"(...) O equilíbrio é uma lei fundamental do universo. Se
uma pessoa está ganhando de um lado, tem que perder do outro para que o
equilíbrio seja mantido.
Na visão dos hinduístas, o universo é uma grande
dança. Eles representam a contínua alternância entre os opostos como a dança de
Shiva. Shiva é um dos deuses mais cultuados na Índia. Isso é curioso, porque
ele é um deus associado à destruição.
Existe na Índia uma trindade muito conhecida formada
por Brahma, Vishnu e Shiva; onde Brahma está associado à criação, Vishnu à
preservação e Shiva à destruição. Quando se viaja pela Índia percebe-se que
quase não existem templos destinados a Brahma; que existem alguns poucos
destinados a Vishnu; e uma enorme quantidade de templos destinados a Shiva. Por
que razão isso ocorre?
É que Shiva representa a renovação resultante da morte
e da destruição. Para que o novo possa nascer, é necessário que as formas
gastas sejam removidas. Ao mesmo tempo, Shiva inspira certo temor naqueles que
não tiveram ainda a percepção de que a vida e morte são aspectos complementares
de uma mesma realidade divina.
Essa dança de Shiva de criação e destruição é, na
realidade, a base da existência. Nada pode existir estático na natureza. A
nossa ignorância é que nos impede de ver a mudança como um elemento fundamental
da própria existência. Nada permanece estático, nem por um breve momento. Tudo
flui, tudo está em contínuo movimento. A folha da árvore que cai vira adubo
para o crescimento de outras árvores. Na natureza nada se perde."
(Eduardo Weaver - Vida e morte na visão de Platão - Revista Sophia, Ano 5, nº 17 - p. 28/29)
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