A primeira pediu ao
lavrador:
-Amigo, por favor,
tire-me deste depósito escuro e me ponha lá fora, no lugar mais alto, onde haja
mais sol.
O homem advertiu-a:
- Posso fazer isto, mas
é bom não esquecer que o verão está muito forte e, com seus ardores, poderá
matar você. Não tem medo de morrer queimada?
- Não faz mal –
respondeu ela. – Ponha-me, por favor, lá em cima da cumeeira. O sol não me faz
medo. Ao contrário, o que mais desejo é viver ao sol.
O homem atendeu.
Colocou-a no telhado da casa e foi trabalhar. Enquanto se entregava a seus
afazeres, não escutou os pedidos de socorro da sementinha, que, dias depois,
foi encontrada morta, esturricada.
A outra sementinha
disse ao homem:
- Amigo, o que mais
desejo é sair daqui e ir para o sol. Você pode me ajudar?
- Não sabe o que
aconteceu à sua infeliz coleguinha? Também quer morrer torrada?
- Não, amigo. Eu quero
chegar ao sol, mas de outra forma. Por favor, enterre-me em solo fértil,
cubra-me de humo, e deixe que eu germine. Quando eu for planta...
- Parabéns, sementinha
inteligente. Esta humildade é muito sábia! Você bem sabe que, virando planta,
transformada em tronco, folha, flor e fruto, viverá ao sol na maior segurança,
no maior esplendor, na maior felicidade... Deus a abençoe!
E assim aconteceu.
A sementinha humilde
teve o sol que queria."
(Hermógenes – Mergulho na paz – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - ´.
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