Bhakti Yoga. 

Para que o amor humano possa doar felicidade precisa ser gerado e mantido por um generoso dar e um receber sem cobranças. É o amor que já expressa Deus, o "Onidoador". É assim o amor. No amor, o ego pessoal emudeceu. Não reclama. Não condena. Não cobra. Não perturba. Não se agasta. Amor é Deus e Deus é Amor - afirma e reafirma Sai Baba. O fulgor do sol destrói o bolor e doa vida. Igualmente a presença do amor divino destrói o ego e vivifica os que amam. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 80/81)


sábado, 26 de janeiro de 2013

CONTENTAMENTO (4º PONTO DE CONDUTA)

(§44) Deves suportar o teu carma com contentamento, qualquer que ele seja, aceitando como uma honra que o sofrimento venha a ti, porque isso demonstra que os Senhores do Carma consideram-te digno de auxílio. Por muito duro que ele seja, sê agradecido por não ser ainda pior. Lembra-te que de muito pouca utilidade serás para o Mestre enquanto o teu mau carma não for resgatado e tu estejas livre. Oferecendo-te a Ele, pediste que o teu carma fosse acelerado, e assim, em uma ou duas vidas resgatarás o que, de outro modo, poderia estender-se por mais de uma centena delas. Para maior proveito, porém, deves suportá-lo contente e alegremente.

(§45) Há, ainda, outro ponto essencial: tens de abandonar todo sentimento de posse. O carma pode arrebatar-te as coisas de que mais gostas - até as pessoas a quem mais amas. Ainda assim, deves ficar contente - pronto a separar-te de tudo e de todos. Frequentemente o Mestre necessita verter Sua força sobre outros por intermédio de Seu servo; mas não poderá fazê-lo se o servo ceder à depressão. Portanto, o contentamento deve ser a regra.

(Krishnamurt - Aos Pés do Mestre - Ed. Teosófica, Brasília)


domingo, 18 de novembro de 2012

DESAPEGO


“Os conquistadores que se empenham em serem senhores do mundo pela força e pelas armas jamais herdam outra coisa além de ansiedades, aborrecimentos e dores de cabeça. Os avarentos que acumulam riquezas enormes, não fazem mais do que acorrentarem-se ao ouro – jamais o possuem realmente. Mas o homem que abandona o sentimento de apego prova as vantagens que os bens proporcionam, sem a angústia que a posse acarreta.”

(Swami Prabhavananda – O Sermão da Montanha segundo o Vedanta - 25)

sábado, 17 de novembro de 2012

DESAPEGO


“Desliga-te de todos os meus

Esquece-te de quem pensas que és. 

Silencia tuas ansiedades.

Perdoa quem te ofendeu.

Não chores pelo que perdeste.

Bem, agora senta-te quieto onde ninguém te chame. Deixa-te ficar assim.

Vê teu interior.

Nada esperes. Nada aspires. Nada planejes. Esquece o tempo, o lugar, o corpo... Desliga-te de todas tuas âncoras, principalmente do eu...

É assim que a Paz toma conta da gente.”

(Hermógenes – Mergulho na paz - 46)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

AMOR E POSSE


O texto faz uma pequena abordagem sobre a diferença entre o sentimento do amor e a posse. Não obstante seja um texto longo, é muito interessante e esclarecedor. Em geral, a história tem demonstrado que a pessoa que diz amar tem o objeto amado como propriedade, quando, na verdade, quem ama na plenitude entende, liberta. Somos seres únicos, divinos, portanto livres e sem donos. Vamos ao texto:

“Pergunto: Por que tantos sofrem por amor?
Se o amor é um sentimento divino, por que nos faz sofrer?
Resposta: “Não há nada de errado com o amor!

Os seres humanos é que não o compreendem na sua totalidade. As pessoas comuns acham que quando amam têm que ter o seu amado como propriedade exclusiva, e isso é egoísmo, é infantilidade, é tudo – menos amor! O verdadeiro amor brota da alma e se reflete no coração. Aquele que verdadeiramente ama o faz em silêncio, e quer somente o bem estar, a felicidade e a evolução do ser amado. Quando esse amor é correspondido sinceramente, não há felicidade comparável nesse mundo! Porém, quando não o é, as pessoas se entristecem, se magoam, se desiludem. Pensem bem: todos são uma única grande célula no corpo de Deus-Pai-Mãe. Então, não deveriam se sentir infelizes e sim procurar expandir esse amor, o verdadeiro, a quantos pudessem! Sabes muito bem, que o verdadeiro amor opera prodígios e se senti-lo realmente poderá estar com quem quiseres em energia, e sentir a energia desse ser, esteja ele encarnado ou não, pois o amor é Luz e, para a Luz, não existe nem tempo, nem espaço, nem distâncias... Eis porque o ser humano sofre: ele quer um amor exclusivo, só dele, só para ele, e isso não existe, isso é ilusão. Ninguém pertence a ninguém. O amor é, e deve ser, Universal. É claro que, muitas vezes, tem a necessidade física de demonstrar o amor, carinho e afeto que sente por alguém e deves fazê-lo, porém, sem egoísmo, sem condições. O Amor quando verdadeiro proporciona paz, equilíbrio e harmonia no coração, mente e alma. Já o falso amor é egoísta, e quando não correspondido provoca angústia, sofrimento, depressão e muitas vezes se transforma em ódio. Não, isso não é amor! Poucos são os seres que verdadeiramente amam, ou amarão, em teu mundo. Aqueles que dizem estar “sofrendo por amor”, mentem. Estão sofrendo por ignorância, egoísmo, orgulho – menos por amor. O Amor ilumina, tudo pode e vence sempre! Não existe energia mais forte no Universo que a do amor – o Verdadeiro.”

(M. Stella Lecocq - Mensagens dos Mestres - de Coração a Coração - p. 67/69)