sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A ÚLTIMA VESTE

“- Pronto, São Pedro. Já larguei tudo. Deixei moedas. Rasguei títulos. Esqueci fama e lauréis. Já não tenho amizades, inimizades, partidos, crenças, credores, devedores, preocupações, ocupações, empresas, empregados, apegos, amantes, saudades, lucros, luxos, diplomas, ansiedades... Estou só. Sem nada. Por favor, deixa-me entrar!


- Volta, filho – respondeu o santo. – Ainda vestes a última túnica, que te era útil enquanto na terra, mas agora dela não precisas... Enquanto a vestires... Vai. Atira-a longe de ti. Quando estiveres nu, volta: Livra-te primeiro da última veste... teu eu.

Tempos depois, novo diálogo.

- Bem filho, agora que renunciaste ao eu, a porta do Céu está aberta. O Céu é teu.

- Agora?! Para quê... meu bom santo?!”

(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro – p. 151)


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