OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 28 de abril de 2013

KRIYA YOGA - OS TRÊS COMPONENTES - TAPAH (4ª PARTE - I)

"Precisamos agora compreender a natureza dos três preceitos que prometem como valiosíssimo "retorno": atenuar nossos padecimentos (os kleshas) e viabilizar a redentora união com o Ser, por intermédio do samadhi.

TAPAH

Sua tradução é problemática. Pode ser depuração, purificação, autodisciplina, penitência, autocontrole, austeridade, ascese, o que de forma alguma deve ser confundido com mortificação masoquista. Etimologicamente significando "esquentar", sugere aquele aquecimento que purifica o minério, libertando-o da ganga; em nosso caso, de nossas impurezas. Conforme o contexto, tapah é um conjunto de exercícios específicos, com o objetivo de purificar e controlar o corpo físico, robustecer a paciência e a vontade, enfim, desenvolver qualidades importantes como resistência (à doença, ao sofrimento e à fadiga), paciência, equanimidade, fortaleza, pureza, invencibilidade, endurance, persistência, coragem. Inclui jejuns, silêncios, votos diversos, pranayamas, asnas etc. com o cuidado de que não degenerem em penitências masoquistas. Esta disciplina, se bem conduzida, ao contrário, promove virya, que é um somatório de energia, determinação, saúde, coragem e vontade. Tapah contribui para a benfazeja "humildação" ou minimização do ego pessoal (asmita). Tapah, como é fácil ver, sanifica e santifica o agir humano, portanto, equivale à Karma Yoga (Yoga da ação), consequentemente, é aconselhável que você compreenda bem o capítulo sobre este sistema. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 52/53)


sábado, 27 de abril de 2013

A CIÊNCIA UNIVERSAL DA RELIGIÃO

"A experiência pessoal da verdade é a ciência por trás de todas as ciências. Mas, para a maioria das pessoas, a religião tornou-se uma questão apenas de crença. Alguns creem no catolicismo, outros creem em alguma religião protestante e outros afirma sua crença de que a religião hindu, ou muçulmana, ou budista, seja o caminho correto. A ciência da religião identifica as verdades universais comuns a todos - o fundamento da religião - e ensina como as pessoas podem, por meio da aplicação prática de tais verdades, construir sua vida de acordo com o Plano Divino. (...)

O necessário é reunir a ciência da religião com o espírito ou a inspiração da religião - o esotérico com o exotérico. A ciência iogue ensinada por Senhor Krishna - que apresenta métodos práticos para a autêntica experiência interior de Deus em substituição à crenças fugazes - e o espírito do amor crístico e fraternidade pregado por Jesus - única panaceia segura para impedir que o mundo se destrua com suas obstinadas divergências - são a mesma e única verdade universal, ensinada por esses dois Cristos, o do Oriente e o do Ocidente.

Os salvadores do mundo não vêm alimentar divisões doutrinárias hostis, e seus ensinamentos não devem ser utilizados para esse fim. Chega a ser impróprio referir-se ao Novo Testamento como a Bíblia "cristã", pois ele não pertence exclusivamente a nenhuma seita. A verdade destina-se a promover a bênção e a elevação de toda a raça humana. Assim como a Consciência Crística é universal, Jesus Cristo, também pertence a todos. Embora enfatize a mensagem do Senhor Jesus no Novo Testamento e a ciência iogue da união divina apresentada por Bhagavan Krishna no Bhagavad Gita como sendo o summum bonum do caminho da realização divina, eu honro as diversas expressões da verdade, que fluem do Deus Único através das escrituras de Seus vário emissários.

A verdade, em si mesma e por si só, é a "religião" definitiva. Embora a verdade possa expressar-se de diferentes maneiras por meio de "ismos" sectários, estes não podem jamais exauri-la. Ela tem infinitas manifestações e ramificações, mas uma só consumação: a experiência direta de Deus, a Realidade Única. Os rótulos humanos de afiliação sectária têm pouco significado. O que nos confere salvação não é a seita religiosa em que tenhamos nosso nome registrado, nem a cultura ou credo em que nascemos. A essência da verdade transcende toda forma exterior. Essa essência é o fator supremo para compreendermos Jesus e seu chamado universal às almas para que entrem no reino de Deus que está "dentro de nós. 

Todos somos filhos de Deus, desde nossa origem até a eternidade. As diferenças surgem de preconceitos, e o preconceito é fruto da ignorância. (...) Acima de tudo, devemos nos orgulhar de sermos filhos de Deus, feitos à Sua imagem. Não é essa a mensagem de Cristo? (...)

Retirem as máscaras! Revelem-se como filhos de Deus - não por meio de proclamações vãs e preces decoradas, demonstração de sermões formulados intelectualmente e planejados para glorificar a Deus e angariar convertidos, mas por meio da realização! Identifiquem-se não com o intolerante fanatismo disfarçado de sabedoria, mas com a Consciência Crística. Identifiquem-se com o Amor Universal, expresso no serviço material e espiritual a todos; então saberão quem foi Jesus Cristo e poderão afirmar, em suas almas, que somos todos uma só família, filhos do Deus Único!"

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 17/21)


KRIYA YOGA - OS PROVEITOS (3ª PARTE)

"Patanjali assim define o Yoga preliminar:

tapah-svadhyaya-ishvarapranidhana-Kriya-Yoga. (Yoga Sutra, II:1)

Desculpe o que parece esnobação, mas aqui a tradução literal é preciosamente elucidativa. Traduzindo: "austeridade (tapah), estudo do Ser (svadhyaya) e total submissão ao Senhor (ishvarapranidhana) constituem a Kriya Yoga". Aquele que (a) levar vida austera e disciplinada, (b) buscar a Verdade sobre o Ser, e (c) se entregar irrestritamente a Deus, está praticando Kriya Yoga.

Estude o capítulo 1, sobre Raja Yoga, e descubra que os três comportamentos que constituem a Kriya Yoga (tapah, svadhyaya e ishvarapranidhana) são os três últimos niyamas.

O que resulta destes três comportamentos praticados no contexto do cotidiano é de imenso valor, para eliminar aflições e culminar com o samadhi. Patanjali que o diga:

Kriya Yoga é praticado para atenuar os kleshas e atingir samadhi. (Yoga Sutra, II:2)

O que claramente Patanjali aqui assegura é que se você, no convívio com os outros, no desempenho de sua vida profissional e social, finalmente em seu dia a dia, conduzir-se com austeridade, paciência, equanimidade, abnegação e invencibilidade; se empenhadamente buscar o conhecimento sobre seu verdadeiro Ser; e mais, se se submeter irrestritamente a Deus (Ishvara), seguramente não só atenuará seus padecimentos e aflições (kleshas), normais em sua existência e na de qualquer um, mas também chegará a adentrar o portal da libertação, isto é, alcançará o samadhi. Que investimento rendoso!!! (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 51/52)


sexta-feira, 26 de abril de 2013

A AÇÃO (KARMA) QUE AJUDA O SEU PROGRESSO NÃO LHE PESARÁ EM DEMASIA

"Quando os obstáculos no caminho da Verdade são derrubados, a libertação é alcançada. Eis porque  moksha (libertação) é algo que pode ser conquistado aqui e agora; para tanto, não se precisa esperar a dissolução do corpo físico. A ação (karma) não deve ser sentida como se fosse fardo, pois este sentimento é indício seguro de que se está caminhando em sentido contrário. Nenhuma ação (karma) que ajude seu progresso lhe pesará em demasia. É somente quando você age contrariando sua natureza interna que vem a sentir o agir como sendo um fardo. Vem a hora em que você olhará para trás, para seu desempenho, e suspirará diante da futilidade de todo ele. Confie ao Senhor sua mente, antes que seja tarde, e Ele a modelará como quiser.

Atribua à sua mente a tarefa de servir ao Senhor, e ela será domada. A um ourives você não leva um ornamento que seja perfeito, muito lindo; confiará a ele reparos ou remodelações somente naqueles ornamentos que tenham sido quebrados ou amassados. Assim, também confie ao Senhor sua mente, que por certo precisa de concreto, senão de completa reconstrução."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 62/63)


KRIYA YOGA - YOGA PRELIMINAR (2ª PARTE)

"Uma vez, numa reunião social na cidade de São Paulo, reencontrei uma senhora da sociedade, antiga companheira de viagem pela Índia. Vestia-se no rigor da moda. Numa das mãos tinha um fumacento king-size e na outra, agitava esnobe, negligente, sonora e alienadamente um aloirado on the rocks. Indaguei se ainda estava praticando Hatha Yoga. Respondeu-me com soberba: "Deixei a Hatha Yoga. Agora estou 'ensinando' (?!) Raja Yoga." Fiquei perplexo com tão exuberante e alcandorada ignorância. 

Uma pessoa inteligente, que tenha lido pelo menos algum resumo ou comentário sobre o Yoga Sutra, verá que sua proposta, verdadeiramente austera, é inviável a indivíduos normais em convivência comum com a sociedade a até mesmo - ouso dizer - a muitos dos que já vêm se dedicando à vida espiritual. Diria que praticar Astanga Yoga é como caminhar sobre o fio de uma navalha, usando a conhecida expressão dos Uppanishads. O método de Patanjali é um caminho estreito, como aquele mencionado por Jesus. Diria mesmo, estreitíssimo. Sem exagero, é impraticável a quem tenha deveres com a família, a sociedade, a profissão, até a quem falta, ainda que somente um pouco, aprimorar-se, e até mesmo santificar-se. É Yoga para quem pode e não para quem gostaria e se aventura. 

A conquista do samadhi ou o transe iluminativo, culminância da Raja Yoga, no entanto, graças à compaixão dos Mestres, não está vedada nem fora do alcance daquele que costumamos chamar "cidadão comum". Mas é preciso que já tenha feito uma decidida metanoia  isto é, uma opção radical pela união com o Ser, que sincera e definitivamente aspire pela libertação. Para esses, Patanjali propõe uma solução prática e muito acessível que democratiza o samadhi. Tal solução ele denomina Kriya Yoga. 

Antes de enfrentar as dificuldades do cálculo integral, a criança tem que aprender bem a tabuada. Não é? Kriya Yoga é a tabuada.

Não impõe nem propõe drásticas mudanças e renúncias radicais. Mas, embora sendo um Yoga preliminar, não deixa de ser também para eliminar. Com isto estou querendo dizer que, sendo uma disciplina amena, aquele que nela não se der bem evidencia sua incapacidade para um caminho mais austero e árduo igual à Raja Yoga. É um processo prático, daí o nome de Kriya. Seus componentes fazem parte do cotidiano, no entanto podem eliminar aqueles que não tiverem um mínimo de decisão, dedicação, devoção, discriminação e disciplina. Quem ainda se sente incapaz para cumprir o programa da Kriya Yoga deve esquecer de vez a Raja Yoga. Cabe lembrar a voz do povo a dizer: quem não pode com o pote não pegue na rodilha. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 50/51)