OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


Mostrando postagens com marcador união. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador união. Mostrar todas as postagens

sábado, 10 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (1ª PARTE)

"O Bhagavad Gita abre com a palavra dharma; e o Mahabharata encerra com a palavra dharma. Tentemos entender o que se quer dizer por dharma.

Em inglês a palavra é interpretada como 'lei'. Uma das interpretações da palavra dharma é dever, mas a palavra é traduzida também como 'lei'. Dharma é derivada da raiz sânscrita dhri, que significa segurar, sustentar, unir. Assim pode-se interpretar dharma  como significando 'aquilo que segura e une indivíduos, grupos ou comunidades, como unidades shakti'. O que 'segura', 'mantém' é dharma. A palavra 'lei' é derivada da raiz latina, 'ligar'. Não pode haver sociedade sem uma força aglutinadora. Aqui estamos uma pequena família; vivemos juntos neste ashram. Vocês acreditam que seria possível vivermos juntos, compartilharmos de uma vida comum, sermos membros de uma fraternidade comum, se não houvesse algo que nos unisse? Suponhamos que todos vocês fizessem o que quisessem, o que aconteceria? Suponhamos que, quando toca o sino para a aula de preces, eu insista em fazer minha caminhada matinal, um de vocês insista em tomar um copo de leite, e outro insista em continuar na cama dormindo, qual seria o resultado? O ashram se desfaria. Não pode haver vida no ashram sem alguma harmonia. Deve haver alguma força aglutinadora, a que chamamos 'lei'. Dharma é o que nos une, nos segura, nos mantém.

A palavra 'lei' precisa ser melhor compreendida. Existe algo chamado 'lei de costume' ou mores (em latim) ou Sitte (em alemão). Dharma não é costume. Nos primitivos estágios da evolução humana, os grupos tinham de viver juntos, e algum poder aglutinador era necessário. Certos costumes tornaram-se muito úteis como conservadores de hábitos e adquiriram força de lei. Nas sociedades primitivas, tais costumes ainda prevalecem. Dharma não é costume.

O costume desempenha seu papel na evolução. Contudo, dharma não é costume porque existem ocasiões em que vocês podem não obedecer aos costumes, quando vocês podem voltar-se contra um costume, e seguir seu próprio caminho. (...)"

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39)


terça-feira, 21 de junho de 2016

A ILUSÃO DA SEPARAÇÃO

"Dentre os motivos de sofrimento moral mais conhecidos, encontram-se algumas situações de 'separação'. No entanto, elas são apenas aparentes. Na verdade, não é possível dois seres estarem realmente separados - dado que cada Espírito individual é um pequeno prolongamento do Espírito Único, dentro do qual todos estão essencialmente unidos. Apenas nas dimensões físico-etérica, emocional e mental temos a ilusão da ausência do outro, quando este deixa de ser percebido pelos nossos sentidos corporais.

A experiência da 'separação', que tem inclusive importante função na formação do caráter, leva por fim o homem a reconhecer-se unido indissoluvelmente com tudo e com todos, e a saber que nada nem ninguém está dele ausente na realidade. Tal percepção é atingida através da correta compreensão e aceitação da dor trazida pela separação aparente.

As pessoas que têm a própria mente trabalhada transformam esse sentimento em motivo de reflexão. Através do raciocínio e do estudo sobre os vários aspectos de uma separação, sua capacidade de ponderação cresce e seu discernimento se depura, até que elas cheguem a um estado de consciência mais elevada, onde o amor desinteressado e altruísta é possível. O amor incondicional não seria nelas desenvolvido se o sentido de posse continuasse a ser confirmado. Tendo desenvolvido a ponderação e aperfeiçoado o discernimento, o homem verá sob um outro ângulo os impulsos, desejos e sentimentos, bem como os vários distúrbios que o afligem, e assim será levado a curar-se em diversos níveis."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 81)


quarta-feira, 30 de março de 2016

O TEMPERAMENTO DE VONTADE-PODER

"O estudo da energia, a prática da concentração e da união das partes do nosso ser requerem muita paciência. Às vezes nos enganamos, achando que 'já sabemos', pelo simples fato de termos acumulado conhecimentos teóricos, que ficam gravados na memória superficial do nosso cérebro, sem a verdadeira incorporação e aprofundamento deles. Isso só se dá após repetidas experiências em diferentes encarnações - realidade de que nem todos se dão conta. Quando percebemos em nós um eco favorável ao que escutamos, como se aquilo fosse conhecido, já devemos tê-lo ouvido antes, centenas de vezes.

Enquanto uma atitude não é posta em prática nas três dimensões: física, emocional e mental, ela não está ainda assimilada. Nesse caso é necessário continuarmos trabalhando em torno dela. Quando algo se repete na nossa vida, é sinal de que ainda precisamos disto para daí tirar algum aprendizado. O carma nos coloca diante do que mais necessitamos.

A energia do primeiro raio, que é também persistência inabalável, trabalha neste sistema solar sem, entretanto, ter-se incorporado nele realmente até agora - é a própria energia da paciência, de que precisamos para agir e evoluir aqui no mundo das formas. (...)"

(Trigueirinho - A energia dos raios em nossa vida - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 36)


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A EXPERIÊNCIA DE DEUS (2ª PARTE)

"(...) A união com Deus deve ser experienciada, não apenas imaginada. Quando o homem desperta do sonho da existência fenomenal, consegue entrar nesse estado supremo. Então, muito embora habite o corpo físico, ele passa a viver como alguém à parte. É isso que todos os grandes instrutores da humanidade quiseram dizer quando nos pediram para viver no mundo, mas não ser do mundo.

A marca de um homem assim - que vive no mundo, mas não é do mundo - é o amor, a simpatia, o serviço altruísta e o sacrifício. Sua vida se torna um rio de amor, sempre pleno, sempre fluindo. Ele verte o amor de seu coração sobre todos e dissemina a luz do amor aonde quer que vá. Assim como o sol que brilha sobre bons e maus, assim como o rio que não nega sua água a ninguém, também ele compartilha, generosamente, o amor de seu coração com todos. Para ele, doar amor é viver; negar amor é murchar e morrer.

O amor não é amor se não flui igualmente para todos - ricos e pobres, cultos e incultos, jovens e velhos, amigos e inimigos, ladrões, criminosos, jogadores, bêbados, pecadores. No verdadeiro amor não existe senso de separação.

Nas mentes de Mahatma Gandhi e de muitos outros grandes seres, não havia sentimento de separação entre seus próprios corpos e os de outras pessoas. Os corpos são apenas as muitas residências do espírito uno. É isso que dá aos seres iluminados um senso de identificação com o sofrimento dos pobres e dos desvalidos, dos nossos irmãos animais e plantas, todos tendo neles o alento da vida. (...)"

(J.P. Vaswani - A experiência de Deus - Revista Sophia, Ano 13, nª 56 - Ed. Teosófica - p. 43)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

FAÇA DEUS QUEBRAR SEU VOTO DE SILÊNCIO

"Aconteça o que acontecer, se você estiver cada vez mais com Deus, descobrirá que Ele sempre está com você. Você fará esse esforço? Quando comecei, todos os dias a minha mente dizia: 'Você não conseguirá conhecer a Deus. Só os grandes mestres, como Krishna, Jesus e Buda, conseguiram.' Mas depois eu raciocinava: 'Se Deus os favoreceu, poderia ser parcial, mas eu sei que não é - Ele não favorece ninguém. Até eles tiveram que enfrentar grandes testes. Mas obtiveram sucesso divino, de modo que eu também posso.'

Esforce-se para encontrar Deus, tentando convencê-Lo de que O quer e tentando persuadi-Lo a falar com você. Se fizer Deus quebrar Seu voto de silêncio, Ele falará. É isso o que torna difícil conhecê-Lo; é preciso perseverança devocional. Quantos anos chorei secretamente por Ele! Mas agora sei que nunca mais O perderei, porque Ele não está separado de mim. Está sempre comigo. Quando a onda se funde com o oceano, não consegue mais se sentir perdida. Assim somos: quando nos unimos ao Espírito, não conseguimos mais nos sentir separados de Deus. 

Portanto, acima de tudo, encontre tempo para Deus. Por mais cansado que esteja ao fim do dia, logo que todos forem dormir levante-se, e jogue-se aos pés de Deus. Não durma enquanto não tiver comungado com Ele. Ore para Ele, na linguagem do coração: 'Meu Senhor, Tu vens em primeiro lugar. Decidi que, no templo da noite, vou me dedicar a Te amar. Tu és meu tudo: meu sono, minha vida, és até minha morte, se preciso for. Só quero a Ti. Tu me bastas. Ofereço todo meu poder, meus pensamentos e meu amor para Te sentir, para estar junto a Ti, para Te amar.'"

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 107)


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O QUE É O AMOR (PARTE FINAL)

"(...) O amor não pode ser explicado; a alegria que ele traz somente pode ser sentida. A profundidade, a qualidade, a intensidade do amor diferem; a sua natureza, no entanto, é a mesma, e ela nos impele a atos e desejos semelhantes. Nessa poderosa expressão de amor e entrega, em todos os amores, temos o mesmo fenômeno, a mesma angústia na separação, a mesma alegria na união.

Não podemos dividir o amor em diferentes tipos: ele é indivisível. No entanto, há uma dúvida com relação ao elemento sexual em algumas expressões de amor. Parece-me que o sexo, embora seja um fator importante na vida, não é um acompanhamento necessário do amor. O amor em si não tem qualquer elemento sexual, e a atração sexual raramente conota amor. No amor propriamente dito, o fato da pessoa amada ser do sexo oposto raramente tem qualquer influência, como no caso do amor do pai por sua filha ou do irmão por sua irmã.

Mas o sexo influencia o amor de duas pessoas de idades semelhantes e sexos opostos - o amor que culmina no casamento. O amor não tolera segredos e busca a maior união possível; nessas duas afirmações temos um retrato do elemento sexual no amor. Com as limitações que são impostas ao corpo humano, a união mais próxima possível nesta vida é atingida na expressão sexual; por isso ela é a mais intensa. E por isso, na linguagem do devoto, o objeto de sua constante contemplação - o próprio Senhor Paramesvara - é apresentado como sendo de sexo oposto ao do devoto. Isso poderia, para a maioria das pessoas, ser considerado um total sacrilégio. Foi isso que criou tanto mal-entendido a respeito da relação de Krishna com as Gopis. É isso que dá terrível força e ternura às canções de Mira Bai, e a faz parecer quase irresponsável. Foi isso que fez os cristãos medievais considerarem a Igreja como 'a noiva de Cristo'. Todos adotam o mesmo simbolismo. A relação entre marido e esposa é a mais íntima possível, e portanto é usada como metáfora para expressar a ligação mais fervorosa de um ser por outro."

(Sri Prakasa - O que é o amor - Revista Sophia, Ano 13, nº 54 - p. 14/15)
www.revistasophia.com.br


sexta-feira, 31 de julho de 2015

A ORAÇÃO SINCERA É ATENDIDA

"Mas, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios: pois entendem que por muito falarem serão ouvidos.

Não vos assemelheis pois a eles: porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

Deus não nos engana. Ele conhece nossas necessidades e nossos pensamentos mais íntimos. Ele é o Ouvinte por detrás dos nossos ouvidos, o Pensador por trás da nossa mente, o Falante por detrás da nossa língua. Ele é aquela Consciência Pura, cujo reflexo sobre nossa inteligência torna-nos conscientes. Ele sabe se nossas preces são hipócritas - 'repetições vãs' - ou súplicas de um coração sincero. Dizia Sri Ramakrishna.

'Quando a palavra e a mente se unem numa oração sincera, essa oração é atendida. Valor nenhum têm as preces do homem que diz com os lábios: 'Tudo isto é teu, Senhor!' - e ao mesmo tempo pensa em seu coração que tudo lhe pertence. Não sejais traidores de vossos pensamentos!... Rezai com um coração sincero e simples, e vossas preces serão ouvidas.'"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 87)
www.pensamento-cultrix.com.br


sexta-feira, 15 de maio de 2015

O REINO DOS CÉUS

"Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.

Os escribas e os fariseus esquecem o primeiro mandamento: 'Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.' São pessoas muito éticas, corretas em seu modo de vida; prendem-se, porém, às formas e observâncias exteriores, o que os leva à intolerância, à estreiteza e ao dogmatismo. A justiça que ultrapassa a dos escribas e dos fariseus é exatamente o oposto disso. É uma ética que encara a observância das formas e dos rituais não como um fim em si mesmo, mas como meios para entrar no reino dos céus.

Deus está além do bem e do mal relativos. Ele é o Bem absoluto. Quando nos unirmos a ele em nossa consciência, vamos além da justiça relativa. Essa verdade é com frequência mal compreendida: não significa que devamos desculpar a imoralidade, pois a ética é o fundamento real da espiritualidade. Ao nos iniciarmos na vida espiritual, é preciso que nos abstenhamos conscientemente de fazer mal aos outros; que nos abstenhamos da mentira, do roubo, do desregramento e da avidez; impõe-se que observemos a pureza física e mental, o contentamento, o autocontrole e a lembrança contínua de Deus. 

Mas o desejo de viver uma vida verdadeiramente ética e de praticar as disciplinas espirituais vem-nos apenas se decidirmos viver o primeiro mandamento - se aprendermos a amar a Deus e a lutar por manifestá-lo. Sem este ideal, a moralidade degenera para o decoro externo dos escribas e dos fariseus. Se, porém, o primeiro mandamento é observado, então o segundo se segue como decorrência natural. Quando amamos Deus, precisamos amar nosso próximo como a nós mesmos - porque nosso próximo é o nosso próprio eu.

Pela prática do autocontrole, pela contenção interior das paixões, desenvolvemo-nos espiritualmente na direção da união com o Deus absoluto. A pessoa que atinge este estágio supremo não precisa fazer distinção consciente entre o certo e o errado, nem praticar o autodomínio. A santidade e a pureza tornam-se sua verdadeira natureza. Ela transcende a justiça relativa e entra no reino dos céus."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 51/53


quinta-feira, 14 de maio de 2015

ESCOLHAS DIFÍCEIS, DECISÕES DIÁRIAS

"Pergunta: Diante das muitas escolhas difíceis e opções conflitantes que fazem parte da vida diária no mundo atual, como discernir se uma decisão é afetada ou se apenas parece ser correta por causa de nossos desejos pessoais e do apego às nossas próprias inclinações?

Primeiramente, temos de perceber que, para a maioria das pessoas, a maior parte do que fazem é tingida pelos desejos pessoais. Isto é normal; é humano. Na verdade, é o poder motivador dos desejos que possibilita as realizações!

O que os grandes mestres ensinam é que devemos primeiramente nos concentrar em substituir os desejos prejudiciais - que nos mantêm no cativeiro mortal - por ambições saudáveis que desenvolvam nossa natureza mais elevada. Assim, à medida que nos aproximamos do Divino, progredimos firmemente para o verdadeiro estado sem desejos - a união com Deus, na qual todos os desejos são eternamente realizados. Enquanto não atingimos esse venturoso estado, nossa visão e avaliação são influenciadas pelos desejos - quanto a isso, não há dúvida!"

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self.Realization Fellowship - p. 14/15)


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O PRAZER DA COOPERAÇÃO (PARTE FINAL)

"A cooperação é algo muito diferente. É a alegria de estar juntos e atuar juntos – sem estar necessariamente fazendo determinada coisa. As crianças pequenas gostam de estar juntas e atuar juntas, simplesmente. Estão sempre dispostas a cooperar em qualquer coisa. Não é questão de acordo ou desacordo, de recompensa ou de castigo; querem simplesmente ajudar. Cooperam instintivamente, por prazer. Mas os adultos destroem esse natural e espontâneo espírito de cooperação, dizendo: ‘Se você fizer isso, te darei um presente; se não fizer, não deixarei ir ao cinema’. É assim que se introduz o elemento corruptor. A verdadeira cooperação nasce não de se ter combinado um certo projeto, mas da alegria, do sentimento de união, porque nesse sentimento não há a obstinação das ideias e das opiniões pessoais.

Quando você conhece essa qualidade de cooperação, saberá também quando não se deve cooperar – o que é igualmente importante. É necessário despertar em nós mesmos esse espírito de cooperação, porque então não será um mero plano ou acordo que nos fará trabalhar juntos, mas sim um extraordinário sentimento de solidariedade, a alegria de estar juntos e atuar juntos – sem nenhuma ideia de recompensa ou de castigo.

Se não tivermos suficiente discernimento, poderemos cooperar com líderes insensatos, cheios de planos grandiosos e ideias fantásticas, como Hitler e outros tiranos de tantas épocas. Devemos saber quando não cooperar, e só o saberemos quando conhecermos a alegria da verdadeira cooperação.

Quando se sugere trabalhar juntos, a imediata reação é provavelmente esta: ‘Para que fim? O que vamos fazer?’ em outras palavras, o que vai ser feito torna-se mais importante do que o sentimento de estar juntos – e, quando o plano, o conceito ou a utopia ideológica assume a importância maior, não há real cooperação."

(J. Krishnamurti - O prazer da cooperação - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 13)


domingo, 11 de janeiro de 2015

AJUDA MÚTUA PARA DESENVOLVER QUALIDADES DIVINAS

"Por meio da lei da relatividade, Deus se dividiu em homem e mulher. Ambos, porém, homem e mulher, sendo feito à Sua imagem, eram essencialmente iguais, por isso Ele criou diferenças superficiais em seus corpos e mentes, não apenas diferenças mentais, mas também emocionais e psicológicas. Deus criou estas diferenças fisiológicas e mentais para distinguir o homem da mulher. O ideal da união espiritual entre eles é que o homem faça aflorar a razão escondida na mulher e que a mulher ajude o homem a descobrir a sensibilidade nele oculta. O Mestre não quis dizer com isto que a mulher seja irracional ou que o homem não tenha sentimentos; pelo contrário, ele afirmou que o homem e a mulher espiritualmente evoluídos ajudam-se mutuamente a desenvolver razão perfeita e sentimento perfeito, ou seja as puras qualidades divinas.

O que significa isso? No princípio, a razão não é pura. É de espécie inferior, oriundo da mente sensorial. A razão perfeita não vem da mente comum, é uma faculdade mais elevada, uma qualidade da alma - sabedoria. No princípio, o sentimento também não é puro, vem mesclado de emoção. Portanto, este é o valor espiritual mais importante do casamento, conforme diz o Mestre na Autobiografia de um Yogue. Citando [seu guru] Swami Sri Yukteswar: 'A responsabilidade pessoal de cada ser humano é restituir à sua (...) natureza dualística uma harmonia unificada, ou seja, o Éden'. Sri Yukteswarji quer dizer com isso que, através do íntimo relacionamento conjugal, o homem e a mulher ajudam-se mutuamente a desenvolver tanto a razão perfeita, ou sabedoria, quanto o sentimento perfeito, ou amor. 

Em outro texto, o Paramahansaji afirma que, quando isto é alcançado, homem e mulher se liberam, primeiro unindo-se um ao outro e, depois, unificando-se em Deus. Esta é a finalidade do casamento. Ao concebê-lo desta forma, fica bastante claro que tal relacionamento tem que se basear na amizade divina - ou seja, no amor incondicional, na lealdade incondicional. Trata-se de um compromisso incondicional.  Se não for assim, não é casamento, porque o verdadeiro objetivo não pode ser cumprido. (...)"

(Irmão Anandamoy - O Casamento Espiritual - Sefl-Realization Fellowship - p. 10/12)


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A MORTE É UM INFORTÚNIO OU UMA BÊNÇÃO DISFARÇADA? (PARTE FINAL)

"(...) A matéria se forja com a mudança; e o espírito que nela habita, embora essencialmente imutável, sofre mudanças superficiais em razão da sua experiência subjetiva daquele fenômeno. Assim como a consciência subjetiva de uma mesma identidade se conserva da infância à idade avançada (exceto, talvez, nas primeiras e menos perceptivas etapas da infância e nas últimas etapas da velhice adiantada), não há razão para que essa consciência subjetiva não possa ser conservada antes do nascimento e após a morte. Com esta continuidade, a morte é verdadeiramente vista como a melhor amiga da alma, dando-lhe infinitas oportunidades de lutar contra a matéria e por fim vencê-la - mesmo depois de um milhão de derrotas. Esta amiga sincera ensina a alma a manifestar sua natureza imutável ao transcender a consciência de mudança. 

A mente humana prefere a mudança de ambientes, gostos, hábitos e posses, não porque não possa ficar só com uma coisa, mas porque está constantemente descobrindo que sua atenção foi mal direcionada e mal posicionada. O desejo que sente por algo desconhecido não se satisfaz com a aquisição de posses neste mundo de coisas mutáveis. Com novas oportunidades dadas pela morte e pela mudança de condições, a alma busca sua imutabilidade inata, e não fica satisfeita enquanto não readquire e não se restabelece no estado natural de união com o Espírito. Portanto a morte, ou a mudança de condições em que a alma reside temporariamente, é favorável ao crescimento e desenvolvimento da alma. 

O crescimento e a educação da vida significam apenas que a consciência manifestada na matéria evolui para finalmente expressar seu pleno potencial. A partir deste ponto, a consciência se desligará da matéria a fim de se conhecer e se libertar como entidade independente que possa existir sem a intermediação material. Durante o processo de aprendizado, antes que a alma empreendedora e diligente reconheça sua superioridade e sua natureza transcendente, a consciência fica muito apegada ao instrumento físico por meio de laços sensoriais e egoístas muito fortes, criados durante sua residência no corpo. Por isso, em cada nova encarnação a alma observa o novo corpo com o cuidado e a possessividade que um homem tem por seu carro novinho em folha. Em consequência, a morte que sobrevém prematuramente por doença - causada por uma vida desnatural ou pelo mau karma - ou por supostos acidentes e outros infortúnios implica dor mental e física, porque a alma manifestada fica extremamente preocupada ao ver seu veículo de expressão ser levado embora antes de expirar a validade natural."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 215/216)


sábado, 6 de dezembro de 2014

ANTES DE BUSCAR DEUS, CONCILIA-TE COM O TEU ADVERSÁRIO (1ª PARTE)

"Até que alcancemos efetivamente a união com Deus, claro que é absolutamente natural a ocorrência de disputas e desentendimentos entre nós e os outros. É preciso, porém, que não deixemos o ressentimento permanecer em nós; caso contrário, ele nos corroerá os corações como um câncer. Cristo que, como todos os mestres verdadeiramente espirituais, era grande psicólogo, ensinou que devemos reconciliar-nos o mais cedo possível com nosso irmão, antes de oferecermos nossa oferenda a Deus. Todos quantos tenham praticado a meditação compreenderão imediatamente quão profundo é este ensinamento.

Suponha que alguém o tenha ofendido e que você se irritou. Ao começar a meditar, o que acontece? A oração e a meditação concentram a mente e intensificam as emoções. Consequentemente, o montículo de irritação converte-se numa montanha de raiva. Você começa a imaginar coisas terríveis sobre a pessoa que o ofendeu. Você acaba por sentir-se incapaz de meditar e de rezar, incapaz de achegar-se de Deus, enquanto não se reconciliar sinceramente com seu irmão. Só há um meio de sentir-se sinceramente reconciliado: procurar ver Deus em todos os seres e amá-lo neles todos. Se você se irritou com seu irmão, reze por ele como você o faz por você mesmo; reze para que ambos possam crescer no entendimento e na devoção a Deus. Logo você alcançará a espiritualidade. Mas, se guardar a raiva no coração, você ferirá tanto a si mesmo quanto a seu irmão.

Ensina-se no Budismo e no Vedanta que é dever do homem rezar pelos outros antes de rezar por si mesmo. Pede-se que mandemos um pensamento de boa-vontade a todos os seres antes de nos oferecermos a Deus. Semelhante prática é um estágio significativo na conquista do amor ao nosso próximo e a Deus. (...)"

(Swami Prabhavanda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 54/55)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

COM TODO O CORAÇÃO (1ª PARTE)

"A busca pelo espiritual não deve ser compartimentada; ao contrário, deve ser feita com todo o coração, não com um interesse pessoal, mas como uma busca não pessoal e, contudo, ávida.

No livro Aos Pés do Mestre podemos ler o seguinte: 'De todas as qualificações o amor é o mais importante, pois se ele é suficientemente forte num homem, força-o a adquirir o resto, e todo o resto sem ele nunca seria suficiente. Frequentemente é traduzido como um intenso desejo de liberação da roda de nascimentos e mortes e de união com Deus. Mas colocá-lo desta maneira soa egoisticamente e dá apenas uma parte do significado. Não é tanto desejo, mas vontade, resolução, determinação. Para produzir seu resultado, essa resolução deve encher toda a sua natureza, como que para não deixar lugar para nenhum outro sentimento. É, na realidade, a vontade de ser uno com Deus, não a fim de que possa escapar do aborrecimento e do sofrimento, mas a fim de que, devido ao seu profundo amor por Ele, possa agir com Ele e como Ele age. Porque Ele é amor e você, se quiser tornar-se uno com Ele, deve estar cheio do perfeito inegoísmo e do amor também.

Notem-se essas palavras: 'Essa resolução deve encher toda a sua natureza, como que para não deixar lugar para nenhum outro sentimento.' A vida de Buda é um exemplo inspirador de resolução de encontrar a iluminação, originando-se da compaixão pela sorte do homem. Ele viu um mundo triste, afligido pela doença e pela morte, pelo declínio e sofrimento, crueldade e ignorância e sentiu uma compaixão tão grande por ele, que em seu nome, buscou a luz que traria libertação ao mundo.

A resolução de descobrir a luz espiritual deve se iniciar com uma profunda preocupação pelos outros e um genuíno desejo pelo bem de todos, não como uma façanha ou um modo de autopromoção. O buscador não deve ser indiferente ao mundo ou dele afastar-se por desgosto, como muitos monges e ascetas fizeram, nem deve ser engolfado por ele. Os sofrimentos do mundo são também seus - os sofrimentos causados por ódio, crueldade, competição, luta, solidão, inveja, ambição. (...)"

(Radha Burnier - Com Todo o Coração - Revista Sopha, Ano 9, nº 35 - p. 29)

domingo, 10 de agosto de 2014

SOZINHO, EU PERMANEÇO UNIDO

"Por mais isolado que possa se sentir às vezes, na verdade você nunca está só, pois a presença de Deus está sempre no seu interior. Quer esteja numa praia à beira-mar ou no centro de uma cidade moderna, numa reunião social ou a sós consigo mesmo, sempre poderá invocar essa presença interior. E uma vez que estiver unido a essa divindade íntima, jamais se sentirá isolado novamente.

Na presença Divina, você vive, age e nela encontra a sua essência. Quando está totalmente imerso nessa presença, você se sente inteiro, pleno, ligado e amado. E esse sentimento se revela mais importante do que nunca em situações de perda no plano material. Pode ser que alguma coisa ou alguém de quem você dependia tenha desaparecido. Talvez uma esperança, algum desejo ou sonho tenha sido frustrado. Contudo, em meio ao vazio, restou uma afinidade. Lá no seu íntimo, há um sinal de amizade, uma ponte que jamais será demolida.

Sua situação se compara à daquele homem que andando pela praia vê duas pegadas, a dele próprio e a de Deus. Nos momentos de depressão e tristeza, porém, ele só vê um rastro. Achando que foi abandonado, chora amargamente e indaga o porquê de seu abandono. E o Infinito então lhe responde: ’Eu jamais o abandonei. Quando você viu apenas um rastro é porque eu o carregava.’

Feche os olhos e sinta essa conexão. Sinta a paz e a serenidade que acontecem quando estiver bebendo a água dessa fonte que irá saciar para sempre a sua sede.

Quando você está só é que permanece unido."

(Douglas Bloch - Palavras que Curam - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 50)


segunda-feira, 21 de julho de 2014

YOGA PRÁTICO

"Yoga é uma palavra sânscrita que indica união. Em todas as religiões existe um aspecto místico ou esotérico no qual o principal tema de estudo e pesquisa é o yoga. No cristianismo há referência à união mística que denota uma condição de yoga. Muitos acreditam que a senda do yoga é extremamente difícil, indicada, portanto, apenas a poucos escolhidos. Entretanto, Jesus disse: ‘Pois meu jugo é fácil e meu fardo é leve.’ O caminho do yoga é para todos, e seu fardo é realmente leve, desde que abordado da maneira correta.

O tema do yoga, sob uma forma ou outra, pode ser encontrado em todas as religiões, mas no hinduísmo foi feito um estudo bastante abrangente dessa técnica. No exato sentido da palavra, yoga é um dos seis sistemas de filosofia hindu. Existem vários ramos de yoga, mas um dos mais completos sistemas é o raja yoga, com o qual está associado o nome de Patañjali. No entanto, devemos lembrar que Patañjali não iniciou nenhum sistema – ele foi um grande compilador no campo do yoga, e por meio dessa compilação ofereceu ao mundo a obra-prima conhecida como os Yoga Sutras.

O raja yoga pode ser descrito como o yoga da integração. Uma clara compreensão desse sistema é extremamente necessária, particularmente hoje em dia, por causa das crescentes frustrações psicológicas que causam desintegração interna e desorganização externa na vida do homem."

(Rohit Meht - Excerto do artigo Yoga Prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 5)


domingo, 20 de julho de 2014

BEM-AVENTURADOS OS PACÍFICOS, PORQUE SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS

"Somente quando estivermos iluminados pelo conhecimento unificador de Deus é que nos tornaremos seus filhos e produtores da paz. Claro que somos filhos permanentes de Deus, mesmo em nossa ignorância. Mas, em sua ignorância, nosso ego é 'imaturo': é arrogante e se esquece de Deus. Não podemos trazer paz enquanto não tivermos completado nossa união com Deus e com todos os seres. No estado de consciência transcendental (a união divina perfeita, que os hindus chamam samadhi) a alma iluminada não tem ego; seu ego está imerso na mente de Deus. Ao retornar a um nível mais baixo de consciência, mostra-se ela novamente segura da sua individualidade; agora, porém, tem um sentimento 'maduro' do ego, que não cria nenhuma escravidão para si mesmo ou para os outros. Para ilustrar esse ego amadurecido, as escrituras hindus falam de uma corda queimada: tem o aspecto de uma corda, mas não pode prender nada. Sem esse tipo de ego, não seria possível para um Deus-homem viver sob a forma humana e ensinar. Quando eu era ainda um jovem monge, um discípulo de Sri Ramakrisna disse certa vez:

'Por vezes é-me impossível ensinar. Para onde quer que olhe, vejo apenas Deus, usando diferentes máscaras, assumindo inúmeras formas. Quem é o mestre então? Quem deve ser ensinado? Mas, quando minha mente desce de nível passo a ver as tuas faltas e fraquezas e procuro removê-las.'

Há uma passagem no Bhagavata, escritura devota e popular dos hindus, que reza: 'Aquele em cujo coração Deus se manifestou leva a paz, a alegria e o encanto aonde quer que vá.' É o promotor de paz de que fala Cristo nas Bem-aventuranças. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 32/33)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A MEDITAÇÃO NA VISÃO DO YOGA

"A maioria dos sistemas de meditação indianos modernos reconhece o Yoga Sutra como uma fonte de seus próprios métodos. Existem inúmeras escolas espirituais chamadas ‘Yoga’: o bhakti yoga é o caminho da devoção; o karma yoga usa o serviço altruísta; e o jnana yoga toma o intelecto como seu veículo. A via esboçada nos Yoga Sutra condensa todas elas.

Embora seus métodos possam variar, todas as trilhas yóguicas buscam transcender a dualidade na união. Consideram que a dualidade está dentro da mente, na separação entre os mecanismos da consciência e seu objeto. Para transcender a dualidade, o aspirante deve penetrar em um estado em que essa falha é superada na fusão do vivenciador com o objeto. Esse estado é o samadhi, onde a consciência do meditador funde-se com seus conteúdos.

A mente está repleta de ondas de pensamento que criam o abismo que o Yoga procura transpor. Acalmando suas ondas de pensamento, apaziguando a sua mente, o yogui encontrará a união. Essas ondas de pensamento são a fonte de emoções forte e hábitos cegos que prendem o homem a um falso eu. Quando sua mente fica clara e quieta, o homem pode conhecer a si mesmo como realmente é. Nessa quietude, pode conhecer Deus.

Nesse processo, sua crença errônea em si mesmo como um indivíduo único, separado de Deus, será superada. À medida que suas ondas de pensamento são subjugadas, o ego do yogui retira-se. Finalmente, como liberto, está apto a vestir seu ego ou a descartá-lo como um conjunto de roupas. Vestindo seu ego, ele age no mundo; descartando-o pelo apaziguamento da mente, ele une-se a Deus. Mas primeiro ele precisa submeter-se a uma árdua disciplina de mente e corpo."

(Daniel Goleman - A Mente Meditativa - Ed. Ática)
Excerto de texto retirado do Jornal do Yoga – www.casadeyogashantiom.com.br


O CAMINHO DA ESPIRITUALIDADE (PARTE FINAL)

"(...) A última das qualificações é Mumukshutva, geralmente traduzida por um ‘intenso desejo de libertação da Roda de nascimentos e mortes’, e um desejo de ‘união com o Supremo’. O livro Aos Pés do Mestre, plenamente recomendável para os interessados no assunto, apresenta-a como sendo o Amor e, ao contrário de outras definições rebuscadas e complexas, define-o como ‘ser cuidadoso para não causar dor a nenhum ser vivo; e (...) estar sempre vigiando por uma oportunidade de prestar auxílio.’ (...) É, na verdade, um desejo de união com o Supremo, com Deus, de modo que o aspirante, por sua total entrega, torna-se um canal purificado por onde as bênçãos e a força da Divindade possam fluir, alcançando seus semelhantes. Quanto maior é o avanço na Senda, maior o altruísmo, mais pleno e intenso é o sentimento de Amor por todos os seres.

Certamente não é exigida do aspirante a perfeição nessas qualificações, mas ele as deve ter incorporado em seu viver numa medida considerável. Dessa forma, quando a necessária preparação foi feita, o aspirante encontra-se pronto para a experiência crucial do Caminho, para uma profunda transformação interior conhecida pelo nome de ‘Iniciação’.

‘Iniciação’ significa um novo começo, a vida numa nova direção, onde a importância pessoal cede lugar a um profundo sentimento de integração com vida e a disposição de colocar-se a serviço da Lei que é Suprema Sabedoria e Perfeição. (...)"

(Ricardo Lindemann & Pedro Oliveira - A Tradição-Sabedoria, uma introdução à filosofia esotérica - Ed. Teosófica, Brasília, 3ª edição - p. 146/148)


terça-feira, 17 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) O 'normal' é o indivíduo sentir-se miserável e perdido só porque caiu doente. Muitas senhoras esnobes se danam quando a cronista deixou de citar seu nome na coluna social.

Aquilo que quando nos falta nos dá infelicidade é o objeto de nossa identificação. Somos identificados ao que ansiosa e desastrosamente queremos conservar, cultivar, desenvolver... Somos uns perdidos de nós mesmos porque nos identificamos a uma variedade sem conta de coisas, posições e pessoas. Nossa segurança e paz dependem de tudo isso com que nos identificamos.

Segundo o yoga, uma das maiores fontes de sofrimento é o identificar-nos com os níveis mais densos e materiais de nosso próprio ser. Os que se identificam com o corpo, e somos quase todos, costumam dizer: 'Eu estou doente', 'eu estou cansado'.

O yoguin, já desidentificado com o corpo, usa outra linguagem e diz: 'Meu corpo está doente.' O yoguin, em sua sabedoria, diz que seu corpo morre, pois sendo realmente um agregado de substâncias, algum dia se desfará, mas afirma que ele, em Realidade, é o Eterno, o Imutável, o Imóvel, o Perfeito, e portanto, jamais morrerá. Pode haver medo da morte para quem assim pensa?

Enquanto o homem comum adoece com os arranhões em seu carro ou em sua saúde, o sábio, desidentificado do grosseiro e do falível, mantém-se imperturbável, identificado que é com o eterno, o incorruptível e o imortal, que em Realidade ele é. Enquanto o pobre homem identificado é joguete ao sabor das circunstâncias incontroláveis na tempestuosa atmosfera da matéria, o yoguin, vivendo no Espírito, não se deixa apanhar nas malhas da ansiedade e da preocupação e não cai presa da 'coisa'. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 158/159)