OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 3 de novembro de 2022

JULGAMENTO

"Quando você falar mal de alguém pelo simples gosto do mexerico ou pela força do hábito, lembre-se: o Pai Celestial irá julgá-lo da mesma maneira. Atraímos aquilo que damos. Se propalarmos as fraquezas dos outros, a Lei Divina, de uma maneira misteriosa, tornará públicas as nossas.

O mexerico nunca cura sua vitima; apenas a torna colérica, desesperada ou envergonhada. Fortalece sua determinação de continuar a ser má. Reza um provérbio: 'O homem que perdeu uma orelha entra na cidade pelas vielas a fim de mostrar a que resta e esconder a que falta. Mas aquele que perdeu as duas entra pela rua principal. pois nada tem a ocultar'.

A pessoa cujas falhas morais ficam indevidamente expostas torna-se descuidada e impudente como o homem que perdeu as duas orelhas e por isso, não faz nenhum esforço para evoluir. Assim, não devemos julgar de um modo que prejudique a pessoa julgada.

'Não julgues os outros; julga a ti mesmo.' Se gosta de denunciar em altos brados os erros alheios, satisfaça esse prazer falando aos quatro ventos dos seus - esteja certo de que não vai gostar nem um pouco disso! Se não pode tolerar um minuto sequer a publicidade de seus próprios defeitos, então não se rejubile espalhando os dos outros.

O mal que você divulga sobre seus semelhantes ganha corpo por que as pessoas estão sempre prontas a punir a vítima sem conhecer as circunstancias que a levaram a falhar moralmente. Sem dúvida, em casos raros, o medo da exposição desperta em algumas pessoas o desejo de serem boas; mas esse desejo desaparece quando suas faltas são tornadas públicas. Além disso, pela publicidade, o erro da pessoa fica parecendo mais grave, enquanto gente com fraquezas bem maiores permanece ignorada.

Se existe sujeira mental em sua própria residência interior, trate de limpá-la e não perca tempo comentando o lixo mental da casa dos outros. Os críticos autoproclamados em geral não se dão ao trabalho de averiguar suas próprias fraquezas. Acham que estão muito bem porque conseguem ver as mazelas alheias. Não se esconda por trás dessa errônea cortina de fumaça mental. A menos que seja um modelo de perfeição, não tem o direito de ensinar aos outros como se livrar das falhas que você mesmo apresenta.

Somente uma pessoa gentil, sensata e equilibrada poderá criticar as faltas alheias. Segundo a lei de causa e efeito, se você julgar os outros com brandura, receberá o mesmo tratamento do princípio da Verdade, que às ocultas governa o mundo. Se julgar os outros com aspereza, atrairá dos outros críticas contundentes, que o tornarão infeliz.

Não é sábio pôr a nu as fraquezas alheias, causando embaraços e provocando ressentimentos. Julgar com crueldade as más ações dos outros nos faz esquecer que o pecador é apenas um filho de Deus vitimado pelo erro. Odeie o pecado, mas nunca o pecador, pois ele é seu irmão divino cujo entendimento foi eclipsado pela ignorância. A finalidade do julgamento deve ser apenas terapêutica, sem o arroubo impiedoso da cólera. Temos de tratar a pessoa vitimada pelo erro do modo como gostaríamos de ser tratados caso estivéssemos em seu lugar. No mesmo espírito com que julgarmos seremos julgados pela lei divina."

(Paramhansa Yogananda - A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2011 - p. 25/26)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

REALIDADE INTERIOR

"O hábito religioso tende a limitar a influência dos sentidos e favorecer a sensibilidade interna, espiritual. No primeiro caso, o monge pode filtrar o que vem do ambiente e também selecionar o que buscar nele. Amorosamente sensível à necessidade do próximo e rigoroso contra seus próprios caprichos, não se deixa dominar por esses últimos. A vigilância e o discernimento são potencializados pela concentração e pela autoanálise. O tecido do hábito religioso simboliza uma camada adicional de pele, um revestimento figurado capaz de facilitar o bem e refrear o mal, em todos os sentidos.

De onde vêm os monges encapuzados? De toda parte, dessa ou daquela religião, família, etnia, país, do campo ou da cidade, todos se encontram sob as mesmas vestes e compartilham os mesmos ideais e objetivos. Eles se igualam por fora como se nivelam por dentro, já que interiormente têm os mesmos órgãos: coração, pulmões e demais vísceras, iguais em número e sob os mesmos princípios biológicos. O que está por debaixo, ou seja, as vísceras, tem sua contraparte no que está por cima, ou seja, o hábito religioso. Seja de onde for, o manto apaga as fronteiras, é símbolo de igualdade e de unidade.

O monge é a pessoa mais livre do mundo, e o hábito religioso atesta isso. Já tem uma roupa definida, simples, mas carregada de significado espiritual. Se um uniforme precisa ser funcional, como o de um socorrista, por exemplo, o do sacerdote também o é. Frugal, rústico, de cor natural, tem uma estética que ajuda a liberar a mente e o foco para voos altos. Dizem que Einstein só dispunha de um modelo de roupa, por um motivo prosaico: eximir-se da preocupação sobre o que usar. Moderando o que vem do mundo exterior, o hábito ajuda a liberar a realidade interior.

As cores do hábito religioso variam amplamente entre as religiões e ordens. Segundo C.W. Leadbeater, a cor preta, comum nas vestes monásticas, simboliza esotericamente o domínio do espírito sobre a matéria. Significa, portanto, autocontrole e plena moderação espiritual com vistas à libertação dos grilhões que nos induzem ao erro. Em física, a cor negra é o absorvedor ideal, pois não reflete as demais cores. Alegoricamente, de fato, o poder de absorção e de autodomínio se equivalem em suas respectivas dimensões. Portanto, além da forma, a diversidade de cores aponta para um rico simbolismo cromático.

Em várias culturas, os representantes do sagrado, sejam pajés, xamãs ou monges, revestem-se de formas e cores distintivas em suas vestes. O cocar de penas coloridas ou o capuz do monge são exemplos dessa diversidade. Além disso, é comum que símbolos religiosos, como as imagens de santos ou devas, sejam cobertos por mantos, constituindo uma espécie de aura visível a todos. A coroa ou auréola, para Leadbeater, representam, no misticismo oriental, centros de força situados na cabeça. Mas podem também representar o pensamento iluminado. 

Por fim, usei a expressão 'hábito religioso' para designar as vestes monásticas ou sacerdotais. Entretanto, se pensarmos sobre o outro significado da palavra 'hábito' e considerarmos o hábito religioso como a repetição de um comportamento: altivo, capaz de nos religar à divindade onipresente, teremos uma reflexão igualmente válida. Revestidos de bons hábitos poderemos aspirar a um mundo melhor, mais fraterno e mais justo. Assim, toda pessoa de bem porta um hábito religioso invisível tão digno quanto as vestes sagradas visíveis, um lembrete simbólico da aura em purificação."

(Fernando Gaspar - O Simbolismo do Hábito Religioso - Revista Sophia, Ano 19, nº 97 - p. 36/37)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 6 de setembro de 2022

O SIMBOLISMO DO HÁBITO RELIGIOSO

"Como as práticas religiosas despertam o interesse de muitos que buscam a espiritualidade, pode ser proveitoso refletir sobre a vida dos religiosos. Sua fraternidade e caridade, suas austeridades, seus estudos, suas meditações e suas orações são exemplos de práticas espirituais vistas como importantes pelo público. Portanto, em adição ao interesse por tudo que envolve uma religião, sua doutrina, seus livros, seus símbolos e suas práticas, pode-se incluir o dia a dia do monge.

A veste comumente usada por um monge é conhecida como hábito religioso. O aspecto dessa roupa pode lembrar uma capa ou manto e contar com um capuz capaz de ocultar a cabeça. Há variações na forma e na cor da indumentária, sendo frequente. no Ocidente, o uso da cor preta. A despeito da diversidade do hábito, essas vestes em geral são reconhecidas facilmente como pertencentes a um religioso e à sua ordem ou escola monástica. Mas como o hábito, enquanto veste, pode nos inspirar?

O hábito religioso naturalmente impressiona tanto o próprio monge quanto o devoto, em diferentes graus e modos. A simples visão da indumentária sacerdotal pode evocar pensamentos e sentimentos salutares. A devoção a uma causa nobre, a vontade de melhorar enquanto ser humano, o impulso para a prática do bem e da caridade são apenas algumas metas que podem ser trazidas à mente me diante um cenário inspirador, que as vestes ali presentes ajudam a compor.

A força do indumentário, portanto, é sobretudo simbólica. É desse modo que a arte, as práticas, as cerimônias e os textos abordados no ambiente em que se busca a espiritualização se revestem de um caráter eminentemente místico, metafísico. Nesse sentido, o hábito religioso também pode ser fonte de reflexão. Assim sendo, pode-se listar ideias que emergem na meditação sobre as vestes típicas do monge ou monja.

A veste religiosa envolve o devoto, identificando-o, acolhendo-o. Assim como o tecido protege do frio, preservando o calor do corpo, o hábito simboliza a proteção da natureza espiritual presente em toda criatura. Assim como a proteção nasce da concretização dos atos virtuosos, nas ações, nos pensamentos e nos sentimentos, o hábito acompanha o monge em todos os seus movimentos, pois é sua própria roupagem. Logo, suas atitudes o protegem, tal como o hábito religioso.

A veste monástica induz à interiorização e a uma atitude inspirada. Sob seu abrigo, o ser é levado a olhar para si mesmo. Afinal, o tecido reduz o alcance do meio exterior sobre os olhos. 'Os olhos não se cansam de ver', diz Eclesiastes. E, é sabido, o autoconhecimento é a chave do aperfeiçoamento com vistas à espiritualidade. Essa necessidade do exercício da auto-observação como ferramenta de progresso pessoal tem sido enfatizada pelos mais diversos pensadores da causa humana. Simbolicamente, sugerem o uso de um hábito pessoal imaginário, que pode ser cultivado pela meditação.

O devoto que observa o sacerdote totalmente envolto em seu hábito religioso também é convidado à introspecção. Vendo as vestes marcadas pela simplicidade, sem fantasias, o fiel se concentra nas palavras e nos atos do monge. A discrição, exemplificada no respeitável manto, é impactante à vista, principalmente para os observadores que têm 'olhos de ver, no dizer bíblico. Mergulhando no hábito religioso, o ser mergulha em si mesmo para melhor reconhecer o divino nas outras pessoas.

Por fazer parte do contexto religioso, a roupa sacerdotal nos remete de modo reflexo à ideia de que essencialmente somos de natureza espiritual. É desse modo que a silhueta das vestes assume um caráter de aura extrafísica. Uma aura de reverência e respeito por algo. muito além do próprio monge, mas algo que é por ele representado. Assim como ele representa o além, nós mesmos nos projetamos no religioso e nele nos espelhamos; não numa personalidade, pois ela está oculta e anônima sob as vestes, mas num ideal ali imaginado.

O hábito religioso ofusca a personalidade, conferindo ao 'eu' um caráter universal e altruísta. Enfim, quem é o monge por baixo do capuz? Não se sabe, mas podemos deduzir o significado do conjunto. Abraçados pela manta, os monges se igualam perante a espiritualidade. De joelhos ou prostrados perante a natureza, nivelam-se ainda mais entre si. Renunciam aos holofotes e se tornam um todo coletivo. São indistinguíveis. Transmitem o mesmo ideal, porque o que se vê é o mesmo que se quer representar: uma vida maior que a personalidade e oculta à retina mundana. Nesse sentido, é um antidoto ao egoísmo e ao orgulho. É humilde e ponderado."

(Fernando Gaspar - O Simbolismo do Hábito Religioso - Revista Sophia, Ano 19, nº 97 - p. 35/36)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 7 de dezembro de 2021

SUPERE O NERVOSISMO ESCOLHENDO BOAS COMPANHIAS

"Há duas espécies de nervosismo: psicológico (ou superficial) e mecânico (ou orgânico). O psicológico, a variedade mais comum, nasce da agitação mental. Esta, se for contínua e acompanhada do convívio com pessoas destituídas de qualidades inspirativas, dieta errada e maus hábitos de saúde, causa as manifestações crônicas ou orgânicas das doenças nervosas.  

A alimentação deve ser simples, equilibrada e não deve ser ingerida em excessiva quantidade. O exercício deve ser regular. Dormir demais entorpece os nervos, e dormir de menos prejudica-os. Importantíssima é a escolha das companhias. 'Diz-me com quem andas, e te direi quem és.' Bajuladores não nos ajudam. Devemos buscar a companhia de homens superiores - os que nos dizem a verdade e nos ajudam a progredir. O melhor amigo é quem, humildemente, sugere mudanças valiosas para melhorar nossa vida. 

A crítica veemente, expressa de forma insensível ou má, é como bater com um martelo na cabeça de alguém. O poder do amor é infinitamente mais eficaz. Sugestões bondosas, oferecidas com amor e compreensão, podem fazer milagres; simplesmente apontar defeitos nada produz. Uma pessoa estará em condições de julgar os outros somente quando aperfeiçoar seu próprio caráter. Até lá, julgar-se a si mesmo é a única análise proveitosa. 

O convívio com pessoas calmas e sábias é um dos meios mais rápidos de eliminar o nervosismo e atingir a percepção de nossa divindade inata. Pessoas nervosas deveriam conservar-se longe dos que têm problemas semelhantes."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 100/101)


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

A PALAVRA E O CAMINHO (1ª PARTE)

"Com frequência as coisas mais profundas são encontradas naquilo que é familiar, mas muitas vezes elas são negligenciadas. Há uma atividade comum em que todos nos engajamos - falar, dar voz a nossos pensamentos e sentimentos. A maioria de nossa fala tende a ser casual, mais ou menos por hábito ou cortesia. Todos nós já ouvimos a pergunta 'Como está você?' num dia em que não estamos nos sentindo bem, e respondemos de imediato 'Bem!' - porque essa é a conduta social.

Se pensarmos um pouco mais sobre o dom divino da fala, poderíamos ser mais conscientes do modo como a usamos. A fala é um reflexo de um poder divino que está dentro de todos nós. É muito considerada nas Escrituras de inúmeros povos do mundo. Na Bíblia, as primeiras palavras do Evangelho de João afirmam que 'no princípio era o Verbo' - a fala não como nós a entendemos, mas talvez no sentido do som que trás todas as coisas à existência.

Quanto João fala da vinda do Grande Instrutor, do surgimento de um Avatar, a linguagem usada é: 'E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.' Uma compreensão clara do poder da palavra, corretamente entendida, é algo que perpassa as religiões do mundo.

Em A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky escreveu sobre o som e a fala: 'Pronunciar uma palavra é evocar um pensamento, e torná-lo presente: a potência magnética da fala humana é o começo de toda manifestação no Mundo Oculto.' Blavatsky escreveu a respeito da capacidade da fala de magnetizar, de atrair para si. Isso não se relaciona apenas às práticas ocultas conscientes, mas às conversas normais em que nos engajamos de momento a momento.

Na maioria das vezes usamos a fala sem sabedoria. Segundo Blavatsky, emitir uma palavra é evocar um pensamento e torná-lo presente. Toda palavra que dizemos, seja casual ou profunda, traz um pensamento à nossa presença e à presença dos outros. Ela prossegue dizendo: 'Emitir um nome não é apenas definir um ser, mas colocá-lo sob a influência de uma ou mais potêmncias ocultas.' Assim, ao simplesmente dizermos um nome, nós nos engajamos num ato que registra a participação de 'potências' cooperativas. 

É claro que, em nossa conversação normal, não aplicamos um nível de pensamento tão profundo. Estamos apenas conversando, e para nós não é algo tão sério ou importante. Mas a verdade é que nosso discurso é sempre algo com essa profundidade. Pronunciar um nome é definir um ser e colocá-lo sob a influência de forças divinas - ou daquelas forças mais adequadas à fala irrefletida e a uma mente que não é refinada. (...)" continua...

(Tim Boyd - A palavra e o caminho - Revista Sophia, Ano 18, nº 87 - p. 5/6)


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A NATUREZA HUMANA

A natureza humana | JORGE REIS SA"Há duas espécies de paixões mundanas que corrompem e ocultam a pureza da natureza de Buda.

A primeira é a paixão pela discriminação e discussão, pela qual os homens se confundem nos julgamentos. A segunda é a paixão pela experiência emocional, pela qual os méritos das pessoas se tornam confusos.

As ilusões do raciocínio e as ilusões da prática parecem ser a síntese de todas as falhas humanas, mas, na realidade, há outras duas em suas bases. A primeira é a ignorância, a segunda é o desejo.

As delusões de raciocínio baseiam-se na ignorância e as delusões da prática apoiam-se no desejo, assim, estes dois conjuntos formam, na realidade, apenas um conjunto, e juntos são a fonte de todo o infortúnio.

Se os homens são ignorantes, não podem raciocinar correta e seguramente. Quando se sujeitam ao desejo pela existência o sentimento de posse e o apego a tudo, inevitavelmente, os seguirão. É este constante apego a tudo agradável, visto ou ouvido, que leva os homens à delusão do hábito. Alguns cedem mesmo ao desejo pela morte do corpo.

Destas fontes primárias surgem todas as paixões mundanas da cobiça, ira, tolice, equívoco, ressentimento, ciúme, lisonja, fraude, orgulho, desprezo, embriaguez e egoísmo."

(A Doutrina de Buda - Bukkyo Dendo Kyokai, 3ª edição revista, 1982 - p. 161/163)


terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A TENACIDADE DOS HÁBITOS

Resultado de imagem para A TENACIDADE DOS HÁBITOS~"Posso dar uma ordem à minha mente e logo ela reagirá ou se comportará conforme o ordenado. A maioria das pessoas que decide parar de fumar ou de comer muitos doces continua a fazê-lo a despeito da decisão tomada. Elas não mudam porque têm a mente impregnada dos hábitos de pensamento, como um papel mata-borrão. Ter um hábito significa que a mente acredita que não pode se livrar de determinado pensamento.

Os hábitos são realmente tenazes. Depois que você age de determinada maneira, isso causa um efeito ou impressão na consciência. Como resultado desta influência, a probabilidade é que você repita a ação. Depois de várias repetições, a inclinação se fortaleceu de tal maneira que a ação se torna um hábito. Em algumas pessoas, basta um só ato para formar o hábito em razão de uma predisposição latente oriunda de vidas passadas. Talvez a mente lhe diga que você não vai conseguir se livrar de determinado hábito; mas os hábitos nada mais são do que repetições de seus próprios pensamentos, e estes você tem a capacidade de mudar.

É possível compreender a natureza de um hábito com a seguinte analogia: a argila pode ser moldada na forma de um vaso; enquanto a argila está mole, é fácil de mudar a forma do vaso quantas vezes se quiser. Entretanto, depois que o vaso vai para o forno, sua forma fica firmemente estabelecida. O mesmo ocorre com a consciência. Os pensamentos moldam os atos, e as convicções mentais derivadas da repetição dos atos são o fogo que solidifica os pensamentos em padrões inflexíveis.

Por que o rosto de cada pessoa é diferente? Porque cada mente é diferente. Os padrões habituais de pensamento moldam não apenas a mente, mas também o corpo. Você provavelmente já reparou que algumas pessoas magras podem fazer cinco refeições por dia sem engordar. E que algumas pessoas obesas comem pouquíssimo e mesmo assim ganham peso. Por quê? As primeiras, em alguma vida passada, estabeleceram na consciência o pensamento de que eram magras, trazendo esse pensamento e tendência para a vida presente independentemente do que façam, nunca ficam gordas. O mesmo ocorre com as pessoas obesas. Em vidas passadas, elas saíram deste mundo com a consciência de serem gordas e trouxeram a semente desse pensamento para a existência atual. A fisiologia do corpo responde às tendências cármicas. Se você quer mudar sua compleição física, tem de dizer: 'Sou eu quem construiu o pensamento de ser magro (ou gordo, ou doente). Agora quero ser robusto (ou o que você desejar).' Se você se livrar do pensamento que o tornou uma pessoa diferente de quem deseja ser, verá que o corpo mudará. (...)"

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 19/20


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O MEDO DA LIBERDADE

Resultado de imagem para liberdade na natureza"O hábito é útil no plano físico. É por meio do hábito que as várias funções do corpo físico ocorrem e continuam a ocorrer de modo eficiente. Se fosse necessário aplicar a mente aos processos físicos como respiração e digestão, não sobraria energia para nada mais. Portanto, o corpo se desenvolveu de tal maneira que automaticamente cuida de suas próprias funções essenciais.

No entanto, o hábito atuante em nossa natureza psicológica, estabelecendo reflexos que evitam o uso da mente e da inteligência, está longe de ser uma vantagem. Pessoas inteligentes têm teorias a respeito de usar a propensão da mente de se condicionar como um método de mudança, mas isso é apenas mais um meio para os espertos explorarem os outros. Muitos problemas atuais - religiosos, políticos ou econômicos - envolvem esse tipo de exploração.

As pessoas se acostumam tanto aos condicionamentos que às vezes perguntam se é realmente possível viver de forma não condicionada, isto é, ser verdadeiramente livre. Implícito nessa questão está o desejo de agir mecanicamente, de ser instruído a pensar e agir, e também o medo de ser completamente livre - e inteiramente só.

O movimento evolutivo prosseguiu continuamente na direção de uma maior liberdade, tanto fisicamente quanto internamente. É claro que o animal é, fisicamente, mais livre do que o vegetal, pois não está enraizado em algum lugar; ao mesmo tempo, o vegetal é mais livre do que o mineral, pois é capaz de crescer e viver mais experiências.

Com cada reino surge uma maior liberdade; no entanto, o processo não é inteiramente físico. O ser humano exercita a escolha e não está sob compulsão, como está o animal que só se acasala quando chega a estação, ou que precisa lugar para comer. O ser humano exercita a escolha sob várias formas, como por exemplo, a decisão de compartilhar, de esperar ou de renunciar.

É simplesmente lógico, portanto, sair do condicionamento, que é a escravização a processos mecânicos, para um estado de plena percepção, que é a liberdade. Respostas psicológicas que são compulsivas - a ira que obnubila a mente, a ganância incontrolável e outros impulsos, assim como opiniões automáticas que permanecem não examinadas - são óbices óbvios à liberdade. Todas as reações irrefletidas, que surgem de experiências passadas impedem a inteligência. Em outras palavras, o condiconamento é incompatível com a liberdade e impede o verdadeiro progresso, segundo o plano evolutivo que está ampliando a liberdade estágio a estágio."

(Radha Burnier - O medo da liberdade - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 11/12)


quinta-feira, 27 de junho de 2019

OPÇÃO

"Na vida chamada 'normal', isto é, na vida mundana aderimos a muitas coisas, muitos hábitos, muitos valores que nos agradam, mas, como tudo acaba, com eles também acaba nossa alegria.

Começo bom.

Amargo fim.

Na vida espiritual é exatamente o oposto. A gente começa fazendo esforço e mesmo, em algumas horas, sacrifícios, mas, aos poucos, vamos nos transformando e encontrando a 'paz que não cessa nunca'.

O começo é árduo.

Mas o fim é feliz.

Ensina-me, Senhor, a fazer a opção correta."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 73/74)


terça-feira, 25 de junho de 2019

O MOMENTO DA MORTE

"Lembre-se de que todos os hábitos e tendências acumulados na base da nossa mente ordinária estão prontos para ser ativados por qualquer influência. Sabemos que basta a menor provocação para trazer as nossas reações instintivas e habituais à superfície. Isso é especialmente verdadeiro no momento da morte. O Dalai Lama explica:

No momento da morte, as atitudes com que temos familiaridade há muito tempo impõem-se e determinam o renascimento. Por essa mesma razão, o eu gera um forte apego, já que tememos que esse eu esteja se tornando inexistente. Tal apego serve como elo de conexão com o estado intermediário entre as vidas, enquanto o desejo de um corpo age por sua vez como causa que estabelece o corpo do ser que está no estado intermediário (bardo).

Desse modo, o estado da nossa mente no instante da morte é absolutamente importante. Se morremos com a mente estruturada de maneira positiva podemos melhorar nosso próximo nascimento, apesar do nosso carma negativo. E se estamos aborrecidos e angustiados, isso exerce um efeito prejudicial, mesmo que tenhamos vivido bem nossa vida. Isso significa que o último pensamento ou emoção que temos antes de morrer tem um efeito determinante e extremamente poderoso no nosso futuro imediato. Assim como a mente de um louco está quase sempre ocupada por uma obsessão que volta de tempo em tempo, no instante da morte também nossa mente está totalmente vulnerável e exposta a quaisquer pensamentos que então nos preocupem. Esse último pensamento ou emoção que tempos pode ser ampliado além de toda proporção e impregnar toda nossa percepção. É por isso que os mestres afirmam que a qualidade da atmosfera que nos cerca quando morremos é crucial. Com os nossos amigos e parentes devemos fazer tudo o que estiver ao alcance para inspirar emoções positivas e sentimentos sagrados como amor, compaixão e devoção, e igualmente ajudá-los a 'abandonar toda possessividade, anseio e apego'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2.000 - p. 286/287)


quinta-feira, 20 de junho de 2019

POR QUE SOMOS NEGLIGENTES?

"O pensador raciocina mediante o hábito, a repetição, a cópia, produzindo ignorância e tristeza. O hábito não é uma negligência? A consciência cria ordem, mas nunca o hábito. As tendências acomodadas só produzem negligência. Por que somos negligentes? Porque pensar é doloroso, cria perturbações, oposição, pode fazer com que nossas ações sejam contrárias ao padrão estabelecido. Pensar-sentir de maneira extensiva, tornar-se conciente sem escolha, pode conduzir a profundidades desconhecidas, e a mente se rebela contra o desconhecido. Então, ela se move do conhecido para o conhecido, do hábito para o hábito, do padrão para o padrão. Tal mente jamais abandona o conhecido para descobrir o desconhecido. Entendendo a dor do pensamento, o pensador torna-se negligente mediante a cópia, ao hábito; temendo pensar, ele cria padrões de negligência. Quando o pensador está com medo, suas ações nascem do medo, e então ele encara suas ações e tenta mudá-las. O pensador tem medo de suas próprias criações, mas a ação é o agente, por isso o pensador tem medo de si mesmo. O pensador é a causa da ignorância, da tristeza. Ele pode se dividir em muitas categorias de pensamento, mas o pensamento é ainda o pensador. O pensador e seus esforços para ser, tornar-se, são a verdadeira causa do conflito e da confusão."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil, São Paulo, 2016 - p. 289)


segunda-feira, 9 de abril de 2018

A CRÍTICA (PARTE FINAL)

"(...) Nós também devemos desenvolver a faculdade crítica; mas para criticar-nos a nós mesmos, e não aos outros.  

Toda questão tem sempre dois lados, geralmente mais do que dois. Kritein significa julgar; por conseguinte, a crítica será inútil, e só poderá fazer mal, se não for absolutamente serena e judiciosa. Não é um ataque selvagem ao oponente, mas um pesar plácido, sem preconceitos, de razões pró e contra determinada opinião ou curso de ação. Podemos decidir de um jeito, mas precisamos reconhecer que outro homem, de intelecto igual, pode dar ênfase a outro aspecto da questão e, por conseguinte, decidir de maneira totalmente diversa. E, todavia, ao decidir dessa feição, ele pode ser tão bom, tão justo e tão honesto quanto nós.

Entretanto, poucos o reconhecem; poucos protestantes cabeçudos acreditam realmente que os católicos sejam homens bons; poucos radicais convictos e apaixonados acreditam realmente que um velho fidalgo Tory possa ser tão bom e tão sincero quanto eles, e tenta honestamente fazer o que julga ser sua obrigação!

Quando um homem toma uma decisão diferente da nossa, não precisamos fingir concordar com ele, mas precisamos creditar-lhe boas intenções. Uma das piores características da vida moderna é a sua ansiosa presteza para acreditar no mal - o seu hábito de procurar, deliberadamente, a pior interpretação concebível que se pode dar ao que quer que seja. E essa atitude é péssima quando adotada em relação aos que nos ajudaram, a quem devemos agradecimentos pelos conhecimentos ou inspiração recebidos. Lembremo-nos das palavras do Mestre: 'A ingratidão não é um dos nossos vícios.' É sempre um erro entregar-nos loucamente à crítica aos que sabem mais do que nós; é mais correto esperar e repensar o assunto, esperar e ver o que o futuro nos trará. Apliquemos a prova do tempo e do resultado: 'Pelos frutos os conhecereis.' Tomemos por regra pensar o melhor de cada homem; façamos o nosso trabalho e deixemos os outros em liberdade para fazerem o seu."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 97/98)


quarta-feira, 28 de março de 2018

ENTUSIASMO: A CHAVE PARA O SUCESSO (1ª PARTE)

"A maioria das pessoas fracassa mais por falta de entusiasmo que de habilidade. O sucesso chegou a muitos que possuiam uma inteligência limitada, mas um entusiasmo maior que a média. 'Nada grande jamais foi alcançado sem entusiasmo', afirmou Emerson.

Entusiasmo significa, literalmente, 'fogo interior'. A maioria já viu esse fogo quando uma pessoa tímida e reservada se deixa levar por um assunto que lhe interesse de maneira vital.

O interesse pode ser cultivado. A maioria das coisas podem ser interessantes se lhes dermos uma chance. Porém o interesse deve vir de nossa própria iniciativa. É quando nossas mentes estão abertas que despertamos para o prazer e a vivacidade da vida positiva.

O inimigo mortal do entusiasmo é a inação. Somos desinteressados porque sentimos e pensamos timidamente à respeito das coisas. O interesse surge juntamente com uma resposta positiva da vida.

A monotonia deve-se ao fato de usarmos apenas uma pequena parte de nossas possibilidades. 'Comparado com o que deveríamos ser, somos apenas semialertas. Fazemos uso de uma pequena parte de nossos vastos recursos mentais', afirmou o médico William James.

Uma pessoa ativa em relação à vida gera sua própria forma motriz. Assumir uma tarefa com resolução positiva é 'curtir' o trabalho.

Dizem que Thomas Edison, no dia do seu casamento, desculpou-se e foi cuidar de um trabalho que precisava de sua atenção. Várias horas depois foi encontrado tão completamente absorto na sua experiência que havia se esquecido de que tinha se casado naquele dia.

Após despertar nossa atenção, temos que superar o desejo de mudar de uma coisa para outra. A pessoa que, como uma borboleta, vive mudando de um interesse para o outro, jamais encontra real satisfação em coisa alguma. O fato de que ela rapidamente se cansa das coisas é uma marca de sua imaturidade. O dia de uma pessoa assim é geralmente cheio de terefas não terminadas. Butler disse que o hábito intelectual mais importante é o hábito de cuidar exclusivamente daquilo que se tem em mãos. (...)"

(J. Lloyd Woodhouse - Entusiasmo: a chave para o sucesso - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 11)


quinta-feira, 15 de março de 2018

NÃO JULGUEIS

"Sempre que exprimimos uma opinião sobre algo, estamos julgando com base em nossas crenças e preconceitos. Sempre que o pensamento classifica uma coisa desta ou daquela maneira, estamos julgando com base no sistema de avaliação de nosso ego. Sempre que decidimos agir de determinada maneira, fundamentados no que achamos certo ou errado, julgamos a situação. Toda vez que reagimos com sentimentos de cólera, apreensão, repulsa ou indiferença, fazemos isso em resposta a um julgamento da situação. E mesmo quando decidimos que o dia está bonito, que realmente gostamos de salada de batata, que uma viagem à Tailândia seria uma ótima opção de férias, agimos em consonância com a função crítica da mente.
  • Quanto de seu dia é preenchido com pensamentos críticos?
  • Até que ponto seus pensamentos o distanciam de sua natureza búdica?
  • Em que grau seus pensamentos se baseiam no medo e, por isso, fazem-no sofrer?
  • Como seria sua vida se você parasse de julgar tudo e todos, aceitando-os tais quais são?
Pelos próximos dias e semanas, sugiro que você se discipline observando o fluxo de seus pensamentos tanto quanto possível, para determinar com quanta frequência se entrega ao hábito de julgar. O próprio ato de examinar os hábitos mentais que provocam sofrimento estimula um arroubo de superação desses hábitos. O exame já é uma resposta. Eis aí uma das dinâmicas primordiais do poder da meditação."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 97/85)


quarta-feira, 14 de março de 2018

COM SABEDORIA E DISCERNIMENTO, RESGATE SUA LIBERDADE

"Resgate sua liberdade. Você consegue cumprir as decisões que toma? Se não consegue, está preso ao karma. Mas se tem conseguido fazer o que se propõe a fazer, guiado pelo discernimento - e não pelas influências do karma passado ou presente -, então isto é liberdade. Julgue tudo de acordo com o ponto de vista do discernimento e da sabedoria. Não permita que suas ações sejam governadas pelo hábitos nem pela obediência cega aos costumes sociais ou ao que as outras pessoas pensam. Seja livre.

De vez em quando você vê uma pessoa livre - alguém que não vive a vida dos outros, que é livre porque suas ações só são influenciadas pela sabedoria. Esta é a marca da grandeza de Mahatma Gandhi. Quando ele foi à Inglaterra e visitou o casal real, não se vestiu formalmente como era o costume. Foi recebido pelos reis usando uma simples tanga de pano e um xale, como se usava nas aldeias indianas. Ele desfruta de grande liberdade porque vive seus ideais e não está preso aos costumes da sociedade.

Sempre que você fizer alguma coisa, pergunte a si mesmo se é só por causa do que os outros podem pensar de você ou se é porque está seguindo a sabedoria e o discernimento. Este é o critério que uso para agir. Mesmo como americanos nascidos livres vocês não conhecem a verdadeira liberdade. Muitos acham que fazer o que querem é a liberdade - mas a verdadeira liberdade está em fazer o que se deve fazer no momento em que aquilo deve ser feito. Do contrário você é um escravo. Seja influenciado apenas pela sabedoria. Se não conseguir isso, permanecerá escravo por séculos de encarnações.

Agora, seguir a verdade não quer dizer que você precia atacar os outros com suas convicções. Compartilhe a verdade somente quando for pedida ou bem-vinda. Do contrário, aprenda a ficar em silêncio, mantenha suas opiniões para si mesmo. Mas quando achar que deve falar, fale. Enfrente o mundo inteiro, se necessário. Galileu afirmou que a Terra gira em torno do Sol e foi crucificado por isto. Posteriormente se descobriu que ele estava certo. Mas nunca faça nada só por orgulho; isto o fará cair."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 234/235)


quinta-feira, 1 de março de 2018

CORAGEM: UMA QUALIDADE INATA DA ALMA

"Sucesso, saúde e sabedoria são atributos naturais da alma. A Identificação com pensamentos e hábitos debilitantes, bem como a falta de concentração, perseverança e coragem, são responsáveis pelas tribulações devidas à pobreza, à má saúde etc.

Você paralisa sua faculdade de buscar o sucesso com pensamentos de medo. O sucesso e a perfeição tanto da mente quanto do corpo são qualidades inerentes ao homem porque ele foi feito à imagem e semelhança de Deus. Para reivindicar esse direito de nascença, porém, devemos primeiro nos livrar da ilusão de nossas próprias limitações.

Deus possui tudo. Saiba, pois, em qualquer situação, que como filho de Deus você possui tudo que pertence ao Pai. Sinta-se sempre contente e satisfeito sabendo que tem acesso a todas as posses do Pai. Seu quinhão natural é a perfeição e a prosperidade, mas você prefere ser imperfeito e pobre. A consciência de possuir tudo deve ser um hábito de cada pessoa."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 13/14)
www.editorapensamento.com.br


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

SER MÃE NUM MUNDO EM TRANSIÇÃO (1ª PARTE)

"Simone de Beauvoir (1908-1986), grande pensadora francesa, foi quem disse a célebre frase: 'Não se nasce mulher, torna-se mulher.' É de grande valia pensar que não nascemos prontos, que vamos nos moldando conforme nossas vivências com as outras pessoas, com o ambiente em que nascemos, enfim, com nós mesmos. 

Diante desse fato, podemos perguntar qual o papel da maternidade e da paternidade nos dias atuais, quando as pessoas têm pouco tempo de convivência, diante de longas horas de trabalho, do trânsito, sem falar da febre tecnológica que invade nossas vidas, com computadores e celulares que tomam a maior parte do nosso precioso tempo.

Nesse sentido, coloco-me no lugar de questionar a respeito do exemplo que darei para meu filho. Uma criança precisa de mais atenção do que qualquer outra atividade que nos propomos a fazer, pois a qualquer momento ela pode se machucar, quebrar coisas, chorar, ter fome, sujar a fralda e assim por diante. É um trabalho contínuo, que requer um empenho energético altíssimo: por isso, é possível compreender que muitas pessoas não tenham a devida paciência para lidar com esses pequenos seres que nem ao menos sabem expor seus anseios de maneira clara.

Diante disso, lembro-me de um ditado famoso: 'Um exemplo vale mais do que mil palavras.' Como vou impedir que meu filho seja viciado em ver televisão se eu mesmo sou condicionada a essa atividade desde a tenra infância? É nesse momento que entra o trabalho reflexivo, onde passo a questionar meus condicionamentos, compreendendo as heranças simbólias recebidas de meus pais e do contexto em que vivi, para transcender e fazer diferente com meu filho.

Muitas vezes nós apenas reproduzimos aquilo que nos foi ensinado, julgando certo aquilo a que já estamos acostumados e que, a princípio, não gera nenhuma consequência grave. No entanto, quando se trata de criar um ser humano para lidar com as intempéries da vida, o constante exame de certos hábitos faz toda a diferença. Resgatar as boas coisas que recebemos de nossos pais, sendo gratos por tudo que recebemos e aprendemos com eles, também é algo valioso. (...)"

(Samira Santana de Almeida - Ser mãe num mundo em transição - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 29)


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

DESAFIOS DA VIDA (1ª PARTE)

"Provavelmente não fazemos a menor ideia da carga do passado em nossas vidas. Cada dia que nasce é uma oportunidade de renovação. Mas não aproveitamos, continuando a arrastar o dia de ontem, impedindo sistematicamente o surgimento do novo. Nossas ações, pensamentos e sentimentos continuam tão velhos quanto eram dez anos atrás.

Você pode dizer: 'Como é possível? Estou fazendo coisas que não fiz ontem.' As oportunidades podem ser novas, mas nossa forma de lidar com elas é a mesma, seguindo a trilha que os velhos hábitos criaram em nós, modelados pela energia do pensamento. Assim, qualitativamente o resultado é sempre o mesmo, mesmo que o conteúdo varie. Nosso olhar não mudou; ele envelhece instantaneamente aquilo que chega.

Diante disso, quais são as nossas chances de crescimento real? Nada se pode acrescentar à mente ocupada pelo passado, ao copo que está cheio. Crescimento é ampliação de consciência, ampliação da vida, dando mais domínio sobre as limitações impostas pela matéria. A fonte da consciência é o espírito - Deus pessoal - mas ela chega ao corpo permeada pela mente. Se a mente se encontra entulhada, o que vai acontecer?

A vida espiritual não está separada da material. Quando estamos caminhando, trabalhando ou namorando, o ator verdadeiro é o espírito, agindo sob a casca do ego. Assim, a vida espiritual fica subordinada àquilo que a casca permite, ampliando-se na medida em que predomina o ser, colocando ética e veracidade nas relações.

A mente carregada de 'pré-ocupações' - apego, temor, ansiedade - fecha-se para oportunidades de mudança e também para as pessoas, que desfilam como bonecos em nosso 'sonhar de olhos abertos', subitamente convertendo-se em monstros, porém, se passam a representar ameaças, tornando o sonho um pesadelo. Então, além de estressante, a vida se torna vazia de significado - de vida mesmo - pois ela 'só acontece no agora', como afirma Eckhart Tolle em seu livro O Poder do Agora. Fora disso, é o ninho da tristeza e da insconsciência. (...)"

(Walter S. Barbosa - Desafios da vida - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 12)


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

VISÃO CÁRMICA

"Como é que chegamos a viver como seres humanos? Todos os seres que têm carma semelhante terão uma visão comum do mundo em torno deles, e esse conjunto de percepções que partilham é chamado de 'visão cármica'. Essa estreita correspondência entre o nosso carma e o tipo de reino em que nos encontramos também explica como diferentes formas surgem: você e eu, por exemplo, somos seres humanos devido ao carma básico comum que partilhamos.

Mas mesmo dentro do reino humano todos nós temos nosso carma individual. Nascemos em países, cidades e família diferentes; cada um de nós tem diferente criação, educação, influências e crenças, e todos esses condicionamentos incluem aquele carma. Cada um de nós é uma complexa somatória de hábitos e ações passadas, e assim não podemos ver as coisas senão da nossa maneira pessoal, única. Os seres humanos são muito parecidos, mas percebem as coisas de modo completamente diferente, e cada um de nós vive em seu próprio mundo individual, único e separado. Como disse Kalu Rinpoche: 
Se cem pessoas dormem e sonham, cada uma delas experimentará um mundo diferente em seu sonho. Pode-se dizer que os sonhos de todos são verdadeiros; não teria sentido afirmar que apenas o sonho de uma pessoa é o mundo verdadeiro e todos os demais são falsos. Há verdade em cada um que percebe, de acordo com os padrões cármicos que condicionam suas percepções.²"
² Kalu Rinpoche, Essence of the Dharma (Delhi, Índia: Tibet House), 206.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 153/154

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

ESTA VIDA: O BARDO NATURAL

"Vamos explorar o primeiro dos Quatro Bardos, o bardo natural desta vida, e todas as suas muitas implicações; (...) O bardo natural desta vida compreende todo o período da nossa vida que vai do nascimento à morte. Seus ensinamentos deixam claro para nós porque esse bardo é uma oportunidade tão preciosa, o que realmente significa ser um ser humano e o que há de mais importante - o único essencial - a ser feito com a dádiva desta vida humana. 

Os mestres nos dizem que há um aspecto das nossas mentes que é seu terreno fundamental, um estado chamado de 'a base da mente ordinária'. Longchenpa, o destacado mestre tibetano do século XIV, descreve-o deste modo: 'É um estado não iluminado e neutro que pertence à categoria da mente e dos eventos mentais, e que se tornou a base ou fundação de todos os carmas e 'engramas' do samsara e do nirvana'.¹ Ele funciona como um armazém em que são estocados como sementes todas as impressões das ações passadas causadas por nossas emoções negativas. Quando surgem as condições propícias, elas germinam e manifestam-se como circunstâncias e situações da nossa vida.

Imagine essa base da mente ordinária como um banco no qual o carma é depositado na forma de impressões e tendências habituais. Se temos o hábito de pensar seguindo um padrão característico, positivo ou negativo, então essas tendências serão acionadas e provocadas muito facilmente, repetindo-se de maneira contínua e recorrente. Com essa repetição constante, nossas inclinações e hábitos entrincheiram-se cada vez mais e persistem, acumulando mais e mais poder, mesmo quando estamos dormindo. É dessa forma que chegam a determinar nossa vida, nossa morte e nosso renascimento.

Sempre nos perguntamos: 'Como será quando eu morrer?' A resposta a isso é que seja qual for o estado da mente que temos agora, seja lá qual for o tipo de pessoa que somos agora, assim seremos no momento da morte, se não mudarmos. Por isso é de importância tão absoluta usar esta vida para purificar nosso fluxo mental e, por decorrência, nosso ser e nosso caráter fundamentais, enquanto podemos."

¹ Tulku Thondup, Buddha Mind (Ithaca, Nova York: Snow Lion, 989), 211.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 152/153