OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quarta-feira, 28 de junho de 2017

A PROMESSA DE ILUMINAÇÃO (1ª PARTE)

"No mundo moderno há poucos exemplos de seres humanos que encarnam as qualidades que advêm da realização da natureza da mente. Então nos é difícil até imaginar a iluminação ou as percepções de um ser iluminado, e mais ainda começar a pensar que nós mesmos podemos nos tornar iluminados.

Apesar da jactância com que celebra o valor da vida humana e da liberdade individual, nossa sociedade nos trata como indivíduos obcecados pelo poder, o sexo e o dinheiro, que precisam ser constantemente afastados de todo contato com a morte ou com a vida real. Se nos falam ou começamos a suspeitar de nossa profunda potencialidade, não podemos crer nela. E se imaginamos de algum modo a transformação espiritual, nós a vemos como sendo possível apenas para os grandes santos e mestres espirituais do passado. O Dalai Lama fala frequentemente na falta de verdadeiro amor próprio e respeito por si mesmo que vê em muita gente no mundo moderno. Subjacente a toda a nossa perspectiva há uma convicção neurótica das nossas próprias limitações. Isso nos nega toda esperança de despertar e contradiz de maneira trágica a verdade central dos ensinamentos do Buda: a de que já somos todos essencialmente perfeitos.

Mesmo se pensássemos na possibilidade de iluminação, um simples olhar para aquilo que compõe a nossa mente comum - raiva, cobiça, ciúme, rancor, crueldade, luxúria, medo, angústia e confusão - minaria para sempre toda esperança de alcançá-la, se não nos tivessem falado sobre a natureza da mente e sobre a possibilidade de vir a realizar essa natureza que está para além de toda dúvida.

Mas a iluminação é real, e ainda há mestres iluminados na terra. Se você encontra um deles, será sacudido e tocado no fundo do seu coração, e perceberá que todas as palavras tais como 'iluminação' e 'sabedoria', que você pensou serem só ideias, são de fato verdades. Apesar de todos os seus perigos, o mundo de hoje é também muito empolgante. A mente moderna está se abrindo lentamente para diferentes visões da realidade. Pode-se ver na televisão grandes mestres como o Dalai Lama e Madre Teresa de Calcutá; muitos mestres do Oriente agora visitam e ensinam no Ocidente, e livros de todas as tradições místicas estão ganhando um número cada vez maior de leitores. A situação desesperada do planeta está despertando as pessoas para a necessidade de transformação em escala global. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 81/82

domingo, 4 de junho de 2017

O MALTRATO DOS ASPIRANTES (PARTE FINAL)

"(...) Os traidores e obstrutores, por outro lado, geram grandes adversidades para si mesmos que podem assumir duas formas particulares, entre outras. Uma é de atrair a atenção e tornarem-se instrumentos dos poderes das trevas, que procuram esmagar toda centelha de espiritualidade em cada ser humano. A outra adversidade consiste em obstruções em sua própria busca da verdade, da luz e do Instrutor. Em vez de ser claro, seu caminho é escuro e difícil. Isto pode ter sido causado não só pela ação direta de um caráter adverso, mas pela negligência, pela indiferença a um aspirante, por ter falhado em levar em consideração seriamente suas questões, seu apelo por ajuda e, em geral, deixar de ver a importância das mudanças interiores que estão ocorrendo no buscador. Este 'pecado de omissão' também gera adversidades, tais como o malogro em encontrar um auxiliar imediato e amigos mais avançados, e obstáculos domésticos, entre outros. 

Os ocultistas deveriam, com sabedoria e tato, estar à procura e ajudar toda a pessoa que encontram que está buscando a luz, mesmo que pareça que ela tenha começado mal. Pois é o fato de estar procurando que é de suprema importância.

Apesar deste conselho aplicar-se à vida oculta em particular, ele consiste na verdade no simples ato de ser amável em todas as ocasiões, mesmo quando a amabilidade tiver que ser firme. No entanto, estes fatos bastante simples e óbvios são muito negligenciados, e seria bom chamar a atenção dos teosofistas, especialmente dos principiantes, para eles. A verdade, infelizmente, é que muitas pessoas são afastadas da Senda, talvez por toda uma encarnação, pela intromissão de parte daqueles que deveriam saber como se portar corretamente."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 158/159


domingo, 14 de maio de 2017

O DESPERTAR DA ILUMINAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) Quanto Parcifal chegou ao castelo do Graal, a paisagem em volta era árida e seca. Nada ali jamais crescera ou florescera. Ao conhecer o rei, viu que ele estava cheio de dor e sofrimento. Mas Parcifal ficou admirado com suas próprias visões e permaneceu como um observador, trancado em seu próprio mundo. Desse modo, nada fez para ajudar.

Este é um quadro comum em nossas vidas atuais. O meio ambiente e a sociedade são um mero reflexo do caos interno do homem. A nossa realidade individual nada mais é que um reflexo do nosso próprio mundo interior. A cura e a totalidade só são atingidas quando tocamos para diante a nossa vida interna.

Em A Voz do Silêncio, H. P. Blavatsky indaga: 'Você sintonizou seu coração e sua mente com o grande coração e a grande mente da humanidade?' Todos nós precisamos aprender a nos comunicar com empatia e compaixão, através dos nossos corações, tanto por nós mesmos quanto pelos outros. Estamos acostumados a usar a mente. Todo dia nos comunicamos com facilidade em nossos bate-papos. Discutimos esperanças e temores, problemas e sonhos. Mas, como Parcifal, que em sua primeira visita ao castelo não teve suficiente empatia com o rei ferido para fazer a pergunta que o curaria, nós falhamos em nos sentir realmente unidos aos nossos irmãos. 

Como afirma Rudolf Steiner, no livro The Holy Grail, 'somos tanto o rei ferido Amfortas quanto o cavaleiro aspirante Parcifal. Somente quando ganhamos autoconhecimento é que somos levados dessa dualidade para a unidade'.

Unidade é a chave para a compreensão do Graal e de suas propriedades transformadoras. Para atingir a totalidade, a cura e a unidade com o universo, nossos corações e mentes devem estar abertos a todas as possibilidades. Precisamos aprender a fazer as perguntas nas quais Parcifal tropeçou, que nos levarão à compreensão de uma natureza mais elevada. Estamos todos interconectados, tanto com os outros seres humanos quanto com todo o universo. (...)"

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 12/13)


sábado, 13 de maio de 2017

O DESPERTAR DA ILUMINAÇÃO (1ª PARTE)

"Apesar dessas mudanças, a história da busca seguia linhas tradicionais. Monstros ou outros perigos sempre cercavam o viajante, e tinham que ser vencidos antes que a transformação fosse alcançada. A jornada do herói é um símbolo do ciclo da vida, morte e renascimento, uma parte essencial dos mistérios e mitos de muitas épocas e culturas.

Talvez por ser mais conhecida, essa jornada é algo com que todos nos identificamos. A busca espiritual, no entanto, é como o Graal: cercada de mistérios. Não temos como saber o nosso destino antes de chegar. A procura do Graal é como a jornada para uma nova visão do próprio eu. Por isso, as interpretações generalizadas não fazem sentido.

O reino do Graal não é um lugar geográfico, localizado no tempo ou espaço, mas um estado de consciência. É um reino que fica além da nossa consciência em vigília. representa uma transformação alquímica interior. Quando surgir o chamado para essa jornada (que surgirá para todos, porque o despertar parte do cosmo para a nossa alma), ela será diferente para cada um. Não podemos saber os detalhes da busca quando a iniciamos, mas os resultados serão os mesmos para todos: um despertar que resulta em iluminação.

Heráclito afirmou que 'os despertos têm um mundo de coisas em comum; aqueles que dormem têm, cada um, um mundo particular. A mente universal é acessada em comum por todos os indivíduos despertos.' (...)"

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 12)


sexta-feira, 5 de maio de 2017

A MUDANÇA NO CORPO FÍSICO (PARTE FINAL)

"(...) Temos que manter essa atitude em tudo que fizermos na vida diária. Devemos continuamente perceber que atuamos conscientemente por meio do corpo físico e que ele não mais atua por si próprio. Para tanto, devemos submetê-lo a hábitos regulares de alimentação, sono e exercício, de sorte que seja um instrumento perfeito. Se não disciplinarmos os músculos de nosso corpo por meio do exercício físico diário, não esperemos que ele seja resistente e responsivo, pois a saúde física depende muito mais disso do que é reconhecido na prática. 

De maneira similar, devemos regular nossa alimentação de forma que seja possível ao corpo físico manter-se alerta e sensível. Em vez de comer qualquer coisa e de qualquer maneira, devemos ingerir tão somente os alimentos que o tornem um instrumento mais limpo, vigoroso e refinado para o nosso uso. E durante a refeição, devemos estar atentos ao que estamos fazendo - fornecendo nutrição ao corpo a partir do interior. Também isso é algo que temos de experimentar na prática, em lugar de tê-lo como uma abordagem intelectual. Devemos ter a percepção de comer conscientemente e de que, enquanto tomamos o alimento, construímos espiritualmente a estrutura do corpo. Os cristãos que reconheçam o valor dos Sacramentos compreendem o significado da Comunhão e sabem também o modo específico no qual os elementos consagrados são consumidos. E exatamente da mesma maneira devemos tomar todo alimento, pois toda matéria está consagrada pela presença de Cristo, cuja Vida está em todas as coisas, embora sua Presença se manifeste plenamente no Corpo e no Sangue consagrados.

Desse e de muitos outros modos podemos contribuir para a mudança dos corpos denso e etérico - tal como os filósofos herméticos tão bem a conheciam como regeneração do corpo -, tornando-os instrumentos apropriados ao Ser interno. É uma verdadeira transmutação; e uma vez realizada, fica quebrado para sempre o domínio do corpo físico sobre nossa consciência, convertendo-o em instrumento bem sintonizado ao nosso uso."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013- p. 24/25)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O SOM DOS MANTRAS

"O som dos mantras tem a virtude de transformar impulsos e tendências. O vocábulo mantra significa aquilo que protege e salva, quando repetido na mente. Vibre sempre os mantras dentro de sua mente. Isto prevenirá o mal falar, conversas sem propósito, maledicência e escândalo. Fale somente quando seu falar seja essencial e só tanto quanto necessário. Fale docemente e sem quaisquer reservas ou circunlóquios.

Não existe mentira (mithya) na verdade (sathya). Mas, no universo ilusório (mithya jagat), você tem de pesquisar a verdade (sathya) e chegar a experienciá-la. Poderá fazê-lo, se limpar sua mente de todas suas modificações e modulações. Que seja ela transmutada de sua presente confusão complexa em algo como o céu, o qual não conserva qualquer marca, não obstante através dele milhões de pássaros voem e centenas de aviões o cruzem. Torne-se isento, inatingível, desapegado. Tal é o sadhana (caminho disciplinar) que lhe des-velará a Realidade."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 168/169)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (PARTE FINAL)

"As coisas mundanas não podem nos dar esse tesouro, mas a desilusão que elas provocam, sim. Isso ocorre na medida em que, 'des-iludidos', partimos ao encontro do ser, tornando o insucesso material uma alavanca para o espírito. Por meio da inteligência evolutiva, a insaciedade do ego acaba provocando sua destruição.

Enquanto não chegamos lá, porém, o sofrimento domina. Diante dele, rebelar-se ou crescer? Rebelar-se é não aceitar o sofrimento, negá-lo, buscar culpados ou substitutos, anestesiar-se com drogas e outros recursos de fuga. Quando a aceitação não acontece, a causa do sofrimento segue desconhecida, aumentando o problema. 

Nós fortalecemos tudo aquilo a que resistimos. Aceitar não significa, porém, desistir da mudança. Ao contrário, quando olhamos a situação com receptividade, a raiz do problema - de base mental, incluindo desejos insatisfeitos - vem à tona, sugerindo uma ação harmonizadora que brota das profundezas do ser e extinguindo o problema. A razão é simples: pusemos consciência nele, expandindo a vida espiritual - às vezes até descobrindo que nunca existiu um problema. A escuridão não suporta a luz.

Eckhart Tolle nos dá uma chave ao dizer que a escuridão é passiva e a luz é ativa. Quando iluminamos um quarto escuro não é a escuridão que sai, é a luz que entra. Por isso, Blavatsky diz que o mal não tem existência própria, é apenas ausência do bem.

Somente de cada um de nós depende manter ou eliminar a realidade do sofrimento, crescendo no processo. Sofrer ou não é escolha nossa. Frequentemente, porém, dando razão a Tolle, escolhemos sofrer - como nas situações de ódio mantidas por longo tempo -, gerando o paradoxo de arruinar a vida com nosso próprio veneno."

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 06/07)


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (PARTE FINAL)

"(...) As formas podem dar-nos infinito deleite, talvez porque sintamos a vida divina nelas. Para citar um dos Upanishads: 'Não é por amor aos mundos que os mundos são queridos, mas os mundos são queridos por amor do Eu'. Talvez, acima de tudo, seja porque sintamos a Vida interiormente que chegamos a amar as formas, a admirá-las e ao mesmo tempo a amar suas transformações - isto é, estamos desejosos de que as formas morram. 'Aquele que prende a si uma alegria destrói a vida alada, mas aquele que beija a alegria enquanto ela voa, vive na eternidade da aurora'. A adaptabilidade que a vida mostra e os mutantes disfarces do homem e da Natureza nos fascinam, tanto quanto os propósitos a que servem. O passado assume um aspecto diferente; a história torna-se a expressão infinitamente variante do homem lutando através de várias tolices. Podemos observar a revolta contínua do homem contra Deus, contra a Natureza, na maioria das vezes contra si mesmo. É um paradoxo que, embora seja tão apegado às formas, o homem apesar de tudo anseie por transformações e, porque ele anseia por elas, ele as sofre. Ele não sofreria sua maior transformação, a reencarnação, se não a desejasse, se não fosse forçado a reencarnar repetidamente devido à sua sede de vida.

Ao longo da evolução ele compreende o que está acontecendo. Gradualmente ele tende cada vez mais a abraçar a vida em vez das formas, e assim ele não mais sofre com sua inconstância. ele as ama, como se pode dizer que a videa sensibilizadora as ama. O processo é gradual, mas a realização em si pode surgir num instante. A realização ou transformação, a expansão de consciência, foi descrita na literatura do misticismo. Krishnamurti diz-nos que: 'O som de um sino tocando, uma pedra que cai, um simples acontecimento diário pode ser a centelha que leva o monge Zen budista à realização'. Ele assinala repetidamente a alegria, o intenso senso de viver, que existe em estar perceptivo e simplesmente observar as coisas e suas transformações constantes. Essa é realmente a dança de Shiva, para sempre esmagando com os pés as velhas formas que serviram seu propósito, enquanto ao mesmo tempo é criada nova beleza.

Transformação é evolução. O próprio viver é uma transformação contínua e estamos em meio a ela - somos parte dela e somos um com ela. Transformar-se em quê? Na verdade não podemos saber atualmente. Seria fútil inquirir. Não podemos conhecer o futuro, pois nós mesmos seremos diferentes; estaremos transformados quando encontrá-lo. De qualquer maneira não existe causa para temor do desconhecido. É simplesmente uma experiência - transformação interior e exterior. Nossa senda pode levar-nos a uma prontidão - mesmo à necessidade - de renunciar não apenas às formas que amamos, mas até mesmo àquilo que sentimos ser nossa própria vida ou eu. Sri Ram diz-nos: 'a verdadeira grandeza [do homem] jaz em nada ser, em se erradicar por meio de sua boa obra disseminada em toda parte'. Poderíamos ver isso como uma transformação última, porém eterna."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 33/34)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (1ª PARTE)

"Assim, existe uma mudança sutil quanto à ênfase do papel predominante da vida para um papel como forma. Como a transformação ocorre dentro de nós ao longo de muitas encarnações e é repetida no processo de desenvolvimento de uma criança ao longo de toda nossa evolução humana, primeiramente nos identificamos e à nossa vida com nossos corpos físicos. Leva algum tempo antes que compreendamos que estes corpos são formas que irão passar. Depois quando vemos o corpo como uma forma passageira, são os nossos sentimentos que parecem ser duradouros. Quando adolescentes, juramos amizade eterna ou amor eterno. Posteriormente compreendemos que nossos sentimentos estão também sujeitos a transformação constante, e são nossas ideias que agora consideramos como duráveis. A essa altura somos muito dogmáticos. Isso também passa e podemos adquirir uma certa flexibilidade de pensamento até que compreendamos que até mesmo o pensamento é apenas uma vestimenta, e que algo mais profundo interiormente representa para nós a vida eterna.

O processo pode continuar - o que sentíamos ser uma alma imortal compreendemos ser, por sua vez, um simples veículo temporário ou uma forma, como os outros, sujeito a transformação. Até mesmo Buddhi é um veículo de Atma, não no sentido de um corpo ou de uma forma como os vemos, mas talvez como um tipo de véu tênue - mais sutil do que o mais sutil que conseguimos imaginar. À medida que o homem evolui, a personalidade torna-se cada vez mais a expressão direta do Ego, que é uma forma que reflete verdadeiramente a vida interior. O homem está agora cônscio como um Ego imortal sensibilizando a personalidade como sua forma. Dizem que, com o tempo, até mesmo o Ego deixa de existir como tal, pois, afinal de contas, ele é simplesmente o veículo ou a forma externa da Mônada. Assim, também ele está sujeito a transformação e parece desaparecer. Podemos começar a nos perguntar se, de um certo ponto de vista, a distinção entre vida e forma não é uma ilusão - se vida e forma são, depois de tudo, não duas coisas distintas, mas realmente duas funções da mesma coisa divina.

Voltemos ao nosso estado atual - a nossa condição presente - em relação ao mundo objetivo, onde estamos apegados a formas materiais e sofremos quando elas são transformadas. Como vimos até certo ponto com relação à nossa própria constituição, logo que deixamos de nos identificar com certas formas, toda nossa atitude com relação a elas muda. Ao mesmo tempo nossa atitude com relação à transformação dessas formas muda. Essa mudança é em si mesma uma transformação em nós, uma transformação na consciência até onde a consciência seja forma, até onde esteja cercada, modelada pela forma. Talvez, realmente, seja mais uma questão de ir além das formas do que atravessá-las. Em outras palavras, quando vemos as formas aprisionando nossas consciências, nossos lamentos e preconceitos com relação a elas desaparecem e nossa consciência torna-se correspondentemente livre. Uma expansão de consciência ocorre quando não mais estamos pessoalmente e, portanto, dolorosamente, apegados a elas. (...)"

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 32/33)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOMENTE A FORMA MUDA

"(...) Nada consegue ferir-nos. Nada consegue assombrar-nos logo que compreendermos que o que muda é apenas a forma - a forma é que é passageira e temporária - e que somente a vida perdura. 'O espírito [poderíamos dizer 'a vida'] jamais nasceu; o espirito jamais deixará de ser'. Dito filosoficamente, o lótus individual estiola-se, mas um arquétipo, a ideia platônica do lótus é eterna, dando origem a outras formas de lótus. Dito de maneira teofófica, o lótus estiola-se, mas o perfume de sua vida retorna à alma-grupo para enriquecer as formas das gerações futuras de lótus. O corpo de nossa mãe, de nosso marido, de nossa esposa, de nosso filho, de nosso amigo morre, mas ele ou ela permanece como um ser vivo, assumindo outras formas, tal como a borboleta deixa pra trás a forma morta da lagarta que era. 'Morri como mineral e me tornei vegetal; morri como vegetal e me tornei animal; morri como animal e me tornei um homem. Quando fui diminuído por isso?'

Pois morte é transformação - é o cruzar a forma ou ir além dela. Reciprocamente, transformação é morte e é uma coisa grande e gloriosa quando ocorre naturalmente, quando a hora é chegada, quando a forma está gasta. Mas quem somos nós para julgar quando é o momento adequado; e quem somos nós para julgar quando a forma está gasta? A morte das formas faz com que soframos por nos identificarmos com essas formas. Dizem que a vida jamais existe sem a forma, ou a forma sem a vida. Onde há forma, há vida interior mesmo que seja tão sutil que seja invisível para nós. Mesmo na assim chamada matéria morta, a vida elemental está ativa. Uma vez que vida e forma, então, estão tão intimamente ligadas, às vezes é difícil traçar a linha divisória entre elas. Como no caso de tantos pares de opostos, não podemos dizer 'isto é vida' e 'aquilo é forma'. Podemos dizer, 'a vida parece predominar aqui' e 'ali parece predominar a forma'. O que num caso parece ser a sensibilização da vida é visto no outro caso como a forma externa. Se algo que pensávamos ser a vida desaparece na transformação, será que essa coisa não era forma o tempo todo? Ou não poderia, por meio de uma mudança sutil - uma retirada da vida -, ter-se tornado predominantemente forma?

O Dicionário Oxford define 'transformar' como 'efetuar mudança (especialmente considerável) na forma, na aparência exterior, no caráter, na disposição etc. de alguma coisa'. Nosso caráter e disposição também podem mudar, mas não pertencerão eles realmente em tal caso ao nosso lado forma em vez de ao nosso lado vida? Num ser vivo um princípio pode mudar sua função. Dizem que no momento da individualização a alma animal torna-se um corpo causal. Para citar Jinarajadasa em Fundamentos de Teosofia (Ed. Pensamento): 'Na individualização tudo que foi o mais elevado do animal torna-se agora simplesmente um veículo para uma descida direta de um fragmento da divindade, a Mônada [...]'."

(Mary Anderson - Transformação - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 31/32)


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

VIVA NO MAIS ELEVADO

"Muito frequentemente as pessoas pensam que uma mudança de circunstâncias irá ajudá-las a atingir o seu ideal. Ou julgam que a prática sincera de sua fé religiosa ou o trabalho que fazem para transformar o mundo em uma utopia devem ser a sua preocupação principal. Todavia, a única mudança que vale a pena deve ocorrer na consciência do próprio indivíduo. Cada um de nós deve parar de projetar seus próprios problemas para o mundo e depois culpar o mundo pelos problemas que são nossos. A maioria de nós faz isso o tempo todo. Construímos grandes edifícios e instituições intelectuais para justificar e reforçar as barreiras contra o autoexame. Por exemplo, minha própria profissão, a psicologia, como disciplina intelectual, é um produto do esforço e da consciência humana e, portanto, tende a sofrer de síndrome de superdeterminismo. O debate 'hereditariedade versus ambiente' começou cedo na história da psicologia. Primeiramente, o desajuste foi atribuído a causas paternais e sociais. Hoje em dia não é popular e se considera ingenuidade atribuir mais do que poderes determinantes menores às características herdadas. Um caso em questão é a malevolência com que muitos psicólogos atacam as teorias do professor Eysenck sobre as diferenças herdadas de raça e de classe na inteligência. Tais reações são compreensíveis, já que as pessoas se sentem mais confortáveis se puderem provar que as causas têm origem fora delas mesmas e que estão sofrendo como resultado dos pecados de seus pais.

Não se pode superestimar o valor da profecia que se autorrealiza. Atualmente, é comum acreditar que as pessoas são ruins, que o mundo está em um estado lastimável, e que de algum modo devemos combater o sistema para conseguir nossa fatia do bolo, ou que devemos desistir e afundar. O futuro parece sombrio. As pessoas estão inundadas em pensamentos desagradáveis e depressivos. Definimos a nós mesmos por meio da negação - pelo que somos e pelo que as outras pessoas não são. E, pelo que se lê nos jornais, a nossa consolação geralmente vem do pensamento de que pelo menos as coisas não estão tão ruins para nós como parecem estar para os outros. É de admirar que as pessoas tenham a tendência a serem desagradáveis? Contudo, pense naquelas pessoas que você conhece e que tendem a considerar o que é possível e melhor à sua volta. Elas não apenas são proeminentes, assim como sua atitude em relação à vida faz curvar toda situação que enfrentam em direção ao preenchimento de suas expectativas. Em outras palavras, sendo aquilo que há de mais elevado nelas mesmas, respondendo ao que há de melhor em si mesmas e nos outros, continuamente corrigindo seus hábitos negativos e tentando viver de maneira positiva, essas pessoas estão começando a realizar um mundo de beleza e de bondade. Parece ser verdadeiro o antigo ensinamento chinês de que a melhor maneira de se combater o mal é fazer progresso vigoroso em direção ao bem. Uma tal atitude de necessidade envolve abandonar a ansiedade referente aos resultados das próprias ações."

(Nicky Hamid - Rumo a um estado de consciência mais elevado - Revista TheoSophia Abril/Maio/Junho de 2010 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 42/43)


terça-feira, 25 de outubro de 2016

SACRIFÍCIO

"(...) Há um modo de colocar a vida diária à sombra da vida do Cristo: é fazer de toda ação, de todo ato um sacrifício, executando-o não pelo que possa nos aproveitar, mas para vantagem e progresso dos outros; e nesta vida terra a terra, vida de humildes deveres, de ações mesquinhas, de interesses vulgares, procuremos mudar o motivo da nossa vida diária e, assim, transformá-la. Não é preciso variar coisa alguma da nossa vida externa. Qualquer que seja o gênero de vida, o sacrifício é possível; qualquer que seja o meio, Deus pode ser servido. O despertar da espiritualidade não é assinalado pela ação, mas pela maneira como é feita esta ação. 

Não são das circunstâncias, mas da nossa atitude diante delas que depende o nosso desenvolvimento. 'Na verdade, este símbolo da cruz pode nos servir de pedra de toque, aqui embaixo para distinguir o bem do mal, em muitos momentos difíceis. Somente aquelas ações em que a luz da cruz penetra, são dignas da vida do discípulo. Devemos entender, por isto, que o aspirante deve ter por móvel o fervor de uma bondade pronta a todos os sacrifícios. O mesmo pensamento aparece neste versículo: Quando o homem entra no caminho, põe seu coração na cruz; e quando o coração e a cruz se enlaçam estreitamente, o fim foi alcançado. Isto nos permite determinar o nosso grau de progresso, examinando se é o egoísmo ou a renúncia de nós mesmos que domina nossa vida'¹

Toda a vida, que assim começa a se formar, prepara a caverna em que o Cristo-Criança deverá nascer; ela não será senão uma redenção contínua, divinizando cada vez mais os elementos humanos. Tal vida crescerá até alcançar as proporções de um ' Filho bem-amado' e um dia irradiará a glória do Cristo.

Todo o homem pode caminhar para este fim, fazendo o sacrifício de todos os seus atos e todas as suas faculdades, até o momento em que o ouro seja separado de qualquer impureza, substituindo apenas o metal puro."

¹ Leadbeater, O Credo Cristão, p. 82.

(Annie Besant - O Cristianismo Esotérico - Ed. Pensamento, São Paulo/SP - p. 129/130)


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE (PARTE FINAL)

"(...) Como descobrir a verdade, a este respeito? Agiremos partindo deste ponto. Para se achar a verdade relativa à questão, é preciso estarmos livres de tudo quanto é propaganda, o que significa estarmos habilitados a estudar o problema independentemente da opinião. A tarefa da educação se cifra, toda ela, no despertar o indivíduo. Para perceberdes tal verdade, precisais estar perfeitamente lúcidos, isto é, não deveis depender de guia algum. Quando escolheis um guia, o fazeis porque estais em confusão, e portanto, vossos guias acham-se também confusos, como estamos vendo acontecer, no mundo. Consequentemente não podeis esperar orientação ou ajuda do vosso guia. 

A mente que deseja compreender um problema deve, não só compreendê-lo de maneira completa e integral, mas também ser capaz de segui-lo velozmente, visto que o problema nunca é estático. O problema é sempre novo, seja o suscitado pela penúria, seja psicológico, ou outro qualquer. Toda crise é sempre nova; por conseguinte, para compreendê-la, deve a mente ser nova, lúcida, e ser muito veloz no acompanhá-la. Creio que quase todos nós reconhecemos a urgência de uma revolução interior, pois só ela pode operar uma transformação radical do exterior, da sociedade. Este é o problema com que eu próprio e todas as pessoas seriamente intencionadas estamos ocupados. Como produzir uma transformação fundamental, básica, na sociedade — este é o nosso problema; e esta transformação do exterior não pode efetuar-se sem a revolução interior. Uma vez que a sociedade é sempre estática, toda ação, toda reforma que se efetue sem esta revolução interior se torna igualmente estática. Nessas condições, não há esperanças, a menos que haja esta constante revolução interior, porquanto, sem ela, a ação exterior se torna maquinal, torna-se um hábito. A ação resultante das relações entre vós e outrem, entre vós e mim, é a sociedade, e essa sociedade se tornará estática, não terá qualidade vivificante alguma, enquanto não se verificar esta constante revolução interior, uma transformação psicológica criadora. Uma vez que esta constante revolução interior não existe, a sociedade se está tornando sempre estática, cristalizada e, em consequência, tem que se desagregar constantemente." 

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 32/33)

domingo, 25 de setembro de 2016

ESFORÇO (2ª PARTE)

"(...) Esforço não significa luta para transformar o que é no que não é, ou no que deveria ser ou deveria 'vir a ser'? Porque não queremos enfrentar o que é, vivemos em luta constante, tentando fugir ou transformar, modificar o que é. O homem que tem em si o verdadeiro contentamento é aquele que compreende o que é, dando ao que é sua exata significação. Este é o verdadeiro contentamento. Nele, não há preocupação de ter poucas posses ou muitas posses, mas só interesse pela compreensão do total significado do que é. E esse contentamento só pode vir quando reconhecemos o que é, quando o percebemos lucidamente, e não quando estamos tentando modificá-lo ou transformá-lo. 

Vemos, pois, que o esforço é uma luta para transformar o que é, noutra coisa que desejais que ele seja. Estou me referindo apenas a luta psicológica, e não a luta com um problema físico, como um problema de engenharia ou qualquer problema atinente a algum descobrimento ou transformação de ordem puramente técnica. Estou falando, apenas, daquela luta que é psicológica e que sempre se sobrepõe ao que é técnico. Podemos edificar com todo o esmero uma sociedade maravilhosa, com o emprego do saber imenso que a ciência nos deu. Mas enquanto não for compreendido o esforço e a luta e a batalha psicológica, e não forem superadas todas as sobrecargas e correntes psicológicas, a estrutura da sociedade, por mais soberbamente edificada, está condenada a desabar, como tem acontecido tantas e tantas vezes. 

O esforço é uma distração do que é. No momento em que aceito o que é, não há mais luta. Toda forma de luta ou de esforço é um indício de distração, e a distração, que é esforço, existe necessariamente, enquanto, psicológicamente, desejo transformar o que é em alguma coisa que não é. 

Temos primeiro de ser livres, para vermos que a alegria e a felicidade não resultam de esforço. Há criação pelo esforço, ou só há criação com a cessação do esforço? Quando é que escreveis, pintais ou cantais? Quando é que criais? Sem dúvida, quando não há esforço, quando estais completamente abertos, quando em todos os níveis há comunhão completa entre vós, completa integração. Há então alegria, e começais a cantar, ou a escrever um poema, ou a modelar alguma coisa. O momento criador não nasce da luta.

Talvez, se compreendermos o problema da criação, estejamos aptos a entender o que significa esforço. Criação é produto de esforço, e temos consciência dos momentos em que somos criadores? Ou a criação é um estado de completo autoesquecimento, aquele estado em que não há agitação, em que estamos por completo inconscientes do movimento do pensamento, quando só há Ser, completo, pleno, rico? Esse estado resulta de labor, luta, conflito, esforço? Não sei se já tendes notado que quando executais uma coisa com facilidade, com destreza, não há esforço e sim uma ausência completa de luta; mas, visto que nossas vidas são, pela maior parte, uma série de batalhas, conflitos e lutas, não podemos imaginar uma vida, um 'estado de ser' em que haja cessado completamente a luta. (...)"

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 59/60)


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (2ª PARTE)

"(...) O nosso subconsciente (que é o concentrado de nossas experiências passadas) recebe toda a impressão do que pensamos e sentimos. As camadas psíquicas (planos mental e emocional) e as camadas densas (planos etérico e físico) do planeta também recebem todas as nossas emanações. Tanto o subconsciente quanto essas camadas reagem então segundo o estímulo que lhes enviamos. Se, portanto, alguém confirma em si mesmo, com sua atitude, somente a sua aparência humana, está, sem perceber, se abrindo à possibilidade de ficar enfermo. Para estar relativamente livre dessa condição de desarmonia é necessário que aprenda a permanecer estável na ideia de que a maior parte de seu ser se encontra em níveis supramentais, e que lhe cabe tomar consciência disso de maneira cada vez mais clara. 

Por longos períodos de tempo em que se desenvolvia a civilização terrestre atual, o homem habituou-se a identificar-se com os aspectos densos e pessoais do seu ser, sem saber que, com isso, polarizava sua atenção nos níveis em que ocorre o atrito entre as forças construtivas solares e a atmosfera terrestre contaminada pelas forças lunares. Seguindo no passado essa tendência (que nos dias de hoje está rapidamente declinando), os eus superiores estiveram mais receptivos à realidade do mundo concreto do que ativos em outras direções. Ainda estão vivos em nossa memória os ensinamentos típicos de épocas passadas, como, por exemplo, as doutrinas emanadas de religiões organizadas que enfatizavam a imperfeição e as limitações do homem, reforçando assim sua identificação com os níveis onde a doença existe.

A propaganda de remédios, a descrição pormenorizada (e nem sempre necessária) dos aspectos das doenças, os costumes alimentares retrógrados, a ansiedade produzida pelo hábito da concorrência e da competição e o desejo canalizado para coisas da matéria mais densa, levaram-nos a uma identificação progressiva com as áreas enfermas do planeta. Atualmente, os poderes superiores que existem dentro do homem estão sendo reconhecidos por ele, e a progressiva concentração de sua mente nas dimensões supramentais lhe propiciará certa imunidade, desde que ele persista em seu trabalho de colocar sua personalidade em alinhamento com a vontade superior. Tal trabalho nada mais é que a contínua atenção em manter-se coerente (nas ações, sentimenos e pensamentos) com a meta espiritual escolhida.

Quem assume esse processo precisa saber de um ponto básico e essencial: o antagonismo com a enfermidade reforça o desequilíbrio e o perpetua. Fomos educados para 'combater' as moléstias, e para julgá-las sempre negativas, e por isso não nos damos conta de outros aspectos que possam ter. Na realidade, elas nos estão sempre demonstrando que há algum ponto a ser transformado em nossa vida e atitude."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 34/36


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

AS DOZE FORÇAS E A DÉCIMA TERCEIRA

"Cada indivíduo tem em si a predominância de uma das doze forças zodiacais, elas são como doze chaves para a vida. Conhecendo as profundezas de seu ser, o indivíduo pode tornar-se o mestre de suas forças e dar constantemente nova motivação à sua vida, desenvolvendo além das qualidades inatas as outras qualidades.
Dessa forma, torna-se capaz de criar uma décima terceira força sublimada, transformada, purificada, remetendo à imagem do Cristo e seus doze discípulos. No Cristo vivia a força do ‘Logos’, da sabedoria universal, mas cada discípulo só podia refletir uma parte do que vivia no Ser Crístico. Sua substância divina, porém, distribuía amor divino entre todos, unificando-os; para ele, o amor entre os discípulos era o mais importante. 
Numa comunidade, a união também só é possível por meio do amor, do respeito e da compreensão mútua, bem como do trabalho por um ideal superior, por uma meta comum unindo a todos. Nós temos a possibilidade de dirigir para o bem todas as forças das quais dispomos, ou então desviá-las para o mal. 
Segundo Rudolf Steiner, 'O mal é algo que na essência é bem, mas que está atuando em lugar errado; o mal é o bem em lugar errado.'  Muitas vezes temos de refrear certas aptidões para desenvolver novas faculdades. Podemos então, desenvolver algo que Rudolf Steiner denominou de ‘técnica moral', no sentido de cada indivíduo conseguir realizar suas ideias em favor de um todo. 
É a força do nosso eu que consegue realizar essa constante transformação sendo ajudado pela Força Crística."
Fonte: As Forças Zodiacais – Gudrun Burkhard
http://www.antroposofy.com.br/forum/as-doze-forcas-zodiacias-e-a-decima-terceira/

sábado, 16 de julho de 2016

ABRINDO MÃO (PARTE FINAL)

"(...) Um rio começa como um pequeno córrego e se torna caudaloso. Na verdade, a água que se viu há um minuto foi-se embora e nova água chega. Assim, o rio é continuamente diferente, não há nada que possamos chamar de 'o rio'. Isso é algo a ser considerado. Não é o mesmo rio que vimos ontem; a água fluiu para o oceano. Contudo ainda é um rio, embora a água não seja a mesma. É quase um paradoxo - um problema que a mente humana não consegue assimilar, porque é intangível.

Tich Nhat Hanh, um famoso instrutor budista, diz que como ocorre mudança constantemente em tudo, devemos tentar compreender, por meio da meditação, que a mudança é para o bem. Impermanência não é miséria, mas não gostamos de enfrentá-la. A vida move-se continuamente, mas gostaríamos que ela parasse e mudasse quando quiséssemos que ela o fizesse. Gostaríamos de ver mudanças em algumas coisas, como por exemplo, nos grãos de milho. Isso levará algum tempo, mas tempo é um tipo de ilusão que experienciamos. O grão que é plantado cresce e se torna milho. Se não ocorresse a mudança, o grão de milho não se tornaria uma planta e não teria utilidade. O crescimento torna possível ao milho realizar-se, para que dele desfrutemos e para que novo milho cresça. Assim, devemos aprender a aceitar a mudança constante, porém nossas mentes são de tal natureza que não aceitam mudança. Este é o começo da dor.

A maioria das crianças permanece feliz mesmo em circustâncias difíceis. Elas brincam, distraem-se com um pouco de lama ou o que quer que haja, e continuam felizes. A questão de aceitar ou não aceitar não surge no caso das crianças, porque para elas a vida é uma brincadeira, e quando o brinquedo deixa de ser interessante, elas o abandonam e brincam com alguma outra coisa. Desse modo, quase como uma criança, podemos abrir mão de algo que seja divertido ou belo. No entanto, não conseguimos fazê-lo quando o fato permanece na memória e queremos experienciar a mesma coisa repetidamente, talzez com alguma pequena mudança que venha anos agradar. O sentimento do eu é criado por uma atitude que recusa aceitar o que não pode ser eterno.

Nenhum de nós é o tipo de indivíduo independente que pensamos ser. E é parte do eu imaginar-se um indivíduo forte, se possível mais do que qualquer outro. Mas, se nos aprofundarmos nesse sentimento, descobriremos que, como qualquer outra pessoa, somos dependentes de muitas coisas diferentes para nossa existência, e que é errada a ideia de uma entidade independente permanente. É válido para nós não apenas pensar, mas também meditar a respeito disso. Não será este corpo e a situação na qual nos encontramos de curta duração? Podemos viver durante cem anos, mas o que são cem anos na história? Nada. Assim, as perguntas que temos de nos fazer são: 'O que vive realmente? O que é o sentimento de egoidade que surge em nós?' Nós mesmos devemos responder a essas perguntas. Certamente que existem filosofias que dizem existir um atman permanente, que é a raiz de tudo que existe. Mesmo que seja assim, temos que entender o pequeno eu, e as muitas coisas que experienciamos como ilusão."

(Radha Burnier - O desafio da mudança - Revista Theosophia, Ano 101, Julho/Agosto/Setembro 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9/10) 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

EQUANIMIDADE

"Você é desses que se desesperam desastrosamente quando as coisas correm contrariamente a seus desejos e interesses? É?

Quem facilmente se irrita com uma adversidade, também facilmente exulta quando consegue o que deseja.

Tomara que você não seja assim!

São os egoístas e ignorantes que explodem repentinamente, seja exultando quando seus desejos são atendidos, seja se irando quando não.

Se você é assim, comece a mudar.

Emoções extremadas, que se sucedem ao sabor dos acontecimento, que não conseguimos controlar, desequilibram a saúde física e mental.

Se você não tomar cuidado vira folha ao vento. Numa hora sopra o vento da alegria excessiva, noutra, o da depressão.

Senhor, dá-nos a Paz que Tu és."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 138)


sexta-feira, 13 de maio de 2016

ATIVIDADES VIRTUOSAS


"Comprometer-se com atividades virtuosas é um pouco como criar uma criança pequena. Há uma grande quantidade de fatores envolvidos. E, principalmente no começo, precisamos ser prudentes e habilidosos em nossas tentativas de transformar nossos hábitos e temperamentos. 

Também temos de ser realistas a respeito daquilo que esperamos conseguir. Levou muito tempo para ficarmos do jeito que somos, e não se mudam hábitos da noite para o dia. É bom olhar para cima à medida que se progride, mas é um engano julgar nosso comportamento utilizando o ideal como padrão. 

Por isso, é muito mais eficaz, em vez de alternar breves rompantes de esforço heroico com períodos de relaxamento, trabalhar com constância, como um rio fluindo em direção a um objetivo de transformação." 

(Dali-Lama - O Caminho da Tranquilidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 36)


sábado, 23 de abril de 2016

EVOLUÇÃO A PARTIR DE CIMA (PARTE FINAL)

"(...) Nosso desenvolvimento jaz, em parte, no aumento das sombras de nossos sentimentos, em parte em nossa habilidade para construir novos tipos de formas com nossas mentes, e de aprender a importância de forma, som e cor que, nos meios particulares, são as transformações de sentimento e pensamento.

Esse pensamento infinito é comparativamente mais fácil de entender. Toda a Natureza em suas partes tangível e intangível é uma expressão do pensamento divino, é arquitetura que é música congelada. Compreender o significado e a música de cada frase nos livros da Natureza é um estudo sem fim. Porém, para a arquitetura e a música, existe não apenas uma abordagem intelectual, mas também uma abordagem emocional e uma abordagem espiritual.

Todas as coisas vibram, e todas as formas são formas de efeito vibratório. Cada uma tem sua mensagem para dar; cada ondulação amorosa, no ilimitado oceano de vida, tem sua própria história para contar. Quando cada vibração de matéria ou força for transformada, transmutada em pensamento e sentimento, em sensações subjetivas e estranhas das quais não é possível qualquer descrição, então o divino penetra o homem, o infinito penetra aquela expressão finita que é a verdadeira individualidade de cada homem."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 102)