OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 16 de junho de 2013

TRANSFORMAÇÃO - PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (PARTE FINAL - II)

" (...) As formas podem dar-nos infinito deleite, talvez porque sintamos a vida divina nelas. Para citar um dos Upanishades: 'Não é por amor aos mundos que os mundos são queridos, mas os mundos são queridos por amor do Eu'. Talvez, acima de tudo, seja porque sintamos a Vida interiormente que chegamos a amar as formas, a admirá-las e ao mesmo tempo a amar suas transformações - isto é, estamos desejosos de que as formas morram. 'Aquele que prende a si uma alegria destrói a vida alada, mas aquele que beija a alegria enquanto ela voa, vive na eternidade da aurora'. A adaptabilidade que a vida mostra e os mutantes disfarces do homem e da Natureza nos fascinam tanto quanto os propósitos a que servem. O passado assume um aspecto diferente; a história torna-se a expressão infinitamente variante do homem lutando por várias tolices. Podemos observar a revolta contínua do homem contra Deus, contra a Natureza, na maioria das vezes contra si mesmo. É um paradoxo que, embora seja tão apegado às formas, o homem, apesar de tudo, anseia por transformações, e porque ele anseia por elas, ele passa por essas transformações. Ele não sofreria sua maior transformação, a reencarnação, se não a desejasse, se não fosse forçado a reencarnar repetidamente devido à sua sede de vida. 

Ao longo da evolução, ele compreende o que está acontecendo. Gradualmente ele tende cada vez mais a abraçar a vida em vez de formas, e, assim, não mais sofre com sua inconstância. Ele as ama, como se pode dizer que a vida sensibilizadora as ama. O processo é gradual, mas a realização em si pode surgir num instante. A realização ou transformação, a expansão de consciência, foi descrita na literatura do misticismo. Krishnamurti diz-nos que 'O som de um sino tocando, uma pedra que cai, um simples acontecimento diário pode ser a centelha que leva o monge Zen budista à realização'. Ele assinala repetidamente a alegria, o intenso senso de viver que existe em se estar perceptivo e de simplesmente se observar as coisas e suas transformações constantes. Essa é realmente a dança de Shiva, para sempre esmagando com os pés as velhas formas que serviram a seu propósito, enquanto ao mesmo tempo nova beleza é criada.  

Transformação é evolução. O próprio viver é uma transformação contínua e estamos em meio a ela - somos parte dela e somos um com ela. Transformar-se em quê? Na verdade não podemos saber atualmente. Seria fútil inquirir. Não podemos conhecer o futuro, pois nós mesmos seremos diferentes, estaremos transformados quando nós o encontrarmos. De qualquer maneira, não existe causa para temor do desconhecido. É simplesmente uma experiência - transformação interior e exterior. Nossa senda pode levar-nos a uma prontidão - mesmo à necessidade - de renunciar não apenas às formas que amamos, mas até mesmo àquilo que sentimos ser nossa própria vida ou eu. Sri Ram diz-nos 'a verdadeira grandeza [do homem] jaz em nada ser, em se erradicar por meio de sua boa obra disseminada em toda parte'. Poderíamos ver isto como uma transformação última, porém eterna."

(Mary Anderson - Revista TheoSophia Jul/Ago/Set 2012 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 40/41)


CARMA, LEI CÓSMICA (2ª PARTE)

" (...) Se nos animarmos a só fazer o bem e a repararmos o mal, inutilizaremos o mau Carma. Seja o caso de termos feito mal ao próximo. Em lugar de ficarmos passivamente à espera do sofrimento ou do castigo e pormo-nos a mentalizá-los, com o que os atrairemos com mais facilidade, é muito mais útil e realista procurarmos abrogar esse sofrimento, fazendo o bem a quem prejudicamos, ou a outras pessoas, na impossibilidade de o fazer diretamente àquela. 

Buscar voluntariamente o sofrimento para esgotar o Carma, é o menos desejável das atitudes, pois existem outras maneiras mais construtivas de redimir o mal praticado. Menos razoável, ainda, é deixarmos propositalmente o próximo sofrer, ou procurarmos prolongar nossos sofrimentos, com a intenção de vermos esgotar-se o Carma, desta forma. Poder aliviar o sofrimento do próximo e não fazê-lo é criar modalidade especial de Carma: o carma da ocasião perdida. Com efeito, o fato de estarmos em condições de aliviar o sofrimento do próximo, pode ser indicação de que sejamos o agente escolhido para pormos fim a esse sofrimento. Não o fazermos é perdermos uma ocasião de servir. 

Ao sofrermos, estamos a colher consequências do mal praticado nesta vida, ou em outras anteriores. Mas, se tivermos meios de interferir em nosso próprio sofrimento e deixarmos de agir nesse sentido, criamos o carma da inação. Não estamos em situação de saber quanto de sofrimento nos cabe e quando deve ele ter fim. Devemos, por isto, agir de acordo com o bom senso e refletirmos, também, que Deus é Amor e embora consinta que soframos, para nosso bem e para nossa evolução, o sofrimento de Seus filhos não constitui prazer para Ele. 

Nascemos para desempenhar um papel no trabalho divino, o qual se realiza neste mundo físico e nos planos espirituais. Carma significa ação. Não devemos nos deixar arrastar passivamente pela onda evolutiva, assim como devemos reagir ante o sofrimento, como ante todos os obstáculos da vida, pois fomos criados para agir. 

Não há necessidade de buscar o sofrimento - ele virá a seu tempo. E, quando chegar, e não o pudermos evitar ou minorar, tomemos atitude resignada e mesmo de alegre conformismo. Aos que nos perguntarem, então, como vamos passando, respondamos segundo o conselho do eminente instrutor: - "Graças a Deus, vou muito mal", porque o sofrimento está nos purificando e propiciando nossa evolução. Quem se revolta ou maldiz ao Criador, como os fazem os ignorantes das leis divinas, cria novos sofrimentos para o futuro, pois o ressentimento gera desgostos. (...)"

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 207/209)


sábado, 15 de junho de 2013

TRANSFORMAÇÃO - PENSAMENTO E SENTIMENTO ESTÃO SUJEITOS A MUDANÇA (PARTE FINAL - I)

" (...) Assim, existe uma mudança sutil quanto à ênfase do papel predominante da vida para um papel como forma. Como a transformação ocorre dentro de nós (...) ao longo de toda nossa evolução humana, primeiramente nos identificamos com nossos corpos físicos. Leva algum tempo antes que compreendamos que esses corpos são formas que irão passar. Depois, quando vemos o corpo como uma forma passageira, são os nossos sentimentos que parecem ser duradouros. Quando adolescentes, juramos amizade eterna ou amor eterno. Posteriormente compreendemos que nossos sentimentos estão também sujeitos à transformação constante, e são nossas ideias que agora consideramos como duráveis. A essa altura somos muito dogmáticos. Isso também passa e podemos adquirir certa flexibilidade de pensamento até que compreendamos que até mesmo o pensamento é apenas uma vestimenta e que algo mais profundo interiormente representa para nós a vida eterna.  

O processo pode continuar - o que sentíamos ser um alma imortal, compreendemos ser, por sua vez, um simples veículo temporário ou uma forma, como os outros, sujeito à transformação. Até mesmo Buddhi é um veículo de Atma, não no sentido de um corpo ou de uma forma como os vemos, mas talvez como um tipo de véu tênue - mais sutil do que o mais sutil que conseguimos imaginar. À medida que o homem evolui, a personalidade torna-se cada vez mais a expressão direto do Ego, que é uma forma que reflete verdadeiramente a vida interior. O homem está agora cônscio como um Ego imortal sensibilizando a personalidade como sua forma. Dizem que, com o tempo, até mesmo o Ego deixa de existir como tal, pois, afinal de contas, ele é simplesmente o veículo ou a forma externa da Mônada. Assim, no final das contas, também ele está sujeito à transformação e parece desaparecer. Podemos começar a nos perguntar se, de certo ponto de vista, a distinção entre a vida e forma não é uma ilusão - se vida e forma são, depois de tudo, não duas coisas distintas, mas realmente duas funções da mesma coisa divina. 

Voltemos ao nosso estado atual - a nossa condição presente - em relação ao mundo objetivo, onde estamos apegados a formas materiais e sofremos quando elas são transformadas. Como vimos, até certo ponto com relação à nossa própria constituição, logo que deixamos de nos identificar com certas formas, toda nossa atitude com relação a elas muda. Ao mesmo tempo nossa atitude com relação à transformação dessa formas muda. Essa mudança é em si mesma uma transformação em nós, uma transformação na consciência até onde a consciência seja forma, até onde esteja cercada, modelada pela forma. Talvez, realmente, seja mais uma questão de ir além das formas do que atravessá-las. Em outras palavras, quando vemos as formas aprisionando nossas consciências, nossos lamentos e preconceitos com relação a elas desaparecem e nossa consciência torna-se correspondentemente livre. Uma expansão de consciência ocorre quando não mais estamos pessoalmente, e, portanto, dolorosamente, apegados a elas. (...)"

(Mary Anderson - Revista TheoSophia Jul/Ago/Set 2012 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 39/40)


CARMA, LEI CÓSMICA (1ª PARTE)

"O princípio da justa retribuição pelo bem e pelo mal praticados é reconhecido pelas principais religiões. Essa justiça imanente, dirigida por um Deus vigilante que preside a todos os atos humanos, de maneira a "nenhum fio de cabelo cair, sem que Ele intervenha", é, para muitos, o único modo pelo qual podem conceber o mundo e as coisas. 

A existência de uma Entidade, que atemoriza os Seus filhos com castigos eternos, é ainda freio real que toca emocionalmente a milhões de seres humanos. Mas, para os céticos e racionalistas, estas concepções parecem insuficientes, senão pueris. Entretanto, ainda têm sua utilidade e por isto devem ser respeitadas, desde que sirvam, de fato, para a elevação espiritual de seus seguidores. 

Para aqueles que não podem aceitar a ideia de um Deus pessoal que recompensa e pune os Seus filhos, porque lhes repugna intelectualmente representação tão antropomórfica do Criador, a Teosofia oferece uma explicação racional dessa justiça imanente, a qual é resultante do Carma, ou seja da lei de ação e reação.

As consequências do bem e do mal praticado são o resultado lógico e inevitável de um efeito que se segue a uma causa. O universo constitui uma Vida Una, em que tudo se correlaciona estreitamente e é regido por leis, tanto no plano físico, quanto no espiritual, visto que: "O que está em cima é como o que está embaixo e o que está embaixo é como o que está em cima."

Quer física, quer espiritualmente, é o homem governado por leis. Não existem propriamente castigos ou recompensas, e sim, consequências agradáveis ou desagradáveis, pela obediência ou infração a essas leis. Assim como a criança, ao pôr a mão no fogo, recebe não o castigo, mas o efeito doloroso de sua inadvertência ou inexperiência, da mesma forma, o homem ignorante que desrespeita as leis da natureza, sente o contragolpe: a doença, no mundo físico, o sofrimento, no campo espiritual. 

E, como há correspondência entre o mundo físico e o espiritual, as transgressões físicas podem causar sofrimentos morais, e as violações das leis espirituais podem produzir sofrimentos físicos. Mas o Carma não deve ser apreciado apenas sob o lado negativo da doença ou do sofrimento. Se estes são o resultado de contravenções às leis físicas e espirituais, devemos também ponderar que, se o homem procurar conhecê-las e respeitá-las, e esforçar-se por seguir a linha ascendente da evolução, terá de colher o bem e a felicidade.

Pela lei do Carma, o sofrimento redime culpas passadas e contribui, por isto, para a evolução espiritual do indivíduo. Mas é desvio grave do raciocínio pensar que a evolução só é possível pelo sofrimento. Até certo ponto e dentro de certos limites, pode-se evoluir sem sofrimento, pois há evolução pelo conhecimento, pelo amor, pela ação reta. Se se procurar conhecer as leis divinas e segui-las, não se criará mau carma e assim evitar-se-ão sofrimentos futuros. (...)"

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 206/207)


sexta-feira, 14 de junho de 2013

TRANSFORMAÇÃO - SOMENTE A FORMA MUDA (2ª PARTE)

" (...) Tudo isto pode parecer bastante teórico e difícil de compreender, mas possui um lado bastante prático que pode afetar toda a nossa vida. Nada consegue ferir-nos. Nada consegue assombrar-nos logo que compreendermos que o que muda é apenas a forma - a forma é que é passageira e temporária - e que somente a vida perdura. 'O espírito [poderíamos dizer "a vida"] jamais nasceu; o espírito jamais deixará se ser'.  Dito filosoficamente, o lótus individual murcha, mas um arquétipo, a ideia platônica do lótus é eterna, dando origem a outras forma de lótus. Dito de maneira teosófica, o lótus murcha, mas o perfume de sua vida retorna à alma grupo para enriquecer as formas de gerações futuras do lótus. O corpo de nossa mãe, de nosso marido, de nossa esposa, de nosso filho, de nosso amigo morre, mas ele ou ela permaneceu como um ser vivo, assumindo outras formas, tal como a borboleta deixa para trás a forma morta da lagarta que era. 'Morri como mineral e me tornei vegetal; morri como vegetal e me tornei animal; morri como animal e me tornei um homem. Quando fui diminuído por isso?'

Pois morte é transformação - é o cruzar a forma ou ir além dela. Reciprocamente, transformação é morte, e é uma coisa grande e gloriosa quando ocorre naturalmente, quando a hora é chegada, quando a forma está gasta. Mas quem somos nós para julgar quando é o momento adequado; e quem somos nós para julgar quando a forma está gasta? A morte das formas faz com que soframos por nos identificarmos com essas formas. Dizem que a vida jamais existe sem a forma, ou a forma sem a vida. Onde há forma há vida interior mesmo que seja tão sutil que seja invisível para nós. Mesmo na assim chamada matéria morta, a vida elemental está ativa. Uma vez que a vida e forma, então, estão intimamente ligadas, às vezes é difícil traçar a linha divisória entre elas. Como no caso de tantos pares de opostos não podemos dizer 'isto é vida' e 'aquilo é forma'. Podemos dizer, 'a vida parece predominar aqui' e 'ali parece predominar a forma'. O que num caso parece ser a sensibilização da vida é visto no outro caso como a forma externa. Se algo que pensávamos ser a vida desaparece na transformação, será que essa coisa não era forma o tempo todo? Ou não poderia, por meio da mudança sutil - uma retirada da vida -, ter-se tornado predominantemente forma? 

O Dicionário Oxford define 'transformar' como 'efetuar mudança (especialmente considerável) na forma, na aparência exterior, no caráter, na disposição etc. de alguma coisa'. Nosso caráter e nossa disposição também podem mudar, mas não pertencerão eles realmente em tal caso ao nosso lado forma em vez de ao nosso lado vida? Num ser vivo, um princípio pode mudar sua função. Dizem que no momento da individualização a alma animal torna-se um corpo causal. Para citar Jinarajadasa em Fundamentos da Teosofia (Ed. Pensamento): 'Na individualização tudo que foi o mais elevado do animal torna-se agora simplesmente um veículo para uma descida direta de um fragmento da divindade, a Mônada...' (...)"

(Mary Anderson - Revista TheoSophia  Jul/Ago/Set 2012 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 38/39)