"A criança cresce apegada a seus pais; cresce numa família e numa certa sociedade. Ela chama isso de ‘minha casa, minha religião, minha família’, e sente-se segura. Esse é um processo natural, mas que cerceia o pensamento, porque está o tempo inteiro preocupado em assegurar o lucro, em beneficiar a mim e àquilo que chamo de meu, que é a essência do processo egoico.
Consigo ver o perigo dessa armadilha? Se não consigo, meu processo mental não mais é livre para investigar; ele está o tempo todo buscando justificar o ‘eu’ e o ‘meu’. Isso significa que, enquanto estou buscando lucro ou satisfação, não estou buscando a verdade. Portanto, embora seja muito fácil dizer ‘sou um buscador da verdade’, estamos, de uma forma ou de outra, apenas buscando satisfação.
Poderá a paixão pelo aprendizado ser tão forte que
consiga superar o instinto de buscar o prazer e evitar a dor? A verdade pode
ferir. Ela sempre vem com uma revelação, com uma desilusão. Para alguém que
vive numa ilusão confortável, a verdade choca. A não ser que desejemos
enfrentar a dor psicológica, e talvez também a dor física, não podemos
seriamente dizer que estamos em busca da verdade.
A mente diz que ‘tudo isso tem sentido para Buda, eu
não sou um Buda, eu sou um homem comum’, e assim continua. Mas, se continuarmos
assim, não temos o direito de reclamar da violência nem das guerras, porque
tudo isso é consequência do modo egoísta de viver. Perceber isso é perceber
também que toda desordem e toda divisão resultam da ilusão."
(P. Krishna - Novas Maneiras de ver o Mundo - Revista
Sophia, Ano 7, nº 25 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 09)
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