
Cada um, em si
mesmo, convencido de ser autêntico, ia a cantar desentoado a canção de sua
própria autenticidade inexistente.
Todas, arrastando
medroso e maquinal mesmismo, iam
inventando um poema de suposta liberdade.
Iam tangidos pela
espora da cobiça, perdidos no erótico, fugindo do tédio, caçando novas
sensações, buscando acumular, tentando preencher o grande vazio.
Todos massificados
no mesmo caminho, defendendo desgastadas crenças ou gritando pseudo-rebeliões
extremistas, repetindo ideologias ocas mais aliciantes, mantendo as mesmas
aspirações, lutando pelas mesmas confortadoras ilusões.
Iam vestindo as
mesmas vestes; falando de forma igual; preferindo as mesmas coisas, detestando
as mesmas coisas; alienando-se da mesma forma.
Ainda estou vendo
passar agitada a patética procissão dos homens-máquinas iguais, com seu tropel
de normais pés acorrentados, tentando esmagar os raros rebeldes divinos que
falaram da verdadeira liberdade e da autenticidade que liberta.”
(Hermógenes –
Mergulho na paz – p. 25/26)
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