quinta-feira, 5 de junho de 2014

LIBERDADE DE OPOSTOS (PARTE FINAL)

"(...) Para tomarmos outro exemplo, aquela natureza que pode ser chamada espiritual sempre tem presente em si o atributo de uma sensibilidade extrema, uma inteligência que responde imediatamente ao mais leve toque. Embora esta resposta pareça automática, ela surge de uma percepção da verdade com relação ao que quer que a toque, portanto, esta resposta é determinada por aquela verdade. É a resposta de uma natureza que é susceptível, porém não influenciada. Ela não se entrega indistintamente a qualquer coisa e nunca se deixa dominar; mas também não se diminui ou foge de qualquer coisa que atravesse o seu caminho – que seria o oposto da ‘entrega’ – ela mantém a sua liberdade e equilíbrio. (...)

Vemos diferenças em toda a parte na natureza. As diferenças que existem na natureza das coisas no campo da matéria são refletidas no campo da mente e das emoções e ali geram reações, enquanto ainda se encontram em um estado de inconsciência. O Gitᾱ fala da liberdade dessas reações que são prazeres e desprazeres, paixões, avidez, ódio e inveja. Quando as reações cessam de existir, há um espírito de igualdade no coração das pessoas, boa-vontade comum, preocupação e consideração em relação a todos, o elevado e o usual, o simples e o erudito e assim por diante. A natureza em que se manifesta esta mesma atitude é a natureza verdadeiramente espiritual. (...)

Pode parecer paradoxal que um estado de liberdade possa conter dentro de si o segredo da correção absoluta, bem como a perfeição. Isto ocorre assim porque compreendemos a liberdade em um sentido que não é liberdade real, uma condição que não está sujeita à atração ou repulsão. Nesta condição, a ação está de acordo com uma lei inata que em um indivíduo é a lei do seu ser. É uma lei que, entre os componentes daquele ser, sempre mantém um estado de harmonia. O nosso conceito de perfeição também incorpora, de forma consciente ou inconsciente, essa harmonia que é a manifestação de uma unidade na diversidade."

(N. Sri Ram - Em busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p.32/39)


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