"(...) Certamente é bom
ser crítico no sentido correto; é um sinal de que viveka, ou a faculdade de discernir, está devidamente ativa. Mas
esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro viveka não produz reações nem memórias
que distorçam o relacionamento. Por outro lado, a atitude não pessoal dá origem
a sentimentos de gentileza e de compreensão das lutas que as outras pessoas
travam. Ser verdadeiramente impessoal ou estar simplesmente dizendo ‘eu não sou
pessoal’ depende de se estar calmamente perceptivo do que acontece, não tendo
resíduos ou imagens na mente.
Como outro exemplo,
podemos olhar nossa reação a um problema de saúde. Essa experiência, abordada
corretamente, pode ensinar o impessoalidade. O corpo é útil e deve ser cuidado,
mas não deve receber importância como posse pessoal. Será que podemos olhar
para ele com desapego, como se fosse o corpo de outra pessoa que nos é entregue
sob custódia? Ele não é ‘nosso’, exceto durante algum tempo. Como assinalou
Lewis Thomas, ‘os microorganismos que fazem colônias no corpo podem muito bem
dizer ‘ele é nosso’. Mas por enquanto ele é uma boa ferramenta no plano físico.
A perspectiva pessoal e
a reação pessoal são como uma ferida na mente, uma fonte de irritação. Se
aprendemos a ser pessoais ou um tanto não pessoais (a palavra impessoal sugere
falta de sentimento, mas os bons sentimentos caracterizam a mente não pessoal),
poderemos descobrir que existe muito menos atividade e agitação mental. (...)"
(Radha Burnier – Revista Sophia, nº 33 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília – p. 41)
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