OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 16 de abril de 2013

RAJA YOGA - OS KLESHAS (1ª PARTE - I)

"A filosofia Samkhya, ensinada pelo Avatar Kapila, na opinião de quase todos os estudiosos, fornece base teórica à Raja Yoga. Mas, também é verdade que a própria Yoga em si já é uma luminosa filosofia autossuficiente. Seu texto básico é o clássico Yoga Sutra, escrito pelo sábio Patanjali. Nelo o problema do sofrimento, da limitação, da insegurança, fragilidade e conflitos que oprimem a existência humana é sabiamente equacionado a partir do estudo de suas causas primeiras, os kleshas. 

Para quem já conseguiu desenvolver o discernimento, tudo é miséria por causa das dores provocadas por mudanças, ansiedades e tendências, como também por conta dos conflitos entre as tendências naturais que o homem encontra em sua natureza, e os pensamentos e desejos predominantes em um particular período de tempo. (Yoga Sutra, II:15).

Lamentável é não termos espaço para analisar este aforismo tão sábio, tão profundo. Não podemos porém deixar de comentar a grave e preocupante afirmação de que, aos olhos do homem sábio (aquele que desenvolveu discernimento), "tudo é miséria" - o que parece deprimente e pessimista demais. Esta é também  a primeira "nobre verdade" (dukha) das quatro enunciadas por Budha no imortal "sermão de Benares", sua primeira pregação. Aos ouvidos ingênuos de otimistas apressados, a afirmação de que "tudo é miséria" soa como um alarme demasiadamente desalentador e derrotista, portanto, contestável e rechaçável. Não foi somente Patanjali e Budha que emitiram tal diagnóstico. Todos os "sábios" o fizeram, isto é, todos que têm "olhos de ver e ouvidos de ouvir".

Um médico, ao emitir um diagnóstico indesejado, é naturalmente visto como pessimista? De fato ele o seria, caso, imprudentemente e contra seu dever, se negasse a propor um procedimento terapêutico apropriado. Quando os grandes sábios diagnosticam a miséria humana não fazem terrorismo intelectual nem sugestão destruidora, e de forma alguma pretendem deprimir ou denegrir a natureza humana. Realmente o fazem os que falam do homem como "filho do pecado", "pecador".

Os sábios não são maus quando denunciam o mal. Eles o fazem por generosos que são. É mau diagnosticar um mal que efetivamente existe e que, ainda ignorado, cresce, aprofunda raízes e se complica? Os grandes médicos da alma e do corpo sabem que quanto mais cedo e precisamente o mal seja identificado, mais fácil, breve e eficaz será o tratamento. O nobre propósito de diagnóstico é indicar a terapia adequada. 

Ao emitir o diagnóstico acima, Patanjali chamou a atenção para o sofrimento humano, que os ingênuos e alienados procuram ignorar ou escamotear com as várias faces do prazer. Aceita a verdade, evidencia-se a necessidade de uma terapia, um caminho, uma solução. Genial terapeuta, Patanjali no sutra seguinte promete:

A dor que ainda não sobreveio, pode e deve ser evitada. (Yoga Sutra, II:16) (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 37/39)


FAZE BEM A TI MESMO, NA PESSOA DOS OUTROS

"Escuta, ó homem, esta grande verdade: todo mal que aos outros fazes, duplamente o fazes a ti mesmo.
Para os outros é um mal periférico - para ti mesmo é um mal central.
Para quem o sofre é um mal extrínseco - para quem o pratica é um mal intrínseco.
Ninguém pode fazer mal ao próximo sem primeiro fazer mal a si mesmo.
Não pode deixar de ser mau quem o mal produz - mas pode ser bom quem sofre o mal.
"Não pode a árvore má produzir frutos bons - nem pode a árvore boa produzir frutos maus."
O efeito do mal é transitório no objeto que o sofre - mas é permanente no sujeito que o produz.
Não digas: "Fiz mal, arrependi-me, e é tudo como dantes" - ilusão funesta!
Pelo arrependimento, sim, foi lavada a nódoa moral - persiste, porém, na alma a mancha psíquica.
O mal, conscientemente praticado, estratificou nas profundezas do subconsciente nova camada de hábito vicioso - e desse subsolo funesto, irradiam ondas mortíferas para a zona do consciente.
Todo ato mau, ainda que revogado pelo arrependimento, favorece os elementos destruidores - e desfavorece os elementos construtores dentro do homem.
Todo ato mau facilita futuras quedas e recaídas - e dificulta a ressurreição.
Todo ato mau aumenta o declive do plano inclinado que o hábito vicioso criou em tua natureza- e quem pode manter-se firme num declive escorregadio?
Por isso, meu ignoto amigo, o maior bem, que a ti mesmo, podes fazer é fazer bem aos outros - o bem por amor ao bem.
O amor que aos outros faz bem, faz tanto bem a ti mesmo, que até te faz bom.
Por isso dizia o grande Mestre que devemos amar o próximo como a nós mesmos.
Educa-te, ó homem, a ti mesmo para o idealismo do bem.
Faze o bem por amor ao bem - dentro de ti mesmo e aos outros.
O único meio de fazeres bem aos outros e a ti mesmo é seres bom, intimamente bom.
O único meio de melhorares o mundo é praticares o Evangelho da bondade sincera, o Evangelho do amor desinteressado, o Evangelho da benquerença universal.
"Deus é amor - quem permanece no amor permanece em Deus." (S. João)
"O reino de Deus está dentro de vós." (Jesus)"

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 117/118)


segunda-feira, 15 de abril de 2013

DISCIPLINA, O CAMINHO PARA A VITÓRIA

"Para alcançar sucesso, a disciplina é indispensável. Devemos ter autoconfiança e fazer autossacrifício, se pretendemos sucesso neste mundo. Sem disciplina, autoconfiança e autossacrifício, nossa vida será insignificante. Quando um rio está erraticamente fluindo, construímos uma barragem, mudamos-lhe o curso e o dirigimos, útil e corretamente, antes que se lance no oceano. Assim também todas nossas ideias que sejam estouvadas e destituídas de objetivo, seguindo seu próprio curso, devem ser canalizadas pela construção de barragem da disciplina. Elas devem ser cuidadas para vir a tomar a forma de sacrifício, e assim penetrar no oceano de atmaviswasa (fé em seu próprio ser). Devemos ter como absolutamente essencial atingir as três qualidades: sacrifício, autoconfiança e disciplina."  

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 60)


O QUE É REALMENTE A YOGA?

"As pessoas, em sua maioria, estão acostumadas a procurar a realização fora de si mesmas. Vivemos num mundo que nos condiciona a acreditar que realizações externas nos podem dar aquilo que queremos. Contudo, repetidas vezes nossas experiências nos demonstram que nada externo pode satisfazer por completo o profundo anseio interno por "algo mais".

Na maior parte das vezes, entretanto, esforçamo-nos por atingir o que sempre parece estar além de nosso alcance. Enredamo-nos em fazer em vez de ser, em agir em vez de perceber. É difícil para nós imaginarmos um estado de completa tranquilidade e repouso, em que os pensamentos e os sentimentos deixem de dançar em perpétuo movimento. Todavia, é por meio de tal estado de quietude que podemos entrar em contato com um nível de alegria e entendimento impossível de se alcançar de outra maneira.

A Bíblia diz: "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus". Nessas poucas palavras está a chave para a ciência da yoga. Essa antiga ciência espiritual oferece meios diretos para acalmar a turbulência natural dos pensamentos e a inquietude do corpo que nos impedem de conhecer o que realmente somos.

Nossa percepção e nossas energias estão comumente dirigidas para o exterior, para as coisas deste mundo, que percebemos através dos instrumentos limitados de nossos cinco sentidos. Como a razão humana tem de contar com os dados parciais e frequentemente enganosos fornecidos pelos sentidos físicos, precisamos aprender a explorar níveis mais sutis e profundos de percepção se quisermos resolver os enigmas da vida: Quem sou eu? Por que estou aqui? Como posso conhecer a Verdade?

A yoga consiste em um processo simples de reversão do fluxo de energia e consciência, habitualmente dirigido ao exterior, de forma que a mente se converta em um centro dinâmico de percepção direta - não mais dependente dos sentidos falíveis, mas capaz de conhecer de fato a Verdade, por experiência direta.

Pela prática dos métodos graduais da yoga - nada aceitando como pressuposto, em bases emocionais ou pela fé cega -, chegamos a conhecer nossa união com aquela Inteligência, Poder e Alegria Infinita que confere vida a todas as coisas e que é a essência de nosso próprio Eu."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. IX/X)


domingo, 14 de abril de 2013

OS VÁRIOS CAMINHOS

"Você pode chegar a uma dada cidade por diversos caminhos e utilizando diferentes meios de transporte. O objetivo que você escolhe para alcançar é denominado sadhya. O método ou caminho adequado para chegar lá é chamado sadhana. Se você, depois de optar pelo sadhya e pelo sadhana, se engaja no caminho querendo chegar, se transformou num sadhaka.

Qual é o sadhya a ser conquistado ou alcançado, em Yoga? Embora sendo o mesmo, pode ser expresso por diversos modos. Eis alguns: união-fusão do jivatman em Paramatman; iluminação; transmutação do homem (manava) em Deus (Madhava); mukti ou moksha ou libertação da "roda dos renascimentos" (samsara)...

E o sadhana ou método prático, qual é? São diversos. Neste manual de iniciação procuraremos explicar os seguintes: (a) Raja Yoga, onde se trabalha sobre a mente; (b) Kriya Yoga, um método iminentemente prático e acessível; (c) Hatha Yoga, ação disciplinadora e corretiva sobre todo sistema humano, principalmente sobre o veículo físico; (d) Karma Yoga ou Yoga da prestação do serviço com a renúncia sobre os frutos do agir; (e) Bhakti Yoga, o aprimoramento da devoção; (f) Mantra Yoga, o método das palavras de poder; (g) Jnana Yoga, a supressão da ignorância e a conquista da sabedoria; (h) Laya Yoga, a extinção do ego; (i) Tantra Yoga, o caminho da "mão direita", ensinada pelas escrituras tântricas; (j) Sarva Yoga, a ação sinérgica de todas as modalidades. (...)

E quem é o sadhaka, isto é, o caminhante? Você. Se já escolheu o objetivo (sadhya) e o método (sadhana) que o levará até lá, mobilize-se com os "cinco dd" (decisão, dedicação, discernimento, devoção e disciplina); entregue ao Senhor dos Yoguis (Ishvara) e comece a caminhar firme e convicto de que vai alcançar. Ninguém pode caminhar por você.

Outras pessoas podem remover a dor causada por uma pesada carga sobre sua cabeça, mas a dor causada pela fome não pode ser removida a não ser por você. A natureza da Realidade Una deve ser conhecida por sua própria percepção espiritual e não através das palavras de um homem erudito. A forma da lua deve ser vista por seus próprios olhos. Como pode ser vista pelos olhos de outrem? Quem a não ser você é capaz de libertar-se da servidão gerada pela ignorância (avidya), pela paixão erótica (kama) e pela ação interesseira mesmo em milhões de kalpas? (Sankaracharya: in Viveka-Chudamani)."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 35/36)