OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A ATIVIDADE DO DESEJO (PARTE FINAL)

"(...) O desejo, se é desejo sexual, atua sobre o sistema nervoso. Toda sensação é uma excitação dos nervos, isto é, de todo o corpo. Quando a mente relembra essa excitação, quando se demora sobre ela na memória, o desejo sobe à cabeça e a excitação aumenta até alcançar o clímax. A mente torna-se escrava dessa excitação e não consegue funcionar separada dela. Ela se torna ativa e reúne os sentidos por meio de todo artifício possível, com o objetivo de aumentar o desejo e alimentá-lo.

Vemos isso ilustrado num show erótico ou numa revista erótica. O produtor representa a mente. É a sua mente que elabora e desenha cada detalhe que atrai os espectadores ao atuar sobre as associações em suas mentes, incita-lhe o desejo sexual, que por sua vez intensifica as antigas associações e se espalha para sensações novas. Cada detalhe torna-se uma corrente que aumenta o fluxo do desejo e da excitação, resultando num estado de interação, um vicioso círculo de ação entre a mente, instigada pelo desejo, e os nervos.

Quanto maior a excitação dos nervos, maior a vivificação do corpo e o desfrute da sensação corporal. Quanto maior o gozo, maior o apego ao gozo e ao anelo por sua repetição. A ‘arte’ em qualquer romance erótico ou em qualquer tipo de apelo sexual consiste igualmente na ênfase de associações.

Assim grande número de pessoas se deixa influenciar por uma luxúria intensificada e crescente que, eventualmente, as torna autômatos existindo para a satisfação da luxúria, ‘monstros’ a quem nada deterá sob sua tirania incessante. Na ocasião oportuna a autoindulgência sufoca e destrói todo instinto altruísta. Pois a mente está entrincheirada na sensação. A luxúria torna-se crueldade, sadismo. Mesmo em sua forma débil, luxúria e indulgência produzem indiferença para com os outros, destroem o amor no único sentido verdadeiro, expansivo e belo do termo.

É através da mente que o desejo pode ser controlado e dominado. O homem sábio é aquele que não diz: ‘eu desejo’, pois é capaz de se separar do desejo. Logo ele aprende que ‘sua’ mente é um amplo processo de pensar que ele contraiu.

Quando o coração está pleno de amor que busca dar e não arrebatar ou desfrutar, que não busca intensificação do eu pela sensação enraizada no eu, todos os anelos devem morrer. Onde o sexo é um problema, o amor é o antídoto. Quando existe a sacralidade do amor puro – no qual existe ausência do eu – pode-se olhar, sem interesse (como através dos olhos de uma criança inocente), para todas as coisas que poderiam ser excitantes a uma mente afetada pelo sexo. Na vida moderna, ‘amor’ está associado a posse e prazer. Mas seu verdadeiro relacionamento é com a ausência de desejo sob qualquer forma, sutil ou grosseira."

(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed,. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 28/29)


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A ATIVIDADE DO DESEJO (1ª PARTE)

"A sensação nasce do sentido do tato, que é a base de nossa relação com o mundo fenomenal. É um modo de resposta ao mundo externo e tem seu valor como meio de conhecimento, felicidade e crescimento, no seu lugar apropriado. Quando a sensação é psicologicamente elaborada, convertida em necessidade e indiscriminadamente misturada com o nosso processo pensante, é que o problema começa.

Quando a sensação é agradável, Manas ou mente - que é o instrumento de percepção - apega-se à sensação particular. O desejo de repetição da experiência surge com a forma ativa vitalizada desse apego. Toda repetição é essencialmente mecânica e pertence à natureza material; é, na verdade, uma forma de inércia. A memória é repetitiva. O desejo também é repetitivo. Ele tem seu ciclo de origem, crescimento, fim da satisfação, e renascimento imediato. 

A atividade do desejo é produzida pela mente. Mesmo nos animais, o desejo surge por causa de uma mente subliminar. Mente e sensação juntas geram desejo, quando a mente trabalha arduamente para se tornar sensação. A sensação é mentalizada. É o modo como a mente identifica a sensação posteriormente, retendo-a como base do pensamento e como memória. A mente tem o seu pensamento colorido pela sensação de prazer ou dor, e a reação a esse prazer ou a essa dor penetra o pensamento e o condiciona. Não fosse este o caso, a sensação existiria apenas por um momento, quando existe o contato excitante, e não produziria desejo. O desejo é uma força que remete ao passado e aparece como um fantasma do passado influenciando o presente.

É a mente que, em seu lado material (pois também está ligada ao princípio espiritual), une o passado ao presente, que associa uma coisa a outra por meio de observação e comparação. Ela rastreia a memória; cria teias de associação. 

O desejo, que é um impulso criado pelo impacto da mente sobre a sensação, invade a mente. Ele assim se perpetua e se expande. A sensação, com origem no passado, estende-se ao presente. Suas vibrações originais continuam diminuindo (a não ser que sejam intensificadas) como os tons de um diapasão através do meio contínuo da mente. A mente relembra a sensação passada, e como a sensação está envolta em desejo, ela desfruta da sensação e se esforça por prolongá-la e intensificá-la. Através das associações feitas pela mente, o desejo penetra os conteúdos mentais. Então, toda associação torna-se maculada e excita o desejo. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 27/28)


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

PURIFICAÇÃO DO CORPO ASTRAL¹ (PARTE FINAL)

E o que são esses elementais que interagem conosco dificultando o nosso trabalho de purificação dos nossos corpos físico, astral e mental? Por que muitas vezes reagimos de determinada forma a algo com ira, inveja, palavras ásperas e até agressões físicas, se já sabemos que essas atitudes não são as corretas?

Antonio Geraldo Buck, no Manual Básico de Teosofia, nos informa: “É de fundamental importância o entendimento sobre o funcionamento dos reinos elementais da natureza, porque eles estão no homem, fazendo parte da sua constituição mental e astral. Ora, tais reinos estão numa evolução descendente e, portanto, necessitam de vibrações mais grosseiras para se densificarem (...)”.

Os elementais não são nem bons e nem maus, simplesmente provenientes do Segundo Aspectos do Logos. Esse fluxo de vida ao adentrar no plano mental Superior após construir formas, passa a habitá-las. Esse é chamado de primeiro Reino Elemental, o qual com a finalidade de alcançar o reino mineral, passa a densificar-se, uma vez que está numa evolução descendente. Continuando nesse processo de involução, a essência elemental ao chegar no plano mental inferior é denominada de Segundo Reino Elemental e ao “descer” um pouco mais, habitando o plano Astral é conhecida como Terceiro Reino Elemental, ou elemental do desejo.

Se pararmos para refletir que esses elementais estão sendo impulsionados para uma densificação no arco descendente e nós estamos buscando purificação de nossos corpos através do arco ascendente, concluiremos que enquanto não despertamos para a necessidade de nos tornarmos melhores, vamos não só interagindo com esses elementais do desejo, mas também alimentando-os e nesse processo simbiótico é que vai sendo gerado uma ligação a qual perdura mesmo após o desencarne. Segundo C. W. Leadbeater em A Vida Interna, no momento do desencarne o elemental do desejo sabe que com o fim do corpo físico seguir-se-á também a morte do corpo astral e o fim das suas sensações densas, por isso ele procura preservar o corpo astral, dispondo-o em camadas, as mais densas e grosseiras na parte externa. Isso, fará com que a pessoa só perceba o subplano correspondente à camada mais externa, impedindo de transitar por todos os subplanos do astral como o fazemos enquanto encarnados. É uma prisão até que termine a vida astral. Esse processo pode ser evitado quando através da purificação do corpo astral controlamos o elemental do desejo não só enquanto encarnados, mas após a morte. 
   
No processo de evolução ao buscarmos responder às sensações menos densas, mais sutis, temos que ir cortando os vínculos formados com esses elementais. E é aí que começa o conflito interior, a luta entre o bem e o mal dentro de nós mesmos. (Jinarajadasa, Fundamentos de Teosofia)

Esse conflito humano impulsionado pelos elementais de um lado e pelo Ego do outro, é muito bem mencionado pelo apóstolo Paulo, em Romanos VII-19 a 23: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.

Tendo conhecimento desse lado oculto da nossa constituição, só nos resta arregaçarmos as mangas e partirmos para um trabalho interior, onde fortificados pela auto-observação, meditação e estudo, conscientizemo-nos de que somos seres espirituais em busca da autorrealização.

¹  Comentários sobre o parágrafo 8º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.23/24

Tirza Fanini


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

HOMEM, CONHECE-TE A TI MESMO! (1ª PARTE)

"Quando o homem comum diz 'eu sou feliz', ou 'eu sou infeliz' - que é que ele entende com essa palavrinha 'eu'? A imensa maioria dos homens entende com esse 'eu' a sua personalidade física, material, isto é, o corpo, ou alguma parte do corpo. 'Eu estou com dor de cabeça.' 'Ele morreu.' Um determinado sentimento de bem-estar do corpo é, por eles, chamado 'felicidade', como um certo mal-estar físico é apelidado de 'infelicidade'. Ora, esse sentir físico está, de preferência, nos nervos, que são os receptores e veículos das nossas sensações físicas. Quer dizer que o homem comum, quando fala de felicidade ou infelicidade, se refere a um determinado estado vibratório dos seus nervos. Se esse estado vibratório dos nervos lhe dá uma sensação agradável, ele se julga feliz; do contrário, se tem por infeliz.

Ora, esse estado vibratório dos nervos nem sempre depende da vontade do homem; depende, geralmente, de fatores meramente externos, acidentais, alheios ao seu querer ou não querer, como sejam, a temperatura, o clima, a alimentação, acidentes fortuitos, eventos imprevistos, a sorte grande, morte na família, etc. Todo homem que, por exemplo, diz 'eu estou doente' identifica o seu 'eu' com o seu corpo, e sobre esse erro fundamental procura erguer o edifício da sua felicidade. É o que, no Evangelho, se chama 'edificar sobre areia'. Mas um edifício construído sobre areia vã não resistirá ao embate de enchentes e vendavais.

Também a humanidade nos pode fazer sofrer ou gozar. Mas nem as circunstâncias da natureza nem da humanidade nos podem tornar felizes nem infelizes. Felicidade ou infelicidade vem da nossa substância própria, e não de circuntâncias alheias. 'Eu sou o senhor do meu destino - eu sou o comandante da minha vida'.

Dentro desse critério inadequado, é claro, a felicidade ou infelicidade é algo que não depende do homem. neste caso, o homem não é 'sujeito', autor, da sua felicidade ou do contrário, mas tão somente 'objeto' ou vítima. Circunstâncias externas, fortuitas, incontroláveis o tornariam feliz ou infeliz. Quer dizer que esse homem seria um simples joguete passivo dos caprichos do ambiente. Não poderia afirmar: 'eu sou o comandante de minha alma; porquanto não seria ele que marca o roteiro da barquinha de sua vida, que estaria inteiramente à mercê dos ventos e das correntezas alheias ao seu querer ou não querer. Como poderia ser solidamente feliz o homem que faz depender a sua felicidade de algo que não depende dele? (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda, São Paulo, 1982 - p. 23/24)


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

TRANSFORMAÇÃO INTERIOR

"Nós contatamos o mundo através da sensação. Todas as sensações são agradáveis ou dolorosas. Quando a sensação é agradável, a mente agarra-se a esta, nela se prendendo. O desejo é o produto, e este desejo permeia a mente e opera através da memória. Queremos que o desejo seja satisfeito repetidamente e não há fim nisso. Quando o desejo se faz sentir, o seu ardor impera, e a mente cai sob o seu fascínio; ela é escravizada pelo desejo. O desejo é infindável em sua escravização. Ele nos prende ao nosso passado, é repetitivo, fascina o nosso pensamento, impede a consciência de estar totalmente no presente. Não podemos dizer ‘não é isto’ até que nos coloquemos acima disso. O nosso pensamento está em um casamento desigual com o desejo, e isso é chamado de kᾱma-manas. Até que vejamos o seu processo e compreendamos as suas ilusões, não podemos mudar a nós mesmos.

Isso não significa que o agradável deveria ser evitado. Pode-se desfrutar algo de modo puro, isto é, sem adição, sem criar complicações. Esse desfrute é uma percepção pura. É a luz que se projeta sobre todas as coisas e as torna conhecidas.

É somente pela nossa automudança que conheceremos a Realidade. A Realidade está dentro de nós, e uma consciência purificada é necessária para senti-la. Presentemente é uma consciência dopada pelo desejo de gratificação de qualquer espécie, enfraquecida pela indulgência. Precisa ser despertada do sono.

Se pudermos dar plena atenção ao que está dentro de nós, rapidamente chegaremos à Realidade. Mas essa plena atenção não é possível enquanto a mente estiver dardejante, caçando borboletas, ou correndo atrás de si própria, em algum argumento capcioso. É o vinho do desejo que faz a mente ser obstinada e tola.

O caminho para a realidade espiritual está dentro de nós mesmos. É o caminho do discernimento, da autopercepção, um discernimento entre o verdadeiro e o falso em tudo que nos deparamos. Esse discernimento é possível porque há um raio de Realidade dentro de nós. A menos que haja alguma luz dentro de nós, nunca saberemos onde está a luz e onde está a escuridão. O discernimento deve ser praticado ao longo de todo o caminho que abrimos à medida que prosseguimos. Não é um caminho estabelecido para nós por alguém, exceto quanto a algumas afirmações gerais em termos de experiência comum. Palmilhar o caminho é um processo de liberação em relação a embaraços, complicações, ilusões, uma carga opressiva. É um caminho de crescente unidade com tudo – a Natureza e os seres humanos – um caminho de felicidade, que se cria e se compartilha."

(N. Sri Ram - O Homem sua Origem e Evolução - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 80/82)


sábado, 6 de setembro de 2014

COMO LEMBRAR-SE DO VERDADEIRO EU (PARTE FINAL)

"(...) As pessoas querem felicidade, amor e alegria, e buscam esses valores no mundo exterior. Não percebem que, embora estejamos vivendo num mundo físico e tenhamos sensações físicas, existe algo mais real e poderoso que fica dentro de nós.

Não estamos aqui para sermos escravizados pelas regras de uma sociedade envolvida com os aspectos negativos e inferiores da personalidade terrena. Temos que parar de viver uma vida baseada na culpa, preocupação e medo. Chegou a hora de voltarmos a conhecer o significado de Deus e de pensarmos em nós mesmos como seres espirituais de luz e amor.

Você é e sempre será uma fagulha do amor. O seu verdadeiro lar é o céu, e você viaja até este mundo para fazer seu dever de casa. A vida na Terra é temporária. Quando você vive cada dia tendo o espírito em mente, está vivendo uma vida verdadeira.

Quando a sua personalidade espiritual é fortalecida, você começa a experimentar a plenitude da vida.

Se queremos aprender com os exemplos do mundo espiritual, precisamos começar a assumir a responsabilidade por cada aspecto das nossas vidas. Somos os únicos capazes de mudar nossa maneira de pensar e agir. Quando tomamos decisões que são positivas e contribuem para o nosso crescimento, mesmo quando essas decisões parecem difícieis, nos tornamos participantes ativos de nossas vidas. Para despertar e reconectar-nos com a essência espiritual, precisamos exercitar nossos músculos espirituais, e a maneira mais eficiente é através da meditação."

(James Van Praagh - Em Busca da Espiritualidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 79/80)

domingo, 30 de março de 2014

RUGIR DA TEMPESTADE (2ª PARTE)

"(...) O entusiasmo por alguma coisa emana de uma condição de profundo interesse. Não se deve também confundir entusiasmo com simples excitação. Esta não possui profundidade e, portanto, não pode sustentar-se. Necessita ser constantemente alimentada pelas sensações do mundo externo. Porém o entusiasmo, arraigado no interesse profundo, tira sua força da própria profundiade. A mente capaz de um interesse profundo não conhece momentos de obscuridade e não se intimida com obstáculos, por maiores que sejam.

A dificuldade para a maior parte de nós é que vivemos nossas vidas num nível demasiado superficial; nossos pensamentos e emoções são extremamente rasos. Esta tendência para a superficialidade aumentou enormemente nos últimos tempos devido a uma primazia indevida dada à rapidez. Nossa civilização está num estado de precipitação terrível - embora não saiba para onde corre tanto! Ora, uma vida supercial tem constante necessidade de excitações, sejam materiais ou espirituais. Há um anseio por mais e mais excitações, sensações e entretenimentos. Vê-se hoje em todos os níveis da existência humana, esta crescente demanda pelo 'mais'. É necessário dizer que a mente funcionando em níveis superficiais não pode ter experiências profundas. Uma mente assim mantém apenas relações sociais; não cultiva amizades profundas. Pode dissecar e analisar uma estrutura; não pode compreender as profundezas da vida subjacente. Porém a espiritualidade é essencialmente assunto de experiências profundas. É a profundidade da experiência o que caracteriza a espiritualidade e não um determinado campo de atividade. Pode-se ser intensamente espiritual num mercado público, e não o ser, em absoluto, num templo ou santuário.

É a pessoa que vive superficialmente que briga com as condições objetivas da vida. Porta-se com um senso de injustiça. Sente ressentimentos para com os Senhores do Karma. Julga-se derrotada pelas circunstâncias em que foi inserida. A superfície da água é constantemente agitada, mesmo por um vento passageiro. O ser humano esforça-se por livrar-se destas perturbações constantes, tentando controlar o vento. Procurar a segurança tentando alterar as condições objetivas da vida é revelar mente imatura. A mente sem profundidade, empenha-se em tais propósitos. Sente-se restringida pelos acontecimentos objetivos, sejam coisas, pessoas ou ideias. Quando o contato da mente com a vida é raso e superficial, as dificuldades do mundo objetivo avultam-se muito. (...)" 

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 10/12)


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

QUATRO MÉTODOS RELIGIOSOS FUNDAMENTAIS: O MÉTODO DA DEVOÇÃO

"Este método consiste na tentativa de fixar nossa atenção em um objeto de pensamento, em vez de fixá-la em diferentes séries de pensamentos ou em vários objetos (como no método do intelecto). No método da devoção estão incluídas todas as formas de culto, como por exemplo a oração (em cuja prática devemos eliminar todos os pensamentos relacionados com objetos mundanos). O Eu espiritual deve fixar a atenção de maneira profunda e reverente naquilo que escolheu como foco de sua concentração - seja a ideia de um Deus pessoal, seja a de uma Onipresença impessoal. O ponto-chave é que o devoto se concentre, com suficiente sinceridade, em um único pensamento devocional.

Por este processo o Eu espiritual torna-se gradualmente liberto do tumulto de numerosos pensamentos - a segunda série de perturbações - e consegue tempo e oportunidade para pensar em si mesmo. Quando oramos fervorosamente, esquecemos todas as sensações corporais e expulsamos todos os pensamentos intrusos que tentam ocupar nossa atenção.

Quanto mais profunda é nossa oração, mais intensa é a satisfação que sentimos, e essa satisfação torna-se o critério com que medimos até que ponto nos aproximamos da Bem-aventurança ou Deus. À medida que as sensações do corpo são deixadas para trás e os pensamentos errantes são controlados, a superioridade do método da devoção sobre o intelectual se evidencia.

No entanto, o método da devoção apresenta certos defeitos e dificuldades. Devido ao arraigado hábito que leva o Eu espiritual a manter-se apegado e escravizado ao corpo, ele se esforça em vão para desviar a atenção da esfera das sensações corporais e mentais. Todavia, por mais que a pessoa deseje orar ou unir-se de todo o coração a qualquer forma de culto, a atenção é invadida impiedosamente pelo ataque de sensações corporais e pensamentos velozes trazidos pela memória. Frequentemente, quando oramos, ficamos completamente absorvidos em dar atenção às circunstâncias que são favoráveis à oração, ou sucumbimos facilmente à tentação de buscar alívio ao menos desconforto físico que apareça durante ela. 

Apesar de todos os nossos esforços conscientes, nosso mau hábito de inquietude - que já se tornou para nós uma segunda natureza - predomina sobre os desejos do Eu. A despeito do desejo de nos concentrarmos, a mente se torna inquieta e, parafraseando, poderíamos dizer: 'Onde estiver a nossa mente, ali estará também o nosso coração'. Dizem-nos para orar a Deus de todo o coração. Em vez disso, geralmente nossas mentes e corações são distraídos por impressões sensoriais e pensamentos errantes durante a oração. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 64/66)


domingo, 24 de fevereiro de 2013

TITIKSHA: A ARTE DA RESISTÊNCIA MENTAL

"Nenhuma sensação ou tortura mental poderá afetar você se sua mente se dissociar de se ancorar na paz e na alegria de Deus.

A capacidade de suportar tudo com equanimidade se denomina titiksha em sânscrito. Tenho praticado essa neutralidade mental. Já meditei uma noite inteira no meio da água gelada, no mais frio dos invernos. E também meditei da manhã à noite, sentado nas areias escaldantes da Índia. Com isso, adquiri grande força mental. Quando você pratica esse tipo de autodisciplina, a mente fica imune a qualquer circunstância perturbadora. Se você acha que não vai conseguir fazer alguma coisa é porque sua mente está escravizada. Liberte-se.

Não estou dizendo que você deve ser imprudente. Procure colocar-se, pouco a pouco, acima das perturbações. Resistência é o que você precisa ter. Seja qual for o problema, faça o supremo esforço de remediá-lo sem preocupação; e enquanto não for resolvido, pratique titiksha. Não é isso uma sabedoria prática? Se você é jovem e forte, à medida que fortalecer a mente e a vontade poderá praticar métodos mais rigorosos de autodisciplina, como eu fiz. 

Se você pensar que o inverno está chegando e que provavelmente ficará resfriado, não está desenvolvendo força mental, mas sim se comprometendo com certa debilidade. Quando achar que pode pegar um resfriado, resista mentalmente: "Vá embora! Estou seguindo precauções sensatas; não permitirei que a preocupação abra caminho para a doença por ter enfraquecido minha mente." Esta é a atitude mental correta. Do fundo do coração, sinceramente, faça sempre o melhor possível, mas sem ansiedade. A preocupação só serve para paralisar seus esforços. Se fizer o melhor, Deus estenderá a mão para ajudá-lo. (...)

Lembre-se de que a mente não pode sofrer nenhuma dor, a menos que aceite a sugestão de dor. A mente não pode sofrer pobreza nem qualquer outra coisa, a menos que aceita o dissabor da condição. Jesus foi tratado duramente - a vida dele foi cheia de problemas, obstáculos e incertezas - mas ele não se preocupou. Lembre-se você também é filho de Deus. Pode ser abandonado por todos, mas não será abandonado por Deus, porque Ele o ama. Não se preocupe nunca, pois Deus o fez à Sua imagem invencível.

Perceba que a presença infinita do Pai Celestial está sempre dentro de você. Diga a Ele: "Na vida e na morte, na saúde e na doença, não me preocupo, ó Senhor, pois sou Teu filho para todo o sempre." 

(Paramahansa Yogananda - Viva sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 36/38)


sábado, 1 de dezembro de 2012

A PROCISSÃO DOS HOMENS IGUAIS


“Eu vi passar a procissão dos homens iguais, tristemente iguais, mesquinhamente, miseravelmente, acomodadamente, doentiamente iguais.

Cada um, em si mesmo, convencido de ser autêntico, ia a cantar desentoado a canção de sua própria autenticidade inexistente.

Todas, arrastando medroso e maquinal mesmismo, iam inventando um poema de suposta liberdade.

Iam tangidos pela espora da cobiça, perdidos no erótico, fugindo do tédio, caçando novas sensações, buscando acumular, tentando preencher o grande vazio.

Todos massificados no mesmo caminho, defendendo desgastadas crenças ou gritando pseudo-rebeliões extremistas, repetindo ideologias ocas mais aliciantes, mantendo as mesmas aspirações, lutando pelas mesmas confortadoras ilusões.

Iam vestindo as mesmas vestes; falando de forma igual; preferindo as mesmas coisas, detestando as mesmas coisas; alienando-se da mesma forma.

Ainda estou vendo passar agitada a patética procissão dos homens-máquinas iguais, com seu tropel de normais pés acorrentados, tentando esmagar os raros rebeldes divinos que falaram da verdadeira liberdade e da autenticidade que liberta.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – p. 25/26)