OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 20 de abril de 2017

O PASSADO NÃO CONSEGUE SOBREVIVER DIANTE DA PRESENÇA

"Uma eventual curiosidade quanto ao passado inconsciente poderá ser satisfeita através dos desafios do presente. Quanto mais penetramos no passado, mais ele se torna um buraco sem fundo. Haverá sempre alguma coisa a mais. Você pode pensar que precisa de mais tempo para entender o passado ou se livrar dele, ou, em outras palavras, que o futuro irá finalmente livrá-lo do passado. Isso é ilusão. Só o presente pode nos livrar do passado. Uma maior quantidade de tempo não consegue nos livrar do tempo.

Acesse o poder do Agora. Essa é a chave. O poder do Agora nada mais é do que o poder da sua presença, da sua consciência libertada das formas de pensamento. Portanto, lide com o passado no nível do presente. Quanto mais atenção você der ao passado, mais energia estará dando a ele e mais probabilidades terá de construir um 'eu interior' baseado nele.

Não confunda as coisas. A atenção é essencial, mas não em relação ao passado como passado. Dê atenção ao presente. Dê atenção ao seu comportamento, às suas reações, ao seu humor, seus pensamentos, suas emoções, medos e desejos, da forma como eles acontecem no presente. Ali está o seu passado. Se você consegue estar presente o bastante para observar todas essas coisas, não de modo crítico ou analítico, mas sem julgamentos, significa que você está lidando com o passado e dissolvendo-o através do poder da sua presença.

Não é procurando o passado que você vai se encontrar. Você vai se encontrar estando no presente."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro, 2016 - p. 52/53)


sábado, 8 de abril de 2017

ENTRANDO NO AGORA (PARTE FINAL)

"(...) Uma presença intensa se faz necessária quando certas situações provocam uma reação de grande carga emocional, como, por exemplo, no momento em que acontece uma ameaça à nossa autoimagem, um desafio na vida que nos causa medo, quando as coisas 'vão mal' ou quando um complexo emocional do passado vem à tona. Nessas situações, tendemos a nos tornar 'inconscientes'. A reação ou a emoção nos domina, 'passamos a ser' ela. Passamos a agir como ela. Arranjamos uma justificativa, erramos, agredimos, defendemos... Só que não somos nós e sim uma reação padronizada, a mente em seu modo habitual de sobrevivência.

Identificar-se com a mente dá a ela mais energia, enquanto observar a mente retira a sua energia. Identificar-se com a mente gera mais tempo, enquanto observar a mente revela a dimensão do infinito. A energia retirada da mente se transforma em presença. No momento em que conseguimos sentir o que significa estar presente, fica muito mais fácil escolher simplesmente escapar da dimensão do tempo, sempre que o tempo não se fizer necessário para fins práticos, e entrar mais profundamente no Agora.

Isso não prejudica nossa capacidade de usar o tempo - passado ou futuro - quando precisamos nos referir a ele em termos práticos. Nem prejudica nossa capacidade de usar a mente. Na verdade, estar presente aumenta nossa capacidade. Quando você usar a mente de verdade, ela estará mais alerta, mais focalizada.

O principal foco de atenção das pessoas iluminadas é sempre o Agora, embora elas tenham uma noção relativa do tempo. Em outras palavras, continuam a usar o tempo do relógio, mas estão livres do tempo psicológico."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro, 2016 - p. 32/33)


sexta-feira, 7 de abril de 2017

ENTRANDO NO AGORA (1ª PARTE)

"Suprimir a dimensão do tempo faz surgir um tipo diferente de conhecimento, que não 'mata' o espírito que mora dentro de cada criatura e de cada coisa. Um conhecimento que não destrói o aspecto sagrado nem o mistério da vida e que contém um amor e uma reverência profundos por tudo o que é. Um conhecimento sobre o qual a mente nada sabe.

ROMPA COM O VELHO PADRÃO de negação e resistência ao momento presente. Torne uma prática desviar a atenção do passado e do futuro, afaste-se da dimensão do tempo na vida diária, tanto quanto possível.

Se você achar difícil entrar diretamente no Agora, comece observando como a sua mente tende a fugir do Agora. Vai notar que geralmente imaginamos o futuro como algo melhor ou pior do que o presente. Imaginar um futuro melhor nos traz esperança e uma antecipação do prazer. Imaginá-lo pior nos traz ansiedade. Ambos os casos são ilusões.

Ao observarmos a nós mesmos, um maior grau de presença surge automaticamente em nossas vidas. No momento em que percebemos que não estamos presentes, estamos presente, Sempre que formos capazes de observar nossas mentes, deixaremos de estar aprisionados. Um outro fator surgiu, algo que não pertence à mente: a presença observadora.

Esteja presente como alguém que observa a mente e examine seus pensamentos e emoções, assim como suas reações em diferentes circunstâncias. Concentre seu interesse não só nas reações, mas também na situação ou na pessoa que leva você a reagir. Perceba também com que frequência a sua atenção está no passado ou no futuro. Não julgue nem analise o que você observa. Preste atenção ao pensamento, sinta a emoção, observe a reação. Não veja nada como um problema pessoal. Sentirá então algo muito mais poderoso do que todas aquelas outras coisas que você observa, uma presença serena e observadora por trás do conteúdo da sua mente: o observador silencioso. (...)"

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., Rio de Janeiro, 2016 - p. 31/32)


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

OS PARADOXOS DA VERDADE

"Quem demanda a perfeição
Parece ser imperfeito.
Embora a sua oculta plenitude
Plenifique todas as vacuidades.
Quem possui verdadeira plenitude
É inesgotável,
Por mais que se esgote.
Quem anda direito,
Parece torto.
Grande habilidade
Parece inabilidade.
Arte genuína
Parece mediocridade.
Movimento supera o frio.
Quietação vence o calor.
O que é puro e reto
Sempre orienta o mundo.

EXPLICAÇÃO: Tudo o que é do mundo da qualidade é ignorado pelo mundo das quantidades. A qualidade não está sujeita a tempo e espaço, porque é do eterno e do infinito. E, por isso mesmo, o que não pertence ao mundo da qualidade é tachado pelos cultores das quantidades como irreal e ilusório.

O cego acha normal a escuridão - e anormal a luz.

O surdo acha normal o mundo sem som - e anormal o mundo do som.

O doente que nunca conheceu saúde pode achar normal a doença - e anormal a saúde.

Por isto disse alguém: 'A loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens - e a fraqueza de Deus é mais forte que a força dos homens';

As grandes verdades quase sempre aparecem em forma de paradoxos - que não devem ser explicados - mas aplicados."


(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 122/123)


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CONSCIÊNCIA

"Tudo que é construído perde sua força no decorrer do tempo, e o cérebro também perde sua vitalidade e coerência com a idade. Mas há mudanças que surgem não devido a qualquer causa física, mas exatamente em virtude da maneira pela qual a mente trabalha em estado de inconsciência. Estamos fazendo aqui uma distinção entre cérebro e mente, atribuindo a esta última uma condição independente. Se a vida fosse um produto da matéria, então a vida deveria secar com a deterioração do corpo, e quando o corpo morre, a vida e a consciência deveriam partir para sempre, como a chama de um pavio que foi consumido. Mas em uma visão profunda da matéria, a vida e a consciência podem ser manifestações de uma energia que é a base do universo, mas que tem de assumir uma forma, uma organização material, para a expressão de significado. De qualquer maneira podemos ver como a consciência limita a si própria. Ela forma ideias em diversas matérias. Essas ideias não são meramente formas de suas ações, mas tendem a se tornar cristalizações que permanecem na mente; a mente se apega a elas, pelo prazer que fornecem ou pelo medo da dor e, então, todo o processo de pensamento realiza-se em relação a elas, gira em torno delas. O homem é um pensador, com a derivação da palavra ‘homem’ indica. Ele está constantemente envolvido na ideação de diferentes tipos. Não pode haver nada de errado com a formação de idéias ou em desfrutar algo agradável, isto é, em registrar uma sensação agradável. Mas complicações apresentam-se quando nos tornamos apegados às sensações ou a idéias e buscamos permanência. Todo apego é um limitador. Mentalmente e emocionalmente levantamos muros ao nosso redor que constituem uma prisão dentro da qual as atividades da mente estão confinadas. Ela permanece enclausurada em seu interior e projeta diversas ideias de lá. Todas essas ideias brotam do solo dos seus condicionamentos, isto é, o terreno das experiências vividas e de suas reações a ela. O homem ambicioso projeta uma imagem de sua própria importância diante de si, a qual busca realizar. Da mesma forma, aquele que tem medo projeta sombras do que pode acontecer a ela a cada muro que lhe aparece.

Se a consciência presente abandona seus apegos, que, na verdade, são suas próprias memórias, imediatamente ocorre uma grande mudança de grande proporção. As memórias não deixam de existir, mas irão retroceder, provocando no presente um estado de completa liberdade e naturalidade. O passado se transformará em mera paisagem. Diz-se que o Buda podia se lembrar de todos os eventos de suas encarnações passadas. Certamente tais lembranças não afetavam de forma alguma sua serenidade, a liberdade que alcançou, e sua atitude benigna para com todos os seres e todas as coisas. O passado era apenas um mapa estendido à sua frente."

(N. Sri Ram - O significado de cada momento presente - Revista TheoSophia, pub. da Sociedade Teosófica no Brasil, out/nov/dez/2016 - p. 22)


domingo, 15 de janeiro de 2017

O INAPROPRIADO USO DOS SENTIDOS

"Você mesmo deve refletir e descobrir com exatidão o que lhe expandirá o coração e aquilo que gerará inquietação. Depois disso, fique com aquilo e abandone isso. Se assim não for, vagando por perdidos caminhos, feito um macaco, insano, terá de retorcer-se e agitar-se em confusão. Qual é a causa de todos os problemas e descontentamento que hoje a tantos subjugam? É o inapropriado uso que se tem feito dos sentidos.

Em qualquer campo que seja, se um indivíduo agir de tal forma que o ego o domine, este não somente o conduzirá a uma posição perigosa, mas também lhe criará grandes dificuldades. O ego age sobre a sombra dele. Cedo, bem cedinho, por conta dos raios do sol, nossa sombra será muito alongada. À medida que o sol ascende no céu, por conta de seus raios, o comprimento da sombra se reduzirá. Dessa maneira, a estatura (psicológica) de um egoísta é alguma coisa que tem de minguar, na medida em que o tempo avança."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 165)


sábado, 24 de dezembro de 2016

MUDANÇAS CONSTANTES (1ª PARTE)

"Um rio começa como um pequeno córrego e se torna caudaloso. Na verdade, a água que se viu há um minuto foi-se embora e a nova água chegou. Assim, o rio é continuamente diferente; não há nada que possamos chamar de 'o rio'. Isso é algo a ser considerado. Não é o mesmo rio que vimos ontem; a água fluiu para o oceano. Contudo, ainda é um rio, embora a água não seja a mesma. É quase um paradoxo - um problema que a mente humana não consegue assimilar, porque é intangível.

O famoso instrutor budista Thich Nhat Hanh diz que, como constantemente ocorrem mudanças em tudo, devemos tentar compreender, através da meditação, que a mudança é para o bem. Impermanência não é miséria; contudo, não gostamos de enfrentá-la. A vida está continuamente a se mover, mas gostaríamos que ela parasse e só mudasse quando quiséssemos. Gostaríamos de ver as mudanças em algumas coisas, como, por exemplo, nos grãos de milho. Isso leva algum tempo, mas o tempo é um tipo de ilusão que experienciamos.

O grão que é plantado cresce e se torna milho. Se não ocorresse a mudança, o grão não se tornaria planta e não teria utilidade. O crescimento torna possível a existência do milho, para que dele desfrutemos, e para que o novo milho cresça. Assim, precisamos aprender a aceitar a mudança constante, mas nossa mente é de tal natureza que não consegue lidar com isso. Esse é o começo da dor. (...)"

(Radha Burnier - O caminho do desapego - Revista Sophia, Ano 10, nº 40 - p. 22)
www.revistasophia.com.br


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

TRANSFORMAÇÃO

"Transformações estão ocorrendo constantemente no mundo à nossa volta - na Natureza, nas coisas feitas pelo homem e no próprio homem. Não será a transformação uma expressão do movimento que, segundo A doutrina secreta, é um dos três aspectos do Absoluto - movimento, espaço e duração?

A palavra transformação é derivada do latim trans, que significa 'além de, completamente, através de', e forma, que significa 'uma forma'. Assim, poderíamos dizer que, etimologicamente, transformação tem a ver com atravessar ou ir além de uma forma ou de formas. Existe movimento através das formas de uma para outra e novamente daquela forma. Assim, é a forma que muda, embora visivelmente possa não mudar em sua inteireza ou imediatamente, a não ser que um fator especial, tal como o fogo, seja introduzido do exterior. Geralmente, aquilo que muda constantemente não é a forma total, mas suas partes. Na matéria são as moléculas e os átomos que mudam. Nos corpos vivos, orgânicos - corpos de animais e plantas -, células novas estão constantemente sendo adquiridas e as velhas sendo descartadas.

Dizem que a cada sete anos as células do corpo humano são completamente renovadas de modo que não é o mesmo corpo que era há sete anos. Em toda matéria - a de nossos corpos tanto quanto a de objetos inanimados - os átomos estão em constante movimento, e as partículas subatômicas da matéria movem-se tão rapidamente que passam a pertencer a um conjunto de leis completamente diferentes das leis que se aplicam à matéria que vemos com nossos olhos físicos. Mas, na matéria que conhecemos, as mudanças normalmente parecem ocorrer lentamente e conseguimos identificá-las. Vemos uma flor crescer, desabrochar e estiolar-se. Vemos o corpo de um animal recém-nascido crescer, entrar na fase adulta, envelhecer e depois morrer, desintegrando-se. Podemos dizer que o corpo do adulto ou do idoso é o mesmo que o de um bebê? É o mesmo que era há sete anos? É o mesmo que era ontem ou há poucos momentos? Contudo, reconhecemos a sucessão de formas como pertencendo a uma unidade, porque muitas dessas formas permanecem para preservar a aparência exterior e, acima de tudo, porque existe 'algo internamente' que permaneçe constante através de todas as mudanças. Existe um movimento de forma para forma, mas o que é que se move? Frequentemente dizem que a forma é um par de opostos, sendo o outro par a vida, e que, enquanto a forma muda, a vida é imutável."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 30)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


terça-feira, 22 de novembro de 2016

A GRANDE ILUSÃO (PARTE FINAL)

"(...) Espaço, tempo e eu tornam-se todos ilusórios, aparentemente essas coisas constituem um triângulo de ilusão. Torna-se óbvio agora que, antes que possamos esperar compreender a natureza dessas ilusões, temos que buscar uma inteligência não afetada por elas, que possa, por assim dizer, abordar as extensões de nosso problema a partir de uma nova dimensão. A ciência oculta mostra-nos exatamente a existência desta possibilidade. À luz desta inteligência, que jaz incrustada em cada ser humano como um germe não desenvolvido, seu eu, como ele o conhece aqui embaixo, é apenas uma clausura de sombras, que ele busca manter e fortificar por todo meio psicológico em seu poder. Antes que possa compreender a natureza de tempo e espaço, em termos diferentes dos símbolos matemáticos, ele tem de preparar em si um estado de consciência que será capaz de captar impressões novas dos fenômenos que as constituem, e ler sua importância não afetada por modos prévios de as compreender. 

Haverá de ser um estado de consciência no qual a faculdade de cognição esteja livre da servidão do apego às suas próprias percepções prévias, livre de qualquer ímpeto de uma inércia que imperceptivelmente a transporta sobre os limites de nova percepção direta, dependendo do contato entre sujeito e objeto de momento a momento. Terá de ser uma faculdade tão sutil que não aceite conexão entre ponto e ponto, no tempo ou no espaço, que ela não consiga perceber diretamente ou verificar por si mesma.

Uma percepção tão viçosa, penetrante e iluminada só é possível a uma consciência que tenha dissipado as trevas que envolvem a prisão de suas próprias limitações. Somente quando a natureza da limitante entidade pessoal é compreendida é que a faculdade de cognição, retirada de seus embaraços, estará suficientemente refinada ou suficientemente pura para compreender até mesmo o mais longínquo aspecto dessa relação eterna entre ser e não ser, que constitui a essência da manifestação."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 45/46)


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O FUTURO É AGORA

" (...) Somos autores de nossos próprios sofrimentos, por isso só nós podemos desfazê-los. Surgiram de nossos pensamentos, de nossas suposições e, se descobrimos suas consequências, essas ilusões cessam e há a possibilidade de uma verdadeira mudança. Essa mudança não vai acontecer no tempo, não acontecerá gradualmente. Ou percebemos a verdade ou não a percebemos. Não podemos descobrir vinte por cento da verdade, depois cinquenta por cento e pouco a pouco chegarmos a cem por cento, como ir subindo numa montanha. Ora, a verdade entra na mente como uma revelação instantânea, uma profunda percepção que produz a mutação da consciência e quando acontece, estamos livres. O problema termina e não precisamos controlá-lo. Precisamos controlar o problema somente quando ele está surgindo, porque a causa ainda não foi eliminada.

Por isso existem guerras no mundo, porque suas causas não foram eliminadas. Vejam a situação do Oriente Médio, entre árabes e judeus. Os árabes dizem a seus filhos que os judeus são seus inimigos, e os judeus dizem aos seus filho que os inimigos são os árabes. Quando morrem os mais velhos, as crianças ficam com a inimizade ensinada desde o berço. E como poderá findar a divisão de ódio entre essas duas comunidades? Não findou nos últimos sessenta e cinco anos, e a situação continua exatamente a mesma. Cada vez que surge um conflito, as Nações Unidas vão lá para estabelecer algum diálogo, para algum acerto, mas todas as vezes, a pacificação não tem êxito. Certamente há uma causa mais profunda por trás disso, e enquanto não eliminarem a causa, o efeito continará a aparecer. O fato é que não há grande diferença entre árabes e judeus. Pensam que existe por terem diferentes religiões, crenças, apegos, hábitos, alimentos etc, mas são coisas muito superficiais; bem no fundo têm muito em comum: os mesmos instintos, os mesmos problemas de desejo, ciúme, ambição, medo e tristeza porque são seres humanos. Sentem-se diferentes apenas porque dão tremenda importância às diferenças superficiais, que são uma ilusão.

Budha ensinou a verdade de que o outro sou eu. Se não parece ser assim é porque a mente está cheia de ilusões que nos separam, enquanto persistirem não haverá mudança no estado psicológico, não haverá evolução psicológica; por isso o futuro é agora. Haverá mudança real só quando percebermos o que é verdade e o que é falso. Por isso a busca da verdade é a mais elevada religião, e a mente ávida é a real mente religiosa.

A sabedoria é terminar o momento, descobrir o fim da jornada a cada passo do caminho e viver grandes momentos de boas horas. Ralph Waldo Emerson"

(P. Krishna - O futuro é agora - Revista TheoSophia Julho/Agosto/Setembro de 2013 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 18/19)
www.sociedadeteosofica.org.br


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O PENSADOR E O PENSAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Será possível experimentar aquele estado em que só existe uma única entidade e não dois processos separados — o experimentador e a experiência? Se o experimentarmos, talvez possamos descobrir o que é ser criador e conhecer um estado em que nunca há deterioração, em quaisquer relações em que se encontre o homem. 

Sou ambicioso. Eu e a ambição não somos dois estados diferentes; só há uma única coisa, que é a ambição. Se estou cônscio de que sou ambicioso, que acontece? Faço um esforço para não ser ambicioso, atendendo a razões sociais ou religiosas; este esforço estará sempre dentro de um círculo limitado. Posso dilatar o círculo, mas ele será sempre limitado. Por conseguinte, nele está presente o fator da deterioração. Mas, se investigo um pouco mais profunda e atentamente, vejo que a entidade que faz esforço é a causa da ambição, ela própria é ambição. E percebo também que não há 'eu' e ambição, separados, e sim apenas ambição. Se reconheço que sou ambicioso, que não há o observador que é ambicioso, mas que eu mesmo sou a ambição, o problema se torna então muito diferente; nossa reação a ele é de todo diferente e nosso esforço não é mais destrutivo. 

Que fareis, ao reconhecer que todo o vosso ser é ambição e que toda ação que executais é ambição? Infelizmente, não estamos acostumados a pensar nessa direção. Há o 'eu', a entidade superior, o soldado que controla e domina. Para mim, esse processo é destrutivo. É uma ilusão e sabemos por que assim procedemos. Divido-me em 'superior' e 'inferior', com o fim de subsistir. Se eu sou a ambição, completamente, se não há um 'eu' atuando sobre a ambição; se eu sou todo ambição, que acontece, então? Por certo, há então um processo inteiramente diverso, nasce um problema diferente. Este problema, sim, é criador, porque nele não há sentimento do 'eu' que domina e que 'vem a ser', positiva ou negativamente. Devemos alcançar esse estado, se queremos ser criadores. Nesse estado, não há entidade que faz esforço. Esta questão não exige 'verbalização', ou que se procure descobrir o que é aquele estado; se vos aplicardes a ela dessa maneira, saireis perdendo e nada achareis. O importante é perceber que a entidade que faz esforço e o objeto para o qual o esforço é dirigido, são a mesma coisa. São necessárias uma compreensão e uma vigilância extraordinárias, para ver como a mente se divide em 'superior' e 'inferior' — sendo que a parte 'superior' é a segurança, a entidade permanente, que continua, todavia, a ser um processo de pensamento e por conseguinte uma coisa do tempo. Se pudermos compreender isso, como experiência direta, veremos então surgir um fator inteiramente diferente."

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 93/94)


sexta-feira, 10 de junho de 2016

VIDA ESPIRITUAL

"Nos primeiros passos na senda espiritual, o aspirante, já convencido da impossibilidade de ser feliz mediante o agir somente para si (e às vezes em detrimento do descanso, e sem pensar em Deus e no próximo), deseja libertar-se e, para tanto, se decide a administrar seu tempo e suas energias.

Passa a orar, a meditar... como que se dedicando a Deus. Mas, lá no fundo da alma, o que pretende é convencer Deus de lhe dar mais poder, mais alegrias, mais preenchimento, mais satisfação...

Passa a desenvolver atividade caridosa ostensiva... Mas, lá no fundo da alma, pensa assim: 'Com isto estou agradando a Deus, portanto,  Ele vai me dar isto e aquilo...'

Como é bom fazer uma autoanálise em nossas motivações!

Senhor, ajuda-me a desmascarar os truques com que meu eu se defende e me retém."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 37)


quinta-feira, 9 de junho de 2016

O PLANO DIVINO (PARTE FINAL)

"(...) O Plano Divino, que se pode dizer ser eterno dos céus, é uma esquema de evolução no tempo. Ele atua em e através das mentes e vontade dos homens, cuja evolução prossegue segundo seu livre-arbítrio em vários graus e pensamento individual. Mas, se toda nossa liberdade é compreendida por sua onisciência, e embora sejamos livres para escolher. Aquele que tudo sabe, sabe como escolheremos. Do nosso ponto de vista inferior temos de planejar o melhor, e tudo que é aceitável desse melhor é abarcado e descoberto como sendo parte de seu plano em florescimento.

Assim como a intelecção ou vontade do Manu - para ele os dois atos devem ser um - é um baixar do depósito infinito de pensamento divino, a perfeição que é alcançada aqui em baixo por nossos melhores esforços é a corporificação de uma perfeição divina que está sempre esperando para descer. O movimento ascendente da matéria é interceptado e mistura-se com a corrente descendente do espírito que, quando reflete a natureza da matéria, é fragmentada numa infinidade de formas e ideias divinas - e na união dessas forças, de baixo e de cima - é gerada aquela perfeição que é tanto objetiva quanto subjetiva."

(N. Sri Ram - o Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 104)


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

UM DIA DE VIDA

"(...) Temos o hábito de pensar que o transcurso de uma existência é um longo período de tempo, mas, na realidade, é apenas um dia de uma vida maior. Não podemos concluir um trabalho realmente grande num dia só; ele talvez requeira muitos dias, e o trabalho de um dia, às vezes, não mostra um resultado apreciável; não obstante, o trabalho de cada dia é necessário à complementação da grande tarefa, e se o homem se entregar à preguiça, dias após dia, porque a concretização do trabalho lhe parece tão distante, não conseguirá que o trabalho seja feito.

Muitos são aqueles para os quais a Teosofia chega tarde na vida, que se sentem um tanto ou quanto desalentados pela perspectiva, julgando-se agora demasiado velhos para empreenderem alguma coisa com seriedade, ou para fazerem algum trabalho de valor, e acham que o máximo que podem fazer agora é chegar tranquilamente ao fim desta encarnação, com a esperança de ter, na próxima, uma oportunidade melhor.

Eis aí um triste erro, e por várias razões. Não sabemos que espécie de encarnação de carma se estará preparando para nós na próxima vez que voltarmos à terra. Não sabemos se, por alguma ação anterior, merecemos a oportunidade de nascer num ambiente teosófico. Seja como for, o modo que mais parece capaz de assegurar um nascimento assim consiste em utilizar a oportunidade que nos chegou agora, visto que, de tudo o que aprendemos a respeito do funcionamento da grande lei de causa e efeito, destaca-se com suma clareza o fato de que o resultado de agarrar uma oportunidade é, invariavelmente, oferecer-se outra oportunidade mais ampla. Se, portanto, descurarmos da oportunidade colocada diante de nós pelo nosso encontro com a Teosofia agora, é possível que, na próxima encarnação, a oportunidade não nos procure outra vez. 

Se o homem se puser a trabalhar com afinco e impregnar o seu espírito, o máximo possível, de ideias teosóficas, isso as construirá muito bem no ego, e lhe dará uma atração tão grande por elas que ele, com toda a certeza, mesmo que não consiga recordá-las com minúcias, as procurará instintivamente e as reconhecerá em seu nascimento seguinte. Todo homem, portanto, deve encetar o trabalho filosófico assim que ouvir falar nele, porque, seja o que for que consiga realizar, por menor que seja, será para o bem, e ele começará, no dia seguinte, do ponto em que o deixou. (...) Assim sendo, não se perde esforço algum, e nunca é tarde demais, em qualquer vida, para ingressar no longuíssimo caminho ascendente e dar início ao trabalho glorioso de ajudar os outros. (...)"

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 120/121)


sábado, 23 de janeiro de 2016

O EVANGELHO - SUTRA 3

"Parambrahma faz emergir a criação, a Natureza inerte (Prakriti). De Om (Pranava, o Verbo, a manifestação da Força Onipotente), vieram Kala, o Tempo; Desa, o Espaço; e Anu, o Átomo (a estrutura vibratória da criação).

O Verbo, Amém (Om), é o princípio da Criação. A manifestação da Força Onipotente (a Repulsão e sua expressão complementar, o Sentimento ou o Amor Onisciente, a Atração) é a vibração que se apresenta como um som peculiar: o Verbo, Amém, Om. Em seus diferentes aspectos, Om dá a ideia de mudança, que é o Tempo (Kala), no Sempre-Imutável; e a ideia de divisão, que é o Espaço (Desa), no Sempre-Indivisível.

As Quatro Ideias: o Verbo, o Tempo, o Espaço e o Átomo. O efeito resultante é a ideia de partículas - os inumeráveis átomos (patra ou anu). Esses quatro - o Verbo, o Tempo, o Espaço e o Átomo - são, portanto, uma e a mesma coisa e, substancialmente, não passam de simples ideias.

Essa manifestação do Verbo (fazendo-se carne, a matéria exterior) criou este mundo visível. Assim, o Verbo (Amém, Om), sendo a manifestação da Natureza Eterna do Pai Onipotente, ou do próprio Si-Mesmo Dele, é Dele inseparável e não é senão o Próprio Deus, assim como o poder de combustão é inseparável do fogo e nada mais é que o próprio fogo. Ver Apocalipse 3:14: João 1:1, 3, 14.
'Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da Criação de Deus.'
'No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (...) Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. (...) E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós."
(Swami Sri Yukteswar - A Ciência Sagrada - Self-Realization Fellowship - p. 23/24)


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O DESPERTAR

"449 – O que quer que seja feito, bom ou mau, em sonhos, de nada adianta para nos levar para o céu ou para o inferno quando o sonhador desperta.

COMENTÁRIO – Poucos são aqueles que estão verdadeiramente despertos. O estado de vigília para a maioria dos seres nada mais é do que um sonho, pois apesar de nos movimentarmos, agirmos e falarmos, o fazemos de forma puramente repetitiva. Estar acordado é viver na plenitude da plena atenção. A nossa vida de vigília é verdadeiramente um sonho; tudo de bom ou de mal que fizermos só irá intensificar a força da evolução que é produto do karma individual ou coletivo. Somente ‘acordaremos’ de fato quando se der a fusão de Ãtman com Brahman, a bem-aventurança do Ser além do espaço e do tempo.

"Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 168






quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MAHA LILAH*

"E naquele dia, num espaço que não era espaço e muito além do tempo que nem existia, o Criador, o Absoluto que era Nada, acordou e resolveu brincar. 

Ele decidiu se multiplicar, tornar-se vários.

Colocou a si mesmo como regra que, uma vez em um corpo, ele esqueceria quem era. O objetivo da brincadeira seria tentar se lembrar de si.

E assim foi.

Transformou-se em homem, mulher, flores, animais. Em vários seres.

E elaborou um mundo só para si.

E se pôs a dormir.

Como homem e mulher, decidiu ser

Bom e mau.

Pintor e médico.

Eletricista e engenheiro.

Músico e encanador.

Professor e esportista.

Mendigo e rei.

Ele não se lembrava mais de quem era, mas cada ser multiplicado intuía que tinha poderes.

E construíam casas, pontes, parques.

Foram cada vez mais se esquecendo de sua origem e achavam realmente que eram quem eram.

Destruíam florestas, matavam, faziam guerras.

Morriam e voltavam desempenhando novos papéis.

Numa vida era professor, noutra rei.

Noutra mendigo, noutra soldador.

Em todas, esses personagens do Criador tinham alegrias, mas também sofriam.

E se cansavam.

Intuitivamente inventaram um deus, para quem pediam e com quem brigavam.

Eles se revoltavam, outras vezes amavam.

E quando se cansavam de sofrer, buscavam aquele algo que sentiam dentro de si como distante.

Era o Absoluto sentindo saudades de si mesmo.

E então buscavam, rezavam, meditavam, acendiam incensos, se contorciam em posições.

Jejuavam.

Dançavam em círculos.

Alguns assim achavam que chegavam mais próximo do que buscavam.

E chegavam. Porém, eles se identificavam tanto com isso, achando que o que buscavam estava longe e fora de si, que se perdiam igual.

Alguns, cansados disso também, começaram a prestar atenção no que faziam.

Não julgavam nada, apenas observavam o que faziam, o que sentiam, com uma curiosidade sem fim.

E, nessa atenção, o personagem inventado pelo Absoluto perdia a força.

E era então que aquele que pensava ser o que era parava, silenciava.

E nesse silêncio espontâneo, o Criador acordava.

Espiava pra si mesmo.

E de tão tolo e simples que era essa descoberta o ser gargalhava.

O Criador, no seu esconde-esconde, havia se redescoberto.

E fazia a dança cósmica da expansão e da alegria.

O jogo havia terminado."

* Termo hindi que significa “Suprema diversão; Grande brincadeira” 

Sílvia Correr
Jan./2012